Muse escrita por AloeGreen


Capítulo 15
Capítulo XV - Dor Intolerável


Notas iniciais do capítulo

Leitores super bravos comigo em ação! ó.ò
Eu sei, podem me bater,espancar,esmurrar,fatiar. Exagerei dessa vez na atualização da fic e aposto que muitos já devem ter partido pra outra :c
Eu nem tenho o que dizer :c Falta de criatividade, problemas, sem tempo...
Bom, tá aqui o cáp! E já to trabalhando no próximo para tentar postar o mais rápido possível c;
Beijos e espero que curtem!!



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Muse

“Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados [...], se havia posto a salvo dos tormentos da memória com uma fumigação de cianureto de ouro”

Gabriel García Márquez – Amor Nos Tempos do Cólera (pág.9).

Capítulo XV:

Dor Intolerável

Turno: Sakura Haruno

Num suspiro que se cessa fino, sinto as mãos frias e esqueléticas de Itachi me agarrarem os braços e um dolorido ‘belisco’ me furar a pele. Seus lábios carnudos recostavam á ferida e os dentes, injetavam sem piedade o veneno á minha pele. Balbuciei palavras incompreensíveis com o rosto erguido e os olhos teimando sair de suas perfeitas órbitas. Ele me elevava sem dificuldades, procurando se aprofundar ao máximo na ferida. Agitei os pés procurando o chão. E repentinamente, o moreno me solta e se afasta de maneira rápida e com uma expressão enojada no rosto. Meu corpo estava paralisado e a única coisa que me segurou foi a parede atrás de mim. Movi apenas os olhos, tremelicando até os dedos dos pés. O silêncio se apoderou do lugar tão rapidamente quanto a dúvida e o medo casto.

– O quê...?- Itachi quase se debatia, enxugando os beiços ensanguentados . Grandes olheiras e traços obscuros deram alto contraste no rosto pasmo do moreno. Ele pareceu perder a linha do raciocínio já há muito tempo.

– Acalme-se, Itachi.- A parede me segurava, no entanto, meu corpo queria cair. Dobrei os joelhos juntos de forma que encostassem de lado no chão e deixei minhas mãos me darem suporte, prensando o chão. Investi na minha melhor expressão neutra; não era hora de agitar-se. Entretanto, o suor que escorria de minha testa e meus orbes esmeraldinos sobressaltados, revelavam-me.- Controle-se. Fique parado.- Pedi levando em conta o seu estado. Estava tão assustado quanto eu.- Confia em mim. Vai dar tudo certo.- Após pronunciar essas palavras cautelosas, uma antiga memória me vem á cabeça.

Flash Back On

– Ai como eu odeio o frio!- Não importava quantos casacos eu abotoava, nada parecia suportar aquele ambiente gélido.- É tudo tão...gelado!- Bate com a língua nos dentes, tremendo e esquentando as mãos agitando uma na outra.

– Você também não gosta do calor...por que diz ser tudo muito quente.- Sasori virou o rosto para mim de forma debochada. Esperei ele voltar o rosto á televisão para mostrar á língua e fazer uma cara emburrada.- Mas podemos aproveitar enquanto o lago ainda está congelado, que tal?- Sasori desligou a TV, dando atenção absoluta a mim e deitando de bruços com aqueles orbes brilhosos em mim. Adorava quando ele fazia isso.

– Será?- Fiz um gesto pensativo e finalmente concordei animada. Sasori sorri daquela forma larga e extrema de que eu tanto amava e então saímos, seguindo para um dos nossos lugares favoritos.

Adentramos o parque que muito incrivelmente estava vazio. Segurei sua mão que era coberta por uma luva igual á minha e nos sentamos ao banco próximo ao lago que virara uma majestosa pista de gelo. Calcei o patins de gelo rapidamente e fui a primeira a entrar na pista, girando livremente, sem qualquer medo. Sasori entrou logo depois; patinei até o mesmo com certo rubor no rosto e com os braços presos para trás. Segurei em seus ombros e ele em minha cintura; era muito relevante o quanto eu ficava próximo á sua altura com os patins e ele logo percebeu isso, gargalhando aos montes.

– Eu amo o frio.- Disse Sasori despercebidamente. Arqueei uma sobrancelha ao mesmo.

– Por que?

– Acho que você fica mais bonita no frio. Sua pele, parece como a neve...- Sua mão fez caminho de meus cabelos róseos ao meu rosto e afagou carinhosamente meu queijo. Minhas maçãs do rosto logo se avermelharam e eu desviei meus olhos dos deles. Entretanto, ele me puxou para mais perto de si, envolvendo completamente minha cintura com o seu braço. Me pegou de surpresa, tomando meus lábios com desejo. Aprofundei-me com aquela sensação de telo ali, tão maravilhosamente. Ele me beijava como se aquela fosse a última vez... Descolamos nossos lábios e ele me rodopiou. Dançamos em nosso pequeno mundo, com o frio subindo em nossos pés. Aí ele se separou de mim, dando uma piscadela e saindo da pista, sentando-se no banco desleixado. Continuei alí na pista, patinando agora pelas extremidades do lago congelando. No entanto, ouço o estilhaço do gelo abaixo de mim. Paro de súbito, imobilizando cada parte do meu corpo. A pista estava rachando.

– Está tudo bem?- Sasori que percebeu eu parar de longe, preocupa-se.

– Eu não deveria ter ido pelo canto!- Berrei de certo, desesperada.- O gelo está rachando!- O ruivo pareceu ter um espasmos e logo calçou seus patins, enquanto eu continuava parada, vendo a rachadura formar-se bem embaixo de mim. Sasori então adentrou a pista de gelo com maestria e cuidado. Ficou a poucos metros de mim, mas á uma distância segura. Seus olhos hora encontravam-se em mim e hora abaixavam-se preocupado com a rachadura.

– Você precisa ficar parada.- A tensão apoderou-se de nós dois; permaneci intacta, tentando ao máximo diminuir o peso do meu corpo no gelo.- Tome cuidado.- Então, Sasori ergueu as duas mãos e fez sinal para eu andar devagar sobre o gelo. Juntei confiança e dei o primeiro passo, porém um novo estilhaço mais grosso fora presenciado aos nossos ouvidos e alí abaixo de nós.- A rachadura parou de crescer e um alívio tomou meu ser. Alguns instantes se passaram.- Dê mais um passo. Cuidado.- Franzi as sobrancelhas, com medo. Permaneci parada.- Confie em mim. Vai dar tudo certo.- Sasori fez os mesmos movimentos de mão que antes, sorrindo e me encorajando. Dei mais um passo sem hesitar, e a rachadura começou a encompridar-se novamente; Sasori pediu que eu parasse, entretanto meu corpo moveu-se sozinho e então aperto os olhos esperando pelo pior. Sinto-me no ar envolvida por fortes braços e um baque me faz cair de costas no chão de neve. Abro os olhos e encontro Sasori por cima de mim. Estávamos na borda do lago que agora se desfazia por inteiro de forma solene.

Flash Back Off

Os batimentos cardíacos de Itachi diminuíram gradativamente. Fui andando até o mesmo lentamente. Ele caiu e apertou uma ferida idêntica a minha no pescoço. Mordi os lábios quando o moreno caiu desacordado no assoalho. Ajoelhei á seu lado, levantando cuidadosamente sua cabeça e a pousando em meu colo. Tinha certeza de que não conseguiria coloca-lo no sofá, então fiquei apenas ali, encostada na parede afagando seus cabelos despercebidamente. Até que adentrei num sono profundo.

Meus olhos abriam-se aos poucos. Encontro-me sentada na poltrona de Tsunade e, inesperadamente ela sentada ao meu lado.

– O que faz aqui?- Perguntei, sabendo que ela deveria estar numa viagem de negócios.

– Eu pressenti que corria perigo.- Disse naturalmente. Me ajeitei na poltrona desconfortável e deparei-me com Itachi descansando no sofá vermelho. Mordi os lábios e dei com os olhos de Tsunade.- Eu imaginei que algo assim iria ocorrer.- Ela limpava as mãos com um lenço semi-molhado. Levantou-se e passou as mãos nos cabelos de Itachi, sussurrando algo como: “Você ainda não estava pronto”.

– Onde está Naruto?- Dei-me conta da falta do loiro. Deveria ser altas da madrugada e não saber se ele está bem me deixava nervosa.

– Você deixou ele sair no toque?- Tsunade torceu os lábios.

– Ele foi saindo, não pude impedi-lo.- Ela rodou os olhos por poucos segundos pensativa.- Volto já.- Não saí do lugar, vendo-a botando o casaco e abrindo a porta. Porém, felizmente, o loiro adentrava a casa.

– Droga Naruto...!- Pulei da poltrona e corri até o mesmo.

– Desculpa ter agido como um idiota. É que...deixe, eu vou dormir.- Parecia inquieto, cruzando as sobrancelhas a todo o momento. E definitivamente estava preso em pensamentos recheados pois, nem se deu conta do corpo estranho no sofá. Passou as mãos no rosto e subiu com passos apressados para o quarto.

– Bom...- Tsunade despia seu casaco, o trajando em seu devido lugar atrás da porta de entrada.- Acho que precisamos esclarecer algumas coisas, sim?

Pronunciei um “hn”, apenas.

A fumaça cheirosa do café na cozinha já dava as cartas; a conversa iria ser longa. Fiquei sentada num espaço pequeno de sofá, observando Itachi que dormia invejosamente. Teimei em passar os dedos pela minha ferida no pescoço. Que será aquilo?

– Não se preocupe. Você não irá se transformar num vampiro.- Dizia Tsunade, vinda da cozinha com duas pequenas xícaras de café.

– V-Vampiro?- Um vácuo seco acumulou-se como uma bola de lã na minha garganta. Queimei a língua no primeiro gole de café. Tsunade bebericou na xícara com as pernas cruzadas e inspirou fundo para dar inicio á suas explicações.

– Eu sei que você sabe de muita coisa, Sakura.- Sorriu convencida.- Sei o como você conheceu tão rápido esta cidade. Agradeça ás irmãs Matsuri e Ino por não ter sido eu á contar o segredo do estado.- Mais um gole de café desceu goela abaixo. Ela percebia o meu interesse. Afinal, falar sobre isso com alguém ainda era muito...imaginário, falso. Inacreditável. Irreal. Fantástico. Seus orbes caramelos pousaram no moreno que dormia no sofá.- Itachi foi um jovem azarento. Cruzar com um puro-sangue não é tão fácil, não... Mas ele deu azar. Sim, ah sim.- Balançava a cabeça concordando com si mesma.

– Puros-sangue... São aqueles que transformam os outros, não?- Tsunade afirmou.

– Malditos sanguessugas...

– Tsunade, me diga... Por que ele estava a sua procura?- Mantive os dentes contra o beiço, incerta e temerosa.- Tsunade assentiu, deixando a cabeça baixa. Sorriu e entregou seus olhos aos meus, dizendo:

– Sou uma bruxa, Sakura.- A loira cruzou as pernas com a minha expressão surpresa.- E sua mãe também.- Minhas sobrancelhas foram parar na testa.

– Bruxas e feiticeiras, são tudo a mesma coisa, não?- Tirei minha dúvida.

– Não, não... apenas semelhantes. Nós bruxas usamos magia negra a nosso favor. Feiticeiras só brincam com magia branca.

– Isso quer dizer que Itachi veio te procurar pedindo ajuda com...- Ela me cortou animada.

– Mágica? Sim!- Seu semblante murchou rapidamente.- Mas infelizmente eu não posso salva-lo. Um sangue-puro veio direto do inferno. Seu veneno é forte demais...

– Isso é tudo tão confuso...- Deixo minha mão fazer um caminho pelos meus cabelos, desembaraçando-o.

Tsunade caminhou até o armário envidraçado da sala de estar, molhando dois dedos em um frasco de líquido azulado. Sentou-se ao pé do sofá onde Itachi dormia e estralou os dois dedos. Ele acordou em um passe de...mágica.

– Tsunade!- O moreno abraçou minha tia como se fosse uma mãe. Engoli em seco quando o mesmo me achou por cima do ombro da loira.- Você...- Ele levantou, pasmo. Ajoelhou-se perante a mim, que me encolhi na poltrona com medo.- Eu te machuquei...?- Seus olhos esgazeados negros revelavam sua grande preocupação comigo. Cruzei as sobrancelhas e arrumei o cabelo pra trás da orelha, lhe mostrando os pequenos pontos do pescoço. Ele ficou tenso por alguns minutos, até Tsunade acalma-lo.

– Não se preocupe Itachi. Ela não se tornara um deles...

– Que alívio...

– Mas você...- Tsunade não pôde terminar. Itachi deitou-se no sofá com a cabeça apoiada no apoio de mim. Olhava para o teto, parecendo saber o que ela falaria.

– Eu sei. Sou um deles agora. Quem diria, não?- Ele sorriu irônico.

– Sinto muito. Não pude fazer nada, você sabe.

– O que eu faço agora, Tsunade? Vão me caçar.- Soltou risadas de desespero. Estava se descontrolando.

A loira ficou um bom tempo olhando para os próprios pés. Ela não sabia o que diria á ele. Fiquei observando os dois. Tsunade muda e Itachi rindo baixo, com os olhos fixos no teto. Naruto lá em cima, fazendo não sei o que. O tempo pareceu parar nesse momento. Eu era a única em movimento naquele cômodo.

De repente, imagens estranhas tornam a aparecer para mim. As visões estavam voltando e meu corpo suava frio. Então veio aquela silhueta esguia destocada; aparentemente toda enfaixada com apenas os olhos esverdeados e boca destampados. Pronunciando com dificuldade o meu nome... “Sakura Haruno”.

Meus olhos abriam-se com dificuldade. Alguém me colocava na cama. Percebi que era Itachi pelas madeixas negras e o seu cheiro. Depositou-me calmamente na cama e deixou a porta entreaberta. A luz do corredor revelou Tsunade e o mesmo conversando. Captei alguns murmúrios:

– O que ela teve lá embaixo?- Perguntou Itachi.

– Sakura desde pequena tem visões estranhas. Elas pararam por um tempo, mas aparentemente voltaram desde que chegara aqui.- Respondeu Tsunade.

– Você não acha que pode ter algo a ver com o Maine?

– Eu não duvido. Enfim, você pode ficar por um tempo aqui se você quiser.

– Obrigado Tsunade.- Depois disso, os passos recomeçaram e eles desceram as escadas.

Virei-me na cama. Naruto dormia feito um anjo. Minha mente foi parar nas lembranças daquela terrível cena das visões. Não consigo entender o por que ela é tão tenebrosa para mim.

Sinto um vento gélido atravessar o quarto. Olho para as vidraças e ambas estavam fechadas. Deixo meus pés tocarem o chão gélido e me encolho na cama com o Naruto,amedrontada. Ele nem percebe, continua a dormir. Fecho os olhos e rapidamente durmo.

[...]

A luminosidade vinda das vidraças me fazem despertar. Um loiro me olhava fixamente, mesmo parecendo olhar através de mim.

– O que foi, Naruto?

– Jiraya morreu, Sakura.- Respondeu com sua aparente dor intensa no âmago.

Deixei o silêncio tomar o lugar. Não poderia sequer imaginar a dor de Naruto no momento; que nunca conheceu os pais, já mortos.

– Só me resta Karin agora.

* * *

It's hard to say that I'd rather stay awake

when I'm asleep

Because my dreams are bursting at the seems

Owl City – Trecho de Fireflies


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