Choose Your Battles escrita por Ferla, Cami


Capítulo 8
Espadas e flechas


Notas iniciais do capítulo

Bom, espero que gostem do capítulo, sem avisos por hoje!
Nós, autoras, agradecemos por sempre acompanharem a fic!
Beijos, até a próxima!
~Sakuranee ~CamiChan



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— Você vai pagar caro, muito caro — era a voz de uma mulher, ela parecia estar falando comigo, mas eu não conseguia ver seu rosto e muito menos identificar sua voz. — Vai se arrepender até o último segundo por tirar o homem que amo de mim. Se prepare, chefia.

Assim, comecei a gritar com a mulher, estava gritando coisas que nem mesmo eu sabia o que falara. Minha voz foi ficando fraca e fraca, até não conseguir mais falar.

Então, meu corpo começou a se envolver em chamas ardentes e altas. Olhava para todos os lados procurando uma saída, mas não havia algo além de chamas. Para cima, a única visagem era da fumaça escura do fogo. Com o tempo, o oxigênio não estava mais disponível para minha sobrevivência. Senti minhas pernas amolecerem, então cai no meio do fogo, não sentia as queimaduras, mas eu estava vendo-as e não era muito convidativo. Meu cabelo, que parecia mais comprido do que já é, estava envolto em chamas.

Minha visão foi ficando distorcida cada vez mais rápido. Senti a dor da morte me tomando. Ah, era uma sensação horrível. Eu queria escapar dali, eu queria respirar, respirar, respirar, respirar, respirar! Eu precisava de ar! Eu precisava viver!

— Ei, princesa! Annabeth! Annabeth! Vamos, acorde! — a visão escureceu. Pude ouvir uma voz me chamando rapidamente.

Abri os olhos devagar, o sonho que acabara de ter parecia tão real que perceber que, na verdade, estava deitada num colchão fino e desconfortável no chão de uma barraca era bom.

Percy estava me chacoalhando pelos ombros com força. Seus olhos verdes me encaravam com preocupação. Sentei devagar e notei que ao seu lado havia um candelabro, e seus cabelos estavam bagunçados, significava que ainda era noite.

— Que horas são? — perguntei.

Percy soltou um suspiro de... alívio... eu acho.

— Duas e meia da manhã. Acordei ouvindo a sua respiração — ele estendeu a mão, entregando-me um lençinho. — Você está suando.

— Minha respiração estava tão ofegante assim? — disse pegando o lencinho e batendo em leves toques no meu rosto.

Ele balançou a cabeça em confirmação. Na verdade, Percy estava me assustando. Sua face estava muito séria, e ele não desgrudava os olhos arregalados do meu rosto. Parecia preocupado. Ou era o sono e pensava ´´Droga, essa maldita me tirou da cama´´.

— Você está bem mesmo? Está vermelha — ele colocou a mão na minha testa e segurou-a ali por alguns segundos. — Parece com febre.

— Eu estou bem, Percy.

— Duvido que esteja. Você está com febre. Já é a segunda vez que te ouço arfar assim nesta semana, mas na primeira vez nem liguei — seus ombros estavam tensos. Uma das suas mãos ainda segurava meu ombro.

— São pesadelos. É normal, eu já tenho eles há muito tempo.

Percy ficou me olhando por mais alguns segundos, abriu a boca para falar algumas vezes mas acabou desistindo. Por fim, ele se levantou e relaxou um pouco os ombros.

— Sonhos nunca significam coisas boas para semideuses, princesa — sua personalidade já voltara ao normal. Não ficava muito a vontade com o Percy preocupado.

Ele estendeu a mão para mim e esperou até que eu pegasse nela. Então, me ajudou a levantar.

— Deite na minha cama, é mais confortável — ele disse.

— E você?

— Eu deito no lado esquerdo, oras.

Meu rosto corou.

— Quer que eu me deite com você?

— Não é como se fossemos ter relações sexuais. Apenas deite e durma — ele deu meia-volta, e se deitou do lado esquerdo da sua cama. — Bom, você quem sabe. Mas um colchão ruim também desencadeia pesadelos, não sei se você sabia, filha de Atena.

Na verdade, eu sabia sim. Desde que começara a dormir naquele pedaço de algodão, meus pesadelos vinham com mais frequência.

No fim das contas, decidi que deveria me deitar no lado vazio da cama de casal. Sentei-me devagar, então peguei meu travesseiro do chão e arrumei-o no lugar. Deitei com parcimônia e tentei diminuir a tensão nos músculos. Minhas costas ficaram viradas para ele.

— Desse jeito vai passar frio, burra — falou Percy. Então ele jogou parte da coberta em cima de mim e a posicionou até meu pescoço. Sem seguida, virou-se e ficou de frente para a parede da barraca — Agora vou dormir, você já é bem grandinha pra pegar no sono sem uma história de boa noite.

— Não vou responder esse comentário desnecessário.

Ouvi uma risada contida vindo da parte dele.

Apaguei a vela que estava ao meu lado, e no escuro, já mais confortável, adormeci tranquilamente.

# # #

HORAS DEPOIS

— Droga! Não estávamos preparados para uma invasão assim!

Eu e Percy estávamos parados no canto do acampamento, tentando recuperar o fôlego.

Há uma hora, o acampamento tinha sido invadido por vários saqueadores. Se fossem dos fracos, seria fácil apenas para Percy e Thalia derrotarem eles sozinhos. O problema era que haviam semideuses no meio desses saqueadores, e a batalha não estava sendo muito fácil.

Até aquela hora, eu não tinha lutado muito. Estava protegendo as crianças, mas os criminosos não chegavam muito perto delas. E, devo admitir, aquilo estava me irritando. Eu tinha o arco e treinamento de Ártemis, e ainda era filha de Atena. Eu tinha capacidade de defender o acampamento, e era o que eu ia fazer, estava decidida.

— Já houveram mortes? — perguntei a Percy.

— Cinco mortes.

Fiquei observando o acampamento com atenção. Procurava bolar uma estratégia perfeita, mas eram muitos semideuses com ações imprevisíveis, fazer uma tática dar certo seria impossível.

O jeito seria apenas ajudando com o que era possível.

Avistei um saqueador invadindo a barraca de uma filha de Deméter, corri para pará-lo antes que fosse tarde.

Saquei minha espada, e num movimento rápido, realizei meu ataque. Minhas perspectivas eram de que a espada acertasse suas costelas e ele acabasse por ficar inconsciente. O problema era: o meu adversário era um filho de Ares. Ele bloqueou minha espada com sua lança, mostrando-me seu sorriso amarelo de dentes podres.

Retirei minha espada com estratégia e dei um pequeno passo para trás. Ele mirou sua lança na minha perna direita e lançou-a com brutalidade. Desviei do objeto por milésimos de acertar meu membro.

Imaginei que desarmado ele não teria muitas chances. Mas notei que estava errada assim que seus punhos encontraram a minha barriga. Ah, aquela dor. Se ficasse sabendo que meu estômago estava no lugar do diafragma, não ficaria surpresa.

Talvez, luta entre uma filha de Atena e um filho de Ares não desse muito certo. A diferença era: exatamente, eu era uma filha de Atena.

Cai no chão molhado, tossindo bruscamente, implorando para que ele abaixasse seus punhos.

— Por favor! — eu dizia, agarrando-me aos seus pés. — Eu tenho uma filha recém-nascida! Por favor, poupe a minha vida! A minha filha não pode crescer sem o amor de uma mãe... por favor...

— Quantos anos você tem mocinha? — ele disse, rindo.

— Não importa... por favor! Eu engravidei do meu namorado e o canalha me abandonou! Agora eu tenho que ficar num acampamento cheio de loucos pra poder criar minha filha! Ela já não tem o pai... deixe ela com uma mãe, pelo menos!

Ele ficou quieto por alguns segundos, analisando meu rosto. Depois, começou a soltar uma gargalhada alta, muito alta.

— Essas crianças indecentes de hoje — ele riu.

Com piedade de uma ´´mãe´´, ele virou dando risada em direção à barraca que estava pronto para saquear.

Meu teatro dera certo.

Assim que ele se virou, peguei novamente minha espada e atravessei-a no local de seu estômago.

— Idiota — ri e sai correndo para o centro do acampamento.

Cheguei ao centro, onde o problema era maior. Em cima de um cavalo, o líder tinha Silena presa pelos cabelos, ele parecia ter notado ser o último da sua gangue a sobrar, e estava usando uma refém.

Silena não se movia, parecia uma estátua. Ele mantinha os olhos em todos, e Percy parecia negociar com ele. Pelo jeito, eu era a única do acampamento que não estava acompanhando a discussão anteriormente.

Fiquei ouvindo Percy negociar pertences que eram muito importantes para o acampamento, pertences que não podiam ser negociados.

Percebi que ali eles valorizavam a vida de cada um como a de um irmão.

Eu não podia ficar quieta. Era a única que o criminoso não tinha notado, e ele ainda estava de costas para mim, eu devia fazer algo. Ele não poderia brincar daquele jeito com uma vida.

Peguei meu arco e posicionei a flecha com cuidado. Onde mirar? Suas costas estavam imunes, poderia ser na cabeça, no pescoço, na barriga. Qualquer lugar.

Usando as técnicas que Ártemis me ensinara, mirei de forma que na distância, que por sinal era muita, em que estava pudesse acertá-lo.

´´Sinta o arco, sinta a flecha. Você é o conjunto dos dois, você é quem une os dois.´´ pude ouvir as palavras de Ártemis ressoando na minha cabeça.

Soltei a flecha quando meus pensamentos já estavam começando a fugir.

Acertando em cheio no crânio do homem, todas as cabeças do acampamento se viraram para trás do criminoso, de onde tinha vindo o ataque.

Retirei o capuz da capa e o lenço que estava envolto na minha boca, aproximando-me da multidão aos passos lentos.

— Não admito esse tipo de coisa no meu reino.


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