A Ordem escrita por Any Queen


Capítulo 14
Cortem as cabeças


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, demorei? Bem, aí está um cap bem revelador e cheio de emoções. Espero que gostem e espero por comentários.
Boa leitura!



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“Dizem que o tempo resolve tudo. A questão é: Quanto tempo?.”

– Alice no País das maravilhas.

– Você. – disse a menina sem expressão.

– Ouse machucar ele e essa flecha vai parar em seu coração, vampira. – Denny levantou o queixo e encarou ferozmente e garota, como ela podia estar viva?

– Parem todos! – gritou ela, os vampiros pararam na mesma hora de atacar os Caçadores e começaram a se juntar ao redor deles, Denny os encarou sem medo, pois sua única aflição era Jack. – Denny, eu não quero ser sua inimiga, pelo contrário, quero ajudá-la. – Lucia deu um passo para o lado, liberando o caminho até Jack.

A Caçadora jogou o arco e a flecha no chão e correu até o loiro, agachou ao seu lado e colocou o indicador logo abaixo de seu ouvido para sentir a pulsação, estava fraca, mas ele ainda estava vivo. A menina suspirou aliviada e olhou o ferimento, a madeira tinha indo fundo no corpo de Jack, seu alivio morreu quando ela percebeu que ele não viveria por muito tempo. Denny pegou a cabeça de Jack e aninhou em seu colo com cuidado, seus olhos não aguentaram as lágrimas e logo as mesmas estavam rolando pelo seu rosto. Ela passou a mão pela macia cabeleira loira de Jack e encarou sua irmã que os olhava abatida.

– Ele não está morto. – disse ela, uma lágrima correu livre pelo seu rosto.

– Logo vai estar. – Jack parecia sereno, como se estivesse dormindo, tinha ferimentos no rosto e seu lábio inferior estava cortado, suas roupas sujas e rasgadas, porém ele nunca esteve mais lindo.

– Não vou deixar que meu irmão morrer. – Lucia agachou ao lado de Jack, liberou suas presas e rasgou o pulso, logo tinha sangue jorrando pelo seu braço. Ela abriu a boca de Jack e o fez tomar o sangue sem que Denny tivesse chance de retrucar. – Espero que isso seja o bastante. – disse tirando o pulso e limpando uma gota de sangue que manchava o queixo do menino.

– Você vai ficar bem, Jacky. – Denny passou o polegar pelo contorno do rosto de Jack. Os vampiros os encaravam com total atenção, alguns deles estava feridos e outros sujos, mas em sua maioria estavam bem. Já os Caçadores não tiveram sorte, havia vários mortos e os poucos que sobraram estavam mantendo distancia dos chupa-sangues.

– Você cuidou mesmo dele. – afirmou Lucia ao lado dela, Denny a encarou.

– Precisamos de água benta.

– Um de meus vampiros já foi pegar. – ela olhou para o irmão – Ele vai viver.

– Seus vampiros? – perguntou Denny sem acreditar que aquilo fosse possível.

– É uma longa história...

– Denny? – gritou alguém atrás dos vampiros, um garoto loiro começou a abrir espaço e corre ao encontro da mãe. Ele está vivo, pensou ela, pelo menos ele está bem. – Ele está...

– Não. – disse com convicção. O menino ficou em pé ao lado dela, acariciando-lhe o ombro.

Hey, está me ouvindo?” A menina tentou se comunicar, não sabia se tinha voltado a sentir a presença do loiro ou só estava tentando acreditar nisso.

O que aconteceu?” Denny sorriu e começou a chorar novamente, ele tinha voltado para sua mente, sã e salvo.

Você quase morreu... Mas agora você está bem.

Como?”

Lucia

Jack se sentou de repente, respirando fundo, ele encontrou o olhar de Denny e ela confirmou. Seu ferimento já estava quase curado, porém Jack não parecia ligar para o que quase tinha o matado, ele olhava para a loira ao seu lado. Jack estava boquiaberto, olhando sem poder acreditar, ele levantou a mão e tocou a face de Lucia com calma, ela fechou os olhos e uma lágrima correu. O menino acariciou seu rosto antes de puxá-la para um abraço, eles ficaram assim por longos minutos. Os vampiros começaram a se dispersar.

– Você é uma vampira. – disse Jack ainda com Lucia nos braços.

– E você um Caçador, meu menino, acho que nós dois devemos explicações. – Jack sorriu e soltou Lucia. Ele se levantou com dificuldade e esticou a mão para que Denny a pegasse, ela aceitou meio confusa pelo fato dele ainda lembrar que ela estava ali.

– Eu vi tudo. – disse ele limpando a sujeira da roupa – Mas quero que me conte. – ele a puxou para mais um abraço e beijou o topo de sua cabeça. – Não acredito que esteja viva.

– Na verdade, eu não estou. – disse ela com uma careta.

– Desculpa acabar com esse momento... Mas por que mandou seus vampiros atacarem meus Caçadores? – Lucia, ainda nos braços de Jack, suspirou.

– Os monstros vêm se rebelando em todo o lugar, meus vampiros também de rebelaram contra mim, eu disse que não atacaria os Caçadores. – ela olhou para Jack – Sabia que você estava entre esse grupo e vim o mais rápido que pude, mas era tarde. Eles terão o castigo que merecem por me desobedecerem, Ryan não vai gostar disso.

– Quem? – perguntou Jack.

– Eu. – os quatro se viraram para encarar um jovem alto e amedrontador que caminhava até eles, ele usava um casaco de couro e jeans escuros, tinha olhos cinza e cabelos negros. Tinha um rosto anguloso e um porte forte, era pálido como todo vampiro e tinha olhos inquisidores.

– Jack... Esse é o meu marido Ryan. – Jack ficou boquiaberto mais uma vez, Lucia o soltou e foi de encontro ao marido.

– Esse é um reencontro emocionante. – disse Henry quase inaudível.

– Vamos sair daqui. – disse Ryan – Explicaremos tudo.

***

Minutos depois estávamos em um deposito abandonado na cidade fantasma, Henry tinha ido ajudar os Caçadores a levarem os corpo dos amigos mortos para Sede. Jack e Denny seguiram o casal com desconfiança, Denny tinha recuperado seu arco e estava com ele de prontidão. O deposito era sujo e empoeirado, mas havia moveis e alguns vampiros por toda parte. O casal seguiu para o que parecia um segundo andar, os Caçadores o seguiram e chegaram em uma espécie de quarto. Havia uma grande cama de casal no centro, cortina nas paredes, dava pra olhar o andar de baixo com visão privilegiada. O que chamou atenção de Denny foi um grande freezer no lado esquerdo do quarto, ele deduziu que eles guardavam as bolsas de sangue ali.

– Sentem-se. – disse Lucia, ela sentou na ponta da cama com Ryan ao seu lado, Jack sentou em uma cadeira de madeira que estava de frente para cama, Denny não sentou e encarou o casal com os sentidos em alerta. Jack levantou o olhar para Denny e ela sorriu, tentando reconfortá-lo, a menina esticou a mão livre e pôs no ombro do loiro. – Bem... – suspirou – Vamos começar do começo.

“Quando Denny o levou, eu estava preparada para morrer. Sabia que morreria, mesmo que não conseguisse entender o porquê daqueles monstros nos atacarem e sem ter tempo para digerir que eles existiam. Porém isso não aconteceu, um deles me nocauteou e eu apaguei, quando acordei estava em um local escuro e com uma fome enorme, uma fome que nunca senti na minha vida.”

“Eu não estava sozinha, nesse lugar havia mais vinte ou trinta jovens, todos grogues. Levantei e tentei fugir, mas eu estava faminta, só conseguia pensar em sangue e corpo humano. Assim que senti o cheiro quase não pude me controlar, corri de um jeito que nunca tinha corrido na minha vida atrás do cheiro. Quando sai desse local escuro, vi que era uma menininha, tinha uns sete anos na época. Eu estava com tanta fome que não pude me controlar e tentei morder a menina, porém Ryan chegou e me impediu de fazer isso. Ele me dominou e deu-me de seu próprio sangue – Lucia sorriu para o marido e colocou sua mão em cima da dele – Quando me senti saciada que eu comecei a me perguntar o que tinha acontecido.”

“Ryan disse que aqueles monstros trabalhavam para os vampiros e que estavam arrumando humanos para serem transformados e os que não conseguissem seriam drenados, eu não morri e o Conselho não ficou sabendo, porque aqueles monstros não fazem parte do Contrato. Ryan me comprou do vampiro que tinha me transformado e tentou me tirar de lá, só que eu queria ver minha família, queria dizer que não estava morta.”

“Cheguei até a porta de casa, Jack, mas o que eu diria aos nossos pais? Mãe, pai, eu não morri realmente, agora eu sou uma chupa-sangue imortal que pode matar vocês... E vim com Ryan para Nuestra Asuncíon. Nós nos apaixonamos e nos casamos faz alguns anos, ele é o líder do clã, então eu também sou.”

“Quando descobri que você tinha virado um Caçador, quis ir atrás de você na mesma hora, porém achei que não seria uma boa ideia. Eu sei que vocês têm um plano, sei que vão derrubar o Souverain e quero dizer que eu e meus vampiros vamos estar ao seu lado. Vocês não podem ignorar os monstros... Eles podem ser sua única ajuda.”

– Jack? – chamou Lucia depois de vários minutos em silêncio.

– Eu... Eu ouvi, eu só estou tentado digerir. – Jack respirou fundo – Minha irmã está viva e não está viva, está casada e é uma vampira, não me esquecendo do fato que ela quer me ajudar em uma guerra. Tudo bem, eu posso entender isso. – ele passou a mão no cabelo.

–Eu sei que vai demorar um tempo. – declarou Lucia – Mas eu espero que um dia possamos ser irmãos novamente, temos a eternidade.

– Jack? – chamou Denny.

– Oi. – ele olhou para cima e ela viu que sua expressão lhe entregava.

– O que acha de irmos agora? – Denny acariciou as costas dele e o menino assentiu.

– Até mais, Lucy. – disse Jack abraçando a irmã e dando um aperto de mão no cunhado – Foi um prazer conhecer você, Ryan.

Quando já estavam do lado de fora, Jack suspirou e fechou os olhos por um tempo, depois sorriu e começou a andar. Denny sorriu com aquela reação e correu para alcançá-lo.

– Os outros já foram. – disse ela – Acho que Cuck ainda está ai.

– Quem?

– O cavalo. Sabe, quando eu não senti mais sua presença na minha cabeça, eu sabia que tinha alguma coisa errada, então eu tive que arrumar algo rápido.

A cidade tinha voltado a ser fantasma, os prédios velhos e abandonados, não se ouvia nada além deles. Os dois estavam indo para o chafariz, na esperança de que achassem Cuck.

– Obrigado por me proteger.

– Como... – depois ela se calou, ela tinha encostado-se a ele, Jack sabia de tudo. – Não gostei de ter roubado isso.

– Desculpa – disse ele colocando a mão no bolso – Está ficando mais difícil de controlar, se eu quero saber, as coisas simplesmente vêm.

– Thomas não está fazendo seu trabalho. – Jack tossiu de repente e Denny teve certeza que ele estava escondendo alguma coisa dela, ela descobriria, mas não naquele momento.

– De qualquer jeito... Obrigado, pequena.

Denny parou, não achou que sentiria falta daquele chamamento bobo. Quando se deu conta, duas lágrimas rolavam pelo seu rosto, o medo que ela estava segurando até aquele momento tinha se libertado. Ela sentia alivio, mas também raiva, eram muitos sentimentos para quem passou anos sem sentir nenhum. Era uma mistura problemática que ela não conseguia resolver e isso estava matando-a.

Jack foi até ela e a abraçou, mesmo não sabendo o motivo da tristeza. Denny tinha se afastado de Jack para que pudesse pensar, pensar a respeito dos dois e dos sentimentos confusos. Estando com Henry ajudava esquecer, mas nunca por completo, ela tinha sensação de que estava apaixonada. Sempre que o via sentia frio na barriga e quando ele sorria, ela sorria também, passar esse tempo longe dele foi esmagador, mas não adiantara de nada, só para aumentar a saudade.

Jack a soltou de repente e ela o encarou surpresa.

– Desculpa. – logo falou ele – Eu quero te abraçar é só que... Eu quero saber porque você está assim e não quero descobrir isso tocando em você, quero que me conte se quiser. – ele levantou o olhar e Denny ainda o encarava.

– Acho que eu te devo uma explicação. – ela respirou fundo – Sobre tudo. – ela deu um passo de encontro a Jack e passou a mão no cabelo antes de começar. – Eu não sou idiota, sei que temos alguma coisa, não sei o que é e nem como chamar isso. Eu me afastei de você e me escondi no Henry porque eu tenho medo e quis ver se estando longe eu poderia esquecer. Não funcionou, na verdade, só piorou, senti sua falta. Senti falta da mania que você tem de passar a mão no cabelo quando está nervoso, do jeito que você fala o meu nome, do jeito que me trata mesmo sabendo que eu não mereço, senti falta de você.

– Espero que entenda, Jack, que eu tenho medo. Scott morreu e Felipe teve que ir embora, tudo por culpa de quem eu sou. Queria que você percebesse que eu não sou uma pessoa que vale apena, que sou egoísta e má. Queria que me esquecesse e parasse de me perdoar, porque você é irritantemente bom, sempre me perdoa por mais idiota que eu seja. E hoje, quando achei que estava morto, eu quase morri junto. Não consegui pensar em uma droga de vida sem você junto... Então é, Jacky, pode ser que eu esteja apaixonada por você, mas não quero que tenha esperança. – Jack a olhou boquiaberta, mas Denny tinha que acabar de falar – Eu sempre magoo as pessoas que amo, vou magoar você, então seja esperto e me esqueça, ok?

– Você não pode falar como isso fosse uma coisa normal. – disse o menino indignado – Eu passei a droga desses vinte dias achando que você tinha me trocado e fiquei com uma droga de um ciúme do Henry. Enquanto o tempo todo você estava indecisa, não custava conversar comigo! Fiquei com muita raiva de você e eu odeio ficar com raiva de você. – Jack falou alto demais, ela não esperava aquela reação, esperava outra que ela não sabia se ficaria feliz – Você é tão difícil! Tem quinhentos anos e não sabe lhe dar com os próprios sentimentos.

– E eu achando que você entenderia... – Denny piscou, fervendo de raiva – Foi melhor assim. – a menina se virou e começou a andar, pisando com passos fortes no chão, sua mão estava coçando no arco.

Mas antes que pudesse se afastar, Denny sentiu o braço sendo puxado com força para trás e, antes que pudesse perceber, sua boca estava colada na de Jack. Ela demorou até perceber o que estava acontecendo, ou o que finalmente estava acontecendo, por fim, deixou o arco cair no chão e fechou os olhos. Uma mão de Jack estava em seu rosto e a outra estava em sua cintura, impedindo-a de sair e puxando-a para mais perto. Denny descansou as mãos no tórax de Jack, mas quando o beijo ganhou intensidade, ela colocou a mão em seu pescoço e o puxou para mais perto.

Seus lábios e línguas trabalhavam em perfeita união. Ela tinha se esquecido da sensação do calor e do beijo dele, só tinha sentido isso uma vez, em Line’s House, mas não fora um beijo de verdade. Aquele era o primeiro beijo de verdade deles. Denny se separou e respirou fundo, estava ofegante, assim como Jack.

– Seria mais fácil ter feito isso desde o começo. – disse o garoto quase inaudível, ele fechou os olhos e com o nariz acariciou a face de Denny, ela estremeceu e se segurou nele.

– E qual teria sido a graça? – Jack desceu a boca até o pescoço dela e começou a beijá-lo e a mordiscá-lo, Denny gemeu e segurou forte o cabelo de Jack. – Essa cidade está cheia de vampiros.

– Espero que estejam curtindo o show. – Jack não parou e foi para o outro lado – Esperei tempo demais para fazer isso e não é um bando de vampiros que vai me fazer parar.

– Jack... – implorou Denny – Aqui não.

– Como quiser. – ele a soltou bruscamente e riu quando viu a expressão de desapontamento que se estampou em seu rosto – Vamos pequena, pelo visto teremos mais velórios hoje. – ele ofereceu a mão e ela sorriu ao aceitar. – Vamos achar o Cuck.

– Acho que Cuck gostou do espetáculo. – Denny mordeu o lábio quando viu que o cavalo não tinha saído do lugar onde ela deixara.

– Se você não parar de morder o lábio, eu vou ter que fazer isso. – disse Jack olhando para frente sem mudar a expressão – Vamos para casa.

*

Jack

*

Quando chegou a Sede, Jack teve que se separar de Denny, mesmo que não quisesse, a garota tinha que fazer o velório dos Caçadores mortos. Isso era algo que estava se repetindo com muita frequência, o número de Caçadores na Sede havia diminuído assustadoramente.

Jack foi para o quarto e se jogou na cama, sua irmã estava viva (ou quase isso)e ele tinha beijado Denny, um beijo de verdade desde que tinham se conhecido. Ele suspirou, passando os acontecimentos do dia na cabeça, tinha acordado e pensado que o dia seria como todos os outros. Depois tinha ido para uma Caçada que acabou sendo uma emboscada e, ajudando Henry, tinha quase morrido.

Jack levantou de repente, uma raiva cresceu dentro dele e o Caçador saiu do quarto procurando aquele que merecia toda a sua ira. O quarto de Henry estava vazio, Jack adiantou o passo até o quarto de Denny e escancarou a porta.

Henry estava sentado na ponta da cama de Denny e ela estava a sua frente, rindo com algo que Jack não se perguntou o que. O loiro correu até o Caçador e o puxou pelo colarinho, Henry tentou lutar contra, porém Jack era mais forte e jogou-o contra a parede.

– O que você está fazendo, Jack? – gritou Denny.

– Pergunte a ele! – vociferou. Henry ainda tentava lutar contra Jack, entretanto não tinha sucesso, Jack apertou mais o colarinho e começou a sugar a força de Henry – Ficou desapontado?

– Jack, para! – Denny tentou agarrar o braço de Jack, mas não conseguiu – Você vai matá-lo. Para com isso!

– É bem justo. – Henry estava ficando branco e já não lutava mais contra Jack, o menino o soltou, respirando fundo, ele não poderia matá-lo, por mais que estivesse com raiva ele não iria matar o único filho de Denny.

Ela correu até o moreno e sentiu sua pulsação, depois suspirou e colocou a cabeça do filho no colo. A Caçadora olhou para Jack com puro ódio, mas ele não ligou para o que ela estivesse pensando, ele virou e socou a parede três vezes. A mesma rachou e Jack rugiu de raiva, Henry merecia a morte, merecia uma punição, mas ele nunca poderia fazer isso.

– Por que você fez isso? – perguntou Denny, a cor do rosto de Henry começava a voltar, ele se sentou e encarou Jack sem expressão em sua face. – Não entendo porque fez isso, Jackson! – gritou ela.

– Pergunte ao seu filho! – gritou de volta – Ele me deixou morrer!

– Henry nunca faria isso. – ela olhou para filho, Jack viu que ela queria acreditar nisso, mas sua voz havia falhado, naquele momento sua raiva diminuiu. – Não é?

Henry ficou calado.

– Conte para ela, Henry. Conte como eu acabei quase sendo morto. – Henry tossiu, mas não falou – Muito bem... Ele estava sendo atacado por um vampiro e eu fui ajudar, quando um deles pulou nas minhas costas e eu não consegui me livrar. Henry estava lá o tempo todo e não fez nada, me deixou morrer, eu sei muito bem o que eu vi!

– Fala para ele que isso é besteira. – disse Denny se levantando. Henry se levantou com dificuldade e olhou para Denny. – Diga, Henry. – pediu a menina com a voz esganiçada.

– Eu congelei. – disse o menino.

– Essa é a melhor mentira que pôde inventar? – Jack riu com amargura – Tudo bem, eu te peguei de surpresa. – o loiro colocou a mão na cintura, Denny abriu a boca para dizer algo quando Thomas entrou no quarto.

– Vejo que você finalmente contou a Denny sobre seu caso com Jessamine. – Thomas sorriu e colocou a mão no bolso da calça, quando viu a expressão de Jack, seu sorrido aumentou – Você não contou.

– Do que ele está falando, Jack? – perguntou Denny sem olhar para o menino.

– O que você está fazendo, Thomas? – vociferou Jack.

– Eu? – Thomas começou a andar no quarto – Você não contou a Denny que dormiu com Jessamine... E você sabe muito bem como eu sei disso. – Thomas parecia diferente, parecia com raiva, Jack nunca o tinha visto com raiva. Tom sempre fora tranquilo e inabalável, ódio nunca foi uma coisa que Jack pensou que veria nele.

– Por que você fez isso? – Denny encarou Jack som os olhos marejados – Primeiro acusou meu filho de tentar matá-lo e agora eu descubro que você tem um caso com uma das pessoas que eu odeio, não esquecendo que foi uma pessoa que eu odeio que me contou.

– Eu não tenho um caso com a Jessamine! E Henry realmente me deixou para morrer. – Jack jogou os braços para o alto e foi em direção à porta.

– Vai deixar assim, Jack? – perguntou Thomas.

– Cala a boca! – gritou Jack e foi até o Extrator – Eu guardei a droga do seu segredo, te aturei e aturei suas idiotices! Você não poderia ter me deixado contar ela, do jeito certo? Não! Porque você não se importa com ninguém. – a expressão do moreno não mudou.

– Você está certo, Jack – disse cuspindo as palavras – Não me importo. – e deixou o quarto com seus passos firmes. Jack olhou para Denny, a menina olhou para o filho.

– Deixe-nos, conversarei com você mais tarde. – disse ríspida.

– Denny, eu...

– Cale a boca, Henry, eu quero acreditar em você... Então deixe esse quarto agora mesmo! – gritou, o menino abaixou o olhar e saiu do quarto, fechando a porta.

Denny se virou para a janela, ficando de costas para Jack. Ele ficou parado, temendo dar algum passo. Tudo estava bem há meia hora atrás, mas ele tinha que suspeitar que algo ruim aconteceria, porque algo ruim sempre acontece.

– Não vai falar nada? – perguntou Jack.

– Sou eu que tenho que dizer alguma coisa? – Denny se virou e caminhou até o menino – Você não tinha o direito de fazer isso comigo!

– Eu nã...

– Eu deixei você me beijar, Jackson, me abri como uma tola! – Denny passou a mão no cabelo - Saia daqui, antes que eu...

– Denny...

– Saia daqui, Jackson!

– Tudo bem, eu vou. – disse derrotado – Mas quero que saiba que vi Scott naquela noite. – ela olhou para ele surpresa – Ele queria me dizer algo, mas eu não deixei. Scott disse que eu não teria a mente aberta para que ele entrasse novamente, não sei o que ele queria dizer, mas acho que você sabe.

Jack saiu do quarto com o pressentimento que nunca mais entraria nele.

***

O Conselho de Guerra estava reunido mais uma vez. Era um conselho diferente, só abrangia quem a Governadora escolhia e não quem conseguisse o cargo. Nele estavam: Austin, Victória, Rebecca, Adam, George, Jack, Denny, Henry e Padre Digory. Todos sentados olhando o grande mapa da Espanha que faziam de mesa, ninguém sabia mais o que fazer, todos os planos foram usados e fracassaram.

– Vou tentar falar com Scott... – falou Denny para ninguém especial – Talvez ele saiba de algo.

– Não temos tempo – disse Austin –para ficar decifrando fantasmas, desculpa Denny.

Se você tivesse o escutado...” Insinuou Denny.

Chega. Não quero você na minha cabeça.” E fechou-se para ela. Vinha tentando não pensar nela, depois que saiu de seu quarto se sentiu culpado, mas logo depois veio a raiva dela, Denny nem tinha o deixado explicar.

– Vocês são tão patéticos. – Thomas entrou na sala e sentou-se em uma das muitas cadeiras vazias. – Mas agradeçam a Deus que vocês me têm.

– Você não está convidado para este Conselho. – Denny se levantou e fuzilou Thomas com o olhar – Saia.

– E depois vocês vão fazer o que? – ele arqueou a sobrancelha – Ótimo, agora vamos ao que interessa. Chamem Charlotte.

Adam obedeceu e foi chamar sua noiva. Quando ela chegou, Thomas pediu para que ela o enfeitiçasse com o mais elaborado e forte feitiço da verdade. Ninguém estava entendendo onde Thomas queria chegar, mas sabiam que ele não queria ser contrariado.

– Bem, vamos começar... Eu não sou quem vocês pensam que eu sou, não sou mago, sou um Extrator, mas não qualquer um, sou O Extrator. – ele respirou fundo, mas sua expressão não mudou – Sou o primeiro Caçador, a sétima alma, a única poupada.

– Impossível. – exclamou padre Digory.

– Não pode ser verdade. – afirmou Rebecca.

Jack olhou para o professor sem poder acreditar, ele era o primeiro Caçador do mundo, o que criou toda a raça deles.

–Eu criei todos vocês e sei como destruí-los também. – ele sorriu para si mesmo e olhou para Denny – Não descarte a possibilidade de falar com Scott, ele sabe onde a Constituição está.

– Você não sabe? – desacreditou Denny – Se é o primeiro deve...

– A Constituição não é assunto meu desde que nomeei o primeiro Souverain. – cortou ele – Não queria ser um Caçador, mas tive esse destino... Mexemos com magia e a magia sempre vem com um preço, nosso preço foi nossa liberdade. Não escolhemos se queremos ou não ser Caçadores, se queremos ou não ser imortais. E isso, meus amigos, é uma das piores coisas do mundo... Perder a única coisa que Deus nos deu: livre arbítrio.

“Mas minha família era única que poderia fazer essa Maldição, minha família tinha magia... Escutem com atenção: nós esperamos a Lua de Sangue, a mais forte de todas, fizemos um círculo com sangue de cordeiro e sete almas ficaram dentro dele. A alma mais forte venceria todas as outras e ela seria a primogênita de toda a criação, as outras seis seriam o sacrifício necessário.”

“Eu matei meus irmãos e meu pai para sair vivo do círculo, criei a Maldição para dispersar as trevas do mundo.Mas o meu irmão mais querido, Michael, me traiu e mandou minha noiva, Norah, em seu lugar, matei-a sem saber e ele saiu vivo. Como punição o prendi em uma masmorra secreta, ele está lá até hoje e esse é o único motivo para que eu continue vivo. Vingança.”

– Resumindo... Vocês precisam recriar o círculo onde ele foi feito, juntar sete almas, achar a Constituição antiga e rasgá-la, levar uma nova escrita e o novo Souverain irá assiná-la. Mas precisa dos poderes de um Souverain para que a nova Constituição entre em vigor. E é nesse hora que entra o nosso querido e estimado Jack Campbell.

– Eu não posso fazer isso.

– Mas você vai. Você vai esperar Theodore ser coroado e tocará nele, absorvendo seus poderes e assim vai assinar a Nova Constituição, é preciso.

– Suponho que toda essa verdade venha com um preço. – vaticinou a Governadora.

– Está certa com sempre, querida Jenny. – Thomas sorriu e levantou da cadeira – Quero que na Nova Constituição os Caçadores sejam mortais. – Denny o encarou, Jack sabia que por ela não teria problema algum, mas também sabia que ela temia por todos os outros Caçadores.

– Feito. – disse por fim.

– Eu não posso ser Souverain, Denny – amedrontou-se Jack – Não posso.

– Não vê, Jack? – disse Austin – É por isso que está aqui. É por causa disso que treinamos você. Você precisa e será o nosso Souverain. – Jack engoliu a seco e afirmou, tinha aceitado tudo isso há muito tempo, tinha concordado em seguir Denny.

– Mas precisamos fazer isso sem que Theodore perceba. – disse Rebecca.

– Ele virá aqui. – confirmou Denny – Ele virá atrás de mim.

– Você será nossa isca, Denny. – disse Adam – Teremos que despistar Gerard.

– Mas ele também irá atrás da Denny. – falou Victória.

– Não – falou Jack para a própria surpresa – Ele virá atrás de Marrie primeiro. Ela o deixou e tenho certeza que vai querer fazer algo quanto a isso. Denny é um assunto que ele não pode fazer nada a respeito, Theodore o proibiu.

– É algo mais para usarmos contra eles. – disse o padre.

– Preciso falar com Scott... Preciso saber onde está a Constituição.

– Vamos precisar de ajuda. – disse Henry que até então estava quieto.

– Os vampiros... Se Gerard está se aliando com os monstros, o que nos impede? Precisamos deles para uma futura batalha e Lucia ficará feliz em ajudar. – disse Jack.

– Os lobisomens levam a memória de Scott, talvez queiram nos ajudar, mas só se todos estiverem de acordo... Lutar ao lado dos monstros. – Denny olhou para os membros e pouco a pouco, eles foram assentindo, mesmo com o medo evidente em seus olhos, eles sabiam que sozinhos não teriam forças o suficiente. – A coroação é daqui a três dias. Depois que ele virar o Souverain, não serei mais Governadora.

– Você sempre será nossa Governadora, Denny. – assegurou Charlotte, Denny sorriu para ela e olhou séria para Thomas.

– Precisamos de mais alguma coisa?

– É claro. – Thomas fez uma expressão assassina, mas estava claramente feliz com tudo. – O Estopim.

*

Denny

*

Todos sairiam depois que a reunião tinha terminado, ficaram somente Denny e Thomas. Ela olhou para ele compreendendo tudo o que tinha feito.

– Eu te perdoo. – disse de repente.

– Pelo o que? – desmereceu ele.

– Você sabe Thomas... Por fazer aquilo comigo. Não sei se vai ligar para o que estou dizendo, mas quero que saiba que não tenho mais raiva de você. Sei como é ter quinhentos anos e não é nada legal, entretanto eu não sei como é ter mais de dois mil e não sei como você conseguiu. Sei que perdemos os sentimentos e se não fosse por Jack, eu não sei... – ela se calou, não queria falar daquele Caçador – Sei como é difícil perder alguém que amamos tanto, sei que é pior ainda ser a causa de sua morte. Não sabia sua história, Tom, agora eu sei e te perdoo.

Thomas a encarou surpreso. Ela foi até ele e lhe deu o melhor sorriso que conseguiu naquele momento, compreendia Thomas e sabia como ele era forte por aguentar todos aqueles anos. Ele parecia muito mais velho, carregando o peso do mundo nos ombros desde jovem, Thomas não parecia ter mais de vinte quando fez tudo aquilo.

– Obrigado, Jenny... – ele sorriu – Sabe, encontrei com uma adivinha alguns anos antes de conhecer você e ela me disse que nasceria uma garota que salvaria quem eu matei para criar. Eu fui atrás da garota e sabia que ela teria que ser dura para suportar tudo o que lhe seria tirado e pedido. Desculpa, Jenny, mas era preciso.

– Você sabia? – surpreendeu-se ela – Você sabia o que eu seria e fez aquilo por que eu precisava?

– Deu certo, não? Você é a Governadora mais forte que eu já conheci e quem tem a chance de derrotar Gerard e Theodore. Eu criei quem você é porque precisava de alguém para fazer algo que eu sempre fui incapaz de ser.

– Puxa. – Denny respirou fundo, nunca tinha imaginado aquilo, sempre vira Thomas como um idiota mimado que pensava que podia ter o mundo e que matara sua família por um pecado – Vou tentar não te decepcionar.

– Você nunca fez isso. – Thomas desviou o olhar – Mas espero que entenda que essa guerra não é minha e não poderei lutar, não nasci para ser Caçador.

– Eu não contava com sua ajuda, Tom. – Denny sorriu – Mas espero poder contar com suas informações.

– O que você precisa?

*

Gerard

*

Gerard sabia que era arriscado aparecer naquela reunião, mas depois de quase um mês se escondendo, ele precisava agir. Apertou o passo e chegou à porta de uma velha casa em uma cidade longe de Nuestra Asuncíon, a casa estava caindo aos pedaços por fora. Quando entrou viu que era tão velha por dentro, havia quadros de pessoas desconhecidas e o chão de madeira rangia, a pintura na parede estava desgastada, tudo cheirava a mofo.

Ele chegou até a sala de estar,viu que tinha uma mesa redonda de madeira e os membros do Conselho estavam sentados nela. Gerard sorriu e adentrou no recinto. O cômodo também era mofado, tinha uma lareira velha e um piano cor de poeira, as janelas estavam fechadas e a chuva caia no lado de fora.

– Que casa mais repugnante, senhores. – disse o Caçador.

– É o único lugar que conseguimos de última hora, Gerard. – disse Anthony.

– Vocês estão em uma situação verdadeiramente precária. – Gerard sentou-se e deixou cair seu guarda-chuva na mesa – E o que vocês me dizem sobre a minha oferta?

– Sempre direto ao ponto. – disse um ruivo.

– É sempre um ótimo jeito de começar, Neil.

– Nós aceitamos. – disse Anthony sem rodeios.

– Sabia que aceitariam, senhores. – Gerard sorriu.

Ele sabia que o Conselho aprovaria sua proposta, eles odiavam Denny e não a suportavam. Mas não odiavam tanto quanto Gerard, ele sorriu ao pensar que estava fazendo tudo aquilo escondido de seu principal benfeitor, mas Theodore ainda não compreendia.

– Já que entramos em acordo... Espero que os senhores não falem nada para aquele seu amigo George.

– Ele nos traiu. – disse Neil.

– Queremos saber nossa parte nisso tudo... – falou Anthony, sempre querendo saber o que ganharia – O que vamos ter se o ajudarmos?

– Tudo o que quiserem. Poderão ser Governadores. – Gerard gargalhou, eles eram uns velhos tolos e ambiciosos, morreriam por causa disso, mas por hora, eles só precisavam acreditar que ele os ajudaria.

– Acho que é o bastante. – disse Stuart – Todos nós sermos Governadores de prestigio em cidade muito importantes.

– Como quiserem. Se me ajudarem, terão tudo. – Gerard se lembrou da expressão feliz e confiante de Denny ao mandá-lo embora da Sede, sua raiva cresceu e ele arremessou uma faca na parede – Cortem as cabeças. – disse ele – E me tragam a de Jennyfer Salvatore.


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Notas finais do capítulo

O próximo cap será a história do Thomas, não pensem que eu deixaria vocês curiosos quanto a isso.
Bjss



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