New Age escrita por Rafaela


Capítulo 16
Capítulo 15- Cadáveres


Notas iniciais do capítulo

Feriadoo!!!
Como prometido, aqui está mais um capítulo -esse ficou enorme, o maior até agora-
me desculpem se houver erros e eu espero que tenham gostado desse capítulo, eu confesso que gostei ((:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/469227/chapter/16

Passaram-se dez minutos e eu já estava nervosa, quase zanzando pelo quarto.
Mais dez e eu prendi facas em minhas roupas e comecei a andar de um lado ao outro do cômodo.
Outros dez minutos se passaram e eu fui olhar para fora e checar se vinha alguém. Nada. Volto para dentro do quarto e começo a reparar, pela primeira vez, na organização de Thiago. Muito mais organizado que o quarto que eu possuía em minha antiga Província... Oh! Falando nisso, amanhã seria o dia da visita, esperava ver meus pais e meu irmão novamente, mas não tinha certeza se isso aconteceria.
E então ouço passos corridos e uma respiração acelerada. Viro-me rapidamente para a porta e dou de cara com um Thiago cansado que devia ter vindo correndo até aqui. Olho-o preocupada.
Abro a boca para falar mas nada sai.
–Precisamos sair daqui. -Foi o que ele disse.
–O quê? Por quê? -Questionei-o.

–Está um verdadeiro pandemônio lá fora, Candy. Pessoas feridas, isso é grave, não temos tempo.

Eu entendi, e no mesmo momento me vi ao seu lado. Thiago segurou meu pulso e saímos correndo pelo corredor.

–E para onde estamos indo? -Questiono com a voz cortada devido a corrida que fazíamos.
–Para uma sala mais reforçada, outros estarão sendo levados para lá também. -Respondeu, sua voz mais normal que a minha.
...
Todavia, não fomos para a sala reforçada. Thiago adentrou na sala de armas e levou-me junto consigo.
–Não íamos para a outra sala? -Perguntei depois de um segundo para tomar ar.
–Você é boa em atirar coisas, vim pegar mais facas... Aliás, você roubou as minhas. -Ele falou, olhando para meu corpo.
Olhei para verificar se estava visível. Não. Então, como ele sabia?
Devo ter ficado com uma cara de interrogação, pois ele respondeu com um:
–Não temos muito tempo para conversas agora, me ajude.
...
Pegamos flechas e arcos, armas e facas. Thiago carregou a maioria das coisas, corremos para outros corredores e, até que enfim, chegamos a sala.
Ela era realmente mais reforçada, dava para perceber a grossura das paredes, o concreto. Ao entrarmos, parecia que eu havia ficado surda. Novamente, Thiago deve ter lido minha expressão para ter comentado que a sala também abafa o som vindo de fora, do mesmo jeito que, ao estarmos fora, não ouvimos o barulho de dentro.
Assenti ainda tentando acostumar-me com a ''diminuição'' da minha audição no momento, já que a sala, apesar de possuir pessoas dentro, estava silenciosa ao extremo.

–Onde estão os outros? -Questionei em silêncio, para que apenas Thiago ouvisse, enquanto largavamos as armas junto com as outras em uma pilha em cima d'uma mesa de cor prateada. Aliás, não havia como descrever a sala que estávamos, era uma cor vaga entre um azul escuro que passava-se por um cinza... Era como uma sala cinza com uma sombra azul escura. Nas paredes haviam outras armas, um ármario, uma pilha com almofadas e em um canto havia cadeiras provavelmente feitas de um plástico duro e resistível, de cor branca que se empilhavam uma em cima da outra.
–Os que estão vivos devem estar a caminho. -Comentou, virando-se de costas para a mesa apoiando suas mãos na barra da mesma.
Olhei-o em choque.
–Como assim? Quantos morreram? O que aconteceu exatamente?
–Candy... -Sua voz soou docemente pela primeira vez ao falar comigo, tão doce quanto antes, meu coração se apertou e eu me preparava para o pior. Mas ele não terminou de falar.
–Lia. -Falei. -Lia está bem? -Me obriguei a perguntar, mas Thiago não respondeu de imediato e quando ele abriu a boca, a porta se abriu e uma Lia ensanguentada e trazida junto com alguns outros Iniciados apareceu. Sem pensar em mais nada, corri até ela que me abraçou caindo por cima de mim por sua fraqueza e quase me derrubando no chão.
–Oh meu Deus, Lia! -Consegui falar, em choque. Na minha cabeça eu não conseguia parar de dizer 'Oh meu Deus!'
Senti braços me soltarem de Lia, um corpo encontrava-se atrás de mim emanando calor através do corpo. Meu corpo o detectava de imediato, era Thiago.
–Lia foi atingida por uma bala, está perdendo muito sangue. Deixe-a com os médicos por um tempo. -Ele falou por trás de mim, em meu ouvido. Não o respondi, assisti os médicos colocarem-a em uma das camas que eles haviam acabado de instalar no recinto. Os lençóis eram brancos e elas eram mais altas que as camas normais, eram semelhantes ao tamanho de uma cama de hospital.
Hospitais haviam apenas no centro das províncias, perto da casa -mansão- do prefeito. Acho que pelo fato de essa província ser a mais ''perigosa'' eles tinham uma ala médica apenas para eles. Justo... ou não.
...
Em meia hora todos os atingidos vivos estavam dentro da sala junto com os Instrustores Thiago e Everton e alguns que estavam ali só para se protegerem, assim como eu. Todos os Iniciados estavam ali, os nascidos ou não na Força. Quer dizer, não exatamente todos. Dei-me por falta de alguns, só não sabia ao certo quais eram.
O tiroteio havia passado, mas muitos não queriam sair dali. Eu queria, só não sabia como achar o caminho de volta.

–Vou sair e procurar pelos corpos. -Avisou Thiago, levantando-se do chão ao meu lado. A metade de nós estava sentada no chão, alguns juntos das almofadas, outros não. A outra metade optou pelas cadeiras brancas.
Levantei-me também.
–Vou com você. -Afirmei.
–Não acho que...
–Não pedi permição.
Thiago fuzilou-me com os olhos, mas pude notar uma expressão divertida em seu rosto. Ele devia estar adorando aquilo, realmente parecia que ele gostava de me ver irritada, brava.
–Tudo bem. -Ele falou reprimindo um sorriso e virando-se em direção à porta. Azar o dele que notei sua voz tremendo ao reprimir um riso.
Caminhei atrás dele até abrir a porta, depois nós estávamos no corredor caminhando sem destino algum, procurando por corpos sem vida.

Do nada, Thiago para de andar e vira-se para mim.
–Como você pode falar assim comigo na frente de todos? -Ele parecia bravo. Há alguns minutos mesmo tinha notado uma mudança de humor nele, não sabia como, mas notara.
–Assim como? -Fui pega de surpresa, não sabia mais do que ele estava falando.
–Você sabe muito bem, Candy.
–Do modo como falei a poucos minutos? -Questionei.
Soltei um riso nasal quando ele não negou. -Você fala assim comigo o tempo todo! O que foi? Está com medo de que não o achem mais um bom Instrutor porque uma Crânio sem-graça o enfrenta? É por isso que me trata desse jeito? Para mostrar a eles que é melhor?
Ele parece pego de surpresa, mas eu acabo ficando tão indignada que não consigo parar.
–Eu estou farta das pessoas agirem assim comigo, como se eu não fosse nada. Eu estou farta de você e desse seu jeito de falar, como se fosse melhor que todo mundo. -Falei, era verdade, mas de certo modo era apenas um de seu charmes. É, eu era uma completa masoquista ao pensar nisso.
Virei-me e comecei a caminhar, e então ouvi ele me puxando de frente a ele. Ficamos cara à cara, corpos praticamente colados.
–Você não é mais uma Crânio, está conosco agora. -Ele falou, sua respiração desregular e pesada misturava-se com a minha, meu coração estava quase saindo pela boca. -Você tem razão, tenho que parar de agir desse modo com você, mas eu não consigo. -Admitiu.
–Por quê? -Questiono, mas minha voz sai falha e eu brigo mentalmente comigo mesma por isso. Mas não há como corar, estamos próximos demais e eu nem consigo notar se isso acontece ou não. A única coisa de que tenho conciência é dele.
–Nada que envolva você tem uma explicação pra mim. -Meu coração quase para, mas nesse instante ouvimos a voz de Everton chamar Thiago no final do corredor.
Ouvi Thiago murmurar palavrões incoerentes e se afastar, recompondo-se enquando Everton vinha até nós e eu continuava perdida em relação a Thiago.
–Atrapalho algo? -Pergunta ele quando percebe a cara de ambos.
–Não. -Dizemos ao mesmo tempo.
–Só estávamos discutindo como sempre. -Acrescento quando percebo o quão estranho foi.
–Ah, certo... Bem, vim ajudá-los a procurar os corpos, mas no meio do caminho fui chamado à Base. Depois disso precisamos debater a próxima tarefa dos Iniciados e fazê-la o quanto antes, não podemos esperar mais para prepará-los. Eles não estão fortes o suficiente para enfrentar isso que anda ocorrendo, nós nem sabemos o que é e hoje ocorreram mais mortes do que estamos acostumados a ter -Everton parecia ter esquecido que eu estava lá. Thiago me olhou e foi quando ele se lembrou que eu existia.
–Oh. -Ele falou, como disse ele esquecerá de que eu estava ali.
–Tudo bem, concordo que não estamos preparados e precisamos disso... Mas não pediram minha opinião então podem conversar a vontade que eu já vou indo. -Falo e viro-me, começando a caminhar.
–Não. Candy! -Chama Thiago, me viro para ele quase revirando os olhos e espero ele falar algo. -Ainda não acabamos a nossa discussão. -Ele falou dando continuação a minha ''mentira''. -Me espera mais um minuto. -Ele pediu. Cruzei os braços e assenti, me dirigi em direção a uma parede e me encostei nela enquanto esperava Thiago terminar sua conversa com Everton.

Não demorou muito e Everton dirigiu-se ao lado contrário de Thiago, que vinha em minha direção.
–O que tem pra terminar? -Questiono. Ele, dessa vez, não se aproximou muito o que foi bom porque eu poderia pensar melhor, e ruim porque eu queria que ele se aproximasse.
–Tem algo em você que me faz ser assim. -Ele diz depois de uns segundos em silêncio.
–Bom saber que eu desperto raiva em você do mesmo jeito que você desperta isso em mim. -Meus braços ainda estavam cruzados abaixo dos seios. Meu vestido subiu um pouco quando apoiei o pé na parede e só agora eu notei. Grunhi e puxei-o para baixo.
Thiago deu um riso nasal.
–O que foi agora? -Perguntei irritada.
–Você. Sempre você. -Ele falou de bom-humor.
–Não tínhamos que procurar os corpos? Então, vamos. -Falei, ainda irritada.
–Foi você que quis vir comigo. -Thiago disse levantando as mãos para cima como se dissesse 'eu me rendo'.
–Tudo pra sair daquele ambiente, mas não importa, agora que estamos aqui vamos terminar logo com isso.
–Tudo bem.

Nunca foi tão fácil falar com ele, apesar de eu estar irritada isso foi até bem engraçado. Nós dois, nos dando bem... Era algo raro e que eu queria conservar.
...
Encontramos sete corpos, três de Iniciados nascidos na Força e dois de outras pessoas da Força que estavam na festa. Thiago reconheceu todos e guardou os nomes, logo chamou outros médicos que iriam se encarregar do corpo, eles chegaram e se foram e nós continuamos ali.
–Hora de leva-la ao seu dormitório. -Ele falou e eu assenti. Nos dirigimos em silêncio.
Ao deixar-me na porta, ele se aproximou.
–Lia vai ficar bem, e você também. -Ele beijou minha testa, nenhum homem havia me beijado antes além dos homens da minha família. -E em breve nós daremos a vocês quartos separados. -Ele se afastou.
–Thiago. -Chamei-o. Ele parou e virou-se para mim. Balancei-me sobre os pés. -Quando os outros vão voltar para cá?
–Logo, até o final do dia acho que Lia já volta. -Ele falou, já era pelo menos duas horas da manhã.
–E nossos familiares virão hoje?
–Alguns... Talvez.
–Mesmo com o tiroteio de agora a pouco?
–Sim.
–Tudo bem.
–Tudo bem.
–Boa noite.
–Boa noite.
Ele sorriu e saiu. Eu sorri e entrei no quarto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ameei a discussãozinha dos dois, e vocês? Gosto de escrever essas briguinhas, hehe.
Gostaram do capítulo? Estou há horas escrevendo-o, na verdade comecei-o ontem... Bem, podem deixar seus comentários, não custa nada, certo? Xx



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "New Age" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.