Choose Your Battles escrita por Ferla, Cami


Capítulo 9
Beijo incompleto


Notas iniciais do capítulo

Heeyooo,
Então galerinha bonita, sei que é suuuuper chato ficar pedindo, mas eu gostaria de uma ajudinha na divulgação, se possível... é difícil pra mim e pra CamiChan cuidarmos disso sozinhas. Nem que seja só o boca-boca de recomendar para um amigo =3
Enfim, espero que gosteem, beijoooss
~Sakuranee



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Aquela chuva fina... ela não me agradava nem um pouco. O céu estava nublado, não era possível visar um único raio de luz por entre tantas e tantas nuvens. O que significava que Apolo não estava muito contente. Eu sabia que ele não estava, afinal, ele estava chorando no ombro da irmã.

Via-se apenas pessoas vestidas de preto. Algumas choravam, outras gritavam, e até vi uma se jogando no chão.

Estávamos no velório dos falecidos no confronto do dia. Tínhamos perdido um filho de Apolo, uma caçadora, dois filhos de Hefesto, três de Hermes e, é claro, uma de Afrodite. O ritual era antigo e sempre realizado. Nós acendíamos uma fogueira e jogávamos as bandeiras que representavam seus pais no fogo após um discurso de honra.

Devo admitir que estive completamente desligada ate chegar o discurso de Silena, quando eu finalmente comecei a chorar. O discurso que suas irmãs fizeram fora emocionante, inclusive o da própria Afrodite, que fez questão de comparecer pessoalmente. Não pude evitar que algumas lágrimas começassem a cair em lembrança a minha amiga.

— Ei... — disse uma voz familiar, chegando mais perto. Era Luke. — Eu vi você chorando mais cedo também, estava sozinha na barraca. Tudo isso foi pela morte de Silena?

Fiz um silêncio que acabou se prolongando até demais, e o deixou um pouco constrangido.

— Não precisa contar se...

— Depois conversamos, o.k.? — interrompi-o.

Ele ficou quieto e apenas baixou a cabeça.

Na verdade, tinha sim outro motivo. Contudo, aquilo não deveria ser citado no meio do velório de semideuses tão corajosos, que deram suas vidas em batalhas.

O que mais me doía era o rosto dos deuses que perderam seus filhos. Alguns agiam de forma normal, como se estivessem acostumados. Mas o rosto de Apolo e, principalmente, o de Ártemis realmente causavam dor.

Ártemis não devia estar muito acostumada a perder caçadoras, e o amor que tinha por elas era lindo e único. Ver sua expressão após perder uma delas era horrível.

No fim, eu fiquei ali, parada, sem comentar algo, fazer um discurso ou dizer que era honrada de tê-los morando no meu reino. Eu apenas estava ali.

# # #

Depois que todos foram para suas barracas a fim de descansar um pouco, eu fiquei parada em frente dos restos de madeira onde havia uma fogueira.

Como podem pessoas acabar com a vida e com o futuro de outras de forma tão simples? Apenas levantar a espada e... pronto. Já se fora uma vida, e chega então o sofrimento dos queridos.

E o pior de tudo, eu causara não apenas uma, mas duas mortes. Dois fins. Duas famílias que estariam chorando naquele momento.

— Annabeth... — disse Percy, se aproximando um pouco e mostrando que esteve notando minha face preocupada durante algum tempo. Aquilo me incomodava.

— Vá dormir, Percy. Estou bem.

— Não, você não está. É o remorso, não é? — ele chutou uma pedrinha com força e colocou as mãos no bolso. — Ah, eu entendo. Matar pessoas não é muito fácil mesmo. Mas se for para a proteção, não há o que ser feito.

Não é muito fácil?

O que ele quer dizer? Matar alguém deveria ser fácil!?

Meu olhar sem expressão mudou para um surpreso e desagradável.

— Estamos falando de uma vida.

— Vida essa que tentou te matar. Seja mais sensata, Annabeth.

— Sensata? Você sabe como estou me sentindo?

— Eu fiquei assim quando matei pessoas na primeira batalha que entrei, mas eu era só uma criança... não seja tão dramática, já tem dezenove anos.

— Você...

— É sim, eu sei como você está se sentindo.

Novamente, comecei a chorar. Dessa vez, de raiva. Bem na verdade, eu não sabia o porquê de estar chorando, muito menos o porquê de estar sentindo raiva. Eu não tinha motivo para ficar brava com ele, deveria estar feliz porque alguém conseguiu saber o que eu estava sentindo sem eu ter de admitir. Mas... eu realmente não sabia.

— Como é possível!? — gritei, eufórica em meio de lágrimas.

— Por que ficou brava?

— Como você fala com tanta naturalidade? São vidas!

— Vidas que pretendiam acabar com as nossas e acabaram com as de nossos amigos.

— Continuam sendo vidas!

— Então deixe-os te matar! Simples! Eles nem mesmo sabem que você é uma filha de Atena, nos pouparia de produzir uma bandeira, não acha?

Fiquei quieta, fuzilando-o com os olhos. Tentando entender o que se passava dentro daquela cabeça.

— Apenas me deixe em paz!

— Ah, TPM — ele exclamou num suspiro, jogando sua cabeça para trás.

— Cala a boca!

— Você não quer mesmo desabafar com pouco?

— Já mandei me deixar em paz. Não quero desabafar, muito menos com você.

Ele levantou as mãos num gesto de rendição e voltou para nossa barraca.

— Lei da sobrevivência, princesa — ele falou e finalmente entrou na barraca.

Observando Percy entrar com calma, fiquei me perguntando o que acabara de ser aquela explosão no cara.

Infantil, Annabeth. Você é muito infantil.

Suspirei e fiquei, novamente, parada. Apenas observando a chuva fina se transformar em pingos pesados que estavam deixando meu vestido preto pesado, e tinham acabado de desfazer meu coque. Como se eu estivesse me importando com a aparência.

Droga...

O pior de tudo é que realmente estou na TPM.

Aquele cara é tão inteligente que me dá nos nervos. E eu estou me sentindo muito mal. Francamente! Eu acabei com vidas! Aqueles bandidos podiam ter famílias ou... sei lá... pessoas que os amavam. Eu simplesmente detonei a vida deles assim como os rebeldes fizeram com minha irmã. Eu me deixei rebaixar ao nível deles, sou uma tola! Idiota! Como parei aqui mesmo? Perdida numa floresta? E eles nem sabem que sou uma filha de Atena, apenas Percy.

Percy, maldito. Não entendo como ele consegue entender tão bem meus pensamentos.

Sem a mínima vontade de voltar à barraca enquanto Percy estivesse acordado, decidi que deveria me enfurnar na parte do refeitório que ficava em baixo de uma lona improvisada contra a chuva.

Sentei-me num banco úmido e deitei naquele pedaço podre de madeira, apenas esperando o tempo passar e pesar nas minhas memórias desagradáveis. Chuva e chuva, nada mais se ouvia.

Eu poderia ficar assim durante horas...

Sozinha mas...é tão agradável. Parece que a água está conversando comigo. Que irônico. Percy que deveria bater papo com os líquidos, não eu.

Espera...o Percy conversa com a água?

— Essa chuva está fria demais, não acha? — disse uma voz com suavidade, colocando uma toalha sobre meus ombros. — Essa lona estragada não funciona pra absolutamente nada.

— Luke...

— É impossível não discutir com aquele cara, não é? Eu vi vocês antes.

— É... ele é complicado.

Ele soltou um riso e centralizou seus olhos nos meus.

— Ei, Anne. No que tanto pensa?

Suspirei e permaneci quieta.

— Hum... tudo bem se não quiser contar... pensei que poderia ajudar... — ele disse.

— Não é isso... eu só... não quero falar muito a respeito — falei com delicadeza.

— Entendo. É normal, sinta-se livre com seus pensamentos, afinal, são seus.

— Não é que eu não confie em você, é que... eu só...

— Já disse, não se preocupe.

— Obrigada, Luke... você tem se preocupado muito comigo, sabe... — levantei-me e permaneci em pé assim como ele. O barulhinho do tempo continuava. — Não precisa de tudo isso.

— Ah! O que você está dizendo? É claro que precisa! Você é a princesa, merece um tratamento de ouro!

— Sou apenas uma garota, Luke. E... — ri com leveza. — A maioria não pensa assim.

Ele se aproximou um pouco mais e posicionou sua mão esquerda em minha cintura, me puxando para mais perto de si. Podia ouvir sua respiração leve e calma, bem na frente de meu rosto. Seus olhos estavam fechados. Seu sorriso era plácido.

— Ah, você não é, com certeza. Anne, você é a garota. Não consegui tirar meus olhos de você desde o seu primeiro dia no acampamento... me desaponta saber que você está na barraca de Percy — ele colocou a mão direita em meu rosto com cautela e delicadeza.

Meus olhos começaram a se fechar devagar conforme nossos rostos iam ficando cada vez mais próximos. E antes que eu pudesse tomar conta, meus lábios frios já estavam em contato com seus lábios quentes.

Deus... o que estou fazendo?

Supostamente, o acampamento inteiro acha que sou amante de Percy mas...

Bom... nós não temos algo real, de qualquer forma... acho que não é errado... é tão bom...

Ah... eu já tinha me sentido daquela forma antes... era um sentimento maravilhoso. Poder estar em sintonia com os lábios de outra pessoa, num conforto incrível.

Mas... mas...

Tinha algo errado. Algo incompleto. Estava faltando algo... sim... eu sentia a ausência de alguma coisa, ou de alguém.

Era um beijo, não poderia ter três pessoas no ato.

Talvez... apenas a pessoa errada?

Se fosse assim, quem seria a pessoa certa?


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Notas finais do capítulo

Reforçando o recado, quero lembrá-los que a postagem está sendo irregular, então caso queiram receber avisos de capítulos novos nas MP, é só comentar pedindo.
Até logo!
~CamiChan



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