A Ordem escrita por Any Queen


Capítulo 12
É um mundo sombrio


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, obrigada por tantos comentários, fiquei muito feliz, sério mesmo, adorei fiquei muito anima para escrever o próximo cap. E também pelo fato que vou vijar semana que vem e que depois volta as minhas aulas, então demorará um pouco mais até que saia outro capitulo. Não me matem, a escola é muito puxada.
Larissa, muuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitoooooooooo obrigada pela recomendação, simplesmente amei, você é demais! Vocês me fazem parecer uma ótima escritora, então valeu mesmo!
Espero que gostem do cap e espero os comentários, seus lindos!
Boa leitura.



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– Não vamos contar para ela. – Jack começou a andar desesperado pelo corredor, Victória os encontrou e foi correndo para o lado do marido. Ela usava um roupão de dormir de seda branca e tinha cabelo preso por um coque.

– O que aconteceu? Saí do banho e não te encontrei. – Vic olhou preocupada para o marido e depois olhou para Jack, ela com certeza percebeu que os dois estavam pálidos.

– Henry – disse Austin por fim – Ele aconteceu.

– O filho de Denny. –Victória colocou a mão na boca e também empalideceu, nada daquilo parecia realmente acontecer, Denny desmoronaria e talvez ninguém pudesse levantá-la depois – Mais isso é impossível. Ele nasceu morto, você estava com ela, Austin!

– Nunca vimos o corpo, só sabemos que ele não chorou e que Zarina, a parteira, disse para que eu salvasse o corpo e não a vida de Henry. – Austin apoiou na parede e suspirou lentamente. – Acreditávamos que ele estava morto. Ah Denny...

– Não podemos dizer a ela até que tenhamos certeza. – afirmou Vic – Não podemos fazer isso com ela.

– O que ele disse parece encaixar... O suposto Henry contou que ficou preso durante 120 anos por monstros que o torturaram, há alguns dias os Caçadores de Nova York o acharam. Faria sentido...

– Preso por 120 anos? – desacreditou Jack – Ele está mentindo.

– Não sabemos – disse Victória fazendo uma expressão de enjoo – E não podemos mandá-lo embora, Denny nunca viu o filho, a privaram disso, tenho certeza que ela aceitaria qualquer chance de ver o Henry.

– Amanhã, ok? – Jack passou a mão pelo rosto nervoso – Ela está totalmente abalada com a morte do Souverain e com sua eminente saída do Governo, vamos dar um descanso a ela. Amanhã eu mesmo conto.

– Mas o que vamos fazer? – perguntou o ruivo – O suposto Henry está lá em baixo exigindo ver a sua mãe, Padre Digory não o segurará por muito tempo.

– Eu falo com ele. Posso tocá-lo e ver alguma de suas memórias, vou saber se estiver mentindo, assim podemos adiantar nosso lado. Afinal, não existe exame de DNA nesse mundo não?

– Não, Jack – riu Victória – O que falaria aos médicos quando eles perguntassem o que sangue de lobo estaria fazendo no menino?

– Que ele foi mordido? – supôs Jack.

– Ótima ideia. – zombou Austin – Então vamos falar com ele. – o ruivo pegou a mão da esposa e começou a andar pelo corredor vazio.

– Eu já vou. – disse ele olhando para o quarto de Denny – Tenho que dar uma desculpa a ela antes.

Austin acenou com a cabeça e sumiu, Jack entrou no quarto e foi até o banheiro, Denny já estava vestida com um fino vestido creme. Seus cabelos ainda estavam bagunçados, quando ela viu Jack arqueou uma sobrancelha e começou a pentear seus fios negros.

– Até que enfim você apareceu, já estava indo atrás de você. – Jack a encarou mudo, sem saber o que falar.

Denny era durona, com certeza, mas Jack sabia que ela não aguentaria aquela surpresa. Denny surtaria e talvez até fugiria para o outro lado do mundo, Jack queria protegê-la, ir para baixo e mandar aquele Henry sair da Sede. Entretanto, sabia que não podia privar Denny da única chance de ver seu filho, sabia o quanto ficaria feliz em ver que um pedaço de Scott estaria vivo, um pedaço do amor deles. Mesmo com ciúmes, ele sabia que era o certo fazer, faria isso por ela, mas só se tivesse o mínimo de certeza quanto a isso.

– Ham... – gaguejou – Era May, perguntou se ia querer o jantar no quarto, falei que seria uma boa ideia. – Jack sorriu tentando acobertar sua mentira. Teria que ir atrás de May depois e pedir que levasse o jantar de Denny para o quarto.

– Então por que demorou tanto? – a Caçadora arqueou novamente a sobrancelha e guardou o pente, ela saiu do banheiro e Jack foi atrás.

– Ela estava me agradecendo por cuidar de você na outra noite, sabe como May é... Disse que estava tudo bem, mas ela não parou de pedir desculpas. – Denny sorriu e sentou na cama, Jack sentou do lado dela e suspirou, não queria esmagá-la, mas teria que ser feito.

– Então um jantar no quarto seria ótimo. – ela olhou para Jack e ele viu o quanto cansada de tudo aquilo ela estava, ele queria deitá-la naquela cama e privá-la de todo o sofrimento que poderia vir. E ele sabia que viria. O mundo é sombrio e ele leva toda luz com ele. – Obrigada.

– Não precisa agradecer... Agora eu já vou... Tenho algumas coisas para fazer.

– Não pode ficar? – pediu Denny.

– Eu queria, mas... – o menino suspirou e segurou a mão de Denny – Den, quero que me prometa que não vai voltar a ser o que era, não importa o que aconteça. – Denny o encarou sem entender o porquê daquele pedido.

– Hãm... Tudo bem.

– É sério, pequena, gosto mais de você assim. – Jack levantou antes que ela pudesse responder beijou o topo da cabeça da Caçadora, demorou um pouco mais do que deveria, porém Denny não reclamou. – Bons sonhos, Jennyfer.

Só que dessa vez ele disse com carinho.

***

Com sorte, Jack encontrou May no caminho para o Hall e pediu que levasse o jantar de Denny. Ele correu e passou por serviçais e Caçadores antes de chegar à entrada e ver um menino de cabelos cor de café e encaracolados em perfeitos cachos. Ele usava uma blusa vermelha de manga e gola em V e uma calça jeans escura. Porém, o que mais chamou atenção de Jack foram seus olhos, tão verdes e tão vívidos. Jack se perdeu neles por um tempo, pareciam folhas na primavera e o menino tinha certeza que eles se moviam com o vento. Aqueles olhos eram tão encantadores quanto os de Denny.

Jack abaixou o olhar e viu que o menino possuía a Marca, era um pouco diferente a sua e já estava branca. O loiro desceu as escadas pulando alguns degraus e parou em frente ao estranho menino. Austin estava ao lado de Padre Digory e os dois estudavam a cena com cuidado, Jack precisava tocar o Visionário.

– Prazer, meu nome é Jack. – Jack estendeu a mão para que Henry apertasse, ele o fez e Jack suspirou, o menino se concentrou em seu trabalho e tentou roubar o máximo que pôde em tão pouco tempo.

– O meu é Henry. – o menino colocou as mãos no bolso e encarou Jack. Se você prestasse bem atenção, o garoto parecia com Denny, alguns traços e a forma com a boca se curvava para a direita e uma pequena covinha se formando nas bochechas. Ele tinha um porte musculoso, mas ainda era magro e não muito alto. – Então, é você que vai me levar até a minha mãe?

– Talvez... Que tal me responder algumas perguntas antes?

– O que mais eu preciso dizer? Já falei tudo para esse esquisitão ruivo aqui. – Henry apontou com o dedão para Austin que pareceu realmente ofendido.

– Ainda tem coisas que Jack deseja saber.

– Jack é um bom garoto, confie nele. – disse Padre Digory para a surpresa de Jack.

– Tudo bem. O que quer saber, Jack?

– Disse que ficou preso por 120 anos.

– Na verdade foram 130, tinha dez anos quando me prenderam. – falou simplesmente.

– E com quem vivia nesses dez anos?

– Zain, eu não gostava dela, mas eu sempre soube que ela não era a minha mãe.

– Zain foi a parteira de Denny – explicou Austin – Ela que levou o bebê embora.

– E como você descobriu que Denny era a sua mãe? – prosseguiu Jack.

– Bem, quando os Caçadores de Nova York me encontraram e estavam prestes a matar o monstro que me torturou, ele gritou: Maldita criança de Jennyfer Salvatore. Perguntei aos Caçadores quem era e eles me disseram que era a Governadora da Espanha e vim na mesma hora.

Jack analisou os fragmentos de memória que tinha roubado de Henry, eram quase os mesmo: uma cela imunda e um monstro o alimentando com carne podre. Jack sentiu pena do menino e decidiu dar um voto de confiança a ele.

– Sabe quem é o seu pai? – ele negou – Faz ideia de quem seja a sua mãe? – ele também negou.

– Sei que é odiada o bastante para que seu filho fosse torturado por um século. – declarou sem sentimento.

– Ok. Tudo encaixa.

– Posso vê-la? – perguntou ansioso.

– Ainda não, filho. – disse Padre Digory mais gentil do que Jack falaria, ele passou o braço envolta do ombro do menino e começou a ir em direção as escadas – Amanhã você vai conhecê-la, hoje não é um bom dia.

– Por quê?

– Porque sua mãe perdeu alguém muito importante e não queremos surpreendê-la mais ainda. – os dois sumiram pelas escadas e Jack encarou Austin.

– As memórias confirmam? – perguntou o ruivo com os olhos no chão.

– Pelo menos o que eu consegui roubar.

– Vai dar tudo certo.

– Você não sabe disso.

– Não acabe com o meu positivismo, Jackson!

*

Victória

*

Vic estava esperando o marido sair do banho. Ela sabia que Austin estava abalado com o mais novo morador da Sede, mesmo com o ciúme já comum de Denny, ela tinha que entender o marido. Ela estava deitada na cama com um livro em mãos, mas ela passava pelas palavras sem presta atenção, até que desistiu da leitura e ficou encarando a porta do banheiro que se abriu. Austin saiu com uma toalha tampando apenas a parte de baixo, seu cabelo estava bagunçado e úmido por causa do banho. Vic, mesmo depois de anos casada, ainda perdia a fala quando via o marido sem camisa, ele era lindo e a Caçadora sabia disso, mesmo que o cansaço estivesse tomado conta. Seus olhos verdes estavam perdidos e sua mente longe, Victória percebeu que havia um novo ferimento, era bem feio, mas já começava a cicatrizar.

– O que foi isso? – perguntou a mulher.

– Um basilisco bem raivoso. – Austin colocou uma calça de moletom e deitou do lado da esposa.

– Denny sabe que os Caçadores estão tendo mais caçadas agora do que nunca? – quando Austin não respondeu, ela bufou – Você tem que parar de protegê-la do que faz parte do seu trabalho, Austin!

– Eu sei, é que...

– Você não quer que ela sofra, eu sei. Mas, amor, ela quis isso, você não pode cuidar de tudo. – Austin deitou de lado e encarou Vic com olhos cansados.

– A caçada é minha responsabilidade. Denny resolve coisas mais importantes, como ir até a França e falar com Souverain.

– Ela pelo menos deveria saber o que acontece, não acha? – Austin assentiu cansado e deitou de costas – E tem a falta de Caçadores... Ela deve saber que eles se recusam a caçar. Não é o seu trabalho ir atrás de monstros, você é conselheiro, um Feiticeiro.

– Sim, sou, mais ainda sou um Caçador, você sabe que o chamado da Marca é muito mais forte... Sua Marca...

– Sua vida, eu sei. – completou – Só quero que fique bem, meu amor, e Denny também quer isso.

– Denny não pensará em mais nada quando descobrir sobre Henry. – Austin suspirou e Victória se lembrou de como também era horrível para ele, Austin também estava lá, ele também tinha passado por tudo aquilo, as pessoas só pensavam em Denny, mas era a função de Vic pensar em seu marido.

– Como você está?

– Eu? Chocado. Sabe, vi Henry nascer e segurei a mão de Denny enquanto ela gritava, eu era apaixonado por ela naquela época. – Victória repeliu o ciúme que tentou crescer e continuou a ouvir o marido, Austin nem pareceu perceber – Amei o menino durante o tempo que estive com eles e para mim foi terrível que ele nascera morto. Vê-lo vivo, por mais que seja incerto, é um grande alívio. Na época achei que com o nascimento de Henry, eu e Denny finalmente poderíamos ficar juntos e criar uma família, seria um pai para sua criança e com certeza amaria os dois. As coisas mudam e tenho certeza que Denny não teria condições de criar uma família agora e nem de cuidar de um filho, mesmo que este já esteja grande.

– Sabe – disse Vic deitando no canto do braço do marido, ele a abraçou e ela agradeceu pela sensação de casa – Deus me perdoe, mas agradeço pelo filho de Denny ter sumido.

– Sim – disse Austin rindo – Eu sempre fui seu, amor mio, nunca duvide disso.

– Não duvido. – Vic subiu em cima do marido e começou a desamarrar a camisola – Sei o quanto criar uma família é importante para você e eu quero te dar isso, não quero que nenhuma pessoa no mundo lhe dê esse presente.

– Você tem certeza? – perguntou o Caçador com uma alegria contida, Victória assentiu e Austin a puxou para um beijo apaixonado. – Eu te amo. – disse em sua boca.

*

Jack

*

Jack estava olhando Denny em seu sono profundo, ela estava tão calma que dava pena pensar que ele iria tirar seu chão em poucos minutos. Ela estava começando a melhorar, mostrar os sentimentos tão presos, ele queria ajudar, mas só tiraria isso dela. Denny se mexeu e Jack arrumou a coluna, ela sentou de repente e apontou uma arma para a cabeça de Jack. A Caçadora tinha um olhar assassino, às vezes Jack esquecia o quanto ela ficava assustadora quando segurava uma arma.

– Ei – ele gritou, Denny piscou e devolveu a arma para debaixo do travesseiro – Por que da arma?

– Depois de Scott sendo arrastado para o meu quarto no meio da noite... Sempre durmo com uma arma perto. – Denny bocejou e se se encostou à cabeceira da cama, passou a mão no cabelo e olhou interrogativamente para Jack – O que está fazendo aqui?

– Eu... Não consegui dormir. – Jack sentou na ponta da cama da menina e passou a mão no cabelo nervoso.

– Por que não me acordou? Era melhor do que ficar me olhando.

– Não foi tão ruim assim. – o loiro olhou com vergonha para a menina, mas Denny estava sorrindo, era horrível mentir para ela, tinha que falar logo. – Denny, eu preciso... Isso é muito difícil!

– Se você não falar o que é ai sim ficará difícil.

– Se lembra da sua promessa da noite passada, não é?

– Sim, mas ainda não entendo o porquê daquilo.

– Você vai entender... – Jack bufou, talvez se falasse rápido seria mais fácil. Ele respirou fundo e deu uma última olhada em Denny antes de encarar as mãos.

Tem um menino lá embaixo... E ele diz ser seu filho, Henry.”

Jack não olhou para cima, esperou que ela gritasse com ele e dissesse que era um mentiroso e que ela o odiava, mas só houve silêncio, um silêncio mortal e horrível. O menino levantou o olhar e viu que Denny estava branca, como se a cor tivesse sido arrancada bruscamente de seu corpo. Jack procurou sua mão, mas ela o afastou e olhou para ele com as lágrimas tentando fugir.

– É mentira, deve ser um idiota querendo...

– Não acho que seja... Ele disse que ficou preso por 130 anos e que foi criado por uma mulher chamada Zain. O suposto Henry foi torturado por monstros porque era o seu filho, os Caçadores de Nova York conseguiram salvá-lo e o monstro falou que ele era o seu filho. Ele chegou ontem, mas você já estava dormindo... E eu roubei um pouco de sua memória e vi que ele realmente foi torturado por monstros.

– O que Austin acha? Ele também estava lá.

– Ele acha que pode ser ele... Henry também é da Ordem dos Visionários e eu soube que o sangue do Caçador é o dominante...

– Sim, é. – Denny levantou de repente e tentou ficar de pé, mas pela palidez que ela apresentava, Jack sabia que ela não ficaria em pé por muito tempo. Ele foi atrás dela no mesmo instante que suas pernas cederam, Jack a segurou e levou-a de volta para cama, abraçou-a e deixou que chorasse. – 130 anos? Parece uma brincadeira sem graça que o universo pregou para mim.

– Pelo menos você tem seu filho de volta, ele sã e salvo. – Denny só chorou mais e apertou o rosto contra a camisa azul de Jack, ele passou a mão por seus cabelos e tentou acalmá-la. – Ei... Calma, vai dar tudo certo.

– Scott... – o choro de Denny começara a diminuir e se transformar em pequenos gemidos de dor. Jack ficou com raiva, ela tinha que pensar em Scott! Sim, ele era o pai, mas o lobisomem já tinha morrido, pelo amor de Deus! – Será que ele se parece com Scott, Jack?

– Eu não o conhecia... Acho que você deve ir lá e conhecê-lo. – Denny levantou, a cor já começava a voltar e ela estava ficando animada com a ideia.

– E se ele não gostar de mim? – Denny franziu a testa com preocupação e apertou os lábios.

– É impossível não gostar de você. – Jack sorriu e foi em direção à porta – Depois me conta como foi.

– Jack?

–Sim? – disse o menino com a mão na maçaneta.

– Obrigada. Você foi incrível.

– De nada, pequena. – Jack saiu do quarto e colocou a testa contra a parede, ele tinha que se acalmar, esses ciúmes idiotas tinham que ir embora, Denny precisava do filho e o filho era o pedaço perdido de Scott, ele tinha que pensar no que era melhor para ela.

***

– Achei que com toda aquela cena dramática ontem à noite você não viria hoje. – disse Thomas quando Jack entrou cabisbaixo na sala.

– Isso tem haver com Denny e não comigo.

– Acho que houve problemas no paraíso... – disse Thomas para alguém, Jack levantou o olhar para ver que havia mais um Caçador na sala, Jack já o conhecia, na reunião no Conselho. – Jack, esse é o George.

– Você estava no Conselho. – Jack esticou a mão e apertou a do Caçador.

George era loiro e possuía grandes olhos verdes, seu sorriso era perfeitamente branco e possuía uma cicatriz bem feia perto do pescoço. Ele vestia blusa branca com gola em V e calças jeans claras. George parecia ter uns dezoito anos e agia calculadamente, como um assassino observando sua presa, era de dar medo, o Caçador seguia Jack com os olhos e sorria com cada músculo nervoso de Jack.

– Ele é da Ordem dos Assassinos, se é que você não percebeu. – George sorriu para Thomas e foi para a mesa, Jack percebeu que havia alguns livros pousados nela, hoje a aula não seria luta.

– Hoje vamos aprender algo mais útil do que força bruta. – George sentou na ponta da mesa e Jack puxou um banco para sentar, Thomas ficou em pé observando, mas seus pensamentos estavam longe, quase como se estivesse preocupado.

– Achei que fosse um Assassino.

– E sou, mas todo bom matador conhece sua vítima tão bem quanto a si mesmo, sabe seus pontos fortes e fracos. Não conheça sua mira e será um Caçador morto. – Jack percebeu o uso de “Caçador” e não “homem”.

– Nunca me achei um bom matador.

– Você nunca esteve numa guerra. – George sorriu torto e pegou o primeiro livro, seria um longo dia para Jack – Você conhece os Kitsunes?

– Não.

– Eles se parecem com humanos, falam como humanos e agem como um. Os Kitsunes matam sem piedade e único jeito de matá-los é uma faca de prata no coração. São mais inteligentes que você, mais espertos e mais ágeis, conseguem te enganar e você só percebe quando está morto. Inimigo natural dos lobisomens, já que nenhuma raposa gosta de cachorros. Podem assumir qualquer forma.

– E como eu mato isso?

– Seja mais inteligente que eles ou... Bem, só encontre uma brecha e enfie uma faca em seu coração. Claro, seguindo o Contrato.

– O Kitsune está no Contrato? – perguntou Jack surpreso por uma criatura tão sangrenta ter proteção.

– Sim, Jack. – disse George com calma. – Assim como os vampiros, os Kitsunes se alimentam de humanos, são tão horríveis quanto, mas nem todos são maus. Porém é sempre bom ficar de olho.

– Mas os Kitsunes tem mais facilidade para matar do que os vampiros e não tem tantos pontos fracos.

– Fale isso para sua amiguinha Denny. – falou Thomas pela primeira vez, ele estava apoiado em ma das pilastras com seu casaco de coro e calças escuras – Ela acha sempre existe um bom em todo mau.

– E ela tem razão, conheci vampiros e wendigos que seguiam uma vida na lei, se por assim dizer, eram boas pessoas. – George fechou o livro dos Kitsunes e pegou outro – Afinal, precisamos de sangue de vampiro.

– Por quê?

– Cura, meu caro Watson, sangue de vampiro cura até as piores doenças. Porém nunca morra enquanto ele estiver no seu corpo, senão você vira um deles. – disse Thomas.

– Sempre que precisamos usar sangue de vampiro, tomamos água benta logo depois, para purificar. – informou George. – Agora outro monstro, que tal Metamorfo? – perguntou o Caçador como se fosse uma coisa animadora.

– Você tem que saber dessas coisas, Jack – disse Thomas quando viu o tédio do menino – Você pode roubar o poder deles e usar a nosso favor. Como os Metamorfos, nó... Você pode roubar o poder de mudar de forma e assim ganhar uma grande vantagem e sem a fraqueza de morrer por causa de prata.

– Eu queria fazer isso na prática. – bufou Jack.

– Sairá para a caçada assim que gravar tudo o que eu disser. – George riu e começou a ler sobre os Metamorfos.

*

Denny

*

Denny estava de frente para Henry, os dois pareciam impossibilitados de se mover, seus pés pareciam presos ao chão como se houvesse areia movediça e seus olhos estavam cravados um no outro. Henry parecia com Scott, seus cabelos e forma de como seus braços pendiam na cintura, suas covinhas a faziam lembrar ela mesma e seus olhos eram tão belos quanto a primeira flor da primavera. Henry se moveu, Denny ficou nervosa, então ele a olhou interrogativo e disse:

– Oi.

– Oi.

– Jennyfer, não é? – perguntou sem jeito.

Austin estava na Grande Sala e Padre Digory também, os dois olhavam com curiosidade para as duas figuras no centro da sala. Denny estava imóvel, olhando para sua prole tão perto e tão linda, se fosse mesmo seu Henry, ela ficaria radiante. Mas se não fosse, mataria o desgraçado.

– Pode me chamar de Denny, todos me chamam de Denny, você também pode se quiser... – Denny parou de falar subitamente, quando ficava nervosa tendia a falar tudo o que havia em mente.

– Nome curioso para uma garota... – Henry sorriu, ele tinha um sorriso lindo, com dentes perfeitos e lábios finos como os dela. – Mas eu gostei, Denny.

– Acho que devo desculpas por aparecer assim.

– Se você for mesmo meu Henry, não importa, é um alívio vê-lo vivo e tão grande.

– O que ainda lhe faz duvidar?

– Sabe, toda essa história é muito estranha e não sei posso confiar em você, tenho mais inimigos do que imagina.

– Então me dê a chance de ser seu filho. – pediu ele como uma criança pede por um doce, Denny sentiu seu coração ser esmagado, é claro que deixaria ele tentar, era seu menino, sua pequena criança. – Por favor, Denny.

– É claro. – a menina só percebeu que estava chorando quando as lágrimas deixaram seu rosto – Posso pedir um abraço?

Henry a abraçou, ele era maior que ela – quem não era? – ele cheirava a rosas, seu abraço era aconchegante e ela ficou feliz de ter abraçado o filho pelo menos uma vez. Por mais que a duvida permanecesse, pelo menos se algo acontecesse teria a certeza de ter tocado o filho pelo menos uma vez. Denny se separou e secou as lágrimas, sorriu para o filho e arrumou o vestido verde.

– Padre Digory, arrume um quarto para o Henry e arrume algumas roupas para ele. – Padre Digory passou o braço pelo ombro do menino e o sacudiu – Pode almoçar comigo mais tarde, teremos a tarde toda para conversar.

– Denny – disse Austin com um tom de alerta. – Eu cancelei o Comitê de Guerra porque sabia que você não enfrentaria uma reunião hoje.

– Obrigado pela consideração, Austin, mas nós precisamos aproveitar a ausência de Gerard.

– É isso que eu quero conversar com você.

– Padre, leve Henry para tomar café e faça o que te pedi, por favor.

– Comitê de Guerra? Haverá uma guerra? – perguntou Henry.

– Eu espero que não. – Henry seguiu o padre até a porta, quando os dois já estavam longe, Denny olhou para Austin – O que você para mim?

– Tempo, querida Denny , tempo.

Díos, era disso que eu estava precisando. – Denny sentou no divã e Austin encostou-se à mesa, ele usava uma blusa verde social e uma calça branca, parecia feliz, ela nunca vira o amigo tão radiante.

– Um velho amigo meu que atua no Conselho do Souverain, disse que o ultimo pedido do Souverain foi que todas as leis fossem colocadas em vigor. – Austin sorriu maliciosamente – Chuck disse que existe uma lei que pede vários tipos de burocracia, eles nunca fizeram porque é algo sem sentido, mas eles não querem Theodore como Souverain e vão fazer qualquer coisa para atrasá-lo. Ele sabia dos meus planos e me deu um mês, um mês para arquitetar tudo e acabar com os nossos dois problemas.

– Isso é incrível! Daqui a pouco mais de um mês ocorrerá a Lua de Sangue, nossa única chance. – disse pensativa – Mas vamos precisar de Gerard fora.

– Mande-o para fora, afinal, sem Souverain ninguém pode contestar suas ordens e depois que Theodore tomar o trono você sairá de qualquer jeito. – disse Austin saindo da sua posição inicial e começando a andar por todo recinto.

– Você está muito animado. – disse Denny desconfiada.

– Foi com isso que eu tenho sonhado há dezessete anos, claro que estou animado!

– Tem certeza que não é mais nada? Nada que começa com V? – Austin ficou vermelho e parou nervoso.

– Não, Denny... – Austin levantou o dedo como se tivesse alguma ideia repentina – Mais uma coisa... Os Caçadores se recusam a caçar.

– O que? – Denny levantou, ela nunca achou que aquilo seria um problema, era da natureza de um Caçador ser chamado a caçar, não deveria haver esse tipo de problema.

– Eu tive que prender um basilisco esses dias porque não havia tropa, eles acham que nada disso é necessário.

– Por quê? É claro que isso é necessário.

– Eles estão perdidos, desde a Guerra que não há tropa ou uma reunião sobre isso, nossa única tenente está sem saber o que fazer. Se você falar com eles, talvez se juntem como um exército novamente e façam seu trabalho.

– Quem é a nossa tenente?

– Rebecca McAnn. – Austin passou a mão pelo cabelo ruivo – Você pode ir falar com ela agora, seria bom já começar o dia caçando.

– O que acha, Austin? Quer caçar o que hoje?

– Sério, eu e você? – perguntou surpreso.

– Sim, como nos velhos tempos.

***

Rebecca era uma menina que aparentava ter no máximo vinte anos, tinha pele um pouco escura e cabelos cor de café, assim como os olhos. Ela usava calça camuflada e uma blusa verde escura, tinha lábios grossos e um rosto oval. Ela estava fazendo flexões na sala de treinamento quando Denny e Austin chegaram.

Eles tinham vestido roupas de caça – calças escuras e blusas pretas, botas e cabelo preso – Rebecca os fuzilou com um olhar investigativo e levantou, limpando o suor da testa. A menina era forte e parecia capaz de matar qualquer coisa que estivesse na sua frente.

– Rebecca McAnn esta é Den... – começou Austin.

– Eu sei quem ela é. Nossa Governadora. – disse como se fosse um insulto.

– Acho que você não gosta muito de mim. – vaticinou Denny.

– Não fique triste, não gostar das pessoas é um hobby.

– Não fico. – disse Denny pensando em Henry, será que ele gostaria dela? – Eu vim aqui, tenente, para resolver o assunto dos meus Caçadores que não querem ir à caça.

– Ótimo, chegou bem na hora... Espera um pouco, não, você está atrasada. – Rebecca pegou um peso e começou a exercitar o braço.

– Eu estive fora por anos.

– E eu tenho culpa disso? Não, Governadora. Os meus Caçadores não acham que devem ir à caça, Gerard disse que isso era ridículo e agora os monstros estão comendo tudo. – Rebecca passou o peso para o outro braço e continuou a malhação. – Odeio aquele velho metido... – Rebecca começou a xingar Gerard de todos os nomes possíveis, alguns Denny nem conhecia.

– Perfeito, nisso nós concordamos. – a Caçadora parou de malhar e olhou para a Governadora de soslaio.

– O que você sugere?

– Reagrupe nossas tropas, homens e mulheres e faça turnos e vigilância e volte com os Magos que cuidavam tudo e todos. Quero meu exército forte e em forma quando a guerra chegar.

– Continuarei tenente?

– É claro. Quero treinamento diário, menos as horas que Jack usa a sala, os Caçadores poderão andar livremente pela Sede e quero total compromisso. – ela olhou para o ruivo – Austin, quero que seus Magos estejam alertas para todos os novos Caçadores que surgirem e mandaremos grupos para ir resgatá-los. Se conseguimos salvar Jack, podemos salvar outros.

– Agora mesmo.

– Algo que estou esquecendo?

– As Crianças Imortais. – disse Rebecca.

– Indicarei as melhores Caçadoras para esse assunto e Rebecca... Acho que você pode recrutar alguém como general para mim. Adam. Acho que ele se encaixa perfeitamente no cargo.

– Sim, senhora. E quanto a Gerard?

– Ele é assuntou meu. – disse Denny com a raiva entalada. – Nós vamos caçar, quer vir conosco?

– Obrigada pelo convite, Governadora, mas irei reconstruir meu exército.

*

Jack

*

Jack estava andando distraidamente pelo corredor e esbarrou em alguém loiro no meio do caminho. Charlotte estava olhando para Jack com raiva por ter quase a feito cair. Ela usava um vestido rosa e seu cabelo estava preso em uma trança embutida, as maças do rosto estavam vermelhas e seu olhar era preocupado.

– Você viu Adam? – Jack negou e ela suspirou – Ele sumiu de novo, maldito teletransporte! – Jack a olhou interrogativo e Charlotte sorriu – Ordem dos Magos.

– Ah sim. Eu não o vi, mas acho que você deveria se acalmar primeiro. – a menina suspirou e sentou em um banco de madeira que havia no corredor, esse era calmo, mas havia um grande contingente de Caçadores na Sede, Jack achou estranho, mas gostou de ver todos juntos. – Eu não queria dizer isso – Jack sentou do lado da loira e arqueou a sobrancelha com vergonha – Mas eu ouvi sua conversa no outro dia, me desculpe.

– Então você sabe por que Adam está fugindo de mim. – Charlotte encarou os sapatos e colocou uma mecha atrás da orelha.

– Sei e se eu fosse ele também fugiria. – ela olhou irritada para Jack e lhe socou no ombro – Ai... Desculpa, mas você não está pensando nele.

– É claro que estou, por isso não quero me casar com ele.

– Acho que você está com medo. – Jack a olhou, Charlotte sempre passara confiança para Jack, mas naquele momento ela parecia perdida. – Olha Charlotte, filhos é uma coisa futura que você nem sabe se eles vão te amar ou se vão nascer, veja Denny! Mas se ele te ama a ponto de fazer sacrifícios, então aceite isso dele e não o maltrate mais ou faça que essa escolha seja pior. Não porque tem medo que ele te abandone depois.

– Não tenho medo disso! – gritou indignada, Jack levantou a sobrancelha com duvida e Charlotte abaixou a guarda – Um pouco.

–Case-se com ele, faça ele feliz hoje, no presente, no agora. Sei que somos Caçadores e que a vida é uma coisa que não nos importamos muito, então viva com ele hoje, porque não sabe se ele estará aqui amanhã. – Charlotte sorriu e Jack percebeu que levava jeito de psicólogo – Ele me parece uma pessoa legal. – mentiu Jack.

– Ele é, quando se conhece bem como eu o conheço. Acha que eu devo dizer que aceito o pedido de casamento?

– O que você acha? Quer dizer... O que você quer?

– Que aquele idiotava apareça agora.

Na mesma hora, Austin e Denny entraram no corredor. Os dois estavam sujos de terra e com alguns arranhões que começavam a cicatrizar, Denny tinha o arco nas costas junto com uma aljava e Austin tinha argolas de ferro e mais uma espada embainhada. Os Caçadores pareciam exaustos, mas felizes. Eles chegaram perto de Jack e Charlotte e os mesmo se levantaram, Denny arqueou a sobrancelha interrogativa para Jack e ele fez o mesmo para ela.

– Estávamos caçando. – falou Denny.

– Pegamos um monstro Haccer na floresta – disse Austin ofegante – o carinha estava animado.

– E nós também . – completou Denny, ela olhou para Jack como se dissesse: “Sua vez”.

– Estava dando conselho de um psicólogo nato para Charlotte.

– Falando em mim, sabem onde Adam está? – Denny olhou para Austin e os dois se entenderam logo no olhar.

– Mandei Rebecca convocá-lo com general das tropas. – falou a Visionária.

– Você mandou uma mulher chamá-lo para conversar? Ótima amiga você é! – disse Charlotte cruzando os braços, Denny abriu a boca, mas a outra começou a rir – Calma, honey, estou brincando. Vou procurá-lo. – ela se virou, mas um segundo depois voltou a olhar para o grupo – Noite das meninas hoje, não falte! – e então se foi.

O sinal do almoço tocou e Denny estremeceu.

– Vamos para o show. – disse a menina.

***

A mesa estava mais cheia que da última vez que Jack se lembrava. Henry estava perto do Padre e os dois perto da cabeceira da mesa onde sentava Denny. Jack estava no meio da mesma ao lado de Austin e Victória, Charlotte e Adam estavam sentados um ao lado do outro, mas estavam quietos, Jack queria que seu conselho ajudasse casal. Rebecca, que Jack tinha conhecido no baile, também estava na mesa, assim com Thomas e George. Marrie estava mais afastada, com um olhar longe e mexendo no prato sem animação. Gerard estava na outra ponta, tinha voltado mais cedo da França que não houvera coroação, ele estava visivelmente irritadiço e era favorável que ninguém mexesse com ele.

Denny sorria, ela esperou que todos estivessem servidos e pegou uma taça com vinho e tocou gentilmente com uma faca, todos olharam para ela e Denny arranhou a garganta.

– Que bom que estamos tendo um jantar em família. – a menina usou o tom que Jack reconhecia quando ela estava prestes a fazer alguma coisa.

O que está planejando?”

Você verá

– Mas acho que temos uma pessoa que não consideramos nossa família e acho que todos o desprezamos e não o queremos aqui. – Gerard deixou o garfo cair e olhou boquiaberto para Denny, ele se levantou e deixou que um silêncio tomasse conta do lugar. – Quero que saia da minha Sede imediatamente.

– O que? Acho que não ouvi bem? – Gerard olhou para Denny com ódio puro, era muita raiva para uma pessoa só, algo que ninguém merecia viver com isso dentro de si.

– Você ouviu muito bem. Está expulso da minha Sede, Gerard.

– A Sede não é sua, garota indolente, é minha e do novo Souverain.

– Ele ainda não é o Souverain e enquanto a Espanha estiver em meu poder, não quero você aqui. Entendeu bem? – Denny sorriu sarcasticamente.

– Você não pode fazer isso, sabe quantas pessoas eu conheço? Theodore...

– Eu sei de seus planos com Theodore, não ache que eu sou tão burra assim! Quero você fora e é agora. – Denny trincava os dentes, era óbvio que aquilo era algo que ela desejava com todo o seu ser.

– Você engolirá toda essa sua arrogância, menina estúpida, vou fazer você se contorcer no inferno e gritar por clemência. Vou matá-la lenta e dolorosamente, então mandarei você para o mesmo lugar podre para que o seu preciso Scott foi. – Denny não mudou sua feição, esperou pacientemente Gerard acabar seu discurso e apontou para a porta.

– Agora. – ele cuspiu e marchou em direção à porta, Denny olhou para Marrie esperando que ela também saísse – Você também.

– Ela fica.

Gerard deu meia volta e encarou Jack, todos o encaravam, o menino levantou e respirou fundo. Queria que Denny não tivesse feito todo aquele showzinho, mas ela desejava por isso e ele entendia. Mas Jack tinha conhecido Marrie e sabia que ela não era má, não deixaria que Denny a mandasse para junto daquele homem. Gerard o encarou, com se agora sua esposa fosse algo importante para ele.

– Vamos Marrie.

– Ela fica.

– Jack – alertou Denny – Ela vai embora.

– Agora está ficando interessante. – disse Thomas enquanto Denny encarava Jack.

– Aposto cinquenta pratas que vai ter briga. – propôs Rebecca.

– Feito.

– Não, se Marrie for, eu também vou. – ele sustentou o olhar de Denny e depois de virou para Gerard – Está esperando o que para tirar os pés daqui? Você não se importa com ela e Marrie vai ficar aqui! Ou terá que passar por mim.

– Eu devia ter te matado assim que te encontrei no pântano. – rugiu Gerard – Se essa vadia quer ficar, que fique! Nunca precisei dela. – então se virou e foi embora.

Jack olhou para a mesa, todos estavam surpresos, inclusive Denny. Ele olhou para Marrie que lhe ofereceu um sorriso terno, de repente sua fome sumira e ele desejava fortemente sair daquele lugar.

– Se alguém lhe colocar para fora, me chame. – disse ele para a esposa de Gerard, depois empurrou a cadeira educadamente e se retirou do almoço mais estranho que já tivera.

– Pode ir passando, Becca.

***

O outono já pesava nas folhas e o frio já tomava conta do ar, Jack apertou o casaco de couro que sentia falta – já que não era o tipo de roupa que usavam aqui, mas Thomas podia usar! – e começou a assobiar Patience. A água do rio abaixo dele corria tranquila e os pássaros cantavam felizes, como se tudo e todos estivessem bem, mas Jack sabia que aquilo era ilusão. Denny estava perturbada por causa de Gerard e Henry, pelo menos agora o inimigo dela não estaria aqui, não que isso significasse que ele não iria tentar matá-la. Pelo menos a menina estava feliz por ter o filho ao seu lado, o pedaço perdido de Scott.

Ele ouviu passos e olhou para trás, Denny vinha com calma em sua direção. Jack estava na pequena ponte onde encontrara Denny bebendo na noite do baile, ele gostava da calma e da vista que o lugar tinha. Não eram todos os Caçadores que sabiam da ponte e Jack gostava disso.

– O cemitério fica para lá. – disse Denny apontando para um caminho estreito por entre uma sutil mata que se estendia alem do alcance da vista de Jack. – Scott está enterrado lá. – Jack tentou não bufar, só que não funcionou, Denny o encarou e ele sorriu para amenizar o clima. – Gostei da sua atitude no almoço. – a menina parou do lado dele e Jack a olhou de soslaio – Sério mesmo, você é igualzinho a mim. Não que isso seja bom. – Jack voltou seu olhar para frente e ficou quieto, Denny bufou, mas não desistiu – Não sabia que conhecia Marrie.

– Conversei com ela uma vez. – ele se irritou e levantou, ficando de frente para Denny, era muito mais alto que ela e com certeza ele deveria estar parecendo assustador, já que estava com raiva dela. – Por que você a mandaria embora? Ela não tem culpa de nada.

– Qualquer um que goste do Gerard me odeia, por que eu deveria deixá-la aqui? Para servir de espiã para ele? – gritou Denny.

– Você já conversou com ela? – Jack também gritou – Marrie odeia Gerard, tanto quanto você, só que ela não pode se separar. Já pensou que talvez a situação dela seja mais difícil que a sua? Você pode simplesmente ir embora, ela não pode porque é casada com ele e Marrie não sabia como o marido era antes de você. – Jack estava gesticulando com raiva, Denny se encolheu, era claro que ela não queria brigar com ele, mas Jack estava seriamente irritado pela preposição dela – Eu falei sério, mande-a embora e eu...

– Tudo bem, Jack, ok? Se você diz que ela o odeia e que podemos deixá-la aqui, então vamos deixar Marrie aqui. – Denny jogou os braços para o alto desistindo – Só não vamos discutir por causa disso. – suspirou.

– Eu sei. Desculpa-me por gritar com você. – Jack também suspirou e passou a mão no cabelo.

– Estou tentando, está bem? Estou fazendo o melhor que eu posso fazer. – Denny abaixou a cabeça constrangida e Jack colocou a mão em seu rosto, levantando-o e fazendo-a olhar para ele.

– Eu sei que está tentando, pequena, e você está se saindo muito bem. – Jack prendeu a mecha de cabelo que caía e sorriu para ela.

– O que você estava conversando com Charlotte hoje? – Jack se assustou com a pergunta dela, mas riu com a pergunta.

– Eu disse para ela que aceitasse o pedido de casamento do Adam. – Denny sorriu – Por quê?

– Nada. Por que seria alguma coisa? – Jack sentiu uma terrível alegria, com certeza a beijaria agora.

– Não sei – disse passando a mão em sua cintura e puxando-a para si – Talvez ciúmes – ele segurou se queixo entre o indicador e o polegar e abaixou sua cabeça vagarosamente de encontro aos lábios dela. Denny colocou a mão em seu pescoço e puxou a cabeça de Jack com gentileza, os lábios estavam quase se tocando...

– Denny? Você está ai? – perguntou uma voz conhecida, a menina se separou dele abruptamente e passou a mão no cabelo.

– Sim, Henry, vou em um minuto. – a Caçadora olhou para Jack, corada – Tenho que ir.

– Está tudo dando certo. – disse com um pouco de raiva, Henry acabara de interromper o primeiro beijo de verdade deles.

– Acho que sim, vamos cavalgar e depois vou mostrar a Sede para ele. Ele não gosta de sapos. – disse sorrindo estonteante.

– Posso vê-la a noite? Podemos cavalgar ou...

– Não posso, noite das meninas e Charlotte me mata se eu não for. – disse já se afastando.

– E amanhã? – disse Jack um pouco mais alto, já que Denny estava longe.

– Vou sair com Henry. – Denny já sumia – Nos falamos depois.

– Quando? – mas a menina já tinha ido.

Jack bufou e andou com passos firmes em direção ao quarto. Denny tinha deixado que ele chegasse perto o bastante para beijá-la, mas Henry tinha que estragar isso, não que tivesse raiva do menino. Sua raiva era inteiriça de Scott. Quando ele chegou ao quarto viu que a porta estava aberta, ele nunca deixava a porta aberta. Jack pegou a adaga que sempre carregava e empurrou a porta silenciosamente. Tinha uma forma estranha sentada em sua cama, mas Jack reconheceu.

– O que está fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

E aí? Quem será?
~AnnHaley



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