Distrito 4

Beete Safierra

Depois de um tempo, bastante agitação e transtornos, sou convocado. Os patrocinadores praguejam, e isso me irrita, chegou a vez deles de me observar. Estou sorrindo, mas não de forma cínica, mas da maneira mais sincera que consigo.

Posiciono um boneco cheio de areia. Não a areia do 4, mas uma areia pesada, consistente e que está dando muito peso. Não tenho grandes saudades da areia das praias, mas confesso que elas eram relaxantes, e que ajudavam nos momentos de lazer.

Ninguém presta atenção em mim, logo pondero:

– Distrito Quatro, Beete Safierra.

Agora eles param de conversar, como se um trovão tivesse estalado de repente no âmbito. Assim está melhor, e eles dão sua atenção para mim.

Utilizarei de minha especialidade: luta e combate corpo-a-corpo. Posiciono manequins, avanço contra um e começo a efetuar golpes. Chutes, socos, coisas do tipo derruba-os sem dificuldades.

E continuo fazendo isso sem mostrar minhas verdadeiras habilidades, embora os manequins estejam irreconhecíveis. Uma hora eles se entediam e me dispensam.

Pelo o que parece eles me elogiam, espero que estejam marcando uma nota boa. Não quero que saibam minhas verdadeiras habilidades para não mostrar minhas fraquezas e pontos fracos. Deixarei isso para a arena, e exporei o mínimo possível.

Eu vou matar quem for necessário e se precisar usar todas minhas virtudes, mesmo que mostre as fraquezas.

Brianah Carm

A espera não é grande antes de convocarem. Andei para o ginásio, olhando par frente, tensa, sem me importar com mais nada além de mim e os aparelhos. Os patrocinadores já devem estar exaustos de ficar muito tempo sentados, vendo vários outros jovens. Mas eu não ligo.

Não sei se eles vão ou não prestar atenção em mim, apenas sei que só eu tenho que provar algo a mim mesma. Eu não sou uma inútil, quero deixar claro.

Vou até a estação de lanças. Haviam de vários tamanhos, diferentes estruturas e confecções. Escolho a mediana e tento por em prática tudo o que aprendi.

Rodopiei a lança em mãos. Tenho ansiedade em arremessa-la. Dei uma ríspida olhada para o lado, e irei acertar o centro, onde seria o estômago. E dei os últimos giros antes de efetuar o lançamento.

Acompanhei o trajeto minunciosamente, e senti frustração no momento que a lança não acerta o centro, cravando a centímetros do alvo. Posso deduzir que estou ruborizada, mas mesmo assim mantenho-me forte e agarro outra lança.

Nada de rodopios desta vez. Estiro a perna direita para trás e flexiono o joelho, deixando em riste para frente. E essa posição é perfeita para o acometimento.

Me equilibrei na perna esquerda e tomei impulsão com a direita. Cambaleei assim que arremessei a lança, que acertou perfeitamente o ponto vermelho centralizado no pescoço da silhueta.

Abri um sorriso, dei uns pulinhos, mas não desconcentrei. Repeti o feito mais uma vez, e imaginei no que Brenn diria. Ah, claro! Usar o tridente. Uma das únicas armas que sou eficiente, que tenho certeza de que as chances de erro são quase extintas.

Consegui mais este êxito, e depois de três arremessos, acertei o alvo na mesma quantia. Evito olhar as pessoas acima de mim, mas creio que estão de olhos cheios, da maneira que cochicham com excitação.

Estabilizei a cara fechada, sem mostrar emoções, eles querem mais, eu sei disso. Mas não vou dar esse gostinho. Minhas pernas se movimentam para o exterior do ginásio enquanto eles tentam me frear com gritos, mas nada me para e eles desistem.

Formei um sorriso malicioso, tendo em consciência que esse lado rebelde pode acarretar em perda de nota. Mas notas não ganham os Jogos.