New Age escrita por Rafaela


Capítulo 17
Capítulo 16- Visita mais que especial


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, aqui está mais um capítulo para vocês. Espero que gostem!
Eu particularmente gostei, mas...

Desculpem se houver erros.



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Dez horas da manhã e uma luz invade o quarto.

–Hora de acordar, as visitas estão chegando. -Abri os olhos e os esfreguei com os pulsos, passei o dedo indicador no canto dos olhos e sentei-me na cama. Eu havia apagado depois de Thiago ter-me deixado no quarto. Olhei para baixo e vi que outros Iniciados estavam ali, mas não todos.

Vi Lia sentando-se com dificuldade, a bala havia passado de raspão por sua barriga, mesmo assim, quando me abraçou ensanguentou todo meu novo vestido.

–Quem veio? -Questionou uma garota com a cabeça ainda enfiada nas cobertas.

–Só alguns, indicamos para não terem grandes expectativas, nem todos aparecem. -Falou a voz de Everton, eu só conseguia ver a silhueta dele. Thiago estava um pouco atrás, próximo a luz e por isso eu conseguia ver seu rosto.

Ele olhou pra mim e todo o resto se perdeu, meus olhos se grudaram nos seus e só desviamos quando Everton limpou a garganta chamando a atenção de Thiago... O que ele havia dito mesmo?
...
Todos se levantaram e fui até minha mala de roupas, Lia seguiu-me.

–Você realmente acha que eu vou deixar você escolher sua roupa hoje? -Ela questionou e fez que não com o dedo indicador.

A garota começou a fuçar nas minhas roupas, incluindo aquelas que compramos no dia anterior. Ela pegou uma blusa de alcinha preta cheia de lantejoulas e uma saia preta pregada, as duas peças de roupas eram dela. Coloquei uma sapatilha que Lia me fez comprar, também era preta, e depois que ela escolheu suas roupas nós fomos para o banheiro.

Lia colocou uma saia preta com flores rosas e vermelhas e uma blusa regata preta simples, bota de salto preta e então penteamos os cabelos.
Meus cabelos claros, porém não loiro, estavam soltos e com brilhos. Gostava de deixá-los soltos, em minha antiga Província eu passava a maior parte do tempo com ele preso. Minha mãe sempre dissera que ele era bonito demais para que os outros sentissem inveja.

–Queria ter o seu cabelo. -Lia confessou quando terminou o dela.

–Ele é só um cabelo comum! -Passei minha mão entre os fios claros, cor de mel.

–Não é, não. -Lia passou a mão pelo meu cabelo e soltou um suspiro.

–Queria ter seus olhos. -Comento. Os meus são tão sem graça, castanhos! Quanta gente não tem olhos castanhos por aí? Mas verdes e azuis não são tão fáceis de encontrar. Os de Lia eram verdes, assim como os de Thomas.
Deixo escapar um suspiro.
Como eu sentia falta de Thomas.

...

Estou onde todos da Força estão. É um aglomerado de pessoas no subterrâneo, só assim percebe-se o quão diferente somos um dos outros no quesito cores de cabelo. A Força é a única Província que muda sua cor natural.

De onde estou consigo enxergar uma mulher de cabelo vermelho. Em minha frente há mais uma loura e logo ao lado dela uma garota com cabelo de um tom azulado. Os garotos também mudam, agora mesmo consigo enxergar um com o cabelo raspado nos lados e nas pontas do moicano castanho há uma cor verde clara.
Vendo isso dá uma vontade repentina de fazer mechas nas pontas de meu cabelo ou pinta-lo de uma cor diferente, como roxo ou azul... E então penso em meus pais. Eles já devem ter se decepcionado muito com o fato de eu ter saído dos Crânios, pintar o cabelo só faria com que eles levassem um choque ainda mais.
Meu medo é de que eles não tenham vindo hoje.

...

Fico na ponta dos pés e, ao lado de Lia, viro a cabeça para um lado e para o outro procurando uma cabeça conhecida.
E então encontro os cabelos desgrenhados de um tom claro como o meu, sua pele clara e seus olhos verdes encontrando os meus. Abro um sorriso enorme no mesmo momento e tenho a súbita vontade de sair correndo e me atirar em seus braços, mas não posso. Deveria mostras sem forte, estava na Força, era isso que fazíamos.

–Achei meu pai, vou até ele... Vai precisar de mim? -Ouço Lia me perguntar e então olho para ela com medo de perder Thomas de vista.

–Não. -Murmuro e logo viro o rosto para verificar se Thomas ainda estava lá. Estava, e estava mais próximo ainda.

–Encontrou alguém? -Lia perguntou se colocando na ponta dos pés e olhando na mesma direção que eu.

–Meu irmão. O garoto com cabelo desgrenhado vindo até nós. -Falei sorrindo. Pude perceber Lia abrindo a boca em 'O' pelo canto do olho. -Nos encontramos para lanchar, certo? -Perguntei me virando para ela. Que assentiu.

–Certo. Local marcado, hora marcada. Nos vemos em breve. -E lá se foi ela. Lia parecia tão jovem hoje... Ou era minha felicidade em ver Thomas que estava afetando minha visão e percepção?

Olho novamente na direção de Thomas e vejo ele desviando de duas garotas para vir em direção a mim. Faço o mesmo indo em direção a ele e quando chego perto o suficiente lanço meus braços em volta de seu pescoço e enterro meu rosto na curva do mesmo. Thomas era mais novo, todavia era mais alto que eu.

–Candy. -Sussurrou cantarolando.

–Eu estava morrendo de saudades. -Falo soltando-o e levantando um pouquinho a cabeça para olhar seu rosto, e engolindo o nó que se formava em minha garganta.

–Eu também, mana. -Ele falou passando o braço por minha cintura enquanto andávamos.

–Thomas... -Me arrisquei a chamá-lo.

–Hm?

–Eles estão muito bravos? -Mordi o lábio inferior aguardando sua resposta e me sentei no concreto de tom cinza-claro. Thomas sentou-se ao meu lado.
Nessa altura nós já havíamos nos afastado um pouco de todo aquele aglomerado e poderíamos ter uma conversa mais... Pessoal, digamos.

–Bravos não é a palavra certa a se usar. No inicio, sim, eles ficaram... Mas muito mais decepcionados do que bravos, isso sim. -Ele fez uma pequena pausa. -Mas isso foi bom, Candy. -Ele pegou uma mecha do meu cabelo e enrolou seu dedo indicador, puxando-o um pouco. Apertei meus lábios e assenti. -Eles sempre foram muito convictos de que você era a filhinha perfeita e de uns tempos para cá você se mostrou tão... rebelde. -Sorri, o nó em minha garganta voltando a se formar. -Eles já tinham ideia do que aconteceria, só não queriam acreditar. Você não pode tomar suas decisões baseando-se no que os outros podem pensar, você fez o certo, irmã. -Assenti novamente e me joguei em seus braços para mais um abraço.
Arrumei-me no banco de concreto e coloquei minha cabeça em seu ombro.

–E como tudo está? -Perguntei.

–Estão levando... Não se preocupe, Candy, eles vão superar.

–Eu devia ter pensado mais em você... Ano que vem, por favor não faça sua escolha baseada na minha. -Posicionei-me sentada de modo que ficasse cara-a-cara com Thomas e pudesse olhar diretamente e profundamente em seus olhos verdes.
Meu irmão franziu o cenho.

–Não precisa continuar em nossa... -Mordi o lábio inferior. -Em sua... Em sua Província -Corrigi-me. -Só para não deixar a mãe e o pai sozinhos lá.

–Não se preocupe com isso, Candy. Sei fazer minhas próprias escolhas. -Sim, eu sei que ele sabia. Eu confiava mais nele do que em mim mesma para fazer decisões.

Ficamos um tempo em silêncio até eu me lembrar de Lia.
Levantei-me subitamente.

–Venha, vou te apresentar a alguém.
...

Eu e Lia havíamos escolhido aquele lugar porque achávamos que poucas pessoas iriam para lá... Bem, o local não estava completamente cheio mas também não estava vazio.
Comecei a procurar por Lia.

–Ei, desde quando começou a usar tanto preto? -Interrogou o garoto que possuía os mesmos pais que eu. Ri. -E todas essas mudanças no visual também entram na pergunta, dona Delunarue.
Achava meu sobrenome estranho, não sabia da Origem, mas apesar de estranho a pronúncia até que era bonita.

–Em breve você conhecerá a pessoa responsável por isso. Aliás, a roupa é dela. -Falei e logo fiquei na ponta dos pés e fiz biquinho para o lado enquanto procurava pela loira.

Ela deve ter nos achado antes que eu a encontrasse porque lá estava ela acenando com o braço bem esticado para cima. Acenei rapidamente de volta só para deixar claro que eu já a tinha visto.

–Lá está ela. Venha. -Puxei-o pela sua camisa azul de manga comprida. Nossa Província aderia mais a cor azul por significar inteligência, lealdade, confiança, generosidade, entendimento, enfim, tudo oque nossa... Tudo o que os Crânios acreditavam que aderiam. Poucas vezes usávamos blazer preto como aquele que minha mãe queria que eu vestisse no dia do teste. Do mesmo modo que a Força adotava o Preto como sua cor por significar poder, firmeza nas ações, autoridade.. A Vigía adotam o amarelo por significar sabedoria e conhecimento... Isso poderia muito bem se aplicar aos Crânios, pensando bem.

...
O pai de Lia usava uma camisa de manga curta amarela, exatamente como havia dito.

–Oi. -Saudei-os.

–Hey! -Saudou Lia, ela estava sentada em um degrau de concreto de cor acinzentada. -Pai, essa é minha amiga Candy. Candy esse é meu pai.

–Prazer em conhece-lo, sr. Highesrt. -Falei assentindo com a cabeça, o pai de Lia fez o mesmo. -E esse é o meu irmão, Thomas. -Apresentei-o.
Meu irmão esticou a mão para o sr. Higherst, que apertou-a.

–Sou a Lia. -Minha amiga loira esticou a mão para meu irmão e ele a apertou. Oh meu Deus! Ele era tão bom nisso!

...
Comemos nosso lanche, um sanduíche para cada, suquinho e dois cachos de uva. Pude notar que Lia não parava de olhar para meu irmão, que por sua vez também não parava de olhar minha amiga. Sorri com esse pensamento e balancei a cabeça em negação.
O sr. Higherst havia nos deixado assim que terminou de comer, despediu-se de sua filha com um abraço que pareceu forçado, os Vigias não gostavam muito de contato sentimental, mais um motivo para Lia ter escolhido outra Província, ela demonstrava seus sentimentos.

Lia e Thomas estavam se divertindo e acabavam nem notando que me deixavam de fora da conversa. Achei legal o fato de ambos estarem se entendendo, gostava disso.
Aproveitando que eles estavam concentrados na própria conversa me virei de frente para as pessoas.
Sem saber, comecei a procurar por Thiago. E lá estava ele. Do outro lado, sentado nos degraus de uma escada como a que estávamos, que não dava para lugar nenhum além de uma parede acinzentada.
Não vi ninguém com ele, ninguém mais estava sentado próximo a ele além de pessoas com seus próprios parentes. Seria possível que ele não tivesse ninguém ali? A única coisa que podia notar de longe era um copo em sua mão esquerda.

Sem perceber, eu havia levantado e já estava descendo os degraus.
...

–Hey. -Falei, sentando-me ao seu lado no degrau.

–Hey. -Respondeu com sua voz rouca, um tom de divertimento em sua voz. -O que faz aqui? Não gostou de ficar no meio do flerte do seu irmão com sua amiga? -Brincou virando-se para me olhar.
Abri a boca.

–Você estava nos observando, sr... -E então me dei por conta que não sabia seu sobrenome. Eu olhava para ele com divertimento. -Não sei seu sobrenome. -Empurrei-o de brincadeira usando meu antebraço.

–Branwell. -Respondeu.
Já ouvi esse nome antes, mas como não lembrava, deixei passar.

–Então, sr. Branwell, qual o motivo de estares a me observar? -Ergui as sobrancelhas.

–Você está diferente hoje, o que aconteceu? -Questionou.

–Oh! Não fuja do assunto! -Exclamei. Thiago riu e eu também.

–Estou falando sério, Candy. -Perguntou.

–São só as roupas da Lia. -Falei suavizando a voz.

–Não estou falando das roupas. -Ele fez uma pausa e olhou nos meus olhos fazendo-me sentir uma repentina vontade de me encolher. -Seu humor, você parece feliz. -Analisou ele.

–Porque eu estou. -Respondi virando-me e olhando para o outro lado, para Thomas e Lia.

–Fico feliz que seu irmão tenha vindo. -Eu assenti, ele parecia sincero ao falar isso. E então me dei conta de algo.

–Como sabe que ele é meu irmão? -Questiono virando-me para ele. Thomas podia muito bem ser meu primo ou ter qualquer outro grau de parentesco. Não poderia ser tão óbvio, ele possuía olhos claros!

–Sabendo... -Foi só isso que ele respondeu, nada mais. Todavia eu não queria discutir, queria continuar com meu bom humor.

–E o que faz aqui sozinho? -Tinha medo de fazer essa pergunta, mas fiz. Contudo, logo acrescentei: -Se for incômodo juro que não precisa responder.

–Não é. -Ele nega. -Meus pais há muito pararam de me visitar, está tudo bem. Fiz minha escolha e eles aceitaram.
Assenti. Ele estava certo, apesar de doer. Eu sabia, pois meus pais não estavam ali. Mas era uma escolha nossa e toda escolha tem suas consequências.

Ficamos um tempo em silêncio apenas olhando para o nada até eu fazer a pergunta.

–Quer se juntar a nós? -Perguntei olhando para onde seria o céu. Sentia saudades da luz do dia, das nuvens. Agora tudo que enxergava era cinza.
Thiago nada falou, apenas senti seu olhar sobre mim e olhei-o.
–Por favor, não quero ficar sozinha no meio do flerte do meu irmão com minha amiga. -Falei usando as mesmas palavras que Thiago usara outrora. Sorrimos com isso.

–Tudo bem, Crânio. -Ele colocou a mão no topo da cabeça, despenteando-me.

–Ei! -Adverti-o. O garoto tirou a mão dos meus cabelos ao se levantar e estendeu a mão para me ajudar a levantar. Segurei-a e impulsionei-me para cima, ficando em pé. -Você também está de bom humor. Isso é realmente muito raro. -Provoquei enquanto arrumava meu cabelo.

Thiago riu nasalmente.

–Não se acostume com isso. -Falou.

–Claro que não! Já me acostumei com você mal humorado e irritante. -Revirei os olhos. Thiago desceu os degraus na minha frente dando-me as costas. -Mal educado! -Exclamei e corri descendo os degraus para alcançá-lo.


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Notas finais do capítulo

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