Seu longos cabelos dourados se arrastavam, enchendo se de folhas e terra. Sua cabeça estava abaixada, e os olhos inchados pelas lagrimas silenciosas.

As correntes machucavam seus pulsos, esfolando e fazendo sua pele sangrar. Com os joelhos fracos, ela caiu, chamando a atenção de seus captores. Os homens soltaram um resmungo feroz e andaram ate ela, pondo a de pé com violência. Ela aproveitou os segundos de distração e puxou as correntes com toda a força que conseguiu reunir. A carroça a sua frente tombou com o puxão. Rapunzel então, acertou os homens com as correntes, amarrando os com destreza. Quando os dois brutamontes caíram a seus pés, ela se levantou e balançou a cabeça para afastar o cabelo do rosto. Um sorriso convencido curvou seus lábios ressecados. Rodeando os ela balançou a cabeça ironicamente.

– Tao fortes, mas tão estúpidos. – Sua risada tilintou em meio à floresta escura.

Para ter certeza de que eles não iriam segui lá, ela espalhou seus cabelos em cima dos homens caídos e impotentes.

– Não se preocupem, só vai doer um pouquinho. – Ela disse com a voz baixa e inocente.

Flos et nitor fulgorque vestra virtutem ignis, ut in horologio a ocius,

et non habent quod quid erat reducam,

Quae nocere sanata volunt convertere fata mea.

Ergo pati, quod tamen non est in eos ferre

Após terminar a canção de cura, ela abriu as correntes e se pôs a correr, penetrando mais profundamente no coração da floresta.

Já havia algum tempo, ela descobrira que o poder de seu cabelo funcionava ao contrario, se ela estivesse consumida por raiva ou ódio.

Durante sua infância, uma bruxa, que tinha centenas de anos, a criara, cuidando e protegendo para que ninguém descobrisse seu segredo. Mas aqueles irmãos gêmeos bandidos haviam descoberto e raptaram Rapunzel, com o desejo de se enriquecerem. Eles deixaram a bruxa, que Rapunzel tinha como mãe, quase morta no chão de sua casa.

Os pés de Rapunzel, descalços se arrastavam pelo chão áspero, cheio de espinhos. Ela já não via onde estava indo, somente continuava a seguir em frente, se afastando mais e mais.

Uma caverna, de pedra negra surgiu a sua frente, quando ela estava pensando em render se ao cansaço. Com uma ultima descarga de energia, ela correu ate o lugar e entrou o mais fundo que teve coragem. Ela se deixou cair exausta, enrolando o corpo em posição fetal. Fechando as pálpebras, ela sentiu o sono descer sobre ela como uma pesada parede de trevas.

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Violeta estava inquieta. E entediada. Andando de um lado a outro do quarto, tentava imaginar o que poderia fazer. Já havia terminado suas lições, já havia lido todos os livros que deveria. A lua ia alto no céu e ela imaginou que deveria ser meia noite ou algo assim. Mas ela não estava com sono. Finalmente agarrou um robe, e o colocou por cima da camisola comprida.

Abriu a porta de seu quarto lentamente e escorregou para fora, descendo as escadas correndo.

Ela era a princesa de Aaron, o que fazia seu dia repleto de responsabilidades e proibições. Não deveria sair para as ruas sem dois guardas como companhia. Deveria terminar TODOS os seus deveres antes de ter tempo livre. Deveria estar sempre bem arrumada, penteada e educada com todos a sua volta. Deveria dormir as oito e meia, nem um minuto a mais.

Mas quando a lua alcançava seu ponto mais alto, seus olhos se abriam e ela se sentia completamente desperta. Meia noite era quando ela sentia se mais viva.

Com os chinelos batendo suavemente contra a pedra, ela correu ate a varanda, na parte mais baixa do castelo.

Dali ela podia ver toda a cidade adormecida. Ela sentiu vontade de estar ali, de poder viver como qualquer habitante comum. Mas isso era um desejo fora de suas mãos.

Ela imaginou as aventuras com as quais se perdia por horas, enquanto lia seus livros. Desejou com todas as suas forças que pudesse vive las. Nesse momento uma luz cintilante cruzou o céu, tão rápida que após piscar algumas vezes ela se convenceu de que havia imaginado.

Perdida em sonhos, ela não ouviu os passos se aproximando. Apenas quando, uma voz sussurrante falou em seu ouvido, ela saltou, se assustando, o que fez com que seu rosto desaparecesse por completo.

O desespero fez doer sua garganta e ela se forçou a ficar visível de novo. Seu “poder” como chamavam seus pais, era hereditário. Toda a sua família tinha, mas era também um segredo. Se achassem que eles tinham usado magia para chegar ao trono, isso seria um desastre.

Mesmo com a magia não sendo proibida ou condenada, as pessoas tinham um grande preconceito contra ela.

Devagar, seus olhos se acostumaram ao escuro. O garoto a sua frente a olhava surpreso. Ela tentou concertar, mantendo a voz baixa:

– E-eu, eu não... foi sem querer! Você não pode contar pra ninguém, senão... senão eles... – Ela tentava coordenar as palavras, mas o que saia eram apenas pedaços de frases gaguejadas.

O garoto mudou a expressão de surpreso, um sorriso bem humorado surgindo em seu rosto. Ele assentiu e tentou acalma la:

– Não vou contar nada. Você sabe... isso é incrível! – Ele disse, verdadeira admiração notando-se em suas palavras.

Violeta sorriu, e o reconheceu como sendo o aprendiz de medico e química que viera morar no palácio. Wilbur. Nunca antes havia falado com ele, o que a fez ficar gradualmente mais irritada pelo atrevimento dele de cochichar em seu ouvido.

Endireitando os ombros ela murmurou um boa noite seco e se dirigiu as escadas, deixando o com as sobrancelhas juntas, confuso.

– Sabe princesa, todos precisam de um amigo. - Wilbur disse apenas um tom mais alto, para que ela o escutasse. Ela parou de andar e se virou porem ele já havia deixado o terraço.

Ao puxar as cobertas sobre si, ela refletiu em suas palavras. Todos precisam de um amigo.

Ate que finalmente o sono veio, juntamente com a aurora.

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