Depois de ter assistido ao último DVD da Zoey, fiquei em minha cama, apenas olhando para o teto e pensando em meu relacionamento com a Jane. Será que eu devia continuar com isso? Quer dizer, eu gosto dela, mas o que ela demonstrou ser em nosso último encontro não foi uma personalidade muito... amável. Notei o quanto tinha ficado ali quando olhei pela janela e vi algumas estrelas pontilhando o céu negro. Ouvi a campainha tocar, e, suspirando, levantei-me da cama para atender. Desci as escadas em passos rápidos, e abri a porta, dando de cara com uma figura loira, de olhos verdes sonhadores e sem o costumeiro sorriso no rosto. Jane caiu em meus braços como uma boneca, me assustando ainda mais, se é que é possível. Levei-a com cuidado até a cadeira mais próxima, e parei à sua frente.
–Jane, o que aconteceu? – Disse, notando uma incômoda ponta de preocupação em minha voz.
Como ela estava se superando, e me surpreendendo mais do que o normal, desabou a chorar em meu ombro, molhando toda a camisa verde água que eu usava. Fiquei sem jeito ao confortá-la, pois aquilo era extremamente estranho.
–Ei, me conte o que aconteceu. – Falei, levantando seu rosto e forçando-a a me encarar. – Por favor. – Acrescentei, em tom de súplica.
–Adam... – Falou, em meio à uma crise de soluços – Meu pai, ele... Ele... – Ela não conseguiu terminar a frase, e desabou em lágrimas novamente.
Suspirei, e deixei-a sozinha para buscar um copo de água. Quando voltei Jane estava tremendo.
–Bebe isso, se acalme e me conte tudo o que aconteceu. – Disse, entregando à garota o copo.
Ela bebeu tudo vorazmente, e se acalmou um pouco.
–Meu pai saiu de casa, por volta de três horas da madrugada, sem dar explicações. Bom, isso é normal, mas depois eu recebi um telefonema do hospital e... – Lágrimas, originadas dos felizes olhos verdes, escorriam por sua face e molhavam o jeans que ela usava – Ele sofreu um acidente. Está em coma.
Percebi a gravidade do que ocorrera ali, e, embora sem saber o porquê de ela estar preocupada com aquele monstro, confortei-a durante um tempo.
–Jane, ele vai acordar. Tudo o que precisamos fazer agora é esperar. Você já foi vê-lo? – Falei, incerto.
Ela balançou a cabeça afirmativamente.
–Desculpe. Eu nem sei por que vim aqui. Me desculpe mesmo. – Disse, limpando as lágrimas e soltando um sorriso fraco.
A loira começou a se levantar, mas eu a impedi.
–Se você não sabe, eu te digo. Você está aqui porque precisa do apoio de alguém que te ama. E, bom, eu sou esse alguém. – Eu falei, abraçando-a, e encarando mais uma rodada de lágrimas que encharcavam minha camisa.