O Crime escrita por Dreamy, Teud


Capítulo 5
Pistas


Notas iniciais do capítulo

Escrito e revisado por Mateus Rezende Tebaldi.

Bem, nesse capítulo eu decidi mudar um pouquinho as coisas. Deixei a história um pouco mais... empolgante kkk



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Caro Mestre,

O delegado do comando geral da polícia civil do estado do Rio de Janeiro, Manoel de Souza Lima, que estava prestes a se aposentar, pegou um caso dos grandes. Para o seu azar, ele foi incumbido de investigar a misteriosa morte de Amanda. Enquanto reclamava de quanto o caso era complicado e de como ele queria conclui-lo para dar entrada em seu processo de aposentadoria, eu o ameacei para encerrar o caso como suicídio, e até contei onde estava a arma do crime.

Assim como instruído, a equipe de Manoel encontrou a arma do crime escondida, contendo as digitais somente da vítima, e o caso foi arquivado por falta de provas, pois havia indícios dos legistas que o tiro não havia sido dado por Amanda, e sim por alguém no terceiro andar, e por isso Eduardo é suspeito. Mas as suspeitas em cima de Daniel não sumiram, pois, além de ambos serem próximos, na hora do crime as testemunhas disseram que os dois suspeitos estavam no terceiro andar. Mesmo assim, ninguém viu o tiro ser disparado, e a arma do crime, escondida.

Yuri, um dos assistentes de Manoel, quase descobriu o que estava acontecendo e por pouco me descobriu. Como ele representava uma das maiores ameaças a mim, simplesmente o fiz desaparecer sem levantar suspeitas e usurpei sua identidade. Ninguém percebeu a mudança!

Essa situação foi hilária para mim. Extremamente. O mundo inteiro noticiou sobre isso. Até mesmo o New York Times comentou sobre esse caso e “como a polícia brasileira é ineficiente, para a decepção do mundo, que acreditava que tal nação estava emergindo grandemente e que, antes acreditava-se, iria sair do terceiro mundo daqui há 15 anos”. Eu rachei de rir.

Porém, eu tinha que fazer com que mais ninguém assumisse o caso e ele terminasse por isso mesmo. Com esse intuito, usei de meus maiores favores mundiais, controlando as mídias e apagando o caso em três meses da cabeça de milhões de pessoas. Todavia, o bairro onde Eduardo, Daniel, Amanda e Paola moram não se esqueceu. Ficou como uma cicatriz incurável. Mas eu particularmente não me importo. É até mais divertido assim.

É tão divertido que, quase um ano depois, fartos da incompetência da polícia, manifestantes destruíram o escritório de Manoel. E, com o antigo regime da polícia civil estadual desfeito, eu forjei a morte de Yuri para me livrar de sua identidade.

Estou no ano de 1996. O “bug do milênio” está próximo. Já tomei minhas providências. E, por isso, eu já tenho tudo para garantir nossa sobrevivência e anonimato, meu Mestre Zero. Peço que não responda essa mensagem. Queime-a e tente usar o “novo serviço de comunicação” que logo virá ao Brasil e mundo para se comunicar comigo quando a próxima carta chegar com mais instruções. Obrigado por me mostrar essa bela performance, mestre!

Atenciosamente

Cavaleiro da Morte

Olhando para a carta grotesca, Paola estava de olhos arregalados.

— Onde você achou isso? – Ela questionou.

— Na última gaveta da mesa de escritório do senhor Manoel – Eduardo respondeu. – Estava em baixo da sacola com a arma do crime.

Paola ainda segurava o papel moribundo de tão amassado e mofado trêmula, mas deixou escapar um suspiro.

— Bem, vamos levar a cópia do New York Times, a arma do crime, os dados engavetados e a carta, então? – Daniel especulou.

— Sim... – a mulher confirmou, ainda nervosa.

Eles saíram das ruínas do velho escritório geral da polícia civil do Rio de Janeiro e voltaram para o bairro afastado onde Daniel morava, e Paola e Eduardo estavam hospedados. Todo aquele cenário de investigação começou dois dias depois do check-in de Paola com sua filha no hotel, onde ela o tempo inteiro imaginava uma maneira de investigar o caso. Então decidiu começar dessa maneira, convocando os dois suspeitos para ajudá-la.

Por mais que Eduardo relutasse, os dois acabaram ajudando-a. E ela pediu a ajuda logo dos dois por uma questão óbvia: próximo deles, ela poderia ver se eles eram culpados ou não. E também... estar mais próxima de Eduardo.

Paola se permitiu, de certa maneira, sentir-se atraída por ele. A mulher não tinha problemas quanto a isso, já que era mãe solteira e precisava de um bom marido para cuidar de sua filhinha sem pai. Ela se esforçava de todas as maneiras eliminar Eduardo como suspeito, então nem mais o tratava como suspeito, e sim como uma vítima. Porém ainda relutava em tirar Daniel da lista de suspeitos, já que ele se comportava de maneira estranha, bastante hesitante.

Houveram momentos durante a investigação no escritório abandonado em que Eduardo também hesitou, mas Paola concluiu que ele deveria estar apenas sendo cauteloso. Ele passou por um trauma, afinal. Além disso, eles estavam sozinhos dentro de uma estrutura precária e na escuridão da madrugada. Era realmente perigoso dar um passo em falso e se machucar...

Enfim, quando Daniel achou o caso engavetado na sala dos “Casos Congelados”, e Eduardo, a arma do crime em conjunto da misteriosa carta do “Cavaleiro da Morte”, comemoravam por estarem próximos da verdade. Mesmo assim, Paola se sentia mal. Havia um terceiro suspeito realmente. Alguém que paralisou a ação da polícia com eficiência. Era um profissional. Se ele ainda estivesse vivo e monitorando tudo...

Paola estava chegando a essas conclusões. E enquanto dirigia o carro em direção ao hotel, já tendo deixado Daniel e Eduardo em suas moradias, um frio percorria a sua espinha dorsal. Ela estava morrendo de medo. E, como estava perdida em devaneios, quase bateu o carro em um cruzamento...

O sinal estava vermelho. Pessoas atravessavam a faixa. Ela freou bruscamente ao perceber isso.

E, mesmo assim...

O véu carmim disforme cobriu o seu para-brisa.

Ela havia atropelado alguém.

Paola matou alguém.

Saiu do carro correndo. O trânsito parou na mesma hora. As pessoas, que antes circulavam tranquilamente pelas calçadas e atravessavam a rua, formaram um semicírculo em volta da vítima e do carro. Olhares afiados e acusadores estavam sobre a motorista, que tentou olhar para o corpo inerte da...

Pequena garota assassinada.

Uma poça afogava a garota, que sufocava e soluçava e gritava de dor em seus últimos momentos, com vários ossos quebrados e uma fratura exposta do cotovelo direito, motivo de tanto sangue.

A garotinha estava praticamente morta.

E a culpada era Paola, que apenas observava a menina se contorcer no chão, amaldiçoando o mundo com olhares cruéis. A culpada não podia fazer nada, apenas assistir ao terrível espetáculo mortal.

***

Paola estava saindo de seu quarto de hotel às pressas, puxando a sua filha, Mariana, pela mão.

— Mamãe, mamãe, o que tá acontecendo? Cadê as nossas malas?

— Temos que fugir! Rápido!

Paola iria ser presa. Ela já estava sendo procurada para o julgamento. E, com tal brutalidade, ela com certeza ficaria alguns anos na cadeia.

Mas ela não tinha tempo a perder.

Pelo bem da vingança dela, a mulher tinha que fazer tudo pela sua liberdade.

Mas... como ela conseguiu fugir em meio a tantas pessoas?

***

O evento foi bizarro. Paola não conseguia compreender e aceitar o que se passava na sua frente, mesmo que seja possível descrever. O evento realmente foi bizarro. Mas isso é o que a permitiu escapar.

Um homem com um sobretudo negro, chapéu, máscara na boca e óculos escuros abriu caminho na multidão. Ele não estava na rua há poucos segundos. Simplesmente surgiu no meio da multidão, causando alvoroço e desordem. Ele abriu caminho “normalmente” após surgir e foi até o centro do círculo de pessoas, vendo a garota se contorcer, quase perdendo as energias. Ele tirou os óculos e os tacou na cara da menina sem medir o quanto isso poderia doer – não que ela sentisse dor, mas... – e olhou por frações de segundo na direção de Paola. Ela pôde ver os olhos dourados do mesmo, e o que parecia ser um sorriso formou nos lábios dele. Em seguida, ele fez movimentos rápidos com a boca tampada. Por mais que ninguém tenha percebido, Paola entendeu a mensagem automaticamente.

Corra assim que eu a matar.

E assim ocorreu. Ele puxou uma lâmina de chef de cozinha da gola e a decapitou na frente da multidão.

Paola não quis ver aquilo, então quando viu que ele se agachou em frente à criança e que todos estavam concentrados no criminoso, correu. Correu. Correu o mais rápido que pôde até o hotel. E, por sorte, as pistas estavam em sua bolsa, que ela levou consigo o tempo todo.

***

— ...Então é por isso que você invadiu a minha casa à essa hora?! – Daniel sussurrou, prestes a gritar. Ele ainda estava assustado por ter uma mulher com uma criança às quatro da manhã em seu quarto por motivos estranhos.

— Eu sei que a história parece absurda, mas você pode me deixar ficar por aqui por alguns dias? Pensa na minha filha, coitadinha... Olha, tá até dormindo aqui... – Mariana estava no colo de Paola, que mal aguentava o peso da filha junto da bolsa lotada.

Daniel abaixou a cabeça e pôs-se a pensar. Alternava o olhar entre o chão e Mariana. Fazia isso freneticamente, sem saber o que fazer. Então bufou, derrotado.

— Tudo bem... Vou dar um jeito de esconder vocês aqui. Mas só por três dias!

Paola comemorou com um pulo e, após despejar a filha na cama de Daniel, deu um beijo na bochecha dele.

— Obrigada!

Daniel olhou para ela com olhos esbugalhados e boquiaberto. Poucos segundos depois desviou o olhar daquele belo sorriso irradiante e iluminado pela Lua, gaguejando enquanto fitava a escuridão.

— D-de nada...

Se tivesse mais claro, Paola teria percebido que ele estava corando.

Ela se parece muito com a Amanda, agora que a olhei direito...”, Daniel refletiu.

Mas como ela não olhou direito, isso a fez ficar ainda com um pé atrás de aceitá-lo como uma vítima. Achou que ele estava hesitando mais uma vez.

Pode não parecer, mas Paola é uma mulher calculista. Ela tem provocado tanto Eduardo quanto Daniel nos últimos três dias para saber se eles eram confiáveis ou não. Mas como sua súbita paixão por Eduardo atrapalhava sua avaliação, ela era muito suspeita como avaliadora.

De qualquer maneira, agora ela dependia de Daniel nos próximos dias. E sentia um enorme medo de ser descoberta pela polícia nesse meio tempo ou ser traída por Daniel. Mesmo assim, compartilhou uma informação importante que ela deixou escapar e, do nada, ela concluiu isso.

— Eu já sei quem me ajudou.

— Hã? – Daniel estranhou, confuso pelo assunto repentino.

— Eu me encontrei com o Cavaleiro da Morte.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Que mudança, não? kkk



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