Entre Vivos e Mortos escrita por TheBlackWings


Capítulo 22
Capítulo 22 - Espera angustiante


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou de volta, desta vez não atrasei tanto o capítulo. Espero que estejam gostando!

Como sempre, estou aberta a criticas e sugestões!

Boa leitura!



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O dia amanheceu uma vez, e várias outras. Alguns dias passaram dês de que os cavaleiros de bronze chegaram ao santuário. Dias tristes se arrastavam, sem noticias e novidades. Dohko levou algumas horas conversando com os cavaleiros de bronze, que pareciam bastante desolados. Todos foram acomodados em cabanas afastadas do Santuário, como Seiya bem conhecia. Os dias seguintes foram entediantes apenas para os cavaleiros de bronze vindos de tão longe.


Dohko pouco foi visto, apenas para pedir paciência. Passava boa parte do tempo no templo do grande mestre. Ikki era pouco visto também, mas por opção própria.


Os dias quentes da Grécia não animavam mais os jovens vindos do Japão. Seiya observava o céu da Grécia, que conhecia tão bem, encostado do lado de fora de sua cabana.


– Está muito concentrado. – A voz de Shiryu o fez acordar de seu delírio. – Isso é raro!

– Eu sei. Não consigo aceitar que não podemos fazer nada. – Disse, com a voz entristecida.

– Eu entendo, todos nos estamos assim, mas não há nada para fazer. – Tentou consolar o cavaleiro de Pégaso.

– Sim. – Respondeu Seiya. – Mas estou preocupado. Queria saber como Saori esta...


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A umidade do chão fazia sua pele tremer. Nada era visível, apenas a remota luz de uma tocha acesa no fim do corredor era o único ponto de referencia. Ali não havia mais ninguém, apenas passos ao longe podiam ser ouvidos às vezes. Estava sozinha. Os grandes olhos de Saori Kido brilhavam a luz fraca. Seus cabelos arrepiados e sua roupa bastante rasgada contrastavam com sua face, de medo e duvida. Segurando com suas mãos feridas as barras enferrujadas que a prendiam em uma cela esquecida em um calabouço, não fazia idéia do que acontecia.


Sentada no chão, tentou se arrastar um pouco para perto da grade, porém sentiu uma dor prender seu pé. Grandes grilhões de metal pesado e velho presos por uma corrente a uma parede a fizeram ficar no mesmo lugar. Nos pulsos, grilhões menores, porem não menos apertados. Sentia sua cabeça latejar, e tentava se lembrar o que havia acontecido.


Eu não me lembro de nada... – Falava para si mesmo. – O que ouve?

Na sua cabeça, tentou ver o que se lembrava por último: Estava no seu quarto, sem dormir, andejava e observava as luzes da cidade, quando alguém apareceu.

Shun...? É a ultima coisa que me lembro... – Pensou, era ultima coisa que se lembrava era de falar com ele.


Novamente, o som de passos vinha de longe. Em silencio, tentava ouvir alguma coisa. Vozes falando baixo, murmúrios misturados. Nada concreto. O som passou, e tudo voltou naquele silêncio maldito. Apertava a barra de ferro com a mão, enquanto lágrimas amargas corriam de seus olhos desesperados. Um tempo se passou até ouvir outro barulho, dessa vez, os passos ficavam mais claros com o passar do tempo. Estavam se aproximando.


Com um esforço, se arrastou novamente para o fundo do calabouço onde estava. Os passos não eram pesados e sim mais rápidos. Quanto mais se aproximava, mais medo tinha. Como reflexo, forçou os olhos para não ver enquanto os passos se aproximavam. De repente, quando estavam mais claros, pararam. Esperou, ainda de olhos fechados.


– Então você é a tal garota?? – A voz era jovem, muito jovem. Abriu os olhos devagar para ver seu observador. Atrás das grades, que não estavam muito longe, a figura de um garoto, aparentemente pouco mais velho que ela. Ao ver sua veste negra se lembrou do ataque dos cavaleiros negros, porém... Era diferente. Suas vestes negras brilhavam como se fosse feita de diamantes. A armadura era simples. Em sua face, a pele bronzeada deixava visíveis dois grandes olhos felinos, semi cobertos por um pequeno elmo negro contrastando com os cabelos brancos.


– O que foi? O gato comeu sua língua?? – Sua voz era jovem, mas lhe proporcionava medo. O desconhecido segurava as grades e olhava por entre elas, a observando.


– Q...Quem é você? – A voz de Saori saiu fraca, mas o suficiente para o outro ouvir.

– Ora ora, você fala! Mas alem disso ainda não vi nada de especial em você. – Riu, ainda a observando. – Quem sou eu não interessa a você, mas já que perguntou, meu nome é Cheshire de Cait Sith.


– O que quer comigo?? – Saori perguntou agoniada.

– O que eu quero?? – O jovem pareceu achar graça. – Eu não tenho nada a ver com isso!! Só vim observar a tal garota.


A resposta fez Saori ter ainda mais dúvidas. O jovem inimigo a sua frente sorria observando seu terror. Ansiava em saber onde estava, porém não sabia nada sobre as pessoas a sua volta ali. De repente, uma outra voz veio do fim do corredor.


– O que faz ai Chesire? – A voz forte veio do fundo do corredor e fez o jovem inimigo se virar para ela. – Sabe que não deveria estar aqui.

– Fiodor de Mandrágora?? – Chesire largou as grades, e deu uma ultima olhada em Saori antes de ir até o outro. – Eu estava apenas observando a prisioneira.

– Sabe que ninguém deve vir aqui. - Dizia para o jovem. Saori se aproximou das grades e tentou ver o segundo inimigo. Era mais velho, e sua armadura era bela e brilhante, bastante protegida. Sua face era forte e passava ainda mais medo. Quando ele olhou em direção a sua cela deu um salto para trás, de pavor. Em silencio, ouviu os passos se afastarem devagar. Sentou-se novamente, rezando para que algo acontecesse...


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Ao longe, um vilarejo se mantinha conservado mesmo com o passar do tempo. Próximo ao horizonte arborizado daquele pedaço esquecido da Germânia, a vista do imponente castelo Heinstein era magnífica. Sua arquitetura tinha um tom escurecido pelo tempo, porém nada que ofusque sua beleza. Junto a entrada principal do castelo, uma das varias enormes torres se ergue aos céus, em sua extremidade superior, uma pequena sacada junto a uma porta decorada privilegia seus ocupantes com uma vista fantástica.


Sozinho, a brisa fazia seus cabelos voarem ao vento. O sobretudo negro agora havia sido abandonado, agora vestia apenas uma camisa de linho branco e manga média, deixando amostra os antebraços, cobertos por faixas negras antiquadas que seguiam até as mãos. Se mantinha inclinado sobre a beirada de pedra da sacada, apenas aproveitando o ar do lugar.


– Então é aqui que você estava, Shun. – A voz calma de Pandora foi ouvida vinda de dentro da torre. Logo se aproximou, encostando-se ao seu lado na sacada. – Está bem quieto dês de que voltou do Japão.

– Eu estou bem. – Falava calmamente o jovem de cabelos esverdeados. Sua face tinha o mesmo sorriso calmo de sempre, talvez ainda mais tranqüilo. Pandora sorriu para ele, depois observou suas mãos cruzadas servindo de apoio na sacada.

– Fico feliz que tenha se recuperado bem. – Falou, fitando-o. Estava preocupada.


O jovem parecia distante, pensativo. Pandora o fitava, como se tentasse decifrar seu olhar. Observava o céu claro e limpo, mas não era sua beleza em que ele estava concentrado. Alguns minutos se passaram em silencio, quando a jovem se afastou em direção a porta da torre.

– Preciso ir, Eles querem falar comigo. – Disse se dirigindo a porta. Shun assentiu com a cabeça e a observou se afastar, retornando novamente seu olhar para o horizonte arborizado.


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Aos poucos as escadarias dos doze templos zodiacais foram ficando mais familiarizadas com Ikki. A rotina de alguns dias subindo e descendo elas foi suficiente. Nunca imaginou que um dia estaria assim: Seguindo as ordens de um cavaleiro mais velho e apenas ajudando em pesquisas e análises. Sentia-se ridículo.


Entrou novamente no enorme templo do Grande mestre. Agora sua escuridão já era comum. Seguia por um caminho diferente dessa vez, não ia direto a sala do trono, e sim, em um corredor lateral que dava direto a grandes portas antigas. Jamais imaginaria que aquele templo era tão grande! Após empurrar uma das duas grandes abas com cuidado, adentrou na leve escuridão da enorme Biblioteca do Mestre.

As tochas que iluminavam o caminho eram presas em pilares que formavam o caminho. Um corredor reto, recoberto de tapete escuro, seguia pelo meio de centenas de livros, pergaminhos e outros documentos.


– Toda a historia dos cavaleiros de Athena se encontra concentrado aqui, cavaleiro! – lembrou-se das palavras de Dohko quando entrou pela primeira vez. Dês do primeiro mestre eleito por Athena, ali era registrado todos os acontecimentos e informações importantes sobre os cavaleiros e suas santas batalhas. No fim do corredor, a luz se expandia: No teto, uma cúpula de vidro permitia a entrada da luz do sol, que deixava o local mais humano. No fim, em meio a essa luz havia uma enorme mesa com papeis, pergaminhos e livros antigos espalhados. Uma cadeira de madeira nobre e pesada completava o local.


O cavaleiro de bronze sabia que o Grande mestre estava ali, em algum lugar trabalhando, porém Dohko o havia dado carta branca para ir ali. E era ele que Ikki esperava encontrar. Tentou enxergar no fundo dos enormes corredores de estantes altas, porém era impossível. Seus passos perdidos ecoavam no chão de pedra, e não eram os últimos.


– Esta procurando alguma coisa, cavaleiro? – A voz forte o fez tremer. Vinha do corredor logo atrás de si. A voz do grande mestre. Seus passos vinham calmos em sua direção. Devagar, Ikki se virou e ficou surpreso com o que viu.

A face descoberta do grande mestre era calma e triste, alem de bastante jovem. Andava calmamente, com suas vestes brancas, carregando em uma mão alguns pergaminhos e papeis, e em outra um pequeno castiçal que pouco iluminava. Aproximou-se da mesa e depositou os papeis junto com as outras pilhas. Ikki o observava em silencio, quando se lembrou de responder.


– S-Sim, na verdade estava procurando Dohko de libra. – O homem não respondeu, apenas organizou alguns papeis, sem encará-lo. Depois, se dirigiu a outro corredor de livros.


– Dohko deve vir logo. – Disse, apenas. Ikki entendeu que poderia ficar no local, não quis perturbar o mestre ainda mais. Aproximou-se da mesa para esperar um pouco, e enquanto isso observou alguns papeis jogados na mesa. Folheou um livro improvisado, feito por folhas costuradas de forma precária. Parecia antigo.


Folheou um pouco e notou que tudo estava escrito em Grego. E não entendia grego. Mesmo assim, continuou folheando o arquivo, curioso. Fechou novamente o arquivo, a capa simples de papel tinha apenas algumas escritas: “Η έρευνα πραγματοποιείται από τον Σίσυφο Τοξότη¹”.


– Não sabia que você sabia ler em Grego! – A voz de Dohko deu um susto em Ikki. O homem estava parado de pé atrás dele, segurando alguns papéis.

– Não sei ler. Só estava olhando. – Disse ao homem mais velho, enquanto este largava os papeis na mesa.

– Entendo. E o que esta fazendo aqui?

– Procurando você, não precisa de mim hoje? – Disse ao cavaleiro de ouro enquanto este organizava os papeis novos na mesa.

– Preciso sim, ainda estamos procurando mais coisas e você será muito útil. – Ikki reclamou em silencio e o homem notou. – Algum problema?

– Não entendo o que ficar fazendo nesse lugar pode ajudar... – Disse, olhando em volta.

– Bem... – Falou Dohko, se virando para Ikki. – Não temos informações concretas sobre o nosso inimigo, e temos pouco tempo para descobrir quem ele é e onde ele esta. Aqui nesse lugar, está tudo que nos já enfrentamos e passamos, então, quanto mais rápido descobrirmos, mais rápido iremos resolver nossos problemas. Entendeu?


Ikki ficou em silencio, mas concordava com o homem. Dohko notou que o convenceu e sorriu, logo depois se pondo a olhar alguns livros encima da mesa. O cavaleiro de bronze resolveu aguardar e continuar observando os livros, quando notou um pequeno livro diferente. Sua capa parecia bastante desgastada, e suas folhas amareladas eram bem corroídas pelo tempo. Ao folheá-lo, notou algo diferente.


– Este livro não esta em grego. – Disse Ikki, pouco espantado. – Isso é, italiano?


Dohko concordou com a cabeça. O pequeno livro, que parecia mais um caderno antiquado estava cheio de rabiscos e escritas em italiano. Escrito a mão com uma pena fina e uma caligrafia delicada, em nada se assemelhava com um registro de guerra.


– O que é esse livro? – Disse, ainda o folheando. Gravuras desenhadas com lápis representavam perfeitamente Arvores pessoas, casas e construções do século XIX.

– É um diário encontrado durante a Ultima Guerra Santa dos cavaleiros. – Falou sem olhar para ele. – Acredita-se que tenha algumas citações sobre a guerra...


Ikki continuava a folheá-lo. Os desenhos dominavam mais as folhas amareladas e rasgadas do que os textos. Retratos rabiscados mostravam crianças pequenas, construções. Um desenho o chamou a atenção, retratava um cão de porte pequeno, aparentemente de pelo branco, sentado entre a relva alta. O caderno tinha varias folhas. Com o caderno deixado na mesa, continuou folheando rapidamente. Com o passar do tempo, os desenhos pareciam diferentes. Sua vivacidade sumiu. Nas ultimas paginas, As letras apressadas e riscadas, nada semelhantes ao inicio do caderno se tornava quase ilegível e diminuía a quantidade de texto em cada folha.


Finalmente, na penúltima folha, apenas uma frase, com a grafia tremida e a tinta levemente borrada, estava escrita:


Tutto quello che disegno, sembra perdere la sua vita ...


A estranha frase era perturbadora, mesmo Ikki não entendendo o que estava escrito. Virando a folha devagar, o ultimo desenho foi o mais estranho.


No centro da folha, rabiscado com lápis fraco e recoberto pela tinta negra da pena, o desenho retratava uma pingente de metal, em forma de estrela de cinco pontas, circundado por um círculo de ponta a ponta. No centro decorado, era visível a frase entalhada: Yours Ever.


Ikki soltou o caderno e deu um passo para trás. Dohko percebeu, fitando-o, e logo depois observando o desenho no caderno. Fitou sua face surpresa novamente.

– Você... Já viu isso antes? – Perguntou, com um tom de medo na voz. Ikki o encarou por um tempo antes de responder.


– Sim, É o medalhão que Shun carregava dês de pequeno. – Falou, tremulo. Dohko não respondeu nada, mas seus olhos diziam que aquilo era algo ruim. Depois de fitar novamente o papel, falou em tom baixo, como que tivesse dito para si mesmo.


– Então... Nossos problemas são maiores do que pensei...


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Notas finais do capítulo

¹ - Pesquisa executada por Sísifo de Sagitário.Sísifo era o cavaleiro de Sagitário na época de Dohko e Shion, segundo o Lost Canvas. Foi encarregado do grande mestre para encontrar a Reencarnação da Deusa Athena. Por anos, o cavaleiro fez varias pesquisas, auxiliado às vezes por Elcid de Capricornio para tentar descobrir onde a jovem poderia se encontrar. Seu nome citado no capítulo foi apenas uma homenagem que quis fazer, além de que suas cenas de pesquisa me inspiraram bastante com esse capítulo.Quanto ao dito caderno, explicarei no próximo capítulo.



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