A Ordem escrita por Any Queen


Capítulo 13
Sede de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, desculpa por demorar um mês para postar e acabar de um jeito tão mau.
Amei os comentários do cap passado e espero mais nesse.
Espero que gostem, amores.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/468226/chapter/13

“Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te encho.”
Dante Alighiere

*

– Ora, bebê, esse não é o tratamento que eu esperava. – a linda loira levantou e alisou o vestido social azul que avivava seus olhos, seu cabelo estava soltou e sua postura era intimidante.

– Jessamine. – falou o loiro irritado, mais irritado pelo fato dela ter usado o chamamento “bebê”.

– Ora, Jacky...

– Jack – corrigiu ele com voz baixa, por um motivo desconhecido ele só admitia o fato da Denny o chamar assim, como ela só admitia que ele a chamasse de Den, qualquer um que ousasse falar parecia errado, feio.

– Ok, bebê, como quiser. – Jessamine andou com passos calmos até ele e sorriu – Está tão sexy com essa cara de mau. – Jack franziu a testa e sentiu vontade de rir, não odiava Jessamine, na verdade gostava dela como pessoa. Estava com raiva porque ela invadiu o seu quarto e estava chamando-o de “bebê”.

– O que está fazendo aqui? – perguntou com um tom mais ameno.

– Lana me expulsou de Line’s House por causa de Denny, e não tenho família há muito tempo – sua expressão não mudou – Estava com saudades da Espanha e eu queria vê-lo, bebê.

– Denny não vai gostar de vê-la aqui. – ele arqueou a sobrancelha – Nem eu gostei de você invadindo o meu quarto.

– Você queria que eu entrasse pela porta da frente? – Jessamine passou por ele e colocou uma mão no ombro de Jack, sua boca estava perto de seu ouvido e ele se retraiu, afastando-se da loira – E Denny não pareceu muito interessada em você.

– Você não quer se meter nisso, Jessie. – desafiou Jack.

– Verdade, não quero. – ela contorceu a boca e mexeu no cabelo, hábito que não mudara – Nada que envolva Jennyfer Salvatore me interessa.

– Eu envolvo Jennyfer Salvatore, Jessie.

– Não por muito tempo, bebê. – o menino arqueou a sobrancelha em desentendimento e a loira sorriu, claramente se divertindo. – Você verá que ela não liga para você, Jack, verá que Denny só liga para ela e ela. – Jessie proferiu as palavras devagar, com uma terrível raiva contida.

– Acho melhor você ir, Jessamine. – ele olhou para cama, só o que queria era dormir e não ter que pensar em nada que envolvesse Denny ou sua Ordem, nada.

– Eu vou. – antes que pudesse protestar, Jessamine se inclinou e lhe deu um beijo casto nos lábios, a menina sorriu feliz e inclinou a cabeça admirando o que acabara de fazer – Mas eu volto. – disse antes de sumir.

Jack ficou estupefato pela ação da garota, mas estava tão cansado que decidiu se deitar e esquecer que havia encontrado Jessamine. Sua cama era convidativa e tudo parecia girar quando ele se jogou nela.

Não pensaria em Denny, nem em Henry, muito menos em Jessamine. Ele pensou em casa, na Holly e na Helen, mesmo em sua mãe, quando eles saiam para o piquenique anual, e pensou em como aquilo era sua vida. Sua família, normal, ele pensou que ficaria com eles para sempre, mesmo com sua mãe. Jack nunca entendeu porque não gostava de como a mãe o tratava, ele a amava, era a sua mãe e não poderia ser diferente, mas ela sempre questionava o que o menino fazia, nunca apoiava. Holly e Helen sempre se apoiaram, então não notaram a falta de apoio do lado paterno. Lucia sempre foi o anjo da família, a joia rara, o pai deles sempre a levava para onde quisesse ir.

Quando a irmã morreu, ele viu a única pessoa que o fazia suportar a casa. Porém agora, ele viu o quanto foi um adolescente mimado, seus pais o amavam e com certeza pensam que ele morre e Jack não teve consideração. Contudo, se Jack não alimentasse o sentimento de fuga, nunca seguiria Denny para a fora de sua vida, talvez tenha sido bom, ou talvez não. Então, começou a imaginar sua vida se ele não fosse quem fosse.

*

Charlotte

*

Charlotte correu para a sala onde Adam estaria conversando com Rebecca, ela tinha que correr por alguma razão, porque talvez se andasse ela poderia mudar de ideia, então tinha que ser rápida. E também pelo fato de que ele estava sozinho com uma mulher e agora era desimpedido. Ela não queria pensar, se pensasse demais no que conversou com Jack ela poderia mudar amanhã de ideia e seu inconsciente não queria mudar de ideia. Ela não queria.

“Case-se com ele, faça ele feliz hoje, no presente, no agora. Sei que somos Caçadores e que a vida é uma coisa que não nos importamos muito, então viva com ele hoje, porque não sabe se ele estará aqui amanhã .”

As palavras de Jack a perseguiam, faça ele feliz, se era o que Adam queria, então ela precisava fazer isso por ele. Ele fez tanto por ela, ajudou a pesquisar e a procurar por seu filho, não a deixou quando ela o culpou, não foi embora quando ela o ignorou. Adam foi mais que um amigo, mais que um amante, foi seu primeiro amor, mesmo com sua idade avançada.

Ela chegou até a porta e abriu abruptamente. Rebecca estava sentada em uma grande mesa de madeira em que só havia ela e Adam, os dois a olharam surpresos. Charlotte estava ofegante pela corrida, olhou em desaprovação para Rebecca e lançou uma feição esperançosa para Adam.

– Preciso falar com você, Adam, agora. – disse com as palavras entrecortadas.

– Estou ocupado, Charlotte, te vejo mais tarde. – disse ele frio, ela tinha se acostumado com seu jeito eficiente, Adam sempre esteve lá quando ela precisou e na hora que precisou, nunca teve que ouvir essas palavras da boca dele. Adam estava magoado.

– É muito sério. – ela tinha que ser rápida, tinha que inventar uma mentira para tirá-lo daquela sala. Seu coração palpitava e suas mãos suavam, ela necessitava de algo que mexeria com ele. – Me ligaram dos Estados Unidos, acharam o corpo do meu filho. Acham Ben. – não era totalmente mentira, acharam os corpos das crianças que os japoneses mataram, mas ainda não estava confirmado que era Ben. Adam a olhou com ternura e carinho, levantou-se da cadeira e agradeceu Rebecca pelo convite.

– Ainda temos coisas a resolver. – disse a morena.

– Podemos fazer isso depois. – disse Adam com calma, sorrindo, com aquele sorriso que nenhuma mulher resistiria, Charlotte ficou com raiva porque aquele sorriso deveria ser direcionado somente a ela, mas entendia o que ele estava fazendo.

– Sim, podemos. – concordou Rebecca com uma voz grogue.

Adam seguiu até a loira e depositou a mão na cintura dela, tirando com calma do recinto e levando-a para a primeira porta que encontrou. Era um quarto não usado, os móveis estavam cobertos por lençóis e as janelas estavam lacradas, cheirava a mofo e o chão rangia. Charlotte usou sua magia e acendeu as luzes, depois se voltou para Adam que a olhava com ternura, ela queria agarrá-lo ali mesmo, mas não podia.

– Como você está? – perguntou ele com calma.

– Bem – suspirou – Na verdade, muito bem! – Adam arqueou a sobrancelha e fez uma expressão desentendida – Acabei de conversar com Jack e ele me disse algumas coisas que eu precisava ouvir.

– Então aquilo de acharem o Ben era mentira? – vociferou ele.

– Não, não de verdade, mas podemos falar disso depois. – Charlotte fez um movimento com as mãos e chegou mais perto de Adam com pressa. – Eu amo você. Amo tanto que chega a doer. Ficar sem você esses dias me matou, chorei quando acordava e não via você do outro lado da cama, Adam. – as lágrimas começaram a correr, mas ela não desistiria agora – Não quero privar você, não quero ser um peso. Mas se você que tudo bem, se quer ficar comigo e desiste disso por mim... Que se dane! Eu quero ficar com você, quero me casar com você e tê-lo para sempre, para nosso infinito sempre. Você se casa comigo?

Adam a encarava plenamente surpreso, com certeza ele não estava esperando isso tudo. Charlotte o olhou com esperança, mas ele ainda a olhava sem poder acreditar, o homem passou a mão no cabelo e suspirou. A Caçadora começou a ficar nervosa pela falta de resposta.

– Isso está errado. – disse ele, então sumiu.

Ela olhou horrorizada para o local que há poucos minutos estava Adam, ele disse não. Desistiu dela e fugiu sem ao menos explicar o porquê, ele sempre disse que amava mais do que qualquer coisa, que desistiria de um filho. Talvez tenha mudado de ideia e percebeu que ser pai era o que ele queria, pensou ela. Charlotte cambaleou até a cama e se sentou, suas lágrimas jorravam livres pelo seu rosto e seus soluços dominavam o quarto silencioso. Porém quando ela abriu os olhos, viu que havia uma forma grande ajoelhada na frente dela, a garota piscou, para ver se não era mentira.

– Pensei que... Eu pensei que... – ela não conseguia formar palavras, sua dor começava a sumir e uma esperança imensa começava a tomar forma.

– Você acha mesmo que eu diria não a um pedido de casamento de Charlotte Montgomery? – ele sorriu – Eu só achei que estava errado, sabe... Na minha época os homens se ajoelhavam e... – Adam enfiou a mão no bolso e tirou uma caixinha vermelha de veludo – Esticavam uma caixa bonitinha e diziam – ele tossiu como se preparasse para um discurso – Você aceita ser minha esposa, Charlotte Montgomery? – ele abriu a caixinha e nela havia um anel de prata com um diamante sutil nele incrustado, ela o olhou boquiaberta e se jogou em seus braços, deixando a caixinha cair, depois empurrou ele de leve.

– Idiota! Achei que tinha dito não! – ele tentou falar algo, mas ela já estava o beijando. – Sim. Sim. Sim.

– Amo você, querida, não duvide disso. – eles deitaram no chão se beijando, o mesmo ganhando intensidade, eles se separaram relutantes e já ofegantes – Minha linda Charlotte.

– Desculpa por torturar você. – ela o beijou de leve – Espero nunca me separa mais de você.

– Você não vai, querida. – Adam passou a mão em seu cabelo loiro e sorriu calmamente – Vai me contar o que descobriu sobre Ben?

– Bem...

*

Jack

*

Quando Jack acordou já era noite. Havia alguém o chamando, mas ele ainda estava grogue. Jack abriu os olhos de súbito e olhou para a forma loira que o sacudia.

– Charlotte? – balbuciou Jack – O que está fazendo aqui?

– Bem... – a loira sentou na ponta da cama do menino e sorriu com carinho – Eu descobri que você me deu um bom conselho e eu não fiz nada para retribuir, então pensei que poderia te mostrar o Subterrâneo. Mas tem que ser rápido, hoje tem a noite das meninas.

***

Quando Jack chegou do passeio com Charlotte, ele precisava desesperadamente de um banho. Ele pegou algumas roupas e se trancou no banheiro. O Subterrâneo era um lugar imenso, revestido de casas e Caçadores, várias famílias moravam lá. Jack conheceu crianças imortais, eram lindas e a tinham histórias trágicas. Havia um garoto que tinha cinco anos há sessenta anos, a mãe se matara por causa da tristeza e agora o menino vivia sobre os cuidados da tia. Mas a mulher era uma pessoa repugnante, o menino estava magro e quase desnutrido, alem de estar cheio de hematomas.

Jack deixou a água levar tudo o que tinha acontecido com ele. Denny estava se afastando dele por alguém que poderia não ser o seu filho, e, se caso isso acontecesse, ela ficaria abalada de um jeito que ninguém, nem mesmo ele, poderia reverter. Estava com raiva também pelo fato de ter sido trocado, Denny mal conhecia o garoto, mas dedicara todo o seu tempo a ele. Jack teve que admitir que estava com ciúmes, ele sempre fora o motivo para Denny tentar, mas agora ela tinha outro e um outro mais importante que ele.

Depois do banho, ele colocou uma calça de moletom e secou o cabelo com uma toalha. Perdera a hora do jantar, mas não estava com fome, depois da história do pequeno Caçador, nada mais descia pelo seu estomago. Quando saiu do quarto viu que havia uma forma sentada no chão, com algumas pedras que Jack não reconhecia espalhadas pelo mesmo. O menino encarou estupefato a menina se levantar e ir até ele, ela estava vestida com um longo vestido vermelho e seus cabelos loiros estavam presos em uma trança. Jessamine estava linda, como se tivesse se arrumado para um baile.

– O que você está fazendo aqui? – perguntou com rispidez, odiava o fato de a Caçadora entrar em seu quarto sem pedir sua permissão – Já disse que não a quero aqui.

– Bebê, eu disse que voltaria. – Jessie sorriu, mostrando um sorriso provocador. – Andei praticando um feitiço. – ela foi para mais perto de Jack e puxou um fio de seu cabelo, Jack segurou sua indignação. – Só precisava disto. – ela segurou o cabelo triunfante entre o indicador e o polegar, professou palavras que Jack não conhecia e então tudo começou a se mover.

Jack parecia não estar mais em seu quarto, tudo estava tremeluzindo, ele se sentia tonto. Olhou para frente para gritar com Jessamine, mas não a encontrou, no lugar, havia Denny, com um longo vestido azul e seus cabelos negros presos em um coque perfeito. Ela sorriu para ele, um sorriso que fez Jack se derreter, a menina foi até ele com passos provocantes e começou a beijá-lo. Jack tentou se afastar e perguntar o que estava acontecendo, mas não conseguia, se entregou ao beijo e passou os braços em volta de Denny. Ela começou a puxá-lo em direção à cama e Jack aceitou de bom grado, se jogaram na cama e o beijo ganhou mais intensidade.

Jack moveu sua mão para fecho do vestido da menina, de repente os dois já estavam despidos e a mente de Jack voava. Ele não conseguia pensar, só agia por um instinto que ele não sabia que tinha e se deixou levar pela sensação do corpo de Denny contra o seu e seus beijos caloroso em todos os lugares possíveis. Até que ele se entregou ao cansaço ou sua mente simplesmente apagou.

Ele estava em um local escuro, uma sala toda pintada de preto, seu corpo doía e sua cabeça latejava. Ele olhou em volta aturdido, tentou andar até tatear alguma coisa, porém, quando mais ele andava, mais longe ele parecia estar de alguma coisa, tentou gritar, mas seus clamores eram apenas ecos. Jack começou a entrar em pânico, se aquilo fosse um sonho, talvez conseguisse acordar. Porém, alguém apareceu na sua frente.

Um homem, parecia ter um vinte e poucos anos, tinha olhos azuis e cabelos escuros, um porte físico de lutador. Estava vestindo roupas de dois séculos atrás e sua expressão era marcada por uma dor terrível.

– Quem é você? – conseguiu dizer.

– Acho que você sabe quem eu sou, Jack. – então o menino simplesmente reconheceu, Jack segurou uma terrível repulsa e encarou o homem.

– Scott. – vociferou Jack. O menino tentava acordar, mas suas tentativas eram falhas ele só não queria que o ex-namorado da pessoa que ele estava apaixonado ficasse invadindo seus sonhos.

– Não tente me expulsar, Jack, preciso que fale algo para Denny. – o Caçador encarou o lobisomem sem poder acreditar em suas palavras, não daria nenhum recado a Denny, odiava Scott.

– Eu quero acordar! – Jack tentou usar o truque que usou para afastar Denny de sua cabeça, estava funcionando, Scott começava a tremeluzir e sumir.

– Jack! – gritou, então começou a correr em direção ao loiro – Não faça isso! Tem que me deixar entrar em sua mente, talvez eu não tenha outra chance.

– Ótimo! – Jack já começava a sentir os lençóis de sua cama e o sol entrando pela janela de seu quarto – Não quero mais que invada meus pensamentos.

– Jack. – agora só era uma voz – A Denny precisa saber que o...

Jack acordou com um salto. A luz da manha invadia seu quarto e o cheiro do café da manhã tinha o atingido com força, seu estomago roncou de fome. O menino passou a mão no cabelo, a dor de cabeça tinha sumido, mas uma vertigem terrível tinha o tomado, ele viu que havia uma mão em seu cochão. Então ele se recordou de algumas coisas da noite passada, Denny aparecendo e depois eles começaram a se beijar loucamente... mas quando o menino olhou para lado o que viu não era Denny, era Jessamine.

Ela estava jogada pela cama do menino, nua, com o lençol a cobrindo, seus cabelos loiros bagunçados e seus lábios inchados. Jack olhou surpreso, não tinha sido Denny, era Jessamine quem estava o beijando. Porém, ele não conseguia lembrar o porquê de estar naquela cama com Jessie, não se lembrava de quase nada.

Uma batida na porta fez Jack pular da cama, ele pegou a calça jogada no chão e a vestiu. Abriu a porta rezando para que não fosse Denny.

– Bom dia, Sr. Campbell. – era May sorrindo para ele, mas quando ela viu quem estava deitada em sua cama, seu sorriso se transformou em uma indignação contida.

– Bom dia, May. – Jack olhou envergonhado para Jessamine – Olha May... Não fale para Denny, ok? Não é o que você está pensando.

– Sr. Campbell, minha política como empregada me impede de espalhar segredos de meus patrões. – falou ela com rispidez – Não falarei nada a minha senhora, mas peço que o senhor mesmo conte.

– Eu vou contar. – disse Jack não acreditando em suas próprias palavras – Desculpe.

– Não é a mim que deve desculpas. – May levantou a sobrancelha e fez um cara de nojo – O café está sendo servido.

– Sim, obrigada. – Jack fechou a porta e suspirou. Como contaria Denny?

Não poderia contar, ela não iria entender ou acreditar que nunca dormiria com Jessamine. Pegou uma blusa preta e calças jeans escuras e se vestiu rapidamente, esperando que Jessie não acordasse, ele não seria capaz de segurar a sua raiva se ela acordasse. Quando chegou, viu que Denny estava sorrindo totalmente feliz, feliz como ele nunca tinha visto. Ele não iria contar a ela.

***

Vinte e três dias se passaram.

Jack continuou seu treinamento com Thomas e George, estava cada vez melhor tanto fisicamente quanto em lições mais didáticas. Não contou a Denny sobre o acontecimento com Jessamine, ele preferiu não contar, não queria se afastar mais dela do que já estava. Henry tomava todo o seu tempo, quando a menina não estava resolvendo coisas sobre ser Governadora, ela estava com seu filho. Os dois nunca se desgrudavam, Jack não conseguiu conversar com Henry, o menino parecia também não gostar dele.

Uma guarda especial foi colocada na Sede, Denny disse que precisavam de proteção já que, dali alguns dias, ela não seria mais a Governadora e uma nova guerra entraria em vigor. O Conselho de Guerra foi convocado, mas não conseguiram resolver muita coisa, algo não se encaixava em seus planos. Não sabiam onde estava a Constituição. O velho Souverain não tinha dado muita informação a Denny antes de morrer.

A menina começava a se preocupar, seu tempo estava acabando e eles não tinham nada. Jack tentou ajudar, tocando em alguns dos mais velhos membros, porém nenhum deles parecia saber onde estava a maldita Constituição.

Adam e Rebecca tiveram que redobrar a força de guarnição, os monstros pareciam estar entrando em uma rebelião, quase todos os dias eram atacados e Denny suspeitava que isso tinha o punho de Gerard. Não havia noticias dele desde que Denny o expulsara, nem havia noticias de Theodore, os dois estavam terrivelmente quietos e isso não era uma coisa boa. Marrie foi interrogada na frente do Conselho e foi dada como inocente, sem relações com o sumido marido. Austin estava mais ocupado que nunca, Victória tentava ajudá-lo, mas o número de Caçadores que apareciam na Sede, mortos ou feridos, só aumentavam.

– Jack? – Rebecca entrou na sala de treinamento, interrompendo as flexões do menino. Ele se levantou e secou o suor da testa.

– Oi. – Rebecca entrou no recinto.

– Denny está convocando-o na entrada da Sede. – ela olhou para Jack com um olhar estranho, como se estivesse avaliando-o – Ela pediu que se equipasse.

– Tudo bem. – Rebecca saiu com pressa e Jack fez o que Denny pedira.

Assim que saiu da Sede, ele viu Denny e Henry parados, embalados em uma conversa. Ela estava usando um vestido rosa claro e seu cabelo estava solto sobre os ombros, Henry estava todo de preto, com uma espada embainhada a e uma arma na cintura.

– Jack. – disse Denny com um aceno. Ele se aproximou segurando sua raiva.

– Então, o que você quer? – disse com um tom gélido, o sorriso de Denny sumiu e sua voz ganhou um tom formal.

– Achei que você gostaria de caçar. – disse dando de ombros – Rebecca vai liderar um grupo atrás de alguns monstros ao sul, Henry vai ajudar, achei que gostaria de ir.

– Eu vou, obrigada. – Jack começou a se virar.

– Jack – chamou ela – Espere – a menina olhou para o filho – Pode nos dar um segundo, Henry.

– Claro. – o menino sorriu e beijou a cabeça de Denny. Ele se afastou, olhando para Jack com precaução.

– Eu queria que tomasse conta do Henry. – Jack quase gritou com aquele pedido, será que ela não percebia nada? Era primeira vez em vinte dias que ficavam sozinhos e ela pedia para que cuidasse de seu filho. Jack se limitou a assentir e tentou se afastar, mas sentiu sua mão sendo puxada.

– O que foi agora? Vou cuidar do Henry como você quer! – disse com uma raiva contida.

– Quero que se cuide também. – ela tentou sorrir, mas foi em vão. Jack tirou sua mão da dela e a menina recuou. – Quero que os dois voltem bem.

– É só uma caçada. – Jack revirou os olhos. – Vou ficar bem.

Só estava querendo demonstrar o quando eu estava preocupada.” Disse a menina em sua mente.

Estava?” irritou-se ele.

“Por que você tem que ser idiota?”

“Por que você tem que ser tão cega para certas coisas? Olhe para um mundo sem o Henry, Denny. Tenho que ir.”

“Devo me preocupar com isso?”

“Você deve se preocupar com o que você acha importante.”

“Você é importante.” Jack a encarou sem saber o que dizer, Denny nunca falava algo do tipo para ele e Jack não estava acostumado em ser alguém importante. Porém, ainda estava com raiva dela, por inúmeros motivos.

“Então me mostre o quanto.”

– Você vão se encarar até morrer? – perguntou Henry. Ele sorriu para Denny e passou o braço por cima de seu ombro – Rebecca está chamando.

– Então vamos. Até mais Denny. – Jack foi até ela e lhe deu um beijo na bochecha, ele estava com raiva, mas se Henry estava disposto a marcar território, ele também estava.

– Até. – disse ela completamente perdida.

***

Eles estavam parados esperando as ordens de Rebecca. Tinham seguido pistas até um bairro abandonado ao sul de Nuestra Asuncíon, mas assim que chegaram ao lugar, perderam o rastro e agora Rebecca tentava incessantemente achar um novo caminho. Jack teve a breve impressão que ela não gostava de falhar. Henry estava ao seu lado, eles estavam sentados em um banco velho perto de um chafariz quebrado, Henry mexia na arma como um tique nervoso.

– Denny parece gostar de você. – disse ele de repente.

– De você também. – Jack encarou o menino de olhos verdes, ele parecia simplesmente um adolescente perdido que não se encaixava na família, mas que faria qualquer coisa para ser o filho predileto.

– Não desse jeito. – Henry sorriu e olhou para os sapatos – Ela gosta de você.

– Às vezes eu acho que ela me odeia. – Jack deu de ombros.

– Pelo pouco tempo que eu estive com ela, eu posso dizer que ela tem raiva de você porque gosta de você. – Jack arqueou a sobrancelha, era estranho estar conversando sobre isso com Henry, afinal, ele era filho de Denny. – Ela me contou sobre meu pai e sobre Felipe Campbell... Ela realmente era apaixonada pelos dois.

– Não duvido disso. – Jack não sabia onde levaria aquela conversa.

– Não se automenosprese.

– Isso é uma palavra? – disse Jack sorrindo.

– Deve ser. Para falar a verdade... Eu não sei, fiquei mais de cem anos preso. – Henry piscou, mas sorriu e logo os dois estavam rindo da falta de um dicionário interno. – Depois de mudarem várias coisas na língua tradicional, eu não sei mais o que pode acontecer. Foi difícil me acostumar. – por um momento Jack achou que Henry não estava falando mais sobre palavras.

– Deve ser difícil... Mais de cem anos. – Jack suspirou.

– Para falar a verdade, para mim não foi mais de um século. Eu alternava entre um estado de sobriedade e embriaguês, então é como se somente alguns poucos anos tivessem se passado. – Henry franziu o cenho – Acho que o pior foi acordar e ver que o mundo não era mais como eu me lembrava.

– Você era só uma criança.

– O estranho é saber que eu fui mais bem cuidado por aqueles monstros do que por minha mãe adotiva. – Henry deu um sorrio amargo.

– Zain?

Henry estremeceu.

– Sim... Ela.

– Cuidado! – alguém gritou.

Jack olhou a tempo de ver mais de vinte vampiros correndo até eles. Os dois garotos sacaram as espadas e se postaram lado a lado, o coração de Jack começava a ganhar velocidade e sua adrenalina estava descendo por suas veias. Os vampiros eram rápidos, vários Caçadores não tiveram a chance de atacar, foram mortos assim que eles chegaram.

Um deles foi para cima de Jack, ele se protegeu com a espada e tocou no braço do vampiro. Agora Jack era tão rápido quanto eles, mas o número de chupa-sangues só aumentava. Jack cortava cabeças ou tentava feria o máximo que conseguia, mas eles eram com uma hidra, quando mais se matava, mais aparecia.

Os Caçadores estavam em desvantagem, eles estavam seguindo monstros e não vampiros, não portavam estacas o suficiente e nem tinham um contingente perfeito. Quando Jack decapitou mais um, olhou para o lado para procurar seu protegido, Henry estava tendo dificuldade para atacar um vampiro que tentava desesperadamente cortar sua cabeça. Jack correu e decapitou o vampiro que tentava matar Henry.

Entretanto, um vampiro agarrou as costas de Jack e tentou morder seu pescoço, ele apostou se livrar, mas o aperto era muito forte. Ele olhou para pedir ajuda a Henry, mas não conseguia encontrar o menino. Jack investiu suas costas contra uma parede para tirar o vampiro de si, porém o infectado foi mais rápido e cambaleou o corpo do Caçador até uma ponta de madeira que exuberava da parede. Ele investiu o corpo dos dois no objeto pontiagudo, Jack caiu no chão de joelhos, sentindo um liquido quente molhar seu corpo.

O menino não teve forças e se deixou abater-se, ele não sentia dor, na verdade, não sentia nada, sua mente voava e seus olhos queriam se fechar. Jack tentou lutar contra o peso que desabara sobre ele, mas não conseguia mover seus braços ou qualquer parte do corpo. Passou a vista pelo lugar, e encontrou Henry o encarando, seus olhos não possuíam expressão e sua boca se contorceu. Ele não fazia nenhuma menção de ajudar Jack.

*

Denny

*

Denny estava conversando com Austin quando sentiu que havia algo errado. De um jeito reconfortante, ela sempre sentiu Jack em sua cabeça, sempre perto o suficiente para que ela o chamasse. Porém, naquele momento, ela não sentia nada. Era como se Jack simplesmente deixasse de existir e no lugar dele houvesse apenas uma escuridão. Denny levantou da cadeira na Grande Sala e começou a correr em direção ao estábulo, ela tinha trocado de roupa assim que eles saíram. Estava usando calça e blusa preta, seu cabelo estava preso em uma trança. Ela pegou o arco com um movimento rápido e subiu no primeiro cavalo que viu. A Caçadora ouviu Austin gritar quando saiu em disparada pela cidade sem saber ao certo para onde iria.

Ela cavalgou em direção ao sul e usou o Enigma que pouco lhe servia, já que tendo que recorrê-lo, poderia morrer pela força que lhe era necessária para isso. Porém, não saber o que estava acontecendo com Jack era muito pior, ele poderia estar morto e tudo seria culpa dela, ela o mandara na Caçada. Rebecca havia dito que Jack não estava pronto, mas ela insistiu para que ele fosse.

Ela apressou o cavalo e começou a ver os Caçadores indo para um bairro abandonado que Denny conhecia bem, sua cabeça já ameaçava explodir, mas só o que importava era encontrar Jack. Denny não sabia o que iria fazer se perdesse Jack, não poderia perder ele também, simplesmente não cogitava a ideia. Tinha acabado de ganhar Henry, não poderia abrir mão de Jack, não tão fácil. Mesmo que tudo o indicasse que ele estava com raiva dela, a Caçadora não se importava, contentava-se com ele sã e salvo dentro da Sede.

Assim que chegou ao local, desceu do cavalo e esperou que o animal não fugisse. Ela mesma queria fugir. O que viu era uma cena horrorosa: havia Caçadores no chão, mortos ou inconscientes, alguns poucos ainda tentavam lutar, mas sem êxito. Localizou Henry, ele estava bem, lutando com um vampiro, mas nada que ele não pudesse vencer. Procurou Jack loucamente, encontrou-o caído no chão, com uma mancha terrível em suas costas, ele estava desacordado ou morto, Denny não sabia.

Seu coração parou. Ela começou a correr em direção ao menino com a maior velocidade que conseguiu. Os vampiros tentavam atacá-la, mas sua ansiedade era tanta, que ela os matava sem dificuldade. Quando chegou perto o suficiente de Jack, viu que uma vampira estava acima dele. Denny preparou uma flecha e apontou para a cabeça da vampira e tentou falar.

– Saia de perto dele. Agora! – gritou. A menina virou e Denny sentiu que suas pernas ameaçavam ceder – Lucia?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem pessoitas.
Love you



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Ordem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.