Entre Vivos e Mortos escrita por TheBlackWings


Capítulo 24
Capítulo 24 – Eu fui guiado


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me a demora, problemas tecnicos me atrasaram um pouco.

E aqui começa tudo a se explicar.



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O santuário inteiro trabalhava incansável. Soldados e cavaleiros chegavam a todo o momento. Todos os santos que viviam ou treinavam em ilhas e localidades mais distantes foram recrutados para proteger o santuário. Tudo que acontecia há anos eram preparativos para essa já esperada época.As expedições voltavam de todo o canto do planeta, porém sem novidades. E assim, se foi uma semana.


No salão do Mestre, soldados e serviçais se moviam o tempo todo. O mínimo de noticias era reportado imediatamente, porém apenas noticias concretas sobre as tropas de Hades eram reportadas diretamente ao mestre... Em seu trono dourado, o mestre aguardava noticias. Por baixo de seu elmo dourado, uma face séria transpassava certa preocupação. Nenhuma noticia surgia. Pouco tempo se passou quando um soldado finalmente surgiu por trás das enormes portas que separavam a sala do trono do resto do templo. Nervoso, o soldado corria em direção ao mestre, se ajoelhando em frente às escadarias.


O alto homem se levantou de seu trono, e ordenou que o soldado se levantasse também.

– Grande mestre, não há uma noticia concreta vinda dos grupos expedicionários que retornaram, porém... – Deu uma pausa. – Um dos grupos não retornou e também não enviou noticias.


O mestre ouvia em silencio, e o homem continuou informando.

– No grupo havia três cavaleiros de prata e sete soldados, e foram encarregados de investigar a Alemanha.

A família Heinstein... – falou para si mesmo o mestre. O Soldado se retirou em seguida, e o mestre seguiu em direção a biblioteca.


No fundo, a luz do sol iluminava o lugar pela cúpula de vidro. Andava rapidamente pelo corredor de tapete escuro e pesado. As luminárias nos pilares agora apagadas. As únicas figuras vistas era Dohko e Ikki, os mais empenhados na pesquisa. Ao se aproximar, foi direto falar com o mais velho.

Tirando o elmo dourado, se aproximou em silencio e falou com o cavaleiro de ouro em um tom baixo.


– O grupo enviado para a Alemanha não retornou. É a única pista que tivemos até agora.

– Eu devia imaginar... – Dohko suspirou.

– Devemos investigar melhor. – Saga falou, em tom baixo ainda. Era um assunto confidencial. – Irei enviar outra equipe, agora com um cavaleiro de ouro...

– Não, não faça nada.
– O que?

– É perigoso, e devemos ser cautelosos. Ninguém deve ir lá até investigarmos melhor.


O mestre parecia confuso, mas a opinião de Dohko de Libra era de total importância.

– Eu entendo sua preocupação, porém tenho que lembrar que temos pressa.

– Sem cavaleiros, não venceremos Hades.

– Mas sem Athena também não.


Novamente o cavaleiro de ouro mais velho se silenciou. O Grande Mestre era um jovem cavaleiro, porém Dohko tinha que admitir que era sábio. Já Saga sabia que deveria ouvir o homem, e resolveu esperar. Calou-se e esperou uma reação do homem. Poucos segundos se passaram quando Dohko respondeu.


– Hades não esta na Alemanha. – Disse, simplesmente.

– O que?? – O jovem mestre não acreditava.

– O selo de Athena não perdeu sua força.


Pouco afastado, em meio a pilhas de papel e pergaminhos, disfarçadamente entretido, Ikki ouvia a conversa com curiosidade. Saga não entendeu, era impossível. Hades havia sido selado por Athena e só ressurgiria quando o tal selo perdesse suas forças, o que aparentemente já havia acontecido. A nova revelação agora criou uma nova interrogação.


– Mas... Se não é Hades nosso inimigo...

– Eu não disse que não é Hades.

– Como?

– Antes de Hades se libertar novamente, os Espectros voltam a renascer, porém sem memória e sem seus cosmos, selados junto com Hades. – Falava enquanto se lembrava de tudo que aprendeu lutando na guerra santa. O jovem mestre o ouvia, intrigado. – Antes de a guerra Santa começar, Espectros já eram encontrados próximos ao local onde Hades reencarnou.

– Então, Hades não reencarnou ainda?

– Creio que não, isso resolve nosso mistério anterior.


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Uma chuva fina deixava o céu cinzento. A grama dos campos se movia com a brisa fina que movia as gotas de chuva. As pedras Antigas do Castelo Heinstein não se abalavam com nada. Imponentes, se mantinham firmes á séculos. O imenso castelo se mantinha sempre inundado em um profundo breu. Apenas a fraca luz do Sol que conseguia passar pelas nuvens pesadas de chuva dava uma leve iluminação sobre a construção.


Abaixo do chão, galerias de pedra formavam um calabouço sombrio. Arcos sustentavam o chão pesado sobre si, e ostentavam luminárias de uma luz azulada. O chão frio e úmido fazia aquilo parecer uma enorme tumba. Nas paredes, celas se fechavam com grades pesadas e enferrujadas. Em uma delas, a jovem Saori Kido se encolhia no canto da cela, amedrontada. Seus pulsos e tornozelos apresentavam varias feridas, e doíam cada vez que tentava se mover. Oscilava entre a consciência e o cansaço, a fome...


Tentava limpar sua mente, esquecer aquela maldita situação. Lembrou-se de seu avô, de seus cavaleiros. Imaginou onde estariam. Mantinha os olhos fechados, sonhando. Passou assim alguns segundos, até ouvir um som. Algo metálico encostou no chão junto a sua grade. Rapidamente abriu os olhos mas foi tarde. Se aproximou da grade e notou prato antiquado de metal, com um pão dentro. Tentou olhar ao redor, e acompanhou os passos. Só conseguiu ver um vulto vestido de negro, mas era o suficiente.


– Shun...


Após a conclusão, se encolheu novamente no fundo da cela, com as mãos feridas postas sobre o peito, começou a rezar.


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A agitação de Dohko demorou um tempo para desaparecer. Depois da saída do Mestre, Dohko parecia pensativo por um bom tempo. Ikki zanzava pelos corredores cercado de livros. Sua mente tinha um foco único. Sabia que o cavaleiro de Libra estava convencido que ninguém devia ser enviado à Alemanha. Uma parte sua dizia que o mais velho estava certo, mas outra...


De longe, observava o cavaleiro de ouro, debruçado sobre pergaminhos e livros, parecia distante. Provavelmente nem lembraria de que o cavaleiro de Fênix ainda estava ali. Sob o vidro da cúpula a luz do sol dava os primeiros sinais de fraqueza. Com apenas um candelabro simples na mão, Ikki retornou ao breu, para continuar pensando sobre seus dilemas.


–--


Os livros espalhados eram menos agora. Parecia que a fonte de pesquisa começava a se esgotar. E o tempo também. Agora o alvo de estudo eram escritos oficiais dos Grandes Mestres. Dês de pergaminhos toscos até livros ricamente ornamentados, a linha do tempo dos santos de Athena era visível ali. Mas nada citava uma explicação formidável o suficiente. Em sua mente, tentava se lembrar se algo havia sido deixado de lado. Foram muitos anos observando aquele selo, teria deixado algo escapar de sua vista?


Questionava-se, sozinho na única área iluminada no meio de uma escuridão perturbadora. De repente, um som chamou sua atenção. A luz formada atrás de si completou o fenômeno. Ao se virar, viu Mu de Áries, de pé, com suas vestimentas tibetanas clássicas. Dohko não o via a uma semana, quando o jovem voltou a sua terra em busca de arquivos deixados por seu mestre.


– Mu, já estava achando que havia abandonado as pesquisas. – Brincou, tentando descontrair o lugar. O cavaleiro de Áries se aproximou. Carregava um livro relativamente antigo debaixo de seu braço.

– Tenho algo para te mostrar, Dohko. – Disse, sério. Tirando o sorriso do rosto do outro. – Acho que ira explicar muita coisa.


Intrigado, Dohko acompanhou com os olhos enquanto Mu largava o livro que tinha em mãos sobre a escrivaninha. Folheava as folhas amareladas devagar. Observando as escritas e a letra, o cavaleiro de Libra pareceu adivinhar o conteúdo.

– Este é o registro de Grande Mestre... De Shion? – Perguntou, surpreso. O livro não estava na biblioteca junto aos outros, pois o próprio Shion o mantinha em sua terra natal.

– Sim, me lembrei que quando fui treinado via constantemente meu mestre organizando seus arquivos e pensei que pudesse haver algo importante.


– Bem, e o que encontrou? – Perguntou, observando agora as paginas que passavam.

– Relatos sobre a guerra santa, sobre alguns espectros e cavaleiros, ações do Grande Mestre anterior, informações sobre os Deuses Gêmeos e pesquisas que foram executadas nessa época. Mas o que mais me chamou a atenção... – Esperou encontrar a pagina e completou a frase, apontando algo para Dohko. – Foi isto.


O libriano se aproximou para ler o texto apontado por Mu. Parecia ser uma descrição do aprisionamento de Hades por Athena. Como futuro Mestre, ele participou ativamente do ato. Ali, no texto, Dohko notou um tom de receio nas palavras. Era como se ele visse o próprio lendo suas palavras.


Mu esperou Dohko ler um trecho. Este se afastou do livro, porém continuou encarando-o.

– Agora entende por que eu estava preocupado? – Mu falou.

– Sim. Agora tudo faz sentido. – O cavaleiro se encostou novamente na escrivaninha, encarando o nada. – Athena não selou a alma de Hades.


Mu concordou com a cabeça desanimadamente. Era uma má noticia.

– Mas... – Áries tentou entender melhor a questão. – Se Athena não selou a alma de Hades...?

– Ela selou apenas o seu poder. – Disse, calmamente. De uma ora para outra, era como se fosse uma coisa previsível.

– Mas como isso é possível? – Pela primeira vez Mu parecia confuso.

– É uma longa história. No momento, preciso falar com o Mestre, agradeço se você o pedir para vir até aqui. – Mu concordou com a cabeça e logo seguiu até o templo do Grande mestre.


Dohko olhou em roda, procurando Ikki. Acreditava que ele não teria ouvido nada, nem sobre o grupo explorador que não retornou, nem sobre o selo. Seria melhor que não, como ele mesmo já sabia Ikki é bastante impulsivo e isso seria algo ruim.

– Fênix, preciso falar com você. – A voz alta ressou pelo local vazio. Nada foi ouvido. Intrigado, Dohko percorreu alguns metros observando os corredores escuros em busca de alguns movimentos.

Estava sozinho.


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Uma chuva fina caia sobre o território Heinsten. O céu era coberto de pesadas nuvens. No topo da torre, o jovem de olhos esmeralda encarava a escuridão do céu iluminada por trovoadas insistentes. Sozinho, sua face transpassava uma leve preocupação, sem fundamento aparentemente.


– Acho que ira cair uma tempestade... – A voz da jovem pandora foi ouvida vinda de dentro da torre. Virou-se e viu a moça com seu longo vestido negro de ombros de fora. Carregava um pequeno candelabro que iluminava o caminho. Se aproximou de Shun, e ambos observavam o céu. – Parece preocupado...

– Estou apenas observando o céu. – Disse, simples como sempre. Pandora o fitou, sua face ainda sim se mantinha calma.

– Sim...


Algum tempo de silêncio se passou.

– O que irão fazer com Athena? – A pergunta surpreendeu Pandora, esta o fitou pensando na resposta.

– Ela ainda não sabe que é uma deusa. – Disse, sorrindo como se fosse algo ridículo. – Por enquanto acha que é apenas uma garota comum e mimada.


Shun sorriu, deixando a jovem Heinsten mais tranqüila. A jovem passou um tempo com ele e depois se dirigiu a porta, se despedindo.

– Vou descer e ficar alerta por um tempo. – Shun a olhou intrigado. – Estou com pressentimento que receberemos visitas.


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Mu demorou a retornar. O grande Mestre o acompanhava, segurando seu elmo. Ao se aproximarem encontraram apenas Dohko. O cavaleiro de ouro estava encostado na mesa, porém não observava nenhum papel ou livro, apenas pensava.


– Dohko, já retornei. – Mu falou, chamando a atenção do mais velho.

– Mu tentou me explicar o motivo de ter me chamado. – Saga disse, completando. Libra concordou com a cabeça. – Eu não entendo. Então, Hades estava livre todo esse tempo?

– De certa forma. Porém, sem seu poder total e sem um corpo humano, ele provavelmente foi obrigado a se manter no inferno. – Explicou Dohko. Ambos concordaram silenciosamente.

– Mas e quanto aos espectros? Também não foram selados? – Mu perguntou, lembrando-se sobre o suposto espectro que Shiryu descreveu para Dohko nos Cinco Picos Antigos.

– Suas almas foram seladas no rosário durante a guerra, porém com a aproximação do fim da força do selo de Hades suas almas foram reencarnando lentamente. A essa altura, grande parte deles deve estar apenas esperando o Deus ressurgir.


Entreolharam-se, preocupadamente. Logo, Saga se lembrou de um detalhe que faltava.

– Dohko, onde esta o Fênix?


O cavaleiro de olho o fitou, e com as mãos gesticulou completando a frase – Eu não sei.

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Já havia se passado horas. A chuva caia ainda mais forte. De vez em quando, se esquecia onde estava, ou se perdia entre arvores e água que caia incessantemente. Não sabia se andava em círculos ou se era aquele o caminho. Só sabia que algo o guiava para lá. Não tirava a conversa entre o Grande mestre e Dohko da cabeça. Era o único lugar que podia ser, é lá que Shun deve estar.


Uma loucura se direcionar para um local distante no meio de uma noite escura. Sentia o peso da urna de sua armadura nas costas. Nem sabia direito onde ficava o local exatamente, mas era o que ele devia fazer. Algo o guiava.


Andava perdidamente entre um bosque escuro e sombrio, não via nada além de chuva. De repente, as arvores sumiram, deixando um vácuo escuro onde a única luz vinha de uma construção antiga. Um castelo, que emitia uma luz fraca e sombria por suas vidraças escurecidas. Conseguiu. Ikki não acreditava em seus olhos, mas aquele só podia ser o lugar.


Aproximou-se rapidamente da porta principal e com dificuldade abriu uma fresta. Estava escuro lá dentro, mas viu a luz de algumas tochas. Empurrou mais a porta, e esta se abriu. A luz agora deixava ver o clima rico e antigo do local. Mas o tom sombrio confirmava que estava no local certo. Andando, só ouvia seus passos.


– Parado! – Inicialmente, a voz veio do nada. Depois, ao examinar melhor, notou a presença de uma jovem frente a ele, escondida na escuridão. Sequer respondeu. – Quem é você?


Ikki continuou parado, observando. A jovem se aproximou o suficiente para que Ikki notasse a enorme lança que segurava. Continuava imóvel.


– Pela urna, vejo que é um cavaleiro. O que quer aqui?


Ainda sim não obteve resposta. A jovem se irritou, e em um movimento rápido exigiu uma resposta. Sua lança apontada para Ikki começou a brilhar e se energizar, pronta para o ataque.


– Espere. – A voz não vinha de nenhum dos dois. Era conhecida. Vinda do fundo fez Pandora se virar para acreditar. Os passos do ser oculto se aproximaram devagar, botando a mão no ombro de pandora. Uma voz calma e baixa se dirigiu a ela. – Deixe que eu cuido disso.


A jovem abaixou a lança e depois a ofereceu a ele. Com a mão que havia a confortado, segurou a lança e lançou a energia sobre o cavaleiro desprevenido, que caiu imóvel no chão. A jovem se afastou, porém o vulto se aproximou do corpo estirado no chão. Ikki forçou a vista para encarar o vulto e foi isso o que mais o surpreendeu.


Os cabelos esverdeados caídos sobre o rosto não ocultavam a face tranqüila, mas séria de Shun. Encarava o irmão friamente. Ikki o olhava, sem entender a ação do irmão. Seus lábios somente puderam sussurar.


– Shun...


O jovem a sua frente apontou a lança para o irmão caído. Depois de encará-lo, completou.


– Não é permitido traidores aqui.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso queridos! Para alguns leitores que sei que queriam esse encontro (talvez em outras circunstancias...) entre irmãos, ai esta! Esero que estejam gostando e deixem opiniões!

Beijos, até a proxima!



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