POV Bella

Eu não podia contar tudo pra ele por telefone. Eu precisava de alguém para me ajudar.

Clarinha estava dormindo e seria muito difícil ela acordar. Concordei com Edward que era melhor deixa-la dormindo. Ele viria me pegar aqui em casa, já que, segundo ele, eu não tinha condições de dirigir.

“Sairemos para algum canto, um lugar calmo e você me contará tudo, está bem?” Ele dissera.

Eu me arrumei e fui para a varanda da casa. Eu tinha sorte que ele conhecia o bairro onde eu morava, portanto, não teríamos muito problema.

Seu carro fez a pequena curva que havia perto da minha casa e eu desci da varanda. Já havia pegado as chaves de casa e fui até seu carro correndo quando ele acenou.

– Você está melhor? – ele falou assim que eu me sentei no carro. Eu balancei a cabeça dizendo um não. Eu não sei onde se encontra a minha voz. – Está tudo bem agora, fique calma. Vamos para uma praça que tem aqui perto e lá você me conta tudo, certo? – eu balancei a cabeça novamente, dessa vez dizendo um sim.

Ele foi até a praça, que realmente era perto, e logo descemos do carro. Andamos um pouco e ele parou com a cadeira ao lado de um banco.

– Sente-se e me conte tudo.

Eu respirei fundo e comecei:

– Eu briguei com a minha mãe.

– Por quê?

– Você sabe que quando eu me separei daquele homem – a minha raiva não era contida na minha voz. – Eu voltei direto para a casa dos meus pais não é?

– Eu não sabia disso.

– Pois foi a verdade. Eles haviam me alertado que ele não prestava, mas eu estava cega, Edward. Cega de amor, Edward. – eu senti as lágrimas descendo pela minha face. – Então, quando eu voltei, eu já estava com Clarinha. Eles não aceitaram muito.

– E por que você se separou do Jacob?

– Porque ele era um idiota. Um completo idiota.

– Ele já havia te batido, não é?

– Sim. Até mesmo quando eu estava grávida. Ele nunca perdoava. – eu passei a minha mão pelo meu rosto e ele segurou a outra que estava tremendo. – Eu fugi da casa dele. Eu tive tanto medo que ele batesse na minha filha. Sem contar que ele também não cooperava com o tratamento de Clarinha. Segundo ele, ela deveria morrer. – eu chorei com toda a força. Meus ombros sacudiam.

– Anna é uma criança tão boa. Por que ele achava isso?

– Edward, ele nem mesmo registrou ela. Como você quer que uma pessoa que nem mesmo registrou a própria filha, ame-a? Nunca aconteceria isso. Ponha isso na sua cabeça.

– Tudo bem, agora continue o porquê de você estar chorando quando ligou pra mim.

– Meus pais nunca aceitaram bem a minha filha. Na verdade, eles só me aceitaram de volta em casa, porque eu não tinha outro lugar para ir. E acredite, se eu tivesse outro lugar, eu nunca, eu disse nunca, teria voltado pra lá. – eu respirei fundo e olhei em seu rosto. – Eles tratam muito mal a minha filha.

– Ela não tem culpa de nada.

– Eu sei. E você acha que eu num disse isso a eles? Eu disse milhões de vezes. Mas eles, principalmente minha mãe, não escutaram. Droga. Como eu queria que eles aceitassem a minha filha. – eu limpei as lágrimas. – Ela também é neta deles. Mas, então, eu já não suportava mais.

– Foi por isso que você estava procurando um apartamento hoje?

– Foi sim. Acabou que quando eu fui falar hoje pra ela, ela veio cheia de porquês. Claro que eu disse que não me sentia mais confortável ali naquela casa.

– E o que aconteceu?

– Ela disse que não fazia nada. E eu não me aguentei e explodi. Disse tudo o que ela já fez pra mim e pra minha filha. – eu chorei mesmo. Copiosamente. – Deus, Edward! – fui para mais perto dele e encostei minha cabeça em seu ombro. – Por que isso está acontecendo logo comigo? – ele passou suas mãos pelo meu cabelo.

– Calma, tudo vai ficar bem. Você e a Anna não vão precisar passar por isso novamente – ele beijou meu cabelo.

– Mas por que meus próprios pais não me apoiam? Eu só queria alguém do meu lado, não sabe o quanto me desdobro em mil para fazer a Clarinha feliz e só em pensar que quando ela tiver entendimento das coisas e perguntar pelo pai dela e eu não poder contar me dói tanto. – chorei mais.

– Não se preocupe, eu estou com você. Seus pais não são dignos de ter uma filha e neta tão maravilhosas como vocês, muito menos seu ex. Eu juro Bella, eu vou proteger vocês, mesmo nessa cadeira, eu vou cuidar de vocês – ele prometeu, o que fez meu coração saltar.

– Oh Edward, não queria preocupar você, acho que você tem coisas mais importantes para resolver – falei me desculpando.

– Nada disso Isabella, o bem estar de vocês é mais importante, os meus problemas já estão tão corriqueiros que nem fazem tanto impactos mais – falou baixo.

– Você quer me contar alguma coisa ?

– Acho melhor não – falou sem jeito.

– Edward, eu confio em você e espero que confie em mim também, quando tiver pronto me diga, que eu vou estar aqui – apertei sua mão para confirmar minhas palavras.

– Obrigado, um dia você saberá, mas agora acho melhor você voltar pra casa, a Clarinha pode acordar e acho que sua mãe não vai gostar muito de ir cuidar dela – ele falou e eu assenti.

– Obrigada – beijei sua bochecha, mas ele virou a cabeça nos fazendo dar um leve selinho.

Enrubesci .

Seus lábios eram tão macios e convidativos.

“Para, Isabella, ele apenas virou a cabeça por reflexo, não foi porque ele quis.” - fiquei repetindo em minha cabeça essa frase para tentar esquecer o momento anterior, mas que mesmo com tão pouco me senti viva.

E agora percebo que necessito da sua presença sempre. Edward veio para mudar minha vida e aos poucos já modificou bastante. Por minha filha, por ele e por mim, serei melhor e não deixarei que nada mais me abale, agora sei que tenho alguém do meu lado e que sinto que nunca irá se afastar.

‘’ Às vezes parece que essas paredes vão cair em mim, mas quando olho em

seus olhos, me sinto viva ‘’.

Beyoncé