O Renascer dos Saiyajins escrita por jdredalert


Capítulo 7
Capítulo 7: Use o Ki! A luta de olhos vendados!


Notas iniciais do capítulo

Chega o momento do último teste de Spark no treino com o Mestre Khan e ele envolve aquilo que o jovem Saiyajin mais esperava: um combate. Mas poderá ele superar seu adversário, jogando nas regras dos Kelfos?



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Capítulo 7: Use o Ki! A luta de olhos vendados!

O restante dos dias da semana transcorreu normalmente no templo. Spark continuava a sua rotina de treinos e, nas horas vagas, passava o máximo de tempo que podia com Lily. Beijos e carícias agora eram algo normal entre eles e Spark havia descoberto que o contato entre duas pessoas poderia ser feito de uma forma diferente – e bem mais prazerosa – que em combates e junto com a Kelfo. O jovem Saiyajin estava certo de que estava vivendo seus dias mais felizes. No entanto, desde o dia no lago, uma coisa pesava na sua mente: assim que completassem os 30 dias de estadia na terra dos Kelfos que o Chanceler havia conseguido lhe comprar ele deveria voltar para casa o que de fato seria um adeus. Não se sentia bem ao pensar em voltar para casa e deixá-la para trás, mas sabia que não pertencia àquele mundo em que fora jogado acidentalmente por seu maior rival. Sabia que ainda precisava cumprir o maior objetivo de sua vida, alcançar o nível de Super Saiyajin e assim provar seu valor aos outros de sua espécie e que ficar lá entre os Kelfos embora estivesse sendo uma experiência única, talvez viesse a atrapalhar o seu maior sonho. Sabia também que não poderia – nem deveria – tirar Lily de seu meio e que ela nunca iria se adaptar a viver entre os Saiyajins na Fortaleza. Só agora percebia o quão grosseiros e truculentos eram os membros de sua raça, e sabia que a amável garota não iria conseguir viver feliz naquele meio e muito menos ser aceita pelos demais Saiyajins. Era triste, ele sabia disso, mas quando viesse o momento da partida, ele deveria ir sem pensar duas vezes. Mas como poderia negar o que se passava em seu coração naquele momento? Foi a pergunta que ele fez a si mesmo, acordado em sua cama, na madrugada que anteciparia o seu último dia entre os Kelfos.

Em meu coração... não sei em que universo que eu iria me imaginar assim, amando alguém... Não... por mais que isso me magoe, mas não é da minha natureza, não é da natureza dos Saiyajins amar os outros. Somos violentos, agressivos e nos transformamos em monstros ao ver a Lua cheia, que revela nosso lado puramente destruidor e assassino. Criaturas assim, como nós... como eu, não tem o direito de amar... Só espero que possa me perdoar, Lily.

Naquela manhã, Spark despertou cedo. Arrumou-se para treinar, com vestes de combate azul marinho e levíssimos sapatos escuros de um tecido resistente desconhecido por ele, além da faixa vermelha que envolvia-lhe a cintura. Enrolou duas faixas menores também vermelhas nos pulsos, para lhe dar firmeza durante os treinos e saiu de dentro de seu pequeno quarto. O sol ainda estava para nascer, o céu estava mudando sua tonalidade do negro característico da noite para um tom de azul ciano, enquanto pássaros anunciavam a alvorada com seus cantos. Ele caminhou, sozinho, por entre os locais que mais lhe marcaram naquele templo. Havia a estátua do ídolo de ouro, assim como os pergaminhos iluminados fracamente pelas velas, algumas delas já haviam chegado à metade. Um daqueles pergaminhos exibia um círculo perfeito, tendo o meio dividido por um traço curvilíneo, similar à letra “S”. De um lado do círculo, estava o preto. Do outro, o branco. Outros dois pequeninos círculos eram presentes naquele curioso símbolo, como uma pequena gota branca do lado preto e vice-versa.

- Isto representa o equilíbrio entre a dualidade, meu jovem. – disse a voz do velho Mestre, que por um momento assustou o Saiyajin, por não esperar que houvesse ninguém acordado naquele instante. Ignorando a reação, ele continuou – Vê... são como duas forças complementares... elas compõem tudo que você conhece neste universo, em perfeito equilíbrio. Sem uma, não pode haver outra. São como a luz e a sombra, o quente e o frio, o homem e a mulher...

- Como o Saiyajin e o Kelfo...? – Spark arriscou, pensando por um momento nele mesmo e em Lily.

- Certamente! Vejo que aprende rápido, meu jovem. Não preciso perder tanto tempo te explicando as coisas.

- Mestre... depois de todo esse tempo que eu fiquei aqui, eu pude aprender muitas coisas com o senhor e com os outros... descobri que o mundo que eu achava conhecer não era nada em comparação ao que é de verdade... mas com isso, acabei descobrindo algo que me fez sentir mal comigo mesmo.

- E o que seria isso que lhe perturba? – o Mestre perguntou, num tom de voz quase paterno.

- É sobre os Saiyajins... depois de tudo que eu descobri aqui, neste paraíso... cheguei à conclusão de que eles são maus. Nós não temos o menor intuito de proteger nada senão a nós mesmos, vivemos apenas para lutar, somos guerreiros... e nada mais.

- Ho, ho, ho! – Khan riu, alisando a longa barba prateada com a mão direita – É certo que os Saiyajins são seres que dedicam toda a sua vida à lutas e batalhas, muitas delas sem o menor sentido para mim... mas julgar a sua própria espécie como ... Diga-me Spark... você se considera mau?

Spark ponderou por um momento antes de responder. Durante toda a sua vida havia apenas treinado com Lenia e, mesmo sofrendo todas as humilhações em sua vida, nunca guardou rancores de sua mestra. Em todas as suas lutas, nunca havia atacado ninguém para matar, e mesmo durante a cilada feita por Asus, onde ele derrotou Gyules com apenas um único chute, ele assegurou-se de não acertá-lo  com muita força para não quebrar seu pescoço. E depois que havia chegado em Himmel, poderia muito bem ter destruído tudo e todos, mas não o fez. Ao contrário, deixou-se contagiar pelo espírito amável daquelas pessoas e cultivou apenas gratidão por eles em seu coração. Com a mente limpa e certo de sua resposta, ele afirmou, quase sorrindo:

- Não senhor. Não me considero mau.

- Pois bem! Então, se não é mau e é um Saiyajin, então os Saiyajins não são maus. Do mesmo  jeito que existe você, Spark, existem outros que também não cultivam a maldade dentro de si entre os Saiyajins. Veja novamente aquele símbolo... o preto é considerado o negativo, mas apenas em comparação com seu complementar, o branco, que será positivo. Mas isso não faz do preto algo ruim e do branco algo bom. São apenas opostos complementares, e este é o princípio básico do universo. Dizer que os Saiyajins são maus e os Kelfos são bons seria ir contra este fundamento. O importante é encontrar o equilíbrio dentro de cada um de nós, e não perder tempo rotulando quem é o bem e quem é o mal.

O Saiyajin não sabia o que dizer. Não tinha o que falar diante das palavras do velho homem, e na verdade ele não queria dizer nada. Aquele pensamento o fez sentir-se aliviado, como se uma máquina gerando 1.000G tivesse sido desligada. Ele sorriu, satisfeito e fez um sinal de reverência ao mestre, abaixando ligeiramente a sua cabeça.

- Venha comigo, Spark. Hoje é o dia em que você completará seu treinamento. Meditaremos juntos até o sol nascer e em seguida, vou prepará-lo para seu teste final, que acontecerá de tardinha, perto do cair da noite. É importante que você mantenha sua mente completamente em paz hoje, para que possa passar neste teste e voltar para casa com seu treinamento terminado. Garanto-lhe que, ao chegar à noite, você vai se sentir um novo homem. Agora vamos, temos um longo dia pela frente.

Spark o acompanhou, sentindo seu espírito renovado pela conversa com o velho Kelfo. Não se atreveu a perguntar qual seria seu teste, pois estava aprendendo lentamente que deveria falar menos e questionar menos as coisas. Ele apenas fez o que lhe fora requisitado e acompanhou o velho homem, até uma grande árvore nos fundos do templo. Lá, sentaram-se em posição de lótus e fecharam os olhos, onde permaneceram durante bastante tempo, e nenhum pensamento ousou sequer passar perto da mente de Spark durante toda a meditação.

* * *

- Vamos logo Simon, ou vamos nos atrasar!!

Spark chamava o seu colega de treino com bastante entusiasmo, quando a tarde deu seus primeiros sinais que já estava chegando ao fim. O Mestre Khan havia insistido que queria ir na frente e deu ordens explícitas para que Spark levasse Simon consigo. No entanto Spark não contava com o fato de Lily querer ir também. Não que a garota fosse atrapalhá-lo, ao contrário. Queria muito sua companhia junto no seu último teste, então apenas a esperou pacientemente. Quando ela veio, estava linda como sempre, usando um vestido curto branco e sandálias cujas tiras se elevavam do tornozelo até a altura das canelas. Seus cabelos loiros estavam presos à um rabo de cavalo.

- Ah, ai está você! – disse Spark, dando um abraço e girando-a no ar – Vamos, temos que ir logo antes que o Mestre se chateie. Ei, alguma coisa errada?

A expressão do rosto de Lily exibia sinais de tristeza, mas no momento que fora questionada, ela fez questão de sorrir, mesmo que sem vontade.

- Sim, está tudo bem – disse ela, soando um tanto artificial, detalhe este que passou despercebido por Spark, mas definitivamente fora notado por Simon – Vamos, você tem razão. O Mestre Khan não gosta de ficar esperando.

- Ele disse que estaria nos esperando no local onde tem a queda d’água do Rio Geluk... – disse Simon, observando Lily com o canto dos olhos – É onde tem um bosque, onde encontramos você Spark. Imagino que já conheça esse lugar.

- Sim, Lily me levou lá. É melhor irmos o mais rápido possível então, aquele lago fica meio distante daqui. Todo mundo pronto para voar rápido? Então vamos nós!!

Spark liberou parte de sua energia, ficando envolto por uma aura clara e, após colocar Lily em suas costas, considerando que ele voaria numa velocidade muito acima da que ela era acostumada e que normalmente ela não o alcançaria, e disparou no ar, velozmente. Simon fez o mesmo, e os três dirigiram-se ao local em silêncio, cada um com seus próprios pensamentos sobre o que lhes aguardaria naquele último teste.

Quando finalmente chegaram acima do lago, viram o Mestre Khan parado, contemplando a cachoeira. Desceram os três e pararam diante do velho Kelfo, que segurava uma faixa preta em sua mão.

- Serei breve nas explicações, até porque não há muito a dizer. Hoje será seu último teste, Spark, e ele será realizado na forma de algo que eu tenho certeza que você estava esperando desde o primeiro dia que chegou ao templo. Hoje você e Simon irão lutar.

Spark bem que tentou, mas não conseguiu disfarçar seu entusiasmo, voltando seu olhar para o guerreiro Kelfo e sorrindo. Sabia o quão forte ele era e estaria mentindo para si mesmo se dissesse que não sentiu vontade de lutar com ele.

- Entretanto – disse o Mestre, aproximando-se do jovem Saiyajin e amarrando a faixa preta em sua cabeça, de forma que seus olhos ficassem perfeitamente vendados – Você vai lutar com ele assim, sem ver.

- Como é? Mas eu não consigo nem mesmo enxergar! Como poderei lutar deste jeito? – protestou Spark, achando aquela idéia inconcebível.

- Ah... Como eu sempre digo, você questiona demais as coisas. Pra que eu te ensinei a sentir o ki de seus adversários?  O importante na luta é você conseguir prever os golpes sentindo a energia de seu oponente, sem precisar necessariamente vê-lo. Lembre-se que seus olhos podem te atrapalhar bastante. Agora eu quero que você se concentre, pois a luta vai começar quando eu autorizar. E esteja ciente que Simon não irá pegar leve com você. Correto, Simon?

- Sim senhor, Meste Khan. – respondeu o guerreiro.

O soldado Kelfo parou diante de Spark, preparando-se para atacar, ignorando por completo o fato do Saiyajin estar parecendo completamente perdido. Simon elevou seu ki e deu um poderoso impulso com suas pernas, saltando em direção a Spark e lhe acertando um chute no rosto que o derrubou no chão. Rapidamente o Saiyajin se levantou, fechando a sua guarda na altura do rosto, mas sem saber nem ao menos para onde deveria se mover. Simon ainda percebia que Spark não estava conseguindo se situar e, aproveitando-se desta situação, o acertou com outro chute, desta vez nas costas, fazendo com que novamente o Saiyajin caísse.

- Concentre-se Spark! – gritou o Mestre – Você aprendeu a sentir ki, aprendeu a antecipar estes movimentos tão simples! Não faça com que todos esses dias de treinamento incessante tenham sido jogados fora!

Spark se levantou novamente, desta vez com a guarda baixa. Lembrou-se de tudo que tinha treinado, lembrou-se de como era a sensação de sentir o ki e de todas as aulas do Mestre. No entanto, permaneceu parado, com os braços baixos, numa posição neutra.

- Ora, se você não vai me atacar... eu que vou!

Tão rápido era o movimento de Simon, ele pareceu desaparecer no ar, ressurgindo às costas de Spark para acertar-lhe outro chute na cabeça. Lily levou as mãos à boca, num grito que morrera em sua garganta. Spark apenas sorriu.

No instante que o chute deveria ter atingido seu rosto, a perna de Simon encontrou uma barreira, o braço do Saiyajin erguido, protegendo-se perfeitamente daquele golpe. O guerreiro Kelfo ainda girou seu corpo no ar, tentando atingir mais uma vez a cabeça de Spark com um golpe na vertical, onde seu tornozelo iria agir como um martelo. Mas novamente ele teve seu ataque frustrado, quando Spark ergueu ambos os braços acima da cabeça, cruzando-os.

Simon saltou para trás e aproveitou-se de sua aterrisagem para ganhar impulso, indo na direção de Spark e desferindo-lhe um poderoso soco cruzado no rosto, que foi defendido com um rápido movimento com o braço esquerdo. Ele insistiu novamente, agora com o outro braço, tentando acertar o peito de Spark, que desviou o soco com sua outra mão e contra-atacou acertando o queixo do Kelfo com seu punho, fazendo-o dar alguns passos para trás, atordoado. Mas recuperou-se logo, partindo mais uma vez para o ataque: rasgou o ar com sua incrível velocidade, saltando e desferindo outro poderoso chute na altura do rosto de Spark, que se agachou no momento certo de evitá-lo. A potência do ataque foi tanta que o Kelfo virou seu corpo no ar, num perfeito giro de 180º antes de pousar no chão, agachado de frente para o Saiyajin e tentar acertá-lo novamente com um soco no estômago. Fora um movimento mais rápido que os anteriores, mas mesmo assim parou na defesa de Spark. Simon então sorriu, satisfeito.

- Meus parabéns, Spark. Você consegue ler os movimentos do oponente com bastante perfeição – disse o guerreiro, posicionando-se de frente para o adversário – Então, vamos lutar a sério agora?

- Estava esperando você falar! – respondeu o Saiyajin, sorrindo de excitação.

Os dois então se concentraram por uns instantes, começando a liberar todo o poder de luta que possuíam. As auras características surgiram ao redor de ambos, e houve um intenso deslocamento de ar no local, fazendo alguns dos animais que estavam ali ainda fugirem assustados. O Mestre alisou sua barba, enquanto observava os dois que ainda liberavam todo o ki que possuíam.

Agora sim eles vão lutar de verdade. Ambos são bastante poderosos, mas se essa luta passar dos limites, eu irei intervir.

- Preparado, Spark? – perguntou Simon, com um sorriso desafiador no rosto.

- Pode vir.

Os dois dispararam em direção um ao outro, num movimento invisível aos olhos de Lily, ressurgindo novamente frente a frente, punho com punho, fazendo o chão abaixo deles afundar tamanha era a pressão do golpe. Saíram daquele impasse saltando para trás, investindo novamente um contra o outro em seqüências de socos e chutes alternadas extremamente velozes, onde era impossível definir quem que estava atacando mais. Os dois defendiam-se de centenas de golpes por segundo, fazendo os sons das pancadas ecoarem por todo o bosque. Tomando distância um do outro, dos dois dispararam uma rajada de energia ao mesmo tempo, que quando se chocaram uma com a outra causaram uma explosão. Spark partiu para o ataque, aproveitando-se da cortina de fumaça que havia sido feita e desferiu um veloz e poderoso soco na altura do rosto de Simon, sabendo que causaria muito estrago. O soldado no entanto provou que também conseguia antecipar muito bem os movimentos de seu oponente, esquivando o corpo para o lado e devolvendo uma joelhada no estômago do Saiyajin que, ao ser atingido, perdeu o fôlego por uns instantes, sendo atingido novamente no rosto por seu adversário. O ataque lhe lançou ao ar, onde ele permaneceu por alguns instantes, à procura de Simon. Não tardou para que sentisse o ki do guerreiro Kelfo se aproximar, onde iniciaram mais um combate em altíssima velocidade por poucos segundos, quando entraram em mais um impasse: Simon segurava o pulso de Spark, que por pouco não lhe atingia um soco no rosto e vice-versa. Spark ergueu o joelho direito, tentando atingir seu adversário, mas foi detido pelo joelho do mesmo. Trocaram algumas joelhadas, cada impacto causava além de um som altíssimo um incrível deslocamento de ar. O impasse terminou quando Spark acertou uma cabeçada em Simon, movimento que ele não estava esperando e, aproveitando-se do seu descuido agiu sem hesitar. Simon levou as mãos ao local atingido, abrindo novamente sua guarda para o jovem Saiyajin que lhe acertou um chute no rosto, mandando-o novamente em direção ao solo. Ainda insatisfeito, deslocou-se rapidamente no ar, ressurgindo no lugar onde o Kelfo iria atingir com a queda e, após entrelaçar os dedos de suas mãos, o atingiu com um fortíssimo golpe, que o mandou para o ar novamente.

“Mas que moleque inpressionante!”, pensou Simon, aproveitando-se da pequenina pausa para poder respirar um pouco. “Então este é o poder de batalha de um Saiyajin? A capacidade de se adaptar rapidamente às situações de combate e criar estratégias? Preciso tomar cuidado, ou posso acabar apanhando feio, Spark não é um adversário a ser subestimado.”

Do solo, o Saiyajin ergueu sua cabeça em direção a Simon, como se pudesse vê-lo através da venda e concentrou uma grande quantidade de ki em suas mãos, disparando em direção ao Kelfo um raio de luz dourada. Simon agiu por instinto, criando uma bola de energia com apenas uma das mãos e lançando-a contra a técnica de Spark, desviando-a por completo de sua rota, ambas energias foram se chocar com uma montanha ao longe.

Simon sabia que seu ponto forte eram os ataques baseados no ki, mas soube reconhecer que o disparo de Spark foi verdadeiramente poderoso e que estaria em sérios apuros se fosse atingido por ele. Valendo-se de sua alta velocidade, aproximou-se de Spark, acertando-lhe a barriga com a lateral do pé, e desferindo diversos socos pelo tronco e rosto do Saiyajin, incapaz de se defender por ter sido atingido novamente no estômago, que ainda estava dolorido. Simon finalizou sua seqüência acertando o peito de Spark com a palma da mão, mandando-o diretamente para a cachoeira, onde atingiu com as costas as rochas ali presentes reduzindo algumas a pó. Seu corpo caiu dentro d’água, imóvel.

O Mestre parecia satisfeito com o desenrolar da batalha, mas Lily estava muito assustada. Nunca havia visto nada parecido com aquilo e seus olhos demonstravam muita preocupação com Spark. No momento que ele caiu dentro d’água, ela gritou por seu nome várias vezes, sendo interrompida pelo erguer da mão de Khan.

- Pare com todo esse barulho. Aquilo não seria suficiente para fazê-lo perecer. Apenas aguarde. 

Simon aproximou-se de uma das margens do lago, esperando que Spark saísse para que a luta pudesse continuar, mas ele não se manifestava. O guerreiro Kelfo aproximou-se mais da superfície da água cristalina, bem a tempo de ver algo dourado se mover em sua direção. O guerreiro Kelfo saltou para trás bem a tempo de evitar um poderoso disparo de energia de Spark, que foi seguido de outro. O segundo também foi evitado no último instante, e quando se deu conta, as duas ondas de energia o estavam perseguindo, aonde quer que ele fosse.

- Mas que?! Ora, que moleque! – gritou Simon, que acertou com uma das mãos um dos disparos de Spark, mandando-o o mais alto que podia. Fez a mesma coisa com o outro, que acertou o cume de uma montanha longínqua.

No entanto, Simon não contava que aquilo fosse apenas uma distração criada pelo jovem Saiyajin, que disparou de dentro d’água como uma bala, parando diante do seu adversário e acertando-lhe uma voadora no rosto, que o atirou longe. No momento que Simon se levantou, Spark já o aguardava à suas costas e, numa velocidade incrível, emplacou uma seqüência de socos altamente velozes no guerreiro e a finalizou acertando com ambos os pés o tronco do mesmo. O corpo de Simon abriu uma grande cratera no chão graças a esse golpe final.

- Pronto, agora estamos quites. – disse Spark, sorrindo maliciosamente.

Simon levantou-se de onde estava, parando de frente para Spark. Suas vestes estavam um pouco rasgadas e seu corpo com alguns arranhões, mas isto não parecia impedi-lo de sorrir também.

- Então durante todo esse tempo você quis apenas me dar o troco? E bolou uma estratégia para conseguir fazê-lo...

- Sim. Não pegaria bem para a minha imagem se eu tivesse tomado uma surra daquelas e não tivesse nem ao menos revidado. – Spark continuava a sorrir – Agora vamos continuar, eu nunca me diverti tanto em uma luta como agora!

Os dois se prepararam novamente, em suas posições de guarda e, ao mesmo tempo desapareceram, ressurgindo mais à frente, um acertando um soco no rosto do outro. Desapareceram novamente, e quando ressurgiram estavam em pleno ar, ambos acertando um chute na cabeça do adversário. Quando desapareceram pela terceira vez, ressurgiram atingindo cotovelo com cotovelo. Os dois saltaram para trás, liberaram ainda mais o ki e investiram de frente um com o outro, como se todos os movimentos tivessem sido cuidadosamente ensaiados. Quando se chocaram, seguraram um as mãos do outro, permanecendo parados, envoltos por suas auras de energia. Simon porém sorria, como se Spark tivesse caído justamente em sua armadilha e, com um rápido movimento soltou suas mãos da do Saiyajin, atingindo-o no rosto duas vezes. Os dedos do guerreiro Kelfo estavam dobrados, como garras e quando atingiram o rosto de Spark causaram pequenos arranhões, assim como rasgos nas roupas do Saiyajin por conta dos demais ataques: raspou ambas as mãos pela barriga de seu oponente, que tentou revidar com um soco no rosto mas este foi impedido por Simon, que segurou seu pulso com firmeza. A mão que estava livre foi diretamente no ombro do Saiyajin, o polegar pressionando num sensível ponto de dor presente um pouco acima do peito, que enfraqueceu Spark a ponto dele não conseguir se defender de um chute na coxa direita e outro no peito, que o arremessou em direção às árvores do bosque, destruindo várias delas.

Quando Spark voltou ao combate, era evidente que ele havia se machucado: além de ter suas vestes coberta de rasgões, seu rosto e seu abdômen sangravam e pela forma como estava andando, sua perna estava doendo bastante.

- Heh... você é muito forte...  – disse Spark, sorrindo – Sem dúvidas, é o primeiro adversário que eu enfrento que é tão poderoso, depois da minha mestra Lenia...  Mas eu não vou me dar por vencido... não, eu ainda tenho um último truque na manga, e ele vai decidir esta luta!

- Um último truque na manga é? – perguntou Simon, erguendo uma sobrancelha – E o que seria este truque?

- Você mal perde por esperar...

O ki de Spark, que havia enfraquecido bastante depois de receber os últimos golpes agora estava mais forte do que antes. Algumas faíscas disparavam de suas mãos, as quais estavam posicionadas para trás, numa postura muito similar à de um Kamehameha. Em seguida, uma esfera de energia acumulou-se no vão entre uma mão e outra, e um ki gigantesco pôde ser sentido por todos os presentes.

- Mas... o que é isso?! – perguntou Simon, incrédulo.

- Quando uma estrela muito grande explode – disse Spark, enquanto concentrava toda aquela energia em suas mãos, que emitia um brilho incomum – ela dá origem ao fenômeno mais belo do Universo... chama-se Supernova. A Supernova emite uma luz centenas, não, milhares de vezes mais forte que o normal, e a explosão de uma Supernova é capaz de varrer tudo ao seu redor. Por este motivo, a minha técnica, que exibe um brilho similar ao de uma estrela que explode se chama Ataque Canhão Supernova!!

Spark voltou suas mãos para frente, direcionando-a para Simon e, sem hesitar, disparou seu ataque. Um raio de energia, de brilho multicolorido rasgou o ar em direção ao guerreiro Kelfo, que teve certeza absoluta que aquele ataque ele não poderia simplesmente desviar com um tapa.

- Então você vai usar sua técnica especial? Ótimo! Mas saiba que eu também tenho um golpe à altura! Receba! – Simon apontou a mão direita enquanto segurava seu pulso com a esquerda e, no instante seguinte, uma esfera de energia se fez, pronta para ser disparada - Skiet Weerlig! *

As duas ondas de energias igualmente poderosas se chocaram de frente, mantendo-se instáveis, sem ceder para nenhum dos dois lados. O ki presente naquele lugar era simplesmente inacreditável, e Lily não pôde conter seu desespero.

- Mestre Khan! Por favor, faça alguma coisa!! – ela suplicava, com lágrimas nos olhos – Isso já não é mais um treinamento! Agora é uma batalha de morte, por favor, pare com isso!

Mas o Mestre Khan apenas observava, sério, a disputa de poderes dos dois. Parecia hipnotizado pelo brilho daqueles dois ataques, apenas alisando sua barba como de costume.

Por quanto tempo eles vão suportar manter esta disputa? E qual dos dois lados irá fraquejar primeiro? Este garoto Saiyajin... ele é mais interessante do que eu imaginava.

Com muito esforço, Spark deu um passo à frente. O seu disparo começou a ganhar força, à medida em que o garoto se esforçava para andar. À cada passo, a grande concentração de ki parecia avançar milimétricamente contra Simon, que agora estava suado e com diversas veias de seu corpo – principalmente cabeça e braços – bastante alteradas. E por mais que se esforçasse, era evidente que o poder de Spark seria vitorioso.

E agora? Se eu for atingido por todo esse poder, com certeza morrerei! Mas não posso permitir que isso aconteça! Se o Mestre Khan até agora não interviu na luta é porque ele sabe que nós dois temos capacidade de nos livrar disso! Só me resta uma alternativa!

Spark deu um terceiro passo, como se a gravidade ao seu redor estivesse pesando mil vezes mais que o normal. A energia avançou ainda mais, mas Simon num último fôlego liberou o que restava de seu ki, em meio a um grito, fortalecendo um pouco a sua técnica e, o que pareceu impossível aconteceu: o guerreiro Kelfo conseguiu desviar toda aquela energia para os céus, que agora subia sem parar, como um belo fogo de artifício que iluminava a noitinha que agora já havia chegado.

Sem forças, ambos os guerreiros caíram. Spark caiu sentado, ofegante, enquanto as duas energias iam se perder no espaço infinito. Já Simon caiu de joelhos, trêmulo, mas sem tirar os olhos do jovem Saiyajin à sua frente.

Que poder de luta monstruoso esse garoto tem... se isso aí me acertasse... com certeza teria sido meu fim mas, ao mesmo tempo... ele não tinha a menor intenção assassina ao usar esta técnica, para ele esta luta é como se fosse uma brincadeira... talvez isso o torne ainda mais perigoso... realmente os Saiyajins são uma raça terrível...

- Bravo! Realmente esta foi uma incrível batalha, meus jovens. – disse o Mestre, se manifestando em fim – Mas temo informar que a exibição terminou. Spark, pode remover a sua venda agora.

O Saiyajin obedeceu, removendo o lenço preto que agora estava bastante esgarçado pela luta e vendo que, além de já estar de noite, Simon e ele estavam num estado deplorável.

- Mestre... eu passei no teste? – ele perguntou, exausto.

- Sim. Você lutou muito bem sem usar seus olhos, meu rapaz. Seu controle com o ki foi simplesmente incrível, igualando-se com o de Simon, que está igualmente de parabéns. Vocês dois se tornaram grandes guerreiros, mas o que vão fazer com estes poderes agora é o que vai determinar se vocês são verdadeiros homens. Mas estejam certos que eu deposito minha fé em vocês.

Spark sentiu-se extremamente alegre, levantando-se rapidamente e se esquecendo de seus ferimentos por um instante. Ele correu até onde estava Simon, com a alegria de um garoto que acabava de ganhar um presente de aniversário.

- Você ouviu isso Simon! Eu consegui, eu passei! – falou ele, estendendo a mão para que o guerreiro Kelfo pudesse se levantar.

Simon olhou diretamente nos olhos de Spark, hesitando a princípio tocar na mão dele. Mas, a despeito de seu orgulho, ele sorriu de volta para o garoto e aceitou a sua ajuda. Só então veio Lily, até os dois, com uma expressão aflita no rosto.

- O que é isso agora hein?! – ela bradou, Spark estranhando pois nunca havia visto ela irritada daquele jeito – Há um minuto atrás era o fim do mundo, com vocês dois querendo se matar! Agora estão sorrindo um para o outro? Vocês querem que eu morra de preocupação?

- Ah, Lily, não esquenta a cabeça! Eu e o Simon não estávamos lutando pra valer, não iríamos matar um ao outro. Afinal, nós somos amigos, né Simon?

Amigos? Então, mesmo eu tendo desprezado ele durante todo este tempo... tê-lo tratado mal e feito questão de diminuí-lo algumas vezes, ele ainda assim consegue me considerar um amigo... quem é esse garoto, afinal?

- Hun, é... sim, claro. Amigos.

- Ora, parem de ficar falando! Vocês estão gravemente feridos! Venham aqui os dois, eu vou curá-los!

Os dois guerreiros não conseguiram se conter e começaram a rir, enquanto uma preocupadíssima Lily começava a tratar dos ferimentos de ambos utilizando-se de sua magia. Mesmo o Mestre, à distância, sorriu para os dois. Mas era em seus pensamentos que ele fazia as suas próprias observações.

Sem dúvidas... este garoto tem um grande caminho pela frente como guerreiro. E também ele será muito importante para o que está por vir no futuro... sim, quando a hora chegar, ele vai ter que provar o seu valor. Mas o que vi aqui hoje, me deu bastante esperança. Talvez tenhamos uma chance... sim, talvez...

* * *

Lenia estava no terraço da Fortaleza, como de costume desde o dia em que Spark havia desaparecido. Todos os dias ela ia para lá, ao cair da tarde, na esperança de ver seu pupilo voltar para casa. Mas nunca havia recebido sequer um sinal. Até aquela noite.

Enquanto estava em sua vigília, o seu rastreador apitou como um louco, indicando com uma seta para a região norte. Lenia observou de longe, bem em cima de onde seria o reino dos Kelfos, algo que se assemelhava a uma estrela cadente brilhante elevando-se aos céus. A marca que aparecia no visor do aparelho era simplesmente impressionante, mas ela não se importava. Aquele era o sinal que ela tanto esperou durante um mês. Sorriu satisfeita e desceu as escadas rumo ao refeitório para que pudesse jantar, como se um peso enorme tivesse caído de suas costas.

Aquele moleque... então enquanto eu estava aqui preocupada, ele estava lá se divertindo com os Kelfos... hmpf, isso é a cara dele...


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Notas finais do capítulo

Olá a todos! Este foi um dos capítulos que me deram mais trabalho para escrever... ora, narrar uma luta não é brincadeira! E é sobre ela que eu gostaria de falar hoje!Um oponente enfrentando o outro de olhos vendados... esta era a luta que eu sempre quis escrever até algum tempo atrás. Então, num antigo trabalho de fanfics do Naruto (era uma série composta por três volumes principais e um especial... mas com a perda do meu computador antigo, eu tenho agora no computador apenas o terceiro volume... uma pena.) eu bolei um personagem que era cego, mas que lutava de igual para igual com os personagens que enchergavam, utilizando-se do chamado "olho da mente" (Alguém disse "Usui,o Espada Sem-Luz" aí? rsrs ). Depois disso, adorei ainda mais escrever lutas com personagens sem enxergar. E eu sabia que deveria introduzir isto nessa fic de alguma forma, mas não poderia simplesmente arrancar os olhos do Spark... então, nada melhor que a boa e velha venda preta. No final das contas, deu tudo certo com a venda (considerando que eu tinha pensado até no Mestre utilizar alguma técnica para cegar Spark momentâneamente...).O ataque especial de Spark, o Canhão Supernova basicamente nasceu do Kamehameha, embora eu tenha visto sem querer meus mangás de Cavaleiros do Zodíaco dando sopa no meu armário e, após abrir o "Episódio G Nº3" me dei de cara com Saga de Gêmeos e sua "Explosão Galática". Foi daí, juntamente com minha pequena queda pelo céu da noite que veio a idéia de me basear no Espaço para poder criar o nome do golpe. Já a técnica do Simon eu deixei a desejar um pouco para mim mesmo na descrição... mas no caso, as palavras "Skiet Weerlig" não foram criadas por mim... trata-se de algo como "Disparo Relâmpago" em uma língua germânica. Vale destacar que os Kelfos tem sua língua própria, mas eu coloco aqui certas palavras ou expressões de línguas de origem germânica associadas a eles, como por exemplo "Himmel", a capital do Império Kelfo, seria "Paraíso" e assim por diante.O retorno à Fortaleza está chegando em breve! Não percam o próximo capítulo!



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