Entre Vivos e Mortos escrita por TheBlackWings


Capítulo 23
Capítulo 23 – Anunciação comovente


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!

A demora sempre é justificada (bom, quase sempre), então eu peço desculpas, tive que viajar e não pude escrever!

Espero que gostem!



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Aquele era um dia especial no Santuário. Um dia único. Raras vezes tantos cavaleiros e amazonas, mestres e discípulos, soldados e serviçais se reuniam naquele lugar sagrado. Todos, absolutamente todos que habitavam o santo território de Athena pararam naquele momento. Em centenas de anos, não foi visto nada igual.

Nas escadarias das doze casas, no coliseu, nos campos de treino, em todo canto, todos parados, ouviam a voz silenciosa. A voz respeitada e temida, do mais poderoso entre os mais poderosos daqueles homens. Nada viam, não olhavam na mesma direção. A voz que era dirigida a seus cosmos, vinha de cima de todos.

No topo da mais alta montanha do Santuário, onde a subida é praticamente impossível, era o refugio dos papas do Santuário. Um pequeno templo escavado das rochas era o único abrigo ali. O local predestinado para meditações, previsões, qualquer coisas que se relacione com as cruzadas combatidas pelos santos. Ali, com suas vestes magníficas, ricamente adornadas, esvoaçavam com o vento frio. Seus cabelos azulados se agitavam sob o elmo dourado. Seu cosmo elevado e concentrado, poderosíssimo. Observava as doze casas, e toda a vista do Santuário. Sentia cada homem ali, em sintonia com seu cosmo.

- Santos Cavaleiros de Athena. – Sua voz era baixa e contida, porém ao mesmo tempo o ressonar de seu cosmo era ouvido por todos. – Vocês defendem a terra de todo o mal que surge. Aqui estamos, servindo a Deusa da sabedoria a séculos. Nossa missão nunca acabará. Aqui estiveram e lutaram seus antepassados, pessoas vindas de todas as partes do planeta. A terra nunca esteve desprotegida.

Os jovens cavaleiros sorriam ao ouvir tais palavras, os mais velhos lembravam-se de suas lutas e dificuldades superadas com orgulho. Aspirantes ouviam, sonhadores. Seiya, Shiryu e os cavaleiros de bronze ficavam juntos a casa de Áries com Mu, atentos ao pronunciamento do Mestre. Ikki se mantinha junto a Dohko frente ao templo do grande mestre.

- Como alguns sabem e outros irão aprender, nós nunca estaremos em paz. Nosso dever é zelar pela Terra, seja qual for a ameaça. – Fez uma pausa por alguns segundos. – O que vim fazer aqui hoje, infelizmente, é revelar uma má noticia.

Todos agora estavam surpresos, assustados. Os cavaleiros mais velhos pareciam conformados, e talvez até que já soubessem o que o mestre iria dizer. Os cavaleiros de bronze fitavam Mu, intrigados, este, porém se mantinha concentrado.

- Como alguns devem saber, de tempos em tempos, uma nova ameaça surge. Athena enfrentou diversos inimigos desde as eras mitológicas, e nosso dever de cavaleiro na terra é representá-la no campo de batalha! – Pausou. Todos continuavam sérios em silencio. – Uma nova ameaça surgiu. Como já era esperado, uma nova guerra santa esta para começar!

Os ouvintes se agitaram, mas logo o mestre continuou.

- Essa nova batalha não deve surpreendê-los. Todos os cavaleiros presentes com mais experiência devem entender o que digo. A guerra Santa é nosso fardo há séculos. – Discípulos fitavam seus mestres e logo se conformavam também. – Logo, nosso maior inimigo retornará a nos confrontar. Aquele que pretende destruir a humanidade. O Deus dos mortos, Hades! Em pouco tempo, essa terra será infestada por seus servos malditos, os Espectros. Nossa missão, como todas, será deter ele e seus lacaios do inferno, e conto com vocês, que juraram proteger a Deusa para manter a paz nesse mundo! – Todas as pessoas gritaram palavras em grego, e até outros idiomas, de euforia.

- Em pouco tempo, iremos inicias as missões de reconhecimento. Devemos localizar Hades antes que ele inicia sua investida – As palavras do mestre se projetavam na mente dos cavaleiros e soldados, em terras estranhas, que seguiam em expedições pelo mundo inteiro a procura do rastro de Hades. Alguns enfrentavam terras com calor semelhante à Grécia, outros adentravam sobre o frio e terras inóspitas, em seus corações as palavras do mestre de semanas e semanas continuava viva.

- Escalarei alguns cavaleiros para o auxilio nas pesquisas que já iniciamos sobre nosso inimigo. O quanto antes estivermos preparados significara menos mortes no mundo. – Logo vários serviçais e soldados andavam apresados com livros e pergaminhos, escritos por Mestres passados e testemunhos de pessoas e cavaleiros. Dohko, Mu de Áries e o próprio mestre, além de muitos outros cavaleiros auxiliavam nas pesquisas.

O mestre fez outra pausa. Os cavaleiros e soldados brandiam eufóricos, enquanto gesticulavam. Seiya e Jabu pareciam bastante motivamos, como todos os outros cavaleiros de Bronze. Menos Ikki, que se mantinha sério. O mestre ouvia o furor de todo santuário, como se as próprias ruínas tivessem vida, como se não fossem apenas os 88 cavaleiros dessa era ali, e sim todos os cavaleiros de todas as épocas. Sob o elmo dourado, tinha um sorriso de emoção no rosto. Em uma das mãos, apertava fortemente algo. Antes de terminar seu pronunciamento, levou o objeto em mãos e o encostou-o ao peito.

- Este é o momento onde todos colocarão a prova seus juramentos para com Athena. Vocês serão a única salvação da Terra! – As últimas palavras eram pronunciadas em um tom mais alto e confiante. Todos continuavam empolgados e agora se dispersavam, ainda em uma euforia generalizada. Seus corações transbordavam de responsabilidades, mas também de honra e certeza.

O mestre apenas observava do alto, satisfeito.

- E eu estarei com você... ­– Em sua mão direita, observava um pequeno pedaço retangular de papel, com uma única palavra em grego, escrita com sangue. ATHENA – Athena...

Em sua mente, reviveu a cena de pouco antes, no dia anterior. A biblioteca estava escura, apenas a luz de um castiçal acesa sobre a mesa era visível em tamanho breu. Livros intermináveis, era tudo que havia encima da mesa. Sentado na enorme cadeira de madeira nobre e pesada, o jovem mestre mantinha as mãos segurando a cabeça, apoiado na mesa. Seu semblante semi-escondido sobre os dedos se distorcia. Sua voz era baixa e sussurrava algumas palavras...

- Não posso... perder o controle... – A cada palavra apertava mais os dedos sobre a face, como se isso ajudasse a descarregar sua agonia. Sua mente lhe pregava peças, lhe contava mentiras e tentava persuadi-lo. Seus membros tremiam, seus cabelos se agitavam, porém não se permitia perder o controle. De repente, como um passe de mágica, sentiu um baque dentro de si. Seu corpo parou de tremer e suas mãos soltaram sua face, intrigado. Parecia que seu interior havia desistido de dominá-lo. Não havia reparado, porém havia passos se aproximando dali. Levantou-se quando notou que Dohko havia parado pouco atrás de sua cadeira.

- Dohko? O que você...

- Esta tudo bem, grande mestre? – Falou, formal como sempre, porém sem o tom respeitoso de outros cavaleiros, algo comum do cavaleiro de Libra. Saga o fitava ainda pouco ofegante, mas firme.

- Esta sim. – Respondeu de forma seca, sem fita-lo nos olhos, embora no fundo soubesse que ele estava a par da situação. Ainda não entendia direito o que havia acontecido. – O que faz aqui?

- O mesmo que você, estava procurando algumas coisas. – Falou, com um sorriso satisfeito no rosto. Logo em seguida, estendeu a mão para o mestre, onde havia um pequeno papel dobrado.

- O que é isso?

- Um presente. De Athena.

Voltou ao presente ainda fitando o papel. Um selo deixado pela Athena anterior para as próximas gerações, feito com seu sangue.

- Mantenha isto com você. Isto foi feito por Athena. É um dos selos usados para selar seus inimigos. Acho que resolvera seu problema. – As palavras de Dohko ressoaram em sua mente. Apertou novamente o papel e fitou o horizonte, iluminado pelo sol da manhã.

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E os dias seguiram agitados. Tudo girava em torno da guerra santa. Soldados reforçavam a vigilância, e reforçavam as defesas. Discípulos eram ainda mais rigorosamente treinados e preparados para ataques iminentes. E não apenas no Santuário, mas soldados também rondavam a mais próxima cidade, Rodório, reforçando a segurança da cidade que era a entrada para o território de Athena.

- Hades é o Deus do Mundo dos Mortos. – Dohko explicava a Seiya, Shiryu e Hyoga, enquanto andavam pela rua principal da cidadezinha. Ikki acompanhava-os em silêncio, ouvindo. – Ele é o maior inimigo de Athena.

- Não importa o quanto forte ele for, nos iremos derrotá-lo!! – Seiya falou confiante, embora nenhum outro cavaleiro tenha concordado.

- Me diga, Dohko. Quantas vezes o Santuário enfrentou Hades? – Shiryu seguiu com as perguntas.

- Hummm... não tenho certeza, mas foram muitas. – Falou pensativo. – A ultima vez foi a 243 Anos.

- Tudo isso? – falou Pégaso, realmente surpreso. – Puxa, então não deve mais haver ninguém que lutou nessa guerra santa vivo.

- Bem... – Dohko sorriu enquanto falava. – Na verdade isso é realmente coerente. Alem do mais, no fim dessa guerra, só ouve dois sobreviventes.

- Deve ser uma batalha muito difícil. – Hyoga falou. – Apenas dois sobreviventes. E o que ouve com eles?

- Humm... Um deles era o antigo grande mestre.

- O antigo grande mestre? – Seiya surpreso novamente. – E o outro?

- O outro foi encarregado de vigiar o local onde Hades estava selado – O cavaleiro de Libra sorria ao falar. – E, se não me engano vive nas montanhas em algum lugar da china.

- China? – Shiryu se surpreendeu.

- Não foi onde você treinou Shiryu? – Hyoga também notou a coincidência.

- Isso quer dizer que ele tem mais de 200 anos??? – Seiya estava apavorado. Dohko ria da situação. Ikki se mantinha sério.

Andavam mais um pouco, e em frente, o cavaleiro de Ouro pediu para que os três cavaleiros de Bronze levassem alguns mantimentos para o Santuário. Ikki segui acompanhando-o, para outro lado da cidade. Andavam por entre casas de pedra e bancas de mercadorias.

Depois de um tempo em silencio, Ikki resolveu perguntar algo.

- Então, Hades é o inimigo mais poderoso, não é? – Disse o cavaleiro de bronze, Dohko apenas concordou com a cabeça.

- Seu exercito conta com 108 espectros, guerreiros imortais protegidos com armaduras tão firmes quanto às armaduras de ouro.

- Imortais? – A palavra assustou o cavaleiro de bronze.

- Teoricamente. – O cavaleiro de libra corrigiu. – Durante a ultima guerra santa, um cavaleiro de ouro chamado Asmita de Virgem deu sua vida para criar um rosário de 108 contas, onde as almas dos espectros são seladas.

- Você sabe bastante sobre a ultima guerra santa. – Dohko riu ao ouvir o comentário.

- Entendo sua curiosidade quanto a esse inimigo – Ikki o fitou. – Quer entender o que ouve com seu irmão, não é?

-...

- Entendo. Gostaria de poder lhe explicar, porém sei tanto quanto você. – Ambos seguiram em silencio.

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De volta as pesquisas, agora apenas Libra e Áries se encontravam na biblioteca. A luz vinda do grande vitral de vidro agora se esvaia com o por do sol. Sobre a mesa, os livros cada vez mais numerosos. Algumas folhas separadas com anotações e arquivos sublinhados. No topo da pilha, uma folha amarelada arrancada de um caderno era visível: O medalhão em forma de estrela, escrito Your´s Ever.

- O tal cavaleiro de fênix continua lhe ajudando? – Mu perguntou a Dohko, enquanto folheava um livro, em pé. Dohko analisava uma folha perdida.

- Sim, ele é bastante útil, além de ser forte e interessado. – Dizia, sem tirar os olhos dos documentos. – Alem disso, o caso de seu irmão ainda é uma incógnita.

- Como? – Mu o fitou intrigado. – Achei que já tivesse descoberto o segredo. O medalhão que Ikki reconheceu, não significa que...?

- Não tenho certeza. Eu o vi com os próprios olhos, e senti seu cosmo. É diferente, mas... – Falou, abandonando a folha de lado, e tentando se lembrar de Shun. Sua face simples e simpática, porém podia sentir seu cosmo que ocultava, era frio e misterioso. Pensou um pouco e pareceu se lembrar de algo. – Mu, ouve algum sobrevivente no incidente da Ilha de Andrômeda?

- Creio que não, foi um verdadeiro massacre. – Mu relatava o misterioso incidente acontecido na ilha, onde todos os cavaleiros em treinamento e formados lá foram assassinados de forma cruel. Na época, o ataque foi atribuído aos cavaleiros negros, únicos inimigos ativos do Santuário. – Por quê?

- Curiosidade...

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Já fazia mais de semana que as expedições haviam começado. O principal foco foi nos resquícios da guerra passada: Península Itálica e suas redondezas. Alguns cavaleiros seguiram para as ruínas da cidade italiana onde a antiga encarnação de Hades nasceu; outros vagavam por países próximos.

Nas terras alemãs, outro grupo foi resignado para investigar outras suspeitas: A terra natal da Família Heinstein, servos de Hades a gerações. O grupo composto por três cavaleiros de prata: Algol  de Perseu, Babel de Centauro e Algheti de Hércules, além de 7 soldados. Corriam por meio das arvores de um bosque em uma área afastada da cidade. Já era noite, e a única luz visível era do belo luar. Andavam rapidamente, tentando não fazer barulho, por entre as arvores. O som de seus passos era sufocado pelas folhas no chão. De vez enquanto paravam, para ter certeza que não eram seguidos. A alguns metros o fim do bosque mostrava uma visão belíssima, um castelo de pedras negras com séculos de existência, suas janelas emitiam uma luz fraca, o que confirmava que era habitado. Andavam um pouco, mas sem sair da sombra da floresta, para observar.

- Será que encontramos? – Um soldado perguntou a Algol, que liderava o grupo.

- Creio que sim, mas é melhor confirmarmos. – Falou, logo depois andando em direção ao castelo.

- Algol, espere! – Babel falou, seguindo-o. O grupo seguiu devagar, tomando cuidado para não ser visto.

No alto da torre do castelo, em uma das janelas, um vulto observava as movimentações abaixo. Ambos os guerreiros se dirigiam a porta principal, feita de madeira antiga e decorada com relevos. Dois soldados começaram a empurrar uma aba das portas. O interior estava escuro, apenas as chamas de algumas luminárias grotescas iluminavam o caminho. Adentraram devagar o lugar, quando um vulto negro surgiu na escuridão frente a eles. Rapidamente, todos se puseram em guarda.

- Quem esta ai?? – Algheti se impôs, porém o vulto se aproximava devagar. De repente, uma luz arroxeada se lançou sobre eles, eletrecutando-os. Agonizantes, todos caíram no chão, sem defesa. A energia ficava mais forte e seus gritos eram ouvidos fora do castelo. Como surgiu, a luz desaparecei, e todos tentavam se mexer, porém seus ferimentos eram profundos. O sangue escorria por seus membros.

Algol se esforçou para olhar na direção do vulto, agora iluminado pelo luar que adentrava a porta. Uma jovem moça de cabelos e vestimentas negras, e pele branca. Em sua mão, uma lança emitia o mesmo brilho que os acertou anteriormente. Atrás dela, outro vulto se aproximava, agora um jovem de roupas também negras, e cabelos curtos esverdeados.

- Q-Quem são vocês?? – O cavaleiro de prata tentou questiona-los, em vão. Nada responderam. A jovem levantou o tridente novamente em direção a eles.

A luz tornou a brilhar, fazendo suas armaduras se despedaçarem, e seus corpos se incinerarem. Pouco a pouco, perdiam a consciência, esvaída no sangue perdido e nos ferimentos profundos.

- Isso é por terem invadido os domínios do Imperador Hades!


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Notas finais do capítulo

Espero que o estilo que testei de relacionar o discurso de Saga com as ações futuras não tenha confundido o leitor! Fassam como "Certos Leitores" e apontem o que gostam e não gostam!

Abraços!



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