New Age escrita por Rafaela


Capítulo 24
Capítulo 23 - Brilho


Notas iniciais do capítulo

Amei o final desse capítulo, surpreendeu até a mim... Digamos assim.
Mas antes disso quero dizer OBRIGADA PELA RECOMENDAÇÃO MARAVILHOSA, FRAN! Adorei, muito obrigada mesmo!

Agora podem aproveitar o capítulo, espero que gostem.



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Uma hora da manhã.
Thiago já devia estar no Núcleo da Força. A tal sala de informações.
E eu? Bem, eu estava roendo minhas unhas enquanto esperava ele aparecer no meu quarto.
Havíamos combinado que ele iria pegar as informações que julgasse necessárias e voltaria para passá-las a mim. Então, se tudo ocorresse como planejado, iríamos saír da nossa Província em busca dos R.

A porta se abre deixando um pouco de luz entrar. Era Thiago segurando uma lanterna.
–Hey. -Sussurrei.
–Hey. -Ele respondeu fechando a porta atrás de si. Gostaria de ver sua expressão, mas a escuridão não deixava.
–E então? -Questionei enquanto dava espaço para ele se sentar ou deitar ao meu lado.
–Você estava certa quanto aos R. Mas não temos uma localização, logicamente isso é quase impossível, pois se eles tivessem uma os R já estariam todos mortos.
–Então é isso que eles querem? Acabar com os Radioativos? Isso é ridículo! Pelo que sabemos foram eles que ajudaram a reconstruír tudo por aqui!
–Calma. -Pediu ele. -Veja, não temos uma localização certa. Mas acho que temos alguma coisa.
–Então fale. -Pedi.
–O Governo fica no centro de tudo, certo? -Questionou.
–Certo. -Respondo de imediato.
–Acontece que há um vagão após os Vigias. O certo sempre foi que aquela área pertenceria aos R. Nunca ouvi ninguém falar de ter ido lá, sempre foi só a Força, os Vigías e os Crânios.
–Mas seria muito obvio a localidade deles. -Isso seria ridículo, para falar a verdade.
–Não estou dizendo que eles estejam lá, até por que eles não estão e isso é fato. Estou dizendo que deve haver alguma pista de onde eles estão localizados e precisaremos ir até lá para descobrir.
–Certo. Certo... E como e quando exatamente nós iremos fazer isso?
–Amanhã. As seis horas todos estarão ocupados programando a próxima Simulação e deixarão todos os Iniciados treinando com as portas trancadas. Ninguém vai notar nossa ausência. -Explicou.
–Ok. E o que vamos levar?
–Mais tarde a gente resolve isso, Candy. Temos o dia todo hoje e mais boa parte amanhã. -Sua voz soava cansada e eu compreendia. Devia ser cansativo ser Instrutor e ainda por cima estar envolvido comigo.
–Certo. -Falei.
Thiago começou a se levantar, provavelmente para ir dormir em seu quarto, mas eu não queria, não queria ter mais um pesadelo. Queria dormir sabendo que ele estava ao meu lado, comigo.
–Thiago. -Chamei baixinho.
–Fala. -Ele também manteu o tom de voz baixo.
Apertei os lábios e engoli. Não gostava de pedir isso, gostaria que ele ficasse por vontade própria. Gostaria que tudo entre nós se resolvesse, essa pequena parte de eu não ter deixado ele me pedir em namoro... Eu queria, queria muito.
Olhei para ele, pra ver se ele me entendia só pelo olhar. Depois estendi meu braço e apertei seu braço.
–Claro, eu só vou ali trocar essa roupa. Tudo bem? -Perguntou.
Assenti com a cabeça e deixei ele ir.

A porta se abriu de novo, poucos minutos depois, e Thiago entrou no quarto. Ele caminhou até mim e então dei espaço para ele se deitar ao meu lado.
Deitei de lado, virada para ele e ele virado para mim.
Ficamos alguns segundos em silêncio, mas ambos sabíamos o tanto de coisa que estava passando por nossas cabeças.
E então eu decidi falar.
–Quando você disse que queria mudar a nossa... relação. -Comecei, mas parei pois não sabia como prosseguir.
–Sim. -Ele murmurou.
–Ainda quer? -Pergunto mordendo o lábio.
–Eu sempre quis, Candy. -Respondeu. -Desde que começamos a ter algo.
Assenti.
–Me desculpa? Por não deixá-lo terminar naquele dia?
–E quando é que eu não te desculpei por algo? -Perguntou, cansado.
Eu assenti.
–Então... -Comecei, mas me interrompi. Não sabia se podia ou não fazer isso e ele estava tão cansado. -Nada, boa noite. -Falei e fechei os olhos, esperando o sono chegar.
–Boa noite, Candy.

Eu estou caindo, caindo na escuridão.
Grito e ninguém ouve, nem eu mesma.
Um trovão atingindo uma árvore no meio da escuridão, eu vejo.
Sangue.
Abro meus olhos despertando de mais um pesadelo.
Thiago está tirando meus cabelos grudados da testa e do pescoço. Eu estava um pouco suada.
–Mais um pesadelo? -Perguntou ele. Assenti sem nada falar.
Thiago colocou sua testa na minha. Respirou fazendo-me respirar seu ar.
–Ouça. Eu queria que fosse melhor que isso, mas acho que você entende que não teremos um bom momento durante muito tempo e se eu bem te conheço, você não é do tipo que sonha com um príncipe encantado. -Ele sorriu e soltou um riso pequeno.
Mordi o lábio como se dissesse ''não''
–Certo. -Ele fez uma pausa. -Então vamos fazer isso certo. -Ele se levanta e puxa meus braços para que eu sente na cama.
–O que você...? -Tento perguntar, mas ele faz uma cara como se me dissesse ''não atrapalhe, não de novo'' e eu me interrompo.
–Namora comigo, Candy? -Direto e reto.
Sorrio.
–Namoro. -E jogo os braços em seu pescoço, beijando-o até caírmos deitados na cama. -Curto e grosso, certo? -Paro de beijá-lo apenas um instante.
–Não grosso. -Ele responde e volta a me beijar.
Então ouvimos batidas na porta.
Thiago e eu nos levantamos e eu fui até a porta abri-la.
–Ei, Lia. -Falei ao ver a loira ex-Vigia.
Ela olhou para trás de mim e, provavelmente, viu Thiago.
–E-ei. -Ela responde. -Vocês estão atrasados, não sei se sabem. -Ela estalou a lingua.
–Ok. Certo... Dois minutos. -Peço.
–Um. -Responde ela.
–Um e meio.
–Certo.
Fecho a porta e digo:
–Acho que você deve voltar para o seu quarto. -Que foi praticamente a mesma coisa que ele me disse no dia seguinte.
–Está me expulsando? -Questiona franzindo a testa.
–Talvez. -Tento parecer convincnente.
–Depois não me peça para dormir com você à noite.
–O.k
–O.k
–Mas eu vou pedir. -Falei quando ele já havia passado por mim e estava quase abrindo a porta. Sabia disso mesmo não me virando.
–Eu sei. -Podia ouvir um sorriso em suas palavras, e eu sorri sem virar para ele.

Novamente batem na porta.
Abro ela enquanto coloco os tênis, me apoiando na maçaneta.
–Pronta? -Pergunta Thiago.
–Sim. -Respondo me ajeitando.
–É só mais hoje. -Ele fala enquanto fecho a porta atrás de mim.
–É. -É só o que eu respondo. Amanhã, se tudo ocorrer como planejado, estaremos na Província dos Radioativos.

Caminhamos de mãos dadas até o refeitório.
–Olha eles aí. -Exclamou Anthony.
–Resolveram sair do ninho de amor? -Comentou Lia brincando. -Desculpem ter atrapalhado vocês.
Vermelha é uma pequena palavra para dizer o quão constrangida eu fiquei.
Sentei-me na sua frente, com Thiago ao meu lado.
–Não foi nada. -Murmurei.
–Espero... Mas olha, qualquer coisa eu quero ser dinda.
A água que eu estava tomando quase molhou a minha blusa se eu não tivesse metido a mão em baixo do queixo para impedir.
O pessoal da mesa começou a rir e de vermelha eu devo ter passado para roxa.
–Desculpem atrapalhar a confraternização de vocês. -A voz de Everton soava firme e forte na ponta da mesa. Fazendo com que todos nós virássemos para ele. -Thiago, vejo que anda saindo demais com Iniciados. -Ele olhou para mim.
–Em breve eles deixarão de ser Iniciados, Everton. Você deve parar com esse preconceito. -Falou Thiago, mantendo sua voz firme.
Everton riu.
–Amanhã vocês terão o dia todo de treino e não poderão sair das salas atpe segundas ordens, então estejam bem preparados para o que quer que escolham. -Ele falou e saiu.

–Acho que Everton está certo. Quer dizer, não o motivo que ele acha que está certo, mas enfim. -Falei enquanto voltávamos para os dormitórios. Só havia eu e ele no corredor, alguns estavam nas salas de treino para fazerem coisas diferentes do que iriam amanhã.
–Certo sobre o quê? -Questionou.
–Você... Quer dizer, você não acha que tem passado tempo demais com a gente. Comigo. E deixado seu trabalho meio que de lado?
Um segundo de silêncio.
–Não. Eu continuo fazendo meu trabalho, mas eles andam precisando mais de Everton do que de mim. Sabe, eu não quero liderar e apesar de me quererem como líder, eu já recusei tanto que acho que eles decidiram dar uma chance para Everton mostrar o que tem de melhor.
–Hmm. Certo. -Assenti. -Ei, acha uma boa eu ir treinar um pouco só por precaução? -Pergunto.
–Bem pensado. -Ele fala. -Eu vou dar um pulo para ver como anda os planos deles para amanhã.
–Certo. -Concordei com a cabeça e então seguimos caminhos diferentes.

De cem tentativas de acertar o alvo, dez eu consegui acertar. Isso exigia muito mais do que um alvo parado e eu havia progredido em certo ponto.
Depois de acertar pelo menos cinquenta, passei para o boxe onde mal a mal dava socos que iam melhorando conforme eu me motivava. ''Se você não conseguir socar um saco de pancadas, como irá lutar se amanhã for necessário?''
–Você luta com garra. -Uma voz masculina me assusta e faz com que eu dê um pulinho.
Olho a pessoa, incrédula.
–Você está lutando bem melhor do que quando a vi pela última vez. -Comenta. -Thiago anda-lhe dando conselhos?
–Não muito, eu acho. -Respondo. -O que lhe trouxe aqui? -Questiono confusa.
–Só estou dando uma olhada em vocês, Iniciados. -Respondeu Everton.
–Certo. -Respondo forcando-me a voltar a socar aquela coisa.
Everton me ronda por mais algum tempo antes de sair.

Mais algumas pessoas entram na sala antes de eu sair, fui fazer outras das atividades e sai pingando a suor, fui direto para o banho e depois encontrei o pessoal para a janta. Conversamos pouco pois nos deram vinte e cinco minutos para irmos todos aos dormitórios. Ninguém entendeu nada, mas eu sabia, era para que eles pudessem fazer logo a segunda simulação.

Espero todas as luzes se apagarem e bato na porta do quarto de Thiago. Ele abre quando dou o segundo toque e isso assusta a ambos, mas não perdemos tempo com isso, em um piscar de olhos ele me puxou para dentro do quarto e fechou a porta.
Nossos quartos não tinham luzes a noite, era tudo a base de lanternas e não as disperdissávamos, apenas usávamos quando necessário -ler, estudar... Mesmo isso não sendo de costume da Força. Não muito.
–Eu estava indo até o seu quarto. -Ele sussurra.
–Bem, eu vim primeiro. -Digo.-E então? Como vai o nosso plano?
Ficamos em silêncio por um tempo, senti algo tenso vindo do corpo dele.
–O que foi, Thiago? -Indago. Ele não responde.
Sinto seu olhar firme em mim e por um momento eu consigo enxergá-lo claramente, mesmo no escuro.
–Seus olhos... Eles... Eles estão brilhando, literalmente.


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Notas finais do capítulo

E aí??



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