Mais vermelha que um sinal de transito logo pensei em uma desculpa plausível para tirar sua atenção de mim, mas ele ainda me olhava com um sorriso torto e tão sexy que eu poderia ter agarrado ele ali mesmo. Graças a Deus eu não fiz isso. Minha mente trabalhou primeiro que minhas ações.

– Sabe Lucas o... É... Hm... – pensa, por favor, Katherine! – Eu preciso ir à biblioteca, tenho que fazer um trabalho. - disparei falando rápido demais.

– É uma pena. - ele olhou a mesa por um instante parecendo decepcionado. - Gosto da sua companhia.

– Também. - falei e logo me arrependi. Eu devia ter dito: "Também gosta da sua companhia." Genia!

– Então tchau! - falei ficando de pé num pulo. - A gente se vê por ai.

Ele abriu a boca para responder, mas assim sem esperar nenhuma resposta sai correndo em direção à biblioteca.

Em todos os momentos da minha vida eu nunca tive problemas com garotos, mas parece que minha situação esta mudando drasticamente. Eu nunca passei por nada parecido e sempre pensei que teria uma resposta na ponta da língua caso acontecesse, provavelmente me enganei.

Ainda transtornada com o episodio "Lucas" entrei apressada no silencio do ambiente de livros.

– Minha querida Kate! – falou baixinho srtª. Cooper chamando minha atenção.

– Oi Srtª. Cooper! - falei tentando não pensar em que cor deveria estar minha cara.

– Chegou um rapaz. - ela falou se inclinando na mesa para falar mais perto de mim. - Nicolas, se eu não me engano. Ele pediu para avisá-la que não poderá fazer o trabalho hoje.

– Ah não! – resmunguei um pouco alto demais e acabei levando um olhar repreensivo. – Desculpe Srtª. Cooper. É que não somos melhores amigos e eu quero entregar logo esse trabalho... E ele não podia fazer isso comigo por que...

Então foi ai que eu me toquei. Ele poderia não querer me encontrar, mas isso não significa que eu não queira encontrá-lo.

Agradeci a Srtª. Cooper e sai da biblioteca. Ao invés de seguir pelo corredor e virar a direita como sempre fazia, fiz o contrario. Segui para esquerda, em direção aos dormitórios masculinos. Seria fácil, mas só um problema que me atrapalharia, e ele se chamava inspetor. Se eu fosse pega seria punida e se eu fosse punida todo mundo ia ficar sabendo que estava zanzando pelo quarto dos meninos para sabe-se Deus o que. E se todo mundo ficasse sabendo eu seria motivo de fofoca mais uma vez.

Mas como eu sou bem inteligente e teimosa, resolvi ir para o caminho "fofoca da escola". Eu só tinha que encontrar o quarto dele e pronto! Ia tirar satisfações com aquela coisa.

Meus saltos ecoavam pelo piso fazendo um barulho alto demais. E graças a minha quase boa memória eu ainda me lembrava do primeiro dia em que eu e as meninas espionamos e ouvimos que o quarto dele era o três.

– Tudo sob controle! - falei comigo mesma.

Tive sorte de ter poucas pessoas nos corredores: fofoqueiras, casais escondidos em lugares idiotas e alguns leitores. E lá estava eu, indo para o quarto do grosseiro do Nicolas.

As regras da Kince eram rígidas quanto a sexos opostos juntos e bem, eu não queria que todos penassem que eu estava tentando ficar com ele no quarto pra gente... Ah! Vocês sabem do que estou falando.

Mas por outro lado minha curiosidade era maior. Eu queria saber por que ele não ia e o que estava fazendo. Queria xingá-lo por ser tão irresponsável e cá entre nós eu... Eu... Queria vê-lo também! Pronto, falei!

Cheguei ao corredor masculino finalmente, Lá estavam às portas brancas com números nítidos na frente. Engoli o frio na barriga e procurei os papeis nas paredes só para ter certeza de que estava indo para o quarto certo. Tinha vários avisos: restrições, regras, novidades ridículas e por fim os dormitórios.

Li cautelosamente:

Dormitório masculino

Alunos do 2º ano

Aaron Moore................ quarto 10

Adam Ferraz....................... quarto 9

Austin Breake.................... quarto 5

Bill Frost........................ quarto 1

Bob Leardy............................ quarto 2

Brad Brason......................... quarto 5

Bruno Castelli...................... quarto 3

Chandler Gilbert.................. quarto 4

Charlie Bing......................... quarto 5

Christian Doncurt................. quarto 6

Clark Samon........................ quarto 2

Cleyton Del Vu..................... quarto 9

Dalton Faustine................... quarto 1

Daniel Gremoore.................. quarto 8

David Hoston........................ quarto 4

Derick Queen........................ quarto 7

Dilan Colton.......................... quarto 10

Edson Travis......................... quarto 8

Elder McCaal........................ quarto 6

Elliot Drunb......................... quarto 4

Ethan Hale........................... quarto 3

Franklin Carter.................... quarto 6

George Simpson.................. quarto 9

Harry Prince........................ quarto 8

Henry Chris......................... quarto 7

Jack Trust............................ quarto 1

Lucas Gilberson................... quarto 2

Nicolas Heenk..................... quarto 3

Nolan Stark....................... quarto 7

Patrick Green's.................... quarto 10

Isso ae! Estava certa. Quarto três.

Parei em frente à porta e olhei o numero grande estampado de preto. Colei o ouvido lá e de inicio não ouvi nada, mas logo os sons vieram.

– Aiii! - alguém reclamava. - Vai com calma.

– Mais? - reconheci a voz do Nicolas.

Então esse safado não foi à toa!

Tentei chegar mais perto (se é que era possível!) e ouvi um gemido. Um gemido FEMININO!

– Sabia que isso dói? - a outra voz falou parecendo cansada. - Você não é gentil Nick.

– Vagabundo! - falei tampando minha boca em seguida. Era uma garota.

Afastei-me da porta batendo o pé de raiva e me dei conta de que isso podia chamar atenção dos outros. Coloquei a orelha na porta de novo. Tudo bem que a porta é grossa e não seria possível ouvir assim, mas eu conseguia aparentemente e... Isso não importa agora!

– Sabe... Eu acho que você devia...

– Não! - o Nicolas repreendeu a garota. - Não vou fazer isso.

– Então pelo menos procure vestígios no corpo...

– O que você quer que eu faça? - ele a interrompeu de novo. - Peça pra todo mundo tirar a roupa?

Vagabundo! Safado!

A garota soltou uma risada de sino e pude ouvir um suspiro pesado que devia ser o dele.

– Você precisar encontrá-lo. O tempo está passando. - ela falou com sua voz delicada.

– Eu sei, eu sei. Eu só preciso ter certeza de...

– Kate? - uma voz atrás de mim me fez congelar.

Me virei sentindo a cara ficar derretida. Lá estava Bruno Castelli que fazia calculo na mesma turma que eu. Os cabelos cor de areia, olhos castanhos e grandes e a pele clara. Ele me encarava com uma cara de: " O que você está fazendo ai maluca?"

– Oi! - consegui falar. Passei a mão pelo cabelo tentando disfarçar minha vergonha. - Eu... eu...eu estava... - eu não conseguia pensar em algo descente.

Engoli em seco colocando o cabelo atras da orelha.

– Estava esperando você! - falei sem pensar. Ele ergueu uma sobrancelha.

– Eu?

– É. - assenti. - Queria perguntar se você viu o Nicolas, já que vocês são do mesmo quarto e... ele não foi fazer trabalho e nós definitivamente precisamos terminar rápido, porque eu estou sem tempo para ficar saindo toda noite e preciso estudar e tudo mais. - falei desenfreada.

Uma coisa sobre mim: eu falo demais quando estou nervosa ou quando passo por algo muito constrangedor. As vezes eu só fujo, mas quando começo a falar... Só sai asneira.