POV Ally

O sol me despertou repentinamente e eu não queria isso. Não apenas por não querer acordar, mas por não querer ir embora. Mesmo sendo o dia seguinte ao show em Orleans eu iria embora pela tarde. Ninguém poderia negar que Jimmy me quer longe daqui bem rápido.

Olhei para a janela enorme do quarto. O lugar estava mais iluminado do que eu imaginava. Rydel e Trish acordaram em sincronia, todas nós pelo mesmo motivo.

– Alguém me diz por que a janela desse quarto é tão grande? – Trish perguntou irritada e eu ri.

– Alguém me diz por que nenhuma de nós lembrou-me de fechar a cortina? – perguntei e Rydel murmurou alguma coisa que eu não entendi.

– Olha que essa cidade é nublada o tempo todo – Rydel falou depois de um tempo.

– Sim – concordei. – Alguém ai quer me ajudar a arrumar as malas? – lembrei e as duas me olharam incrédulas.

– Você vai mesmo embora? – Rydel perguntou.

– Está brincando – Trish pediu.

– Segundo Jimmy, eu vou - falei dando ombros.

– Aposto que segundo Austin, você não vai – Rydel disse seriamente.

– Não falei com Austin depois do show. Ele sumiu – falei suspirando.

– E Carter? – Trish perguntou olhando para a expressão de perdida da Rydel.

– Não sei. Acho que ele não quer ir embora – falei passando as mãos no cabelo em sinal de nervosismo.

– E nem você – Rydel observou. Sorri minimamente e as lágrimas vieram aos meus olhos.

Nós não dissemos mais nada por um tempo. Trocamos de roupa rapidamente para irmos tomar café da manhã. Assim que abri a porta dei de cara com três garotos nos esperando. O primeiro que olhei foi Austin. Ele tinha a expressão cansada, talvez não dormiu muito assim como eu. Austin usava um moletom, uma calça jeans e um tênis azul.

Nós todos trocamos “bom dia”. Austin mantinha o olhar fixo em mim e eu não sabia o que dizer.

– Nós já descemos. Podem ir a frente – Austin pediu. Os dois garotos pareciam já saber do que se tratavam, pois apenas assentiram. Meu irmão parecia ainda mais apaixonado por Rydel, pois só faltava babar pela garota.

Os quatro nos deixaram sozinhos no corredor e eu ri balançando a cabeça.

– Isso está virando rotina – falei rindo e Austin fez o mesmo.

– Sempre um corredor – ele observou e eu concordei. Austin me observou por um segundo e então pegou minha mão puxando-me para perto. – Ally você não pode ir embora – ele pediu. Fechei os olhos controlando a nova vontade de chorar.

– Austin, todos querem assim – falei e então voltei a encara-lo.

– Eu não quero assim. Conversei com Jimmy – ele revelou.

– Por quê? – perguntei surpresa.

– Achava que eu não ia falar nada? Nós dois discutimos bastante. Falei que iria continuar com você mesmo assim – disse e eu arregalei os olhos.

– O que ele achou disso?

– Não gostou nada. Mas, sou persistente. Todos eles têm certeza que isso não vai dar certo. Que é só um caso ou até mesmo que você é uma interesseira. Mas, eu nunca vou pensar deste jeito – ele disse seriamente.

Passei a mão no rosto limpando as lágrimas que escorriam. Nem mesmo sabia que as pessoas pensavam isso de mim.

– Ei, eu não me importo com o que os outros falam. As músicas que fizemos não foram a toa, você realmente deixou meu mundo de cabeça para baixo – Austin disse fazendo-me rir entre lágrimas.

– Então eu vou ficar – conclui e ele assentiu – Mas, existem muitas pessoas que não gostam de mim – agora conclui a outra parte da história. Austin fez uma careta, mas mesmo assim concordou.

– Muitas pessoas não gostam de mim também. Aprendemos a não se importar.

– Ah, entendi. Aposto que Jimmy não gostou de você me defender – falei e ele deu ombros.

– Realmente, ele não gostou. Mas, ninguém vai me fazer mudar de opinião. – prometeu e eu sorri.

– Desde o começo eu nunca imaginei que sua vida era assim. – revelei e ele sorriu.

– Normalmente eles escondem os problemas. Mas, dessa vez estou sendo mais persistente do que imaginei – ele sorriu.

– Então eu tenho sorte. Estou feliz por isso – falei sorrindo e ele me abraçou.

– Também estou feliz por isso – garantiu. – E acho que Rydel ficará feliz por não perder sua melhor amiga – ele observou e eu ri.

– Com certeza ela ficará. E também por não perder seu namorado – acrescentei. Austin estreitou os olhos quando eu disse isso.

– Eles estão namorando? – perguntou e eu revirei os olhos.

– Acho que sim, se meu irmão não foi lento – como você, acrescentei mentalmente.

– É provável que ele foi – Austin riu.

Austin colocou suas mãos em minha cintura e me puxou para ele. Eu gostava disso e preferia não passar mais nenhum segundo pensando em como seria ficar sem isso. Austin me beijou com toda a saudade que não deu tempo para sentirmos.

Austin e eu descemos para encontrar os outros quatro. Rydel realmente ficou feliz pelas duas coisas, não perder sua “cunhada” e nem seu “namorado”. Nós seis ficamos no hotel o dia inteiro, pois não queríamos dar motivos para mais fofocas. E, além disso, eu não queria encontrar Jimmy tão cedo.

A pessoa que ganhou bastante com esse dia no hotel foi Dez. O ruivo não largou a câmera por um segundo, filmando tudo o que Austin fazia, suas gracinhas com todos nós, cada sorriso, mesmo que direcionado a mim. Mas, eu não acredito que isso irá para o documentário talvez fique apenas para recordação.

– E o que vocês estão fazendo com todas essas músicas escritas por vocês? -Carter perguntou curioso. Nós seis estávamos no nosso quarto conversando coisas sem importância.

– Boa pergunta – falei virando para Austin.

Eu nunca sabia o destino das músicas que escrevíamos. Elas sempre ficavam com Austin e eu desconfiava que ele as entregasse para Ivie. No mesmo momento pensei na possibilidade de Austin cantar essas letras. Letras escritas por uma garota de 17 anos. Isso seria impossível.

– Estou guardando elas – Austin deu ombros. Estreitei os olhos o observando. Austin não parecia estar falando toda a verdade. Mas, desisti de descobrir assim que ele sorriu.

– Alguém sabe para onde iremos no próximo mês? – Trish perguntou. Próximo mês, que seria daqui duas semanas.

– Não faço a mínima ideia – Dez respondeu ainda com sua câmera na mão.

– Eu sei – Austin se pronunciou e nós dirigimos a ele expressões incrédulas. – As pessoas tem que comprar o ingresso para o show então saiu há algum tempo – ele falou dando ombros.

– E para onde é? – perguntei curiosa.

– Reino Unido – ele falou e ouvimos um gritinho de Rydel – Mas, não vou falar as cidades – ele acrescentou.

– Por quê? - Rydel protestou fazendo-me rir. Ela parecia gostar do Reino Unido.

– Surpresa – Austin disse piscando para a irmã.

Então, resta saber se o Reino Unido trará surpresas boas ou ruins.