– Acorda, dorminhoco! – Gritou Santana, enquanto acertava um travesseiro na cabeça de Blaine.

– Santana, o que você está fazendo aqui? – Disse Blaine meio sonolento com a voz arrastada, limpando os olhos com as mãos. – Me deixa dormir.

– Não! Já são sete e cinquenta e dois. Se derem oito horas e você não for tomar café eu vou vir aqui pessoalmente te arrastar.

– Você meio que já está fazendo isso.

– É o meu dever!

– Hoje é domingo. – Protestou o moreno, agora mais acordado.

– Idaí? Que eu me lembre você é príncipe todos os dias da semana.

– Eu odeio ser um príncipe, eu odeio esse reino, eu odeio meus deveres, eu odeio ter que acordar cedo, e principalmente, eu odeio você. – Disse irritado.

– Não, você não me odeia, você me ama! Você só odeia todo o resto, e felizmente você tem a mim para poder sobreviver a tudo isso. – Disse a Latina, em um tom de brincadeira. – De nada!

– Argh... Vou me trocar.

– Se apresse.

~K&B~

– Tudo bem, você precisa me contar tudo A G O R A. Como foi no reino Leste? Como é o príncipe? E o castelo? E os vestidos, os animais, tudo! Preciso de detalhes Britt. – Perguntou Kurt eufórico enquanto se atropelava nas palavras.

Brittany acordou cedo naquela manhã de domingo para correr até seu melhor amigo e contar tudo a ele.

– Kurt, foi incrível! Você precisava ter visto, era enorme! Eu acho que ele realmente é maior que o nosso reino Leste, e a grama é tão verde, e tudo é tão bonito. Eu vivi em castelos minha vida toda, mas aquele lugar era um sonho, nada comparado com o que eu estou acostumada.

– E os reis de lá?

– A Rainha é deslumbrante, ela é tão linda e séria e poderosa, sério, ela é uma mulher incrível. O Rei não falou muito, mas ele me parecia igualmente impressionante. – Disse lentamente, olhando para o nada, como se estivesse revivendo o momento. – E o príncipe...

– Como era o príncipe?! – Perguntou Kurt mais desesperado do que pretendia.

– Ele era lindo Kurt! Ele era praticamente uma versão masculina da Rainha, e ele era tão bem comportado, e educado, um verdadeiro cavalheiro. Mas ao mesmo tempo ele parecia ter uns olhos tão tristes...

– Por que você acha isso?

– Eu não sei, ele parecia preso durante todo o jantar. Demorou pra ele se soltar... E sabe Kurt, eu nasci no meio de todo esse negócio da realeza, é muito dificil ser quem nós realmente somos, e ele me parecia a todo tempo amarrado a Rainha, tentando agradá-la, e eu não acho que ele consiga.

– Eu me sinto tão mal por ele... E por você também, Britt. Pelo menos vocês serão os futuros Reis, ainda tem a chance de mudar as coisas.

– Sim, eu acho...

– Um príncipe de verdade... – Suspirou Kurt sonhadoramente. – Eu adoraria conhecê-lo.

– Por que não vai comigo visitá-lo?!

– Não! Eu não posso.

– Claro que pode! Acabei de ter uma ideia perfeita, meus pais estão em um almoço importante, e ficarão fora o dia todo! Blaine vai te adorar, eu tenho certeza.

– Bla-i-nee... – Kurt enrolou o nome em sua língua lentamente, parando de ouvir o que a loira anunciava animadamente.

– Kuuuuurt, vaaaamos, por favor!

– Britt, eu sou um filho de um lenhador e de uma costureira, eu não posso simplesmente bater no palácio e dizer que eu quero falar com o príncipe.

– Não se preocupe, eu vou com você, você se esconde e eu vou sozinha ao palácio, conheci a Rainha ontem e acho que ela gosta de mim. Então, eu peço para Blaine brincar comigo, e ai eu levo ele pra te conhecer! Não te como dar errado.

– Isso não é uma boa ideia, não quero fazer isso Britt.

– Se você não for eu terei que andar todo o caminho perigoso até o Oeste sozinha. Ninguém sabe se posso cair bater a cabeça e morrer, eu ser sequestrada, talvez me perder pra sempre... Vai ser uma pena pra você se sentir culpado por isso.

– Brittany, você não precisa ir pra lá, fique aqui! Vamos jogar, minha mãe quer te conhecer.

– Não, eu vou ver Blaine... – Disse a loira séria, se levantando e rumando em direção a estrada de terra.

– Britt... – Disse Kurt em meio a um suspiro. – Espera, você não pode ir sozinha. – Correu o amigo atrás da loira.

– Ahh Eu sabia que você viria! – Disse a loira animadamente, soltando um gritinho e agarrando a mão do amigo.

– Só... Fica do meu lado e cuidado. – Disse Kurt sério tentando esconder um sorriso. – Vamos ter de ser muito rápidos. Seus pais podem desconfiar.

~K&B~

– Eu não entendo... Qual a necessidade de eu ter aulas de arco e flecha? – Perguntou Blaine, acompanhado de um bufo irritado, para a amiga que o assistia.

Blaine tomou seu café naquele domingo, e após algumas horas estudando geografia política ele foi dispensando para suas aulas, não tão úteis, de arco e flecha.

– Bom, eu não sei, se algum intruso aparecer no reino enquanto você está relaxando? Você nem precisa levantar para chamar a guarda, é só dar uma flechada na cara dele.

– Eu vou ser um rei, eu preciso ter uma guarda eficiente! Não tenho que me preocupar com intrusos nem nada do tipo, e caso você não tenha percebido, eu nunca tenho tempo de relaxar, eu estou exausto, eu não aguento mais essas atividades.

– Blaine, calma, você anda mais estressadinho do que o normal. E se eu fosse você prestaria mais atenção nessas aulas, parece que nem sabe armar a flecha no arco. Faça direito para não correr o risco de repetir.

Blaine bufou irritado, mas, não respondeu. Ele já estava exausto, o suor corria em gotas pelo seu rosto, e seu cabelo estava emaranhado pela falta do gel, suas mãos estavam tremulas e mal conseguiam segurar o arco, ele não marcaria nenhum ponto hoje.

– Santana! O que você pensa que está fazendo ai? – Os gritos estridentes de Carmen chegavam a longa distância, interrompendo o momento de Blaine e Santana. – Você tem dever a fazer e eu te garanto que ficar de olho no príncipe não é um deles!

– Sinto muito mama, só queria ter certeza de que Blaine não fugiria de suas atividades.

– Blaine não vai simplesmente fugir, ele sabe bem o que tem de fazer e você não é a pessoa que deve dizer isso a ele.

– Tudo bem, me desculpe, vou voltar ao castelo para ajudar.

– Príncipe Blaine. – Disse a senhora agora se dirigindo ao garoto.

– Sim?

– Sua mãe está mandando você subir agora. Você tem visitas.

– Visitas? Eu? Mas ninguém vem me visitar...

– Por favor vossa alteza, preciso que você suba agora, a Rainha lhe aguarda na sala.

– Tudo bem, obrigado Carmen.

Santana assistiu tudo de longe e esperou sua mãe refazer o caminho para segui-la. Antes de enviar um sorriso reconfortante para Blaine.

Blaine subiu em passos calmos, e atravessou a grande porta de madeira, avistando sua mãe, e para sua surpresa, Brittany sentada ao lado dela.

– Sim, mamãe?

– Veja só quem veio te visitar! – Disse a rainha radiante.

– Ei Brittany! Achei que não te veria tão cedo.

– Eu não pretendia vir aqui logo, mas senti tanto sua falta. – Disse a loira calmamente, antes de se levantar e puxar o amigo para um abraço.

– Fico feliz que você está aqui, gostaria de tomar um chá, ou subir para o meu quarto para brincarmos de algo? – Blaine terminou a ultima parte um tanto incerto, ele não sabia se estava autorizado a brincar.

– Na verdade eu estava pensando se podíamos dar umas voltas aos arredores do castelo, eu não conheço realmente o reino Oeste.

– Eu adoraria Brittany, mas não estou autorizado a sai- Blaine nem pode terminar a frase quando foi interrompido por sua mãe.

– Claro filho, isso é uma ótima ideia! Leve Brittany para dar algumas voltas, ela vai amar! – Disse a Rainha em alguns tons mais alegres do que o que Blaine estava acostumado a ouvir.

O moreno estranhou, mas não disse nada.

– Obrigado mãe. – Disse simples. – Só preciso trocar de roupa rapidamente, essa aqui está suja por causa do treinamento, você me espera Brittany?

– Claro!

Blaine se mudou rapidamente para seus aposentos, enquanto a rainha enviou um sorriso agradável para Brittany, que rapidamente foi respondido com maior intensidade.

– Ótimo, faça Blaine se apaixonar pela garota assim como ela está se apaixonando por ele. Ela mal pode ficar um dia longe dele... Quanto mais eles conviverem juntos, mais fácil será organizar o casamento. E eles ainda estarão juntos nas ruas, toda a plebe vai poder assistir este amor crescer. Todos irão querer o príncipe Blaine e a princesa Brittany juntos! – Pensava Martha, mal podendo conter seu sorriso de felicidade. Todos os seus planos estavam seguindo como o planejado.

Brittany esperou Blaine alguns minutos, até que o moreno adentrou a sala com uma roupa limpa, o cabelo ainda bagunçado, arrumado as pressas, e o rosto ainda um pouco suado, mas completamente lindo. O olhar de desprezo da Rainha foi percebido pelos dois, mas igualmente ignorado.

Brittany enrolou seu braço no de Blaine e puxou o amigo apressadamente para fora da sala.

~K&B~

Kurt esperava Brittany sentando embaixo de uma árvore a frente do palácio, tentando se esconder so sol.

Logo ele pode ouvir passos, e avistou sua amiga de mãos dadas com...

Com a pessoa mais linda que Kurt já vira em toda sua vida.

– Kurt! Sinto muito a demora, estava esperando Blaine. – Disse a loira sorrindo para o castanho. – Blaine, este aqui é meu melhor amigo, Kurt. – Disse agora direcionada para o moreno.

Kurt ainda não tinha conseguido tirar seus olhos de Blaine, ele estava hipnotizado pela beleza do garoto, ele era de fato um príncipe, muito melhor do que qualquer outro que o castanho poderia criar em sua mente.

Blaine se sentia igualmente vidrado no menino em sua frente, por um momento ele pensou que Brittany havia encontrado um anjo no meio do caminho. O moreno não acreditava nessas coisas, mas não era possível que este garoto perfeito pudesse ser parte deste mundo não perfeito.

– M-muito pra-prazer, m-meu nome é K-urt Hummel. – Disse Kurt com a voz tremula, ainda um pouco sem ar. Não eram todos os dias que ele falava com um príncipe maravilhoso. – Vim acompanhar a princesa até aqui, estava preocupado com ela percorrendo este caminho sozinha. – Kurt tinha certeza que esta não era a maneira correta de se cumprimentar alguém da realeza, mas nesse momento ele mal se lembrava como usar as palavras.

A voz dele... Blaine podia se acostumar a ouvir esta voz o dia todo, ele não se importaria com as aulas de geografia política se fossem ministradas com esta voz. E estes olhos, Blaine se sentia em êxtase só de olhar diretamente para o garoto a sua frente, ele sentia-se como se a qualquer momento pudesse se afogar nestas piscinas azuis esverdeadas.

– Meu nome é Blaine, muito prazer. – Por impulso Blaine tomou a mão de Kurt e se inclinou para dar um leve beijo nas costas da mesma. Ele sabia que fazer isso com outro garoto era mais do que esquisito, mas ele não se controlou, ele realmente não pensou, ele só queria muito tocar Kurt.

A pele pálida do castanho já tinha sido substituída por um vermelho escarlate, Blaine era um príncipe em todos os sentidos da palavra, Blaine era um príncipe real, bem na sua frente!

Brittany assistiu a interação dos dois meninos com carinho e uma pitada de adoração, mas resolveu falar algo quando o silencio dominou o ambiente.

– Hmm bem... Blaine, onde está Santana?

Blaine levou alguns segundos mirando Kurt para se lembrar de onde estava e o que devia responder.

– A mãe dela chamou-a a pouco, acho que ela não pode sair, pois tem alguns serviços. – Blaine notou o desapontamento instantâneo da loira assim que acabara de responder.

– Puxa, é uma pena. Eu queria que ela fosse conosco, adoraria poder conhecê-la. – disse a loira triste.

– Da próxima vez vou fazer de tudo para trazê-la conosco, prometo!

– Haverá uma próxima vez? – Perguntou a loira animada.

– Eu espero que sim, nunca foi tão fácil fazer minha mãe me deixar sair do castelo.

– Ótimo, vamos começar agora a conhecer cada canto deste reino!

– Ótima ideia. – Respondeu o moreno.

– Kurt sempre me mostra tudo no leste, mas tenho certeza que aqui você conhece melhor, então nos guie para os lugares legais.

– Só não podemos demorar muito porque Brittany tem que estar logo em casa. – interrompeu Kurt.

– Hmm, estraga prazeres – Disse a loira em um tom de falsa irritação para Kurt.

– Claro, talvez possamos simplesmente conhecer a fonte aqui ao lado do castelo, e quando vocês tiverem mais tempo conhecemos mais lugares, eu também não estou acostumado com a região.

O trio caminhou, não muito, através de um pequeno bosque até encontrarem uma bela fonte de águas cristalinas e alguns peixes coloridos saltado sobre ela.

– Meu deus, isso é incrível! Não temos nada parecido no Leste!

A loira correu até as águas, deixando os dois meninos para trás.

Kurt deu um sorriso assistindo a felicidade da loira ao ver a fonte. E Blaine aproveitou para assistir o castanho.

– Então Kurt, de onde exatamente você é?

– Sou do reino Leste, não muito próximo ao castelo da Britt, fico mais afastado do centro da cidade – Disse um pouco nervoso. - Minha mãe é costureira, nós sempre passeamos juntos na cidade em busca de tecidos, não existe ninguém que faça vestidos tão belos quanto os dela; e meu pai é lenhador, ele trabalha bem perto de casa então posso vê-lo sempre, mesmo que ele trabalhe muito. – Disse agora um pouco mais animado, Kurt sempre ficava feliz em falar sobre seus pais, e Blaine adorou essa simplicidade.

– Você ajuda seus pais no trabalho? – Perguntou Blaine curioso. Ele decidiu que gostava de ver Kurt falando.

– Claro, embora ajudar meu pai seja um pouco difícil, as madeiras sempre sujam a minha roupa e às vezes as farpas entram em meu dedo, eu adoro admirar ele enquanto ele trabalha, meu pai é incrível. Minha mãe é tão talentosa, eu tento aprender com ela tudo o que ela faz, mas eu não acho que é possível ser tão bom quanto ela.

Blaine sorriu com o entusiasmo do garoto, e ficou mais algum tempo em um silencio confortável.

– E você Blaine, o que faz? – Perguntou Kurt um pouco curioso, sem ter certeza se deveria ser tão informal assim com um príncipe. – Digo, vossa alteza, eu sei que você tem vários tipos de serviços e deveres, eu mal posso imaginar como deve ser difícil cuidar de um reino, mas o que você gosta de fazer?

Blaine segurou para não soltar uma gargalhada, era engraçado o cuidado que Kurt tinha com as palavras. E na verdade, ele não se lembrava da ultima vez que havia feito algo que realmente gostasse, não desde que sua mãe tirou suas aulas de piano.

– Pode me chamar só de Blaine. – Disse com sua voz gentil. – E bem, eu não sei, minha mãe me obriga a fazer tantas coisas que eu nem sei o que eu gosto, acho que prefiro dormir no meu tempo livre. – Disse ainda, um pouco pensativo.

– Sim, dormir é bom. - Kurt riu da careta de Blaine, ele achava o moreno adorável. – Britt! Cuidado pra não cair na água, você ainda precisa ir pra casa e sua mãe não pode te ver assim! – Gritou Kurt, depois de se lembrar que o mundo real estava a sua volta, e Brittany ainda estava correndo ao redor da fonte.

– Venham aqui garotos! Acho que encontrei um sapo aqui dentro. – Disse animada. – Será que se eu beijá-lo ele vira um príncipe? – Perguntou curiosa.

– Oh, por favor, nem tente isso. – Disse Kurt com uma cara de nojo, enquanto Blaine apenas ria do seu lado.

Os dois garotos se aproximaram da princesa e os três ficaram mais algum tempo jogando conversa fora e brincando um pouco, ninguém precisava notar os mini choque elétricos que Blaine e Kurt sentiam quando se tocavam, e logo eles se sentaram próximos a fonte.

– Britt, precisamos ir. – Disse Kurt ofegante.

– Por que? Ainda é cedo. – respondeu a loira.

– Eu já estou exausto agora, e temos uma longa caminhada até em casa, além disso, seus pais não sabem que você fugiu.

– Tudo bem... – Disse a menina desapontada.

– Oh, é uma pena. – Falou Blaine realmente triste. – Será que você pode voltar?

– Bom, se meus pais saírem eu consigo fugir novamente. – Disse pensativa.

– Ótimo. – Disse Blaine sorrindo agora. – Você vem também, não é Kurt?

– Oh, eu acho... – Disse escondendo um sorriso.

– Bom, estarei esperando vocês. Espero que minha mãe não me impeça de sair da próxima vez.

– Eu falo com ela, acho que ela gosta de mim. – Disse a loira contente. – Blaine...

– O quê?

– Será que da próxima você pode trazer sua amiga? – Disse um pouco corada agora. – Quero dizer... Quanto mais pessoas melhor, certo?

– Claro, vou tentar fazer Santana vir. Talvez ela consiga se esconder ou algo assim, ela tem talento especial para essas coisas.

– Perfeito! Agora precisamos ir, tchau Blaine! – Disse abraçado o moreno, antes de enrolar seu braço no de Kurt. – Até mais!

– Tchau Britt, espero que não demore muito para vir. – Disse alegremente. – Tchau, Kurt. Espero te ver logo. – Disse em meio a um sorriso tímido para o castanho.

Kurt apenas sorriu acanhado, antes de se virar e seguir a estrada com Brittany, com algumas borboletas voando por seu estomago. Blaine voltou saltitante para sua casa, ele mal podia se lembrar a ultima vez que tinha ficado tão feliz em sua vida.