Entre Vivos e Mortos escrita por TheBlackWings


Capítulo 33
Capítulo 33 - Sangue e Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Perdoem a demora! Aqui esta o capítulo!



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Seiya tentava se levantar, carregando junto o corpo ainda inerte de Dohko. Os soldados que ainda não haviam cedido na guerra se escoravam em pilares caídos. Shun continuava de joelhos, fitando o chão, pressionando a ferida no peito com força. As águas da chuva que escorriam pela pele fria de pedra da estátua de Athena eram como lágrimas que a deusa derramava por todas as mortes que aconteciam no santuário.

 Sob seus pés, a reencarnação atual de Athena, nada mais era do que a imagem de uma humana fraca. De joelhos, ferida e com as roupas rasgadas, segurava fortemente a urna dourada que Saga a entregou. O grande mestre, agora ajoelhado, forçado pelo golpe interrompido de Thanatos, continuava a protegê-la.

Mas o cenário, que anteriormente sediava uma batalha perdida, agora era incerto. Um terceiro lado surgiu no embate, e nada se sabia sobre ele. O cosmo da jovem começou a reagir com aquela energia que rodeava tudo, assim como o de Thanatos.

O deus da morte jamais pareceu estar tão surpreso. A chuva que caia parecia diferente agora, e era visível que não era apenas um capricho da natureza.

- Maldito seja você, por atrapalhar nossa vitória! – berrou para aquele cosmo que continuava a se expandir. O mar que rodeava o santuário se agitou de forma surreal, com ondas terríveis que quebravam as pedras na beirada rochosa. O cosmo terrível que sobrepujou até mesmo a enorme silhueta de Thanatos tomava forma agora, uma silhueta ainda maior surgiu nos céus, e aos poucos tomou a forma robusta de um ser forte.

- Não pode ser... – Saga se indagou, tentando se convencer daquele fato absurdo. – Primeiro Hades, e agora...

- Poseidon! – A voz enfurecida do deus da morte soou pelo santuário. Todos agora intrigados com a presença do deus dos mares. Mais um inimigo chegara, para presenciar a queda de Athena? A chuva cessou somente sobre o terraço da estátua de Athena, continuando assim a lavar o sangue que escorria das escadarias das doze casas. 

A silhueta de Poseidon era diferente. Seu cosmo azulado formou um gigantesco ser, vestido com a armadura do Deus e segurando o tridente em sua mão. Era apenas uma imagem, enorme, que parecia ser totalmente feita de água.

- O que faz aqui, Poseidon, deus dos mares? – Thanatos novamente se recompôs, sua fúria o deixara com a face transtornada. – Está se metendo onde não deveria.

- Um mero servo de Hades não deveria me dirigir à palavra dessa forma. – A voz do deus ecoava forte e irreal. – Você se rebaixou a um mero espectro quando jurou lealdade a ele.

Aquelas palavras atingiram o deus da morte como nada até agora. Era como se tivesse sido um golpe de seu tridente no meio de seu peito. Furioso, seu cosmo explodiu novamente.

- É isso que você pensa mesmo? Pois irei destruir esse santuário sujo e depois você sentirá a fúria do exército do inferno!!! – erguendo a mão em direção a deusa, foi como um sinal que recomeçou o combate. Os soldados do inferno caíram sobre os cavaleiros como insetos, sedentos pelo seu sangue. Os espectros recomeçaram as chacinas contra os soldados mais fracos e feridos. Os juízes Minos e Thanatos voaram sobre seus rivais. A guerra recomeçou, terrível.

- Agora Athena, iremos terminar nosso assunto inacabado!! – As palavras do deus vieram junto com o cosmo de Shun, que agora voava e alta velocidade para cima do grande mestre. Instintivamente, Saga se levantou e segurou o golpe do inimigo, mas foi inútil. Shun acertou seu abdômen, fazendo o cavaleiro de ouro cair de joelhos, sem ação. Shun recuou novamente para próximo ao deus. De pé agora, parecia ignorar o ferimento em seu peito.

- Nada me deterá agora!! – Riu seguidamente Thanatos, ainda fitando o deus dos mares, que parecia nada fazer

- Idiota!! – A voz de Poseidon fez estremecer a terra. – Sua batalha acaba aqui!!

- O que?? – O cosmo de Poseidon havia dominado tudo, e Thanatos agora notava o porquê. Da costa do santuário haviam surgido inúmeros, milhares de soldados vestidos com escamas douradas, e agora rechaçavam os soldados do inferno. Estes, ainda que continuassem a surgir, agora eram destruídos rapidamente. A barreira negra que avançava agora havia sido recuada novamente, e os soldados de Athena ficavam para trás, feridos. Os espectros que atacavam covardemente agora lutavam de igual contra guerreiros com escamas brilhantes e poderosas: Os generais marinas. Além disso, sob as escadarias das doze casas, os juízes do inferno eram atacados agora não somente pelos dois cavaleiros de ouro, mas também o reforço de dois generais marinas de Poseidon: Krishna de Chrysaor e Isaak de Kraken.

A vitória certa se foi. O invasor havia dominado o campo de batalha. Até mesmo o cenário onde se encontravam havia se virado contra eles: Antes desprotegidos, Athena caída e o mestre ferido agora eram protegidos por dois generais marinas, que surgiram numa fração de segundo. Frente a frente com os inimigos, Sorento de Sirene e Kanon de Dragão Marinho.

A face de Thanatos se contorceu de ódio. A vitória se esvaia por entre seus dedos, e agora ali, era ameaçado pelo homem que regia como grande mestre a ser aprisionado novamente naquela maldita urna. Jamais admitia tal humilhação, uma derrota frente à Athena!

- Acha mesmo, Poseidon, que esses seus subordinados insignificantes irão me assustar? – Disse aquela massa de cosmo negra que rodeava o corpo protegido por uma brilhante sapuris. – Está errado!!!

Ameaçava atacar novamente, elevando sua cosmo-energia divina. Os inimigos sequer se manifestaram, apenas Sorento de Sirene deu um passo a frente, iniciando uma leve melodia com sua flauta dourada.

- Mestre, eu cuidarei dele para o senhor. – Shun se pronunciou, junto com seu cosmo. Não aguardou a resposta do deus, e logo os cosmos se chocaram, iniciando a batalha. Ambos se deslocaram para trás ainda em batalha, e apenas Kanon continuou em sua posição.

O general marina de Sirene era veloz e ágil, e se desviava de forma incrível. Pouco atacava fisicamente, fazendo Shun também mudar seu jeito de lutar. Agora ambos se afastaram um do outro, e os ataques eram praticamente psíquicos. Ambos cessaram os ataques, e permaneceram segundos fitando um ao outro.

- Espectro de Hades. – Sorento afastou a flauta da boca enquanto falava. – Você é diferente dos outros subordinados. Quem é você?

- Sou como qualquer outro Espectro. – Shun respondeu. Sua face ainda suja de sangue não era calma como antes, mas perdera os traços de dor visíveis anteriormente. Apenas exalava certa preocupação pela reviravolta que a batalha sentiu, mas mantinha sua pose firme.

- Isso não é verdade. Sinto seu cosmo e vejo que por trás desse poder há um coração humano, diferente de seus colegas de batalha. – Terminou de falar, iniciando novamente sua melodia.

- Não mais... – E a batalha se reiniciou, Shun atacava o inimigo com poderosas correntes de ar, enquanto a música de Sorento atingia diretamente a mente do inimigo.

- Athena... – O Grande mestre, de joelhos frente à Saori Kido, ainda ferido pelo golpe do inimigo, rogou a deusa. – De me a urna e conceda-me seu poder para acabar com essa batalha.

Saori apenas o fitou em silêncio, com um sorriso simples nos lábios, que exalava a divindade de Athena e ao mesmo tempo os olhos tristes de uma simples humana. Estendeu a urna com ambas as mãos para que Saga pegasse. O mestre levantou-se, segurando o artefato com firmeza e fitou o gigantesco inimigo a sua frente. Poseidon continuava lá, imóvel, como se estivesse apenas na condição de observador. Sentia aquela enorme responsabilidade que agora recaia sobre suas vestes de Mestre dos cavaleiros. Em um segundo relembrou o porque de estar ali, algo que não gosta de se lembrar. E mesmo sob o perdão de Athena, ainda não se sente capaz. Mas esta é a única chance, e faria de tudo para aproveitá-la.

Thanatos riu da cena.

- Acreditas mesmo que irá me selar? Um humano insignificante, derrotar um deus? – A risada do deus da morte ecoou mais alta, mas não abalou o cavaleiro de Gêmeos.

- E não é esse o dever do grande mestre por séculos? – Saga elevou o cosmo novamente, dessa vez concentrando-o na urna de Athena. A risada de Thanatos cessou.

- Pois bem, irei encerrar com essa sua confiança. – Anunciou o ataque lançado pelo seu corpo flutuante entre o gigantesco cosmo negro. Uma rajada de energia, direcionada para acertar em cheio Saga, que concentrava-se apenas em evoluir seu cosmo. O ataque avançou em segundos, mas também num piscar de olhos o golpe se retardou, até dissipar-se.

- O que...? - Thanatos, surpreso, fitava o inimigo, Dragão Marinho. Os resquícios de seu golpe sumiam junto com o cosmo poderoso do General Marina.

- Triangulo de Ouro. – Foi só o que o homem oculto sob seu elmo disse antes do ataque atingir o mestre. Ainda parado, seu corpo era como um escudo que não iria permitir que um ataque se aproxime de Athena ou do Mestre.

- Maldito! – Exclamou o deus da morte, antes de ouvir novamente a voz do deus dos mares se manifestar.

- Thanatos, parece que seu triunfo se virou contra você. – A voz ecoou surreal pelo local. O deus da morte silenciou-se, e em segundos sua face voltou a se perturbar, mas era tarde.

O impossível e inimaginável parecia estarem acontecendo. No campo de batalha, os soldados armados de foice e lanças simplesmente desapareciam frente a seus inimigos. Os espectros que batalhavam contra os generais marinas que invadiram o local agora se retiravam da luta. Era incrível, os espectros estavam batendo em retirada, um atrás do outro. Thanatos não podia acreditar no que via; os rastros dos cosmos dos espectros que sumiam novamente do mesmo lugar onde surgiram. Até mesmo os dois juízes, antes lutando contra os cavaleiros dourados, abandonaram o cenário de batalha.

- O que esta acontecendo? – Seiya questionava-se, ao parar para observar o estranho fenômeno, enquanto levava Dohko.

Shun, que também batalhava contra Sorento, encerrou seu ataque e observava o exército do inferno se debandando. Logo em seguida, fitou o mestre, este que também o observava.Relutou alguns segundos. Seus olhos brilhavam de forma triste, parecia que o jovem pedia desculpas silenciosamente.

- Mestre... – Disse simplesmente, abrindo suas asas e dirigindo-se ao horizonte junto com os outros.  

- Malditos... – Foi somente isto que Thanatos disse. Saga estendeu a urna à frente de seu corpo. De olhos fechados, com a outra mão, abriu a tampa da urna.

Uma onda gigante de cosmo se liberou, e essa energia junto com o cosmo de Thanatos era algo incrível. Era o cosmo de Athena, aquele que o havia prendido há séculos e agora o puxava novamente com um poder avassalador. A energia era visível de qualquer canto do santuário, aquele redemoinho negro sendo puxado para dentro da urna. Tal energia era tão poderosa que até mesmo saga não poderia suportá-la. Cedendo, de joelhos, continuava a esforçar-se para manter a urna aberta. Sentiu a mão de Athena sob seu ombro, e aquele cosmo o fez encontrar forças para, finalmente, fechar a urna.

A energia se dissipou no mesmo momento. Todos prendiam a respiração, como se temessem que a qualquer momento tudo retornasse numa explosão terrível, mas nada aconteceu. A urna fechada com o selo da deusa foi deixada no chão por saga, que caiu de joelhos e olhos fechados em seguida. Saori se tomou pela impulsividade humana e ajoelhou-se também, envolvendo com os braços o corpo do grande mestre caído, apertando com força.

O silêncio atônito de todos parecia uma benção para aqueles que até agora lutaram e sofreram tanto, e agora se viam diante da batalha reconquistada. Foi de baixo, dos soldados que ainda se mantinham de pé, que o clamor da vitoria surgiu destruindo o silêncio. Os gritos de vitória eram contagiosos e se espalharam pelas escadarias e templos, cavaleiros e soldados, serviçais e até simples moradores de Rodório, se juntaram num coro de alegria.

Sob os pés da estatua de Athena era possível ouvir as vozes clamando a Athena, e também Poseidon, quando se imaginaria tal ato vindo do santuário de Athena? Soldados feridos deixavam cair lagrimas por saber que estavam vivos e vitoriosos. Os marinas, ainda entre os soldados aos quais serviram de apoio, eram levados e contagiados pela onda de felicidade.

O grande mestre e Athena levantaram-se ouvindo a manifestação de alegria, e agora Athena levava a urna em suas mãos. Ambos parados, notaram então a ainda presença do Marina que havia-lhes servido de escudo. Dragão Marinho continuava ali, em um silêncio perturbador. Ele e Saga se fitavam em silêncio, quando a jovem Athena deu um passo a frente.

- Obrigado. – Foi só o que disse, com seu sorriso reluzente e os olhos límpidos de deusa por mais humana que seja. O Marina nada disse.

O enorme cosmo de Poseidon agora desaparecia, mas sua voz forte ecoou uma ultima vez.

- Athena. Lembre-se que este ainda não é o final de sua batalha. – O aviso foi ouvido apenas pela jovem e o mestre. O resto do santuário continuava em seu êxtase vitorioso. – Essa guerra santa será um grande desafio para você, prepare-se. Alem do mais, este apoio foi uma simples demonstração de pena. Um dia, iremos nos enfrentar novamente, deusa.

A voz sumiu gradativamente como o cosmo do deus, e os generais marinas, que sumiram da mesma forma que apareceram. A paz retornou ao santuário, pelo menos por alguns dias, algum tempo para se reestruturarem.

Os metros de distancia, pairando no ar, Shun fitava firmemente a miniatura de templos brancos e antigos que exalava clamor de alegria. Seus olhos eram firmes, mas tristes. Não disse nada, apenas tocou o ferimento no peito, e após alguns segundos se virou e desapareceu nas nuvens, deixando apenas a sombra das asas negras que anunciavam a Guerra Santa.


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Notas finais do capítulo

Estava bastante inspirada quando escrevi o final do capítulo, quando leio algum livro que eu gosto, eu fico assim ^^

E assim vamos indo, esse é o caminho para fim.



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