Skye acordou cansada. Na noite anterior ela e as outras Selecionadas haviam praticamente virado a noite fofocando. Era quase três horas da manhã quando Lenna, a última das meninas a ir para cama, havia deixado seu quarto.

Mas antes de ir, quando só restavam as duas Lenna a perguntou:

_O que foi aquilo com o príncipe?_ Ela sorria.

_Ah, aquilo...

Lenna sentou-se na cama e Scarlett fez o mesmo.

_Desde quando vocês têm aquela... Intimidade? _ Perguntou Lenna curiosa.

_ Somos só amigos, ok? _ Esclareceu Skye antes que Lenna começasse a pensar coisa errada. _ E eu também não sei de onde saiu aquela intimidade!

Elas riram.

_ Ele gosta de livros e eu também. Às vezes ficamos na biblioteca lendo e conversando sobre isso, nada mais... _ E completou._ Ele nunca sequer me abraçou, quanto mais me dar um beijo na bochecha.

Lenna arqueou uma sobrancelha descrente.

_O que é?_ Perguntou Scarlett ao perceber a expressão da amiga. _ É sério. Eu estou tão surpresa quanto vocês...

_ Mas foi uma boa surpresa, não foi?_ Perguntou Lenna pressionando.

_Eu não gosto dele! Quer dizer, gosto como amigo._ Scarlett revirou os olhos. _ Ele é muito saidinho para o meu gosto.

Lenna riu.

_ Ou você que é muito introspectiva._ Rebateu Lenna.

_É o meu jeito. _ Disse ela dando de ombros._ Mas acredite em mim até você acharia ele saidinho...

Ela sorriu.

_É... Talvez._Ela levantou-se. _ Mas talvez, por isso, vocês sejam ainda mais perfeitos um pro outro...

Skye torceu o nariz.

Lenna despediu-se dela e foi para o quarto. Quando ela saiu, Skye deixou-se cair na cama exausta. Sua cabeça era um turbilhão. Imagens de ela e Lewis rodavam pela sua cabeça. O sorriso torto. Os cabelos ruivos geralmente desgrenhados. E por mais que tentasse esquecer, ela se lembrava de Lewis sem camisa, apenas de bermuda, naquela tarde de verão.

Lewis era completamente diferente dela. Ele era irreverente, extrovertido. Gostava de cumprimentar e falar com todos. Ela era tímida. Preferia sentar quieta em um banco de jardim a ler livros. Scarlett nunca tivera amigos, muito menos namorados. Lewis havia mostrado um mundo totalmente diferente, de risadas e até de constrangimentos. Ela gostava desse mundo. Ela gostava de Lewis. Mas e se ela estivesse assim, por causa da excitação de uma nova descoberta.

Ela suspirou. Foi até a mesinha e pegou o embrulho branco. Ela não havia aberto o presente na frente das outras Selecionadas, porque o que quer que estivesse ali era só para ela. Ela abriu com cuidado o presente, para não rasgar o embrulho. Lá dentro havia um livro. Ela retirou-o de lá. Ele também era branco como o embrulho. Era um capa-dura e não tinha título na capa. título.

Ela abriu. Na contra capa lia-se: “Uma manhã chuvosa”. Não havia resumo, nem o nome do autor. Skye começou a ler o livro.

“Em uma pequena casa, na esquina da Rua Felicidade, morava George. Um jovem de dezessete anos da casta Seis. A Rua Felicidade ficava na parte baixa de uma pequena cidade ao sul da província do Texas. Nessa rua todos se conheciam. George conhecia todos os seus vizinhos, mas só prestava atenção em um em especial: Elizabeth, uma meiga menina da casta cinco, que morava no começo da rua. Ela era um ano mais nova que George, mas tinha a aparência de ser uns dois anos mais nova.”

“George quase nunca falava com ela, mas sempre a acompanha de manhã quando esta descia a rua e cruzava a esquina em direção ao mercadinho, para comprar leite e pão para a família.”...

Skye continuou a ler o livro até que o sono a venceu.

***

Cloe estava uma pilha de nervos. Ela estava em pé no tapete vermelho como todas as outras Selecionadas esperando os pais chegarem. Ela estava nervosa porque nunca se dera muito bem com a família. Esperava que isso mudasse agora. Suspirou e secou o suor das mãos no vestido.

Ela estava tão distraída com seus pensamentos que nem viu as limusines chegarem. Ela só percebeu quando viu algumas meninas correrem em direção à família. Ela não correu. Andou até as quatro pessoas que esperavam. Foi sua irmã Cassie que correu para abraçá-la. Seus pais aproximaram e abraçaram também. O alívio de Cloe era indescritível. Ela começou a chorar sem conseguir se aguentar. Ela secou as lágrimas rapidamente. Ela novamente abraçou os pais.

_Nós sentimos a sua falta._ Disse sua mãe. Seus olhos também cheios de águas.

Cloe riu sem graça. Ela ouviu Janine pedindo as Selecionadas e famílias que entrassem no palácio.

_Vamos. _ disse ela. A família. _ Temos muito o que conversar.

***

Cloe e a família estavam sentados no grande sofá que havia sido colocado no meio do salão. Ela estava feliz de estar se dando bem com os pais. Isso era muito raro antes. Eles agora conversavam e riam, contando o que havia acontecido na casa deles na ausência de Cloe.

_Com licença._ Pediu alguém atrás de Cloe.

Ela virou-se e viu Andrew ali em pé ele estava vestido de branco e azul marinho. Ela sorriu e ele retribuiu o sorriso.

_Desculpe atrapalhar._ Disse ele._ A Rainha e o Rei estão convidando os pais para tomarem um chá no Salão ao lado.

_Ah, claro!_ Disse a mãe de Cloe._ Vamos querido.

O pai de Cloe levantou-se. Deu beijo na testa da filha.

_Fique aqui com seus irmãos. Cuidem da Cassie. _ Pediu ele.

Cloe assentiu e observou os pais irem para o salão ao lado acompanhados de Andrew.

***

Antes de entrar no salão, quando Andrew tinha certeza que Cloe já não estava prestando atenção nele, dirigiu-se para o pai dela.

_Senhor Devonne, poderíamos ter uma palavrinha?

O pai de Cloe, um homem corpulento, mas com um rosto gentil parou no mesmo instante.

_Claro._ Respondeu ele prontamente.

_Amor, você não vem?_ Perguntou a Senhora Devonne.

_Pode ir primeiro. Eu já me juntarei a você...

Ela olhou para o príncipe. Entendendo que ele queria conversar ela se apressou e entrou no salão.

Andrew manteve a calma.

_Senhor Devonne, eu gostaria de dizer que minhas intenções com a Cloe são as melhores. Eu gostaria de saber se na hora certa, eu pedir a mão de sua filha, você dar-me-ia.

O pai de Cloe estava agora muito sério.

_Eu acho que você é um bom rapaz, Andrew._ Disse ele sinceramente._ E não poderia desejar melhor marido para a minha Cloe.

Um peso foi retirado das costas de Andrew.

_Obrigado senhor._ Agradeceu o príncipe.

_ Espero que cuide muito bem de minha filha._ Disse ele sorrindo.

_Assim o farei senhor._ Disse Andre feliz.

Os dois entraram no salão. Ambos contentes com o que haviam conversado.