Sombrio Limiar escrita por Anwar Pike


Capítulo 32
Torturas na Masmorra


Notas iniciais do capítulo

Mavis nesse, espero que gostem!



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– Tire suas mãos sujas de mim, tire! – A garota de cabelos negros gritava, cuspindo sua raiva no homem que segurava seus braços.

– Ei, calminha aí, você não quer que eu te coloque no sol de novo, não é? – Um sorriso cruel se abriu no rosto pálido do homem. Ele usava um jaleco branco, encardindo em algumas partes. Estava de luvas cirúrgicas, como se estivesse pronto para atender um paciente.

Ele agarrou a garota com mais força e a prendeu com cordas no centro da masmorra. Um amplo espaço escuro e vazio, preenchido apenas por uma mesa de trabalho, algumas prateleiras e uma espécie de cama oculta por algumas cortinas brancas. A escada por onde haviam descido havia desaparecido na escuridão que descera sobre o lugar e apenas o lampião do cientista lançava uma bruxuleante luz a frente.

Mavis estava amarrada com as mãos para cima, em uma corrente grossa de ferro que pendia de algum lugar do teto de pedras. Seus pés, um deles sem o sapato, mal tocavam o solo abaixo de si, o que era um pequeno alivio, considerando que o chão estava coberto de musgo e excrementos de rato.

O homem de cabelos louros prateados caminhava de um lado a outro por suas prateleiras, amontoando tubos de ensaio e potes em seus braços.

Em cima da mesa de trabalho, dispostas em uma organização psicótica, descansavam, aparentemente inofensivos, bisturis e outros tipos macabros de instrumentos para perfurar, cortar e retalhar.

Ela engoliu em seco, sentindo seu corpo chacoalhar com medo.

Apesar de já estar acostumada a essa rotina, Mavis não podia controlar o calafrio sempre que ouvia os passos pesados do doutor ecoarem se aproximando de sua cela. Quando ele a capturara, estava obcecado por respostas. Os experimentos que ele fez na pobre garota deixaram a com marcas irreversíveis. Estava ali há alguns meses, ou pelo menos ela acreditava que eram meses, era difícil saber em sua prisão sem janelas ou presença de qualquer outro ser vivo, a não ser o próprio doutor. E ela não perguntaria nada a ele.

Mas o intrigante era que ele havia parado de fazer os experimentos todos os dias. Ao que parecia, agora só fazia os testes básicos e a mandava de volta para a cela. Ela não aguentava mais. Embora fosse claro que Frank Stein havia perdido as esperanças de encontrar as respostas que buscava, ele continuava a fazer aquilo, uma e outra vez, como algum tipo de diversão doentia.

E Mavis estava cansada disso. Irritada ao ponto de ousar gritar com ele para que a libertasse.

Ainda com as mãos suspensas acima de sua cabeça, ela se lembrou dos acontecimentos que a trouxeram ate esse lugar.

Ela era uma vampira, e por isso vivia afastada da civilização por sua própria segurança. Os aldeões podiam ser tolerantes com magia, mas eles definitivamente não gostavam de monstros, o que incluía lobisomens, dragões, mas principalmente, acima de todos essas outras classes, eles tinham ódio mortal a vampiros.

Ela ate compreendia o lado deles. Afinal quem em sã consciência gostava de chupa-sangues assustadores, andando em cemitérios.

Porem, esse era a única maneira de não ser perturbada por eles. Só que, em uma noite de azar, ela estava distraída lendo as inscrições nas lapides quando sentiu um choque frio percorrer seu corpo. Primeiro ela ficou com raiva, imaginando que fosse um daqueles grupos de humanos que faziam caças noturnas, com o cérebro anuviado pela bebedice entusiasmo insano.

Porque eles estavam vindo incomoda-la? Ela não se alimentava de sangue já fazia três semanas. Seu vestido aveludado e negro como a noite acima foram jogados contra suas canelas quando um vento inesperado a atingiu. Preparando se para lutar e fugir o mais rápido possível, ela tentou se virar, mas descobriu seu corpo paralisado, incapaz de mover nem um musculo sequer. Desespero tomou conta de seu cérebro. O que estava acontecendo? A pergunta ecoava repetidas vezes dentro de sua cabeça, misturando-se a confusão de pensamentos que parecia ter tomado conta da parte de seu cérebro que deveria pensar claramente.

Ela não se lembrava muito do que acontecera depois disso, mas quando finalmente despertou de seu estupor, já podendo mover os membros, se encontrou dentro de uma cela, sem saber onde estava ou o que havia acontecido.

E então, depois de dois dias em isolamento as torturas começaram.

Frank Stein estava com a razão ofuscada pelo desejo de ser imortal. Ele tentara de todas as maneiras imagináveis, as vezes ate considerando dilacerar seu o peito e arrancar seu coração, para introduzi-lo em si próprio. Havia dias que ele abria a janela do teto deixando o sol passar por ela e queimar a pele de Mavis, ate que estivesse em carne viva. Ele gritava com ela, perguntando qual era o segredo para viver eternamente e na única vez que Mavis não implorou por piedade, ela sussurrou, em um tom de voz macabro:

– O segredo... é existir amaldiçoado, para o resto de infindáveis séculos, oculto e vivendo como um monstro para sempre.

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Notas finais do capítulo

comemtem o que acharam! :D



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