The Vampire Queen escrita por BlindBandit
– Porque você usa uma coroa? – Marceline perguntou. – Você é rei?
Simon riu.
– Não, não – ele disse observando a joia em suas mãos – Eu achei essa bugiganga por ai.
– Ah – disse Marceline – E porque você não usa? Coloque! Eu quero ver você usar.
– Acho melhor não – ele disse colocando a coroa de lado – Quem sabe outro dia. Agora coma.
A garotinha assentiu e pegou a lata de feijão e uma colher retorcida que eles haviam achado.
– Como você sobreviveu? – Simon perguntou intrigado.
– Eu não sei – ela respondeu dando de ombros. – Minha mãe me disse para ir encontrar o papai, mas eu não sei chegar na noitosfera, então eu estou aqui com você.
– Noitosfera? – Simon perguntou franzindo as sobrancelhas – Que lugar é esse?
– É uma outra dimensão – ela disse – Meu pai governa lá.
– Dimensão... você fala bem para uma garotinha de cinco anos.
– Eu não tenho cinco anos – ela disse olhando-o nos olhos – Eu aparento ter cinco anos. Na verdade, eu tenho cento e quinze.
– O-Oh – exclamou Simon – V-você não é humana?
– Sou metade humana. – ela disse enchendo a boca de feijão enlatado – Minha mãe é humana, meu pai é um demônio.
– Entendo – disse Simon coçando a barba.
– E você? – ela perguntou encarando o homem azulado com seus fundos olhos negros. – Como você está aqui se todo mundo sumiu?
– Eu não sei – Simon admitiu. – Talvez seja culpa da coroa.
Marceline o encarou, refletindo sua resposta, e depois voltou para a lata de feijão.
Quando ela terminou sua simplória refeição, a garotinha deitou de costas no tapete esfarrapado. E se agarrou com seu mais novo bichinho de pelúcia : Hambo.
– Boa noite Simon – ela disse fechando os olhos.
– Boa noite – ele respondeu focado em um caderninho.
Alguns minutos se passaram até Simon olhar para Marceline, ela estava deitada abraçada com Hambo e encolhida de frio. Frio... uma coisa que se tornara tão natural para ele. Simon tirou sua jaqueta e colocou sob a garotinha. A menininha meio demônio e ele podiam ser os únicos sobreviventes de todo o mundo... mas eles tinham que continuar procurando. Alguém mais tinha que estar vivo... algum humano, talvez sua Betty... “ Talvez todos os humanos tenham desaparecido.” Ele refletiu “ Marceline é meio demônio e eu não posso mais me chamar de humano... criaturas curiosas começaram a aparecer no mundo... criaturas que, assim como Marcie, viviam escondidas entre os humanos, com medo, e agora se veem livres mais uma vez.”
Simon pegou uma fotografia na mão, nela havia o rosto da pequena Marcie, seu rosto acinzentado, suas orelhas pontudas, seu olhos como duas jabuticabas e seu sorriso de dentes pontudos.
– Oh Marcie... – ele suspirou – Como vou cuidar de você?
Ele então pegou uma caneta e começou a rasurar o verso da foto... talvez alguma coisa que a garotinha pudesse ler quando a magia tomasse conta dele...
“Marceline, somos só você e eu nos destroços do mundo?
Isso deve ser tão confuso para uma menininha...
E eu sei que você vai precisar de mim aqui com você.
Mas eu estou me perdendo, e eu tenho medo que você vai me perder também.”
Simon passou a mão no rosto, tentando espantar os delírios da coroa, qua assombravam sua mente e turvavam sua visão. Ele focou a caneta no papel.
Essa magia me mantém vivo, mas está me deixando louco,
E eu preciso salvá-la, mas quem vai me salvar?
Por favor, perdoe-me por tudo o que faço,
Quando eu não me lembro de você.
Ele olhou para a garotinha, agora profundamente adormecida sob seu casaco. Ela era tão pequenina. Uma garotinha chorando na rua, perdida de seu pai.. e com a mãe provavelmente morta... por mais que ela acreditasse profundamente que ela estava viva e a esperando com seu pai. Já faziam alguns dias dês de que ele havia a achado e dês de então eles não encontraram mais ninguém vivo. Simon estava começando a se preocupar.
Como por impulso Simon pegou a coroa na mão e a colocou no topo de sua cabeça. Foi quando as imagens tomaram conta de sua mente...
Quando ele voltou a si, Marceline o olhava assustada, agarrada com Hambo. Ela tinha lágrimas nos olhos. Simon agachou ao lado dela.
– Shii, acalme-se, está tudo bem agora. – ele disse reconfortando-a – Está tudo bem...
A garotinha assentiu. – Você está bem agora?
– Sim, sim – ele disse – Agora volte a dormir, está tudo bem.
Ela deitou-se e fechou os olhos, e Simon passou as mãos no cabelo da menininha até ela adormecer outra vez. Então ele pegou seu caderno e retomou as anotações. Agora a coroa estava do seu lado.
Marceline, posso sentir-me escorregando.
Não me lembro o que isto me fez dizer.
Mas eu me lembro que eu vi você chorar.
Eu juro que não fui eu, foi a coroa.
Por favor me perdoe por tudo o que faço, quando não me lembro de você.
Simon fechou o caderno e deitou e costar no chão duro, fechando os olhos e rezando para que os sonhos gelados não o visitasse essa noite.
Ele acordou de manha e viu Marcie entrando na ruína que agora eles chamavam de casa. Ela tinha os braços carregados.
– Olhe Simon! – ela exclamou e depois despejou dezenas de enlatados aos pés de Simon – Eu achei um mercado aqui perto! Tem bastante comida!
Simon sorriu, pegou dois dos enlatados e colocou na fogueira.
– Isso é ótimo Marcie.
– Para onde vamos hoje? – ela perguntou pegando uma das latas.
– Para norte... talvez a guerra não tenha chego lá, e nós achemos alguém.
– E meu pai, e minha mãe! – ela exclamou – Eles podem estar lá.
– Sim Marceline. – ele disse. Simon não queria alimentar falsas esperanças para a garota, mas era difícil não fazer isso quando esperança era tudo o que ela tinha... “ Em pouco tempo ela não terá nem mais a mim “ Ele pensou.
Depois de comerem, Simon e Marceline seguiram viajem. Cada um com uma mochila nas costas, trazendo consigo coisas especiais e tudo o que precisavam. Hambo tinha a cabeça para fora da mochila de Marceline, ela dizia que assim ele podia respirar melhor.
Eles andaram por três dias. Só parando para comer e dormir, quando Simon sentiu que estavam perto, ele carregou Marceline adormecida em seus ombros.
– Simon! – Marceline exclamou nos ombros dele – Ali! Eu estou vendo pessoas!
Simon sorriu, “finalmente”. Betty podia estar lá... só a sua espera.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
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