New Age escrita por Rafaela
Notas iniciais do capítulo
Oi meus amores. Estou há uma semana tentando escrever esse capítulo e só consegui ter ideias hoje. Mas está aí e espero que gostem. Sweet Kisses
–Como é? -Questiono. Ele estava ficando maluco com toda essa pressão, só podia.
–Seus olhos estão... Fluorescentes, Candy. Estão brilhando! -Thiago falou enquanto tentava manter a voz baixa.
–Como pode...-Fui interrompida pelo alarme da simulação.
–Não temos tempo agora, apenas tente fazer seus olhos pararem de brilhar. -Falou apressado.
–E como vou fazer isso? -Grito para ser ouvida enquanto me volto para a porta seguindo Thiago.
–Eu não sei, não temos tempo. -Ele gritou e agarrou meu braço. O alarme era ensurdecedor. Thiago abriu a porta e quase fomos atacados por uma multidão que corria pelo corredor. Eles não sabiam que era apenas uma simulação, não tinham como saber.
–Temos que ir. -Ele falou perto do meu ouvido, para que eu escutasse. Assenti com a cabeça e então corremos.
Corremos até não haver mais nenhum membro da Força por perto.
–Você está bem? -Perguntou um pouco mais baixo, o alarme não ficava tão alto de onde estávamos.
–Estou. -Falei tomando ar.
–Consegue continuar agora?
–Consigo. -Assenti tragando mais um pouco de ar até Thiago pegar na minha mão e corrermos novamente. Corremos até as escadas para sairmos do subterrâneo.
O local era escuro, a única luminosidade vinha do circulo mais em cima onde deveria ar para a superfície.
–Hoje só podemos sair por aqui. -Ele respondeu quando eu fiquei parada observando a escada. Não respondi, apenas me virei para ele e me direcionei até os primeiros degraus. -Estarei logo atrás de você. -Incentivou-me.
A escada era de uma cor escura, parecia antiga mas não a ponto de quebrar. Segurei no degrau de cima e coloquei meu pé no de baixo. Soltei o ar que até então não sabia que estava segurando e então voltei a fazer o mesmo: segurar nos degraus de cima e colocar os pés nos de baixo. Thiago fez o que disse, estava logo abaixo de mim.
Agora não estávamos mais na sala que deu espaço para a escada, e sim no meio das 'paredes' que nos levavam até o subterrâneo. E agora, no nosso caso, iriam nos levar até a superfície.
Cometi o grande erro de olhar para baixo e ver como Thiago estava. Me desequilibrei ao ver o quão alto nós estávamos. Meu pé esquerdo saiu do degrau e voltei a olhar para cima enquanto me segurava firme e Thiago levava meu pé de volta ao degrau, equilibrando-me.
–Prossiga. Está tudo bem. -Falou ele.
–Certo. -Murmurei com a respiração falha.
–Eu estou aqui. -Continuou. Dessa vez não respondi, apenas balancei a cabeça em concordância e prossegui.
Mais alguns minutos e eu já conseguia ver a terra onde nossa escada estava presa. Com um último passo apoiei as mãos no chão e senti a grama na palma. Soltei um ar como um riso aliviado por ter conseguido subir até ali e lá em baixo Thiago empurrou meu pé para cima enquanto eu tentava subi-lo.
Já em terra firme me preparei para ajudar Thiago caso ele precisasse. Vi suas mãos agarrarem-se na grama assim como o fiz. Só que ele não levou a perna como eu fiz.
–Thiago. -Chamei-o e me levei mais a frente para que pudesse vê-lo.
–Candy. -Ele sussurrou pesadamente. Estava tão escuro lá dentro, não conseguia enxergar, só sabia que algo estava errado.
A escuridão clareou aos meus olhos e pude ver que um dos pés de Thiago estava fora do degrau e o outro estava quase lá. A escada havia rachado no canto e a qualquer momento ele poderia cair.
–Thiago! -Gritei e agarei sua mão. -Por favor, por favor. Venha cá. -Implorei. Ouvi sua respiração pesada.
–Vá, Candy. -Ele pediu com dificuldade.
–Não. Não vou te deixar! -Segurei mais firme seu braço e puxei-o, mas ele não colaborava, ele tinha que dar o impulso para que eu conseguisse puxá-lo. Ele não estava colaborando!
–Dê a droga do impulso, Thiago. Eu não vou deixá-lo aqui. -Gritei. Meu coração estava acelerado, meu rosto estava fervendo e meu cérebro estava a mil.
Vejo sua mão se mover mais e se agarrar mais a frente na grama. Suspirei aliviada.
–Certo. Agora se impulsione para cima, eu te seguro. -Garanti-lhe.
Senti seu peso enquanto ele se impulsionava para cima e, sem perder tempo, puxei-o para que saísse daquele círculo. Puxei-o para a superfície, para a terra-firme, ao mesmo tempo que ouvi um barulho do que provavelmente seria a escada desmoronando. Caí deitada de costas no chão e Thiago caiu de barriga um pouco próximo de mim. Respirei com dificuldade e ao mesmo tempo aliviada por tê-lo ali comigo.
Consegui sentar-me no chão e olhei para ele que respirava com mais dificuldade que eu. Suas pernas ainda estavam fora da superfície.
–Está bem? -Perguntei. Ele não respondeu de imediato, apenas balançou a cabeça, ainda estava se recuperando. Então, quando o fez, levantou-se e veio até mim dando sua mão para que eu pudesse levantar.
–Temos que ir, eles podem ter dado por nossa falta e ainda estamos dentro da Força. -Ele falou como se fosse meu Instrutor com aquele seu jeito meio bruto de falar que me deixava irritada.
–Certo. -Respondi tentando manter o mesmo tom de voz que o dele. Firme, forte, autoritário.
Caminhamos mais um pouco, mas não para a frente da Força, e sim para o fundo dela. Estava escuro aqui fora, a lua já estava no céu, pouco mais a frente de onde estávamos encontrava-se uma cerca de madeira com arames farpados em alguns pontos.
–Sério? É só isso? Uma cerca de arames farpados? -Questiono incrédula.
Thiago simplesmente segui em frente, abaixou-se e pegou uma pedra.
–Há uma corrente de eletricidade que envolve toda ela. A eletricidade passa pelo arame e se você encostar será fritado. -Ele explicou a mim como se estivesse falando com uma aluna que o deixara irritado com a pergunta. -Eu desliguei essa corrente antes de virmos para cá, só resta saber se eles nos descobriram e a ligaram.
–E se o tiverem feito? -Questiono.
–Então temos duas chances. Correr até o outro lado e conseguirmos escapar a tempo, ou não termos tempo e sermos pegos.
–Fico com a primeira opção. -Murmuro.
Entre a cerca e a base que dava para o subterrâneo da Força havia uma casinha de madeira esquisita. Virei-me para perguntar a Thiago mas ele estava se preparando para lançar uma pedra contra a cerca.
Quando a pedra acertou a cerca não aconteceu nada. Nem um sinal de eletricidade.
–Vamos. -Ele me chamou e saiu em direção acerca. Thiago passou primeiro, ele segurou dois arames, um para cima e outro para baixo e passou por entre eles. Parei de frente a ele. -Sua vez. -Falou e então arrumou os dois arames para que eu passasse. Quando o fiz só tivemos um minuto calados, enquanto Thiago observava de longe.
Acho que descobri quando meus olhos brilham, eles fazem com que eu enxergue no escuro e isso ocorreu novamente. Consegui enxergar a cidade de onde estávamos.
–Você enxerga algo? -Perguntou ele.
–Sim. -Respondo no mesmo tom de voz que ele usara até agora a pouco.
Começamos a caminhar em silêncio, eu na frente dele mesmo não sabendo para onde ir. Estava completamente indignada om o modo com ele falou comigo. Qual era o problema dele, afinal?
–Candy, espera. -Chamou-me.
–O que é? -Perguntei irritada parando de andar.
–Você está seguindo a direção errada agora. Vamos por lá. -Ele apontou um dedo para a esquerda.
–Certo. -Falei e voltei a caminhar, agora na direção que ele havia dito.
Mais alguns poucos minutos se passaram e ele agora estava ao meu lado.
–Me desculpa, tudo bem? -Falou.
–Pelo quê? -Me fingi de desentendida.
–Por ser um idiota. -Ele falou. -Mas, entenda, antes de você eu era assim o tempo todo. Não é fácil mudar quem você é de uma hora para a outra. -Dito isso eu parei de caminhar e quando ele percebeu, parou também.
–O que foi? -Perguntou.
Neguei com a cabeça e soltei um pequeno riso abafado.
–Não quero que mude quem você é. É isso que você acha? -Pergunto. -Mas está certo na parte de agir feito um idiota. Você também tenta afastar as pessoas de você.
–Não é exatamente as pessoas... É você.
–E por quê? -Pergunto exaltada.
–Porque talvez eu tenha medo de amar alguém tanto assim. -Essa frase me abala, me desestrutura. Eu sabia exatamente como era porque eu me sentia assim em relação a ele.
–Vamos deixar essa conversa para depois. -Digo. Ele fica em silêncio por algum tempo.
–Você está certa. Não podemos perder tempo aqui. -E então ele saiu na minha frente, onde ficou o caminho todo.
O tempo passa e o sono vem, mas nos mantemos acordados pois temos que prosseguir. O sol começa a nascer e eu só penso no quão bonito é ver ele surgindo atrás dos morros. O quão bonito ele deixa a paisagem feia que vemos desde que o nosso mundo ''recomeçou''. Desde que os humanos devastaram a Terra.
–Já estamos chegando. -Ele avisa. Não respondo, estou ocupada demais olhando para o sol nascendo, eu nunca tinha visto isso antes. -É lindo, não é? -Pergunta
–Lindo. -Uso a mesma palavra que ele, como se houvesse acabado de aprender a palavra.
Mais alguns minutos e já tínhamos adentrado na província dos Radioativos. Havia um local onde parecia ser a base. Parecia um prédio, mas as casas não eram umas em cima das outras, mas sim uma atrás da outra. Tudo estava trancado, portas e janelas, a Província estava abandonada como se não existisse ninguém lá. E talvez não existisse mesmo.
Adentramos no local, havia um teto do mesmo material que a parede das casas apoiado em um concreto.
Caminhamos por ali tentando abrir portas ou janelas, mas tudo estava muito bem fechado.
Então eu esbarro em alguém. Mas esse alguém é invisível.
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E aí, o que acharam?