A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 34
A cerimonia


Notas iniciais do capítulo

Com o inicio da cerimonia, começa a terceira e última parte da história. Os romances ainda em aberto, vão fechar e a história entrará num outro patamar, pois os personagem estão no décimo primeiro dia da viagem que dura quinze dias.



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Aproveitando que ainda faltava alguns minutos para o almoço ser servido, Isabel dirigiu-se para Escorpião. Passou por fora das casas, usando o caminho que o próprio tinha ensinado e torcia para que Kamus não estivesse lá.

Como sempre a porta estava aberta, estranhou, mais ainda quando viu as pernas do morador atrás do sofá.

– Miro...?

Aproximou arqueando as sobrancelhas.

– Miro?

O grego estava encostado no sofá, dormindo com a TV ligada.

– Miro. - agachou diante dele. - Miro.

– Sim... - respondeu sonolento, mas sem acordar.

Isa silenciou-se, na certa não tinha dormido a noite e agora o sono batia a porta. Olhando-o atentamente era bem visível as olheiras debaixo dos olhos.

– "Melhor deixa-lo dormir."

Levantou, mas sentiu alguém segurar sua mão. Era Miro com o olhar distante.

– Desculpe, não queria acorda-lo.

– Não se preocupe... - sentou-se melhor. - é muito raro eu conseguir dormir por mais de meia hora sem a ajuda de remédios. Senta.

– Só dorme com remédios?

– Sim. Logo quando voltarmos a vida, antes de usar os medicamentos, ficava dias sem dormir e como consequência tive vários problemas. Ansiedade, streess, comecei a engordar, virei hipertenso... imagina, - sorriu. - um cavaleiro hipertenso.

– Sério?

– Sim senhora Sauni. Fui ao médico e desde então tomo remédios. Não resolveu completamente, mas deixou mais fácil de levar.

– Mas como é isso? Quando dorme de forma espontânea não consegue prolongar?

– Não. Antes do meu sono se tornar profundo eu acordo. Desses anos todos, o máximo que consegui dormir sem remédios foi por uma hora. Fora isso, só com remédios... você não veio aqui por minha causa ou veio? - deu um sorriso perve. - cansou do Kamus e agora me quer?

– Como se eu pudesse cansar do Kamus. - sorriu de volta.

– O amor transforma as pessoas. Conseguiu fazer o francês enxergar o mundo de forma diferente.

– Como assim?

– Ele nunca demonstrou, mas Kamus sempre se sentiu culpado pelas coisas que fez em Hades.

– Mas eram necessárias!

– Nós sabemos que sim. Vamos para o sofá. - os dois acomodaram. - mas na cabeça dele... desde então ficou mais isolado, mais do que já era...

– Ele já me disse que depois que foi trazido de Hades, ele não conseguia se aproximar de você.

– Kamus achava que nossa amizade mudaria depois de tudo. Desculpe, mas seu namorado às vezes é um idiota. - a fitou. - eu com raiva dele?

– Ele gosta muito de você.

– Assim como eu dele. - Miro olhou para o pescoço de Isa, vendo o cisne. - Ele te deu? - apontou.

– Sim.

– Posso ver?

– Claro. - tirou. - isso tem haver com o Hyoga? - aproveitaria a deixa.

– Mais ou menos... - sorriu, examinando a peça. - quando ele te deu?

– Ontem, quando me pediu em namoro. - ficou envergonhada.

– Ele gosta de você Isa. - a fitou. - sinta-se muito amada, pois o seu cisne é o maior e o mais bem feito de todos.

– Maior?

– Venha.

Miro a levou até seu quarto, de dentro do guarda roupa tirou uma pequena caixinha.

– Veja isso.

Abriu revelando uma pulseira com um pequeno pingente em formato de cisne.

– Só tem quatro pessoas que tem esse cisne. Hyoga, eu, Claire e você. Você entrou para o hall das pessoas mais importantes para Kamus. Seu cisne é até maior do que ele deu para Claire anos atrás.

– Por que um cisne?

– Ele gosta. - disse simplesmente. - Kamus tem seus momentos de loucura. Vai entender.

Ela riu.

– Considero o Kamus como um irmão. - colocou as mãos nos ombros dela. - por isso tenho um pedido a fazer: faça-o feliz.

– Pode deixar cunhadinho.

– É assim que se fala. Quer sorvete? Tenho um monte de podre dele para contar. – riu.

o.O.o.O

No escritório da deusa, Rodrigo terminava uns layouts que ela tinha pedido, para um trabalho próximo. Estava tão compenetrado que nem ouviu as batidas na porta.

– Atena? – Shion colocou metade do corpo para dentro. Estava a procura dela, para informar que Nikolai estava examinando Heluane e que Mask recusou-se a ser examinado.

– Ela foi a Gêmeos, mestre. – disse o baiano. – queria ver como está o Kanon.

– E o que faz aqui? – indagou curioso. Normalmente Atena não deixa estranhos em seu escritório.

– Me pediu para fazer uns trabalhos do curso. Como sei algumas coisas estou ajudando.

– Ah... o tal curso dela... – entrou fechando a porta. – ela tem se esforçado muito.

– Saori é uma guerreira. Levar a administração do santuário e de sua empresa, não é tarefa para qualquer um, não é atoa que uma deusa. – sorriu.

Shion achou engraçado a colocação do brasileiro. Vivido o suficiente e com algumas demonstrações julgou que Rodrigo sentia algo mais pela deusa.

– Atena é muito forte e determinada.

– Se eu tivesse cosmo sem dúvida daria minha vida para protegê-la.

– Esse sentimento todo é por causa da série? - a essa hora já estava sentado na frente dele.

– Também. - respondeu com cuidado. Se Shion soubesse de seu verdadeiro sentimento poderia ser um problema.

Shion o fitou longamente. Não precisava entrar na mente dele para saber algo. Aprendera a ler as estrelas, muito mais difícil do que ler a alma das pessoas. Lembrou-se de Sísifo. Ele também tinha atitudes semelhantes de Rodrigo e falava com a mesma devoção sobre ela. E como bem lembrava Atena/Sasha também nutria sentimentos pelo sagitariano. Era possível que nessa nova roupagem Atena/Sasha/Saori descobriria o amor em outra pessoa?

– Diga-me Rodrigo. - a voz ficou mais firme e olhar mais compenetrado. - alguém já te contou sobre o sentimento que existia entre Atena e Sísifo?

– Sim. - respondeu com surpresa. - a própria me contou.

– E o que pensa nesse sentido? Não sei se sabe também, Poseidon a corteja.

– Sei disso também Shion. - o fitou. - tenho a total consciência deles.

– Atena... - levantou, caminhando até a janela. - é considerada a deusa casta desde a Era mitológica. Até a sua ultima vinda, não tinha conhecido o amor. Sempre pautava seus esforços para a paz mundial, nunca desviando desse projeto. E mesmo sabendo que estava levando seu amor a morte, Sasha jamais hesitou. - o fitou. - E Sísifo foi perseverante no seu propósito de cavaleiro até o final...

Rodrigo ouvia com atenção.

– Entende o que quero dizer? Sísifo tinha consciência que o lado deusa sempre viria em primeiro lugar. E ela deixava seu lado deusa sempre em primeiro plano. Acho inimaginável... - começou a andar pela sala. - que Poseidon tenha sorte. Nem como mortal, muito menos como deus. Saori sempre foi taxativa quanto a isso. É bem provável que ela se interesse por outro homem, até mortal - parou na frente dele. - o que quero dizer que o homem que resolver entregar seu coração a ela tem que ter em mente, que apesar de estar num corpo mortal, está relacionando com uma deusa e quando essa consciência precisar ser aflorada, esse homem tem quer ser forte suficiente para abdicar em alguns momentos da presença dela e apoia-la nas decisões. Em dados momentos você vai ser apenas uma sombra. Não significa que ela vai deixar de amar, apenas não pode se dar ao capricho de colocar suas vontades a frente do dever.

O brasileiro pensou bem nas palavras de Shion. Sabia que ele tinha dito aquilo para ele. E que de certa forma, o ariano, queria saber se seus sentimentos eram verdadeiros ou simplesmente encantamento por uma bela moça. Tinha consciência dos desafios que teria, caso a consciência da deusa da sabedoria fosse solicitada. Não tinha cosmo como Sísifo e nem era um deus como Julian, mas faria possível e o impossível por ela.

– Sei de tudo isso Shion.

– E mesmo sabendo, quer trilhar esse caminho?

– Eu não tenho a menor dúvida quanto a isso. - disse resoluto.

Shion sorriu, em outras épocas o relacionamento entre deuses e mortais não eram bem vistos. Hoje, com a paz reinando na Terra, seria falta de consideração, ele tolher a chance de Atena de encontrar a felicidade, entretanto precisava alertar Rodrigo para que nenhum dos dois sofressem no futuro.

– Pois muito bem. - caminhou para a porta. - confio no que me disse e aprovo. - abriu o objeto de madeira, ainda sentado Rodrigo sorria com o aval de Shion. - mas já tem o primeiro teste.

– Qual?

– O vértice. Atena terá que tomar uma decisão. - saiu.

O sorriso morreu na hora. Shion tinha razão. Quando fosse a hora, talvez o lado deusa prevalecesse.

Rodrigo ainda estava mergulhado nesses pensamentos quando Gabe apareceu na porta.

– Realmente estava aqui...

– Oi Gabe.

– O que foi? - notou a expressão triste.

– Nada. - sorriu. - precisando de algo?

– Sim... - deu um grande sorriso. - está na internet?

– Emails, facebooks estão bloqueados. Não imagine a segurança disso.

– E site de músicas?

– Não sei... - meneou a cabeça. - por quê?

– Pode baixar algumas músicas e coloca-las aqui? - mostrou o Ipod de Marcela.

– A Marcela que te pediu?

– Não. - parou do lado dele. - mas é surpresa.

– Gabe...

– Por favor, Rô. - juntou as mãos. - é por uma boa causa, alias ótima causa.

– Se eu me ferrar com Atena, você vai ver. - abriu o site de músicas. - quais quer?

– Essas... - mostrou uma listinha. - não vai se arrepender em me ajudar.

– Assim espero.

o.O.o.O

Paula aproveitando a falta de vigilância de Shion deu uma escapadinha até o jardim da fonte para fumar. Tomou todos os cuidados para que não fosse vista, levando o cigarro a boca.

– "Tenho que ser rápida..."

– Shion precisa saber disso.

A brasileira levou um susto, a ponto de deixar o cigarro cair.

– Mask?? - agora estava em apuros.

– Quer dizer que uma das meninas fumam... - aproximou com seu melhor sorriso. - informação importante.

– Vai contar para ele? - Shion certamente brigaria com ela.

– Pode ser... - ficou pensativo. - se eu ganhar algo, posso fingir que não vi.

– Qual é o preço? - pagaria, tudo que menos queria era a ira de Shion sobre ela.

– Disposta a fazer qualquer coisa?

– Sim.

Mask aproximou dela, parando a poucos centímetros. Paula encolheu, ele faria algo, se fez com Heluane por que não faria a ela?

– Veja o que vai fazer, eu sou a primeira dama. - disse, no intuito de fazê-lo desistir do que faria, mas não percebeu o vacilo que deu.

– Primeira dama? - arqueou a sobrancelha. - do que está falando?

– Na-da. Diga logo o que quer.

De espanto, a expressão do canceriano passou a de um grande sorriso. Lembrou-se que ontem, Shion tinha ido embora do treino na companhia dela e que Julia tinha dito algo sobre os dois, aquilo significava... - está pegando o grande mestre?

– Co-mo?

Ele começou a rir.

– Qual a graça? - indagou irritada.

– Até Shion está pegando alguém... sempre soube que debaixo daquela seriedade tinha algo... agora a espécie dele não vai entrar em extinção.

Paula engoliu seco, Shion ficaria puto quando soubesse.

– Não sei do que está falando...

– Relaxa garota. - enfiou a mão no bolso pegando um maço. - não sou louco de comentar. Cigarro?

Ficou surpresa.

– Pega.- jogou um cigarro para ela. - não vou contar sobre o cigarro, tampouco comentar sobre os que dois fazem em quatro paredes... mas aqui... - aproximou. - ainda funciona?

Paula ficou vermelha.

– Oh... funciona... - sorriu, acendendo o cigarro dele e dela. - isso é bom, agora ele para de implicar conosco. Nada que um bom sexo resolva.

– Ao respeito!

– Desculpe primeira dama. - fez uma leve reverencia. - aproveite o cargo, pois Shion está saindo.

Ela ficou calada, só tragando a fumaça. Todo cuidado era pouco com ele.

– Eu preciso ir. - apagou o cigarro.

– Não tão depressa. - segurou o braço dela. - quero perguntar algo.

– Minha vida e do Shion não lhe dizem respeito.

– Quem disse que quero saber sobre vocês? Mas se não me responder, ele vai saber sobre o cigarro.

– Pergunte.

– Quero saber o nome do cara que bateu na Heluane.

Paula piscou várias vezes. Abriu a boca para fechar, pois não sabia se tinha ouvido direito.

– Como?

– O nome. - a voz saiu fria. - o nome do infeliz.

– Giovanni. - respondeu com ironia.

O italiano a soltou, surpreso com a resposta. Paula o fitava com sarcasmo.

– Antes de mim... - a voz saiu mais humilde. - quem foi?

– Para que quer saber? Vão unir forças?

– Só quero saber.

– Vá se ferrar! E se quiser contar para o Shion fique a vontade.

Paula deu as costas saindo. Mask caminhou lentamente sentando num dos bancos.

o.O.o.O

Ao termino da reunião, Marin seguiu para o alojamento das servas, dar as ultimas ordens. Gabrielle, que estava no corredor, depois de incumbir Rodrigo na tarefa, foi atrás dela.

– Marin!

– Gabe? - a japonesa parou.

– Será que podemos conversar? É importante.

– Claro.

A amazona a conduziu para uma das varandas externas do templo.

– Prometo que serei rápida, pois deve está ocupada.

– Não se preocupe.

Houve um silencio. E era constrangedor. Marin fitava a garota. Ela tinha sido o pivô do termino do seu casamento, uma menina. Que não tinha passado nem pela metade das coisas que ela tinha passado. Não tinha visto uma guerra. O certo seria ter raiva dela, mas não tinha. Ao contrario, tinha até certo carinho, pois agora podia ver o tanto que ela gostava de Aioria.

– Diga Gabe.

– Espero que me perdoe. - a fitou para em seguida abaixar o olhar. - juro que não queria separa-los, mas aconteceu. Tentei não me aproximar de Aioria, mas...

– Não tenho raiva de você Gabe. Nem posso, pois eu também traí o Aioria.

A brasileira a fitou.

– Mais cedo ou mais tarde, nosso enlace tardaria ao fracasso. Ficamos tanto tempo juntos, pois não tínhamos outras perspectivas e então nos agarramos a ideia de ficarmos juntos, mas quando vocês chegaram... não sinta culpada por tudo que aconteceu. Estou feliz com o Fernando assim como espero que seja feliz com o Aioria. De coração.

– Não está magoada comigo?

– Não. - sorriu. - espero sinceramente que sejam felizes.

– Obrigada. - sentiu o peso desaparecer. - também espero que sejam felizes.

– Amigas? - a amazona estendeu a mão.

– Sim. - retribuiu o gesto.

o.O.o.O

Mask soltou a última fumaça. Se dependesse das amigas nunca saberia o que Heluane passou no passado. Olhava distraidamente para o jardim quando viu Juliana. Os lábios formaram um grande sorriso, pois ela era a "mulher" de Shaka.

Ju tinha saído para respirar ar puro e pensar nas palavras do indiano.

– Juliana.

A garota assustou-se ao ouvir seu nome ainda mais por quem.

– Oi.

– Sente e me faça companhia. - apontou para o banco.

– É...

– Eu não vou fazer nada. Só quero conversar.

Não tendo alternativa, Ju sentou ao lado do italiano. Ele apagou o cigarro, dissipando a nuvem de fumaça.

– Como Shaka tem passado?

A brasileira corou na hora.

– Não sei...

– Shaka nos contou que passou a noite com ele. - referia-se ao dia da bebedeira.

– Contou? - o fitou com a face vermelha.

– Sim. Disse que fizeram sexo selvagem. - inventou só para ver a cara dela, pois não sabia da noite do chá.

– Ele disse isso?? - engasgou. - teve coragem de contar?

Mask arqueou a sobrancelha. Do que ela estava falando?

– Contou... - murmurou ainda no espírito da brincadeira.

– Não imaginava que ele fosse contar para vocês... - queria enfiar a cabeça num buraco, tamanha vergonha. - contou tudo? Até da cerimônia do chá?

– Que cerimônia? - agora que não estava entendendo nada.

– Eu fiz a cerimônia de chá para ele e depois...

Giovanni franziu a testa, do que ela estava falando? O indiano não tinha era bebido? A mente clareou na hora. Havia se lembrando de que Aioria tinha comentado que Shaka estava montando algo no jardim das arvores gêmeas.

– Então foi no jardim?

– Sim... - abaixou o rosto.

A dedução veio rápida.

– Você transou com o Shaka ontem??? - levantou, com os olhos arregalados.

– Ele não disse? - estranhou a reação.

– Shaka não é virgem mais...

– Não disse que ele contou para todos?

– Contou sobre o caso da bebida, não do chá, não que vocês... - a fitou com um sorriso perve. - então o buda loiro não é mais virgem...

Ju ficou roxa. Então ele não sabia de nada e ela tinha acabado de contar? Shaka a mataria por isso.

– Garota você merece um premio! O que tentamos fazer em vinte anos você conseguiu em dias! Até pensei que o treco dele não funcionava mais... Eu preciso dar essa noticia.

– Não! Por favor, não. - Ju nem o olhava. Por que todas as situações constrangedores tinham que ser com ela? Castigo? - por favor, Giovanni.

– Mas é... como diz o Dite, um babado fortíssimo, não posso reter apenas para mim. Tem noção das coisas? Shaka não é virgem mais! Ele se rendeu aos prazeres da carne.

– Por favor... ele vai ficar bravo comigo e ficar pensando coisas erradas de mim. Foi tão difícil faze-lo me perdoar pelo dia que chegamos, que diante disso ele nunca mais vai olhar na minha cara.

Mask arqueou a sobrancelha.

– Você gosta dele?

– Sim... apesar da recíproca não ser verdadeira...

Gio passou as mãos pelos cabelos platinados, voltando a se sentar.

– Shaka é meio complicado... meio não... todo... um homem de trinta e dois anos sem meter não tinha que ser normal.... ops.. desculpe o termo.

– Tudo bem. - nem ligou, pois sua preocupação era a noticia se espalhar.

– Não devia, mas vou fazer o que me pediu. Vou ficar na minha.

– Sério? - o fitou surpresa.

– Sim, japa. Vou deixar o Shaka contar a novidade.

– Obrigada Giovanni. - sorriu.

– Eu que agradeço.

Ju ficou sem entender.

– Sempre quis que Shaka saísse do pedestal dele e tivesse uma vida normal. Você está proporcionando isso a ele.

Ficou ainda mais surpresa.

– Gosta do Shaka? - indagou achando o fato curioso. Máscara da Morte mostrando empatia por alguém?

– É um porre, mas é meu amigo. Tenho muito respeito por ele. - colocou a mão nos cabelos negros. - cuida bem dele.

o.O.o.O

Paula subia as escadas furiosa em direção ao seu quarto, aquele italiano era um completo idiota.

– Paula?

Só depois de muitos chamados é que percebeu que estava na presença de Helu e Marcela, no corredor.

– Aconteceu alguma coisa? - indagou a fluminense.

– Aconteceu! Se chegar perto daquele idiota eu mesmo te mato!

– Que idiota? - Marcela arqueou a sobrancelha.

– Giovanni.

– O que ele te fez??

– Me ameaçou entregar para o Shion caso eu não falasse o nome daquele outro infeliz.

– Afinal de contas do que está falando? - a paulista escorou na parede.

– Estava fumando lá trás e ele viu. Disse que não contaria a Shion sobre o cigarro, caso falasse o nome daquele seu ex namorado...

Helu arqueou as sobrancelhas.

– Para que ele quer saber?? - Marcela esbravejou. - vai juntar com outro para terminar o serviço? Eu acabo com ele!

– Também não entendi. - Paula cruzou os braços. - dei uma nele e ficou calado.

– Por que ele perguntou isso...? - Helu não conseguia entender.

– Porque ele é um louco psicopata! - exclamou a paulista. - se ele chegar perto de você, vou correndo contar para Atena.

– Ele não vai chegar perto de mim. Ele até me evita.

– É bom mesmo! - disseram ao mesmo tempo Paula e Marcela.

Heluane não disse nada, mas ficou curiosa com o fato.

– Onde estavam? - indagou Paula.

– Atena chamou aquele doutor para examinar a Helu. Certificar que tudo está bem.

– Não sente nada mesmo? - a paraense fitou a amiga.

– Não... mas ele disse para eu ficar atenta. Mas estou bem.

– Para compensar, vamos beber todas hoje. - disse Marcela. - deve ter até champanhe.

– Vamos chapar todas. - Helu se animou.

o.O.o.O

Suellen preparava uma sopa para Kanon, o cavaleiro estava no quarto descansando depois da febre alta. Logo após a conversa com ele, retirou-se para a cozinha, para pensar e recarregar as próprias energias. As ultimas horas tinham sido difíceis e jamais imaginou-se passar por elas. A tentativa de suicídio do Saga, o descontrole de Kanon e depois sua febre foram capazes da abalar a tranquilidade da brasileira. Ficou pensando como seria se ficasse no santuário. Desejava permanecer ao lado de Kanon, mas teria forças suficientes para lidar com o dia a dia? Percebia que aos poucos o marina dava sinais de esgotamento. Mais um problema com Saga e Kanon cairia de vez... realmente queria aquilo? Trocaria sua vida relativamente tranquila em Recife, por uma vida repleta de percalços? E será que Cristiane tinha consciência do peso que seria um relacionamento com o geminiano?

– Suellen? – Saori tinha chegado a porta. – desculpe...a porta estava aberta...

– Tudo bem Saori. Veio ver o Kanon?

– Sim... – a deusa notou o tom de voz da brasileira. – está tudo bem?

– Sim. Kanon está bem.

– E você?

– Estou bem...

– Pode me dar um copo de água?

– Claro.

Saori aproveitou a deixa para sentar, era notável o estado de Suellen. Rapidamente a brasileira preparou o copo.

– Obrigada. Senta um pouco.

Su não rejeitou o convite. Estava cansada. Apesar de ter dormido a noite inteira, os músculos estavam tensos, a cabeça também doía um pouco. Saori tomou todo o liquido e depois de deixar o copo sobre a mesa, tomou as mãos da brasileira entre as suas.

– Você se preocupa muito com ele não é?

– Preocupo... – soltou um suspiro desanimado. – Kanon está no limite. Ontem, achei que ele fosse ter um treco. Até disse que se matava. Eu fico sem saber o que fazer. Quero ajudar, mas não sei como...

Saori deu um leve sorriso. Estava na cara que Suellen gostava de Kanon e que sofria junto com ele. Sentiu um desconforto, como faria se a barreira abrisse? Seria justo Saga e Kanon perderem as duas? Já tinha notado que outros cavaleiros também tinham se envolvidos com as garotas, Mu, Ricardo, Aioria, Dohko, Kamus e até Shion! Como os separaria? Logo agora que seus santos tinham descoberto um lado novo na vida? Até ela tinha descoberto esse novo mundo, ao lado de Rodrigo. Voltou o olhar para a jovem a frente.

– Sei que se sente perdida. Eu também me sinto assim, pois sou uma deusa e não sei como ajuda-los... mas você... – segurou ainda mais forte as mãos dela. – Kanon encontrou em você um porto seguro, diante de tantas tribulações. Sei que é difícil, mas peço que continue do lado dele e não desista.

Suellen ficou surpresa com as palavras da deusa.

– Saga precisa da Cris assim como Kanon precisa de você. Continue do lado dele, é um pedido meu e... – Suellen notou as feições de Saori ficarem mais sérias. – meu também. – a voz saiu mais imperativa.

– “Atena?” – pensou surpresa.

– Meus guerreiros merecem serem felizes. Confio em você.

– Obrigada pela confiança e não se preocupe não vou sair do lado dele.

– Agradeço. – levantou. – ele está acordado?

– Sim, pode ir lá.

Atena ainda trocou um olhar confidente com a brasileira antes de seguir para o quarto de Kanon. Encontrou-o sentado na cama, com o olhar vago.

– Atena. – foi para levantar...

– Não há necessidade Kanon. Posso me sentar?

– Claro. – ajeitou o lençol que estava desarrumado.

– Você está bem? – o fitou.

– Estou. Foi só uma leve indisposição.

– Fiquei preocupada, sorte que a Suellen estava ao seu lado.

– Ela tem sido um anjo na minha vida. – sorriu. – disse que ajudaria com o Saga.... se no episodio de ontem ela não estivesse comigo, nem sei de mim... – abaixou o rosto.

– Você gosta dela?

– Gosto.

– Estou dizendo de uma forma mais profunda.

O cavaleiro ergueu o rosto na hora, fitando a face da deusa. Segundos depois abaixou o olhar, constrangido, pois sabia que Atena já conhecia a resposta.

– Ela vai embora Atena. Eu não quero ter que me separar dela.

– Por isso não quer admitir seus sentimentos? – o fitou ternamente.

– Sim. Tento ficar distante. Não misturar amizade com amor. Ela vai me esquecer quando passar pela barreira. Como eu fico? Saga com tantos problemas e ainda os meus? Eu não consigo carregar tudo.

– E o que pensa em fazer?

– Deixar as coisas como estão.

– Sabe que ela gosta de você. – não indagou, era uma afirmativa.

– Eu sei...

– Kanon. – pegou nas mãos dele. – sei que tem boas intenções em não querer se envolver com a Suellen, mas é realmente isso que quer? Perder a chance de viver um romance? Não já sofreu demais?

O marina ficou em silêncio, absorvendo os dizeres da deusa.

– Dê uma chance a vocês. Pense nisso.

– Obrigado. – o cavaleiro beijou as mãos dela. – obrigado por tudo Atena.

o.O.o.O

Sheila andava de um lado para o outro. Estava nervosa, pensando na nomeação de Aiolos. Se ele como cavaleiro era aquele poço de insegurança, quando assumisse o controle do santuário suas chances terminariam. Respirou fundo, saindo do quarto. Faria sua última tentativa. O beijo que ele lhe dera na noite anterior deveria significar alguma coisa. Desceu apressada as escadarias, ganhando a entrada do templo. Resolveu passar por fora de Peixes, para que ninguém atrapalhasse sua motivação de encostar o grego na parede.

Passaria direto por Aquário, quando avistou o francês. Kamus lhe viu, vendo aí uma oportunidade para conversar com ela.

– Bom dia Sheila.

– Oi Kamus.

– Será que podemos conversar?

– Agora? - estava decidida a ir para Sagitário.

– É importante. É sobre Aiolos. - foi direto ao ponto.

A paulista ficou surpresa, o que Kamus tinha a dizer? Ele a levou para o interior da casa, acomodando-a na sala.

– O que tem o Aiolos? - perguntou logo de cara, estava curiosa.

– Quero seja sincera comigo. - não sentou, ficando de pé na frente dela.

– Serei.

– O que sente na verdade por ele?

Sheila ficou perplexa. Jamais imaginou que Kamus faria aquele tipo de pergunta. Pensou em mentir, mas a expressão do aquariano não permitia isso.

– Eu gosto dele. - disse por fim. - mas detesto a insegurança. Ele não toma atitude.

– Quanto é o seu gostar por ele? É simplesmente uma atração ou envolve sentimentos sérios.

– Envolve sentimentos.

O aquariano silenciou-se por alguns segundos, pensando no que tinha ouvido.

– E quando diz que vai agarrar Afrodite ou o Sorento, está querendo o que?

– Eu... - nem sabia o que dizer.

– Sei o quanto a insegurança te afeta, a Isa me disse isso e...

– Me afeta muito Kamus. - cortou-o. - Aiolos salvou Atena, quer demonstração melhor do que essa? Por que a insegurança? Se o mundo está em paz agora é graças a ele.

– Ele não pensa assim e quando encontrou uma garota por quem se apaixonou ela joga na cara dele que é um garoto e que quer outros homens. Sheila, nós estamos acostumados a batalhas e não ao amor. - silenciou. - Aiolos não toma atitude porque ele não sente firmeza em você. Ele já te acha, como diz Miro, "muita areia para o camiaozinho", ainda fala publicamente que vai se jogar para o Afrodite, ele recua.

– Então quer dizer que tenho que esperar até que ela decida. Eternamente... - disse entediada.

– Só acho que tem que chegar perto dele e dizer o que realmente sente. E tomar a decisão: ter paciência com ele ou partir para outra.

Sheila o fitou incrédula.

– Por que eu sou a culpada??

– Não disse isso. Só quero o melhor para o Aiolos, assim como você quer o melhor para suas amigas.

– Olhando por esse lado...

– Faça isso o mais rápido possível, pois se Aiolos começar a fantasiar demais e a insegurança dele aumentar, pode dizer adeus para algum relacionamento. Se ele desistir de vez, não há futuro para vocês.

A paulista franziu o cenho, Kamus não estava falando sério, ou estava?

Depois de ouvir aquilo, desistiu de ir a Sagitário. Subindo as escadarias de volta, veio pensando no que faria.

o.O.o.O

Depois de deixar Heluane na cozinha, Marcela foi atrás de Juliana. A paulista não tinha contado todos os detalhes da noite com Shaka e estava curiosa. Julgou que ela estivesse ido para a casa de Virgem, indo atrás sem se importar se "atrapalharia" o casal.

Descia pelas escadarias de Peixes, passando pela lateral. No trajeto ficou se perguntando por que para chegar ao templo tinham que batalhar com os cavaleiros de ouro se simplesmente poderia dar a volta? Tentando encontrar uma explicação lógica chegou as escadarias que levavam a Aquário. Não escondeu o sorriso ao ver, alguém subindo. Os cabelos estavam soltos e não usava o sari e sim uma calça de moleton com uma camisa amarela. Os olhos estavam fechados.

– "Se ele cair eu vou rir." - pensou.

Shaka percebeu a presença dela, mas não ligou. Estava preocupado com a noite anterior.

– Oi Shaka. - sorriu.

– Oi. - respondeu passando direto.

– Posso fazer duas perguntas?

O virginiano parou olhando para trás.

– Pergunte.

– Por dizem que só pode se chegar ao templo enfrentando os dourados, se a pessoa pode dar a volta?

– Por que só as pessoas sem cosmo conseguem ver a passagem que existe entre a casa e o rochedo.

– Mas e vocês?

– Somos os donos das casas.

– Ah... a outra pergunta é sobre seus olhos. Realmente consegue andar sem tropeçar?

– Sim. Foram anos de treinamento.

– Então no inicio saia batendo nas coisas? - deu um sorriso.

– Sim. - lembrou-se dos vários roxos na infância. - algo mais?

– Não.

– Miro está em casa. - disse subindo.

– Quem disse que estou indo para escorpião? – indagou indignada.

– Não é o obvio? Miro corre atrás de você, você corre atrás dele, então... - aquilo era lógica.

– Eu não corro atrás dele! Vê se vou querer alguma coisa com aquele idiota!

Shaka franziu o cenho. Já não entendia mais nada. Se Marcela e Miro não se "gostavam" então o que era o relacionamento deles?

– Seu relacionamento é baseado só no sexo?

– Como? - ficou vermelha. - não é nada disso caralho! Nunca tive nada com ele!

– Hum... então foi só uma fase. - murmurou, já conhecia a fama do grego. - ou um disfarce para dar um tempo no alojamento das servas... - disse para si, mas alto suficiente para Marcela ouvir.

– Miro anda indo no alojamento?

– Deve voltar a ir, já que não faz sexo com você. E para ele sexo é muito importante...

– Eu mato aquele cretino! Eu arranco o pinto dele fora! - o sangue ferveu.

O indiano a fitou sem entender. Mu tivera uma reação semelhante a de Marcela, por conta de Ester. O que significava que o ariano tinha ciúmes, palavras ditas pelo taurino. Sendo assim Marcela estava com ciúmes de Miro, mas ela mesmo havia dito que não gostava dele.

– Desisto de tentar entender. - voltou a subir as escadas. - ah.. a Juliana está no templo?

– Está. - deu meia volta subindo, o humor dela tinha acabado. - vou com você.

Shaka deu nos ombros. Os dois subiram em silêncio. No pátio do templo, acabaram por encontrar com a oriental. Marcela passou direto.

– Shaka... - Ju estava sem graça e nem o olhou.

– Oi. - disse um igualmente corado.

– Vai ver Atena?

– Na verdade é você... - odiava aquela situação em que não sabia o que fazer.

– Eu? - o fitou.

– Sim... - abriu os olhos para vê-la melhor. Ju prendeu a respiração ao ter aquele azul céu fitando-a. - será que depois da cerimônia podemos conversar? Eu tenho dúvidas...

Ela sorriu.

– Claro Shaka.

– Eu te procuro... bom... vou indo, pois preciso me preparar.

– Tudo bem.

O cavaleiro levou o olhar para a boca dela e não se conteve. De forma desajeitada a tomou nos braços beijando-a. Juliana ficou bastante surpresa pela iniciativa.

– Ora, ora...

Shaka separou na hora, olhando assustado para o lado onde ouvira a voz. Encostado numa pilastra Mask trazia um sorriso nos lábios.

– Tchau Shaka. - Ju saiu rapidinho para não constranger ainda mais o virginiano.

Mask esperou ela entrar, para aproximar do virginiano.

– É desagradável ficar vigiando as pessoas.

– Eu não estava vigiando, estava passando quando vi vocês dois, resolvi ver.

– O que faz aqui?

– Atena se preocupa demais... me chamou para o Dr. Nikolai me examinar. Disse que é por conta da fumaça. Balela.

– Deveria seguir as ordens dela do que ficar vigiando os outros.

– E perder o beijo?

O indiano o fitou atravessado.

– Por que essa cara Barbie, - passou o braço pelo pescoço dele. - não fez nada de errado. Alias... - fingiu examinar a cara dele. - está com cara de alguém que fez sexo.

Shaka arregalou os olhos.

– O que?? Isso é perceptível?

– Seu cosmo está vibrando diferente. Quem foi a contemplada que abriu a fábrica do prazer? – queria rir, mas não podia dar o alarme que sabia da história toda. Despertar a ira de Shaka? Não mesmo!

– Ninguém...

– Não tenha segredos para um amigo Shaka! Quem sabe posso te ajudar?

– Jura por Atena que não vai contar para ninguém?

– Juro. - pôs a mão atrás cruzando os dedos.

– Eu e a Juliana... - a voz saiu num sussurro. Em tom confidencial Shaka contou ao canceriano tudo que tinha acontecido. - eu não sei o que fazer agora.

– Hum... - passou a mão pelo queixo. - parece que não é só sexo... você gosta dela também.

– Acho que sim.

– Posso te dar uns conselhos? - queria ensinar a Shaka a melhores sacanagens, mas ele era "puro" demais para entendê-las. Deveria ir devagar.

– Depende do que for falar.

– Vou dizer coisas sérias. Vamos descendo.

Os dois desceram. Shaka ouvia atentamente.

Na hora combinada, todas as meninas reuniram-se com Atena. O almoço foi servido e em seguida elas seguiram para o quarto da deusa para aprontarem. Shion ficou de auxiliar Fernando e Rodrigo. Os cavaleiros fecharam-se em suas casas. Na enfermaria, uma enfermeira tomava conta de Saga.

No quarto de Atena, as meninas ficaram maravilhadas com as vestes providenciadas pela deusa, assim como os acessórios, maquiagem e cabelos. Tudo seguiria aos moldes da sociedade grega antiga.

As duas horas em ponto, o elevador que ficava atrás do templo abriu dando passagem a duas figuras. Kanon, trajando sua armadura de dragão marinho aguardava-os.

– Sejam bem vindos ao santuário de Atena. - disse fazendo uma reverencia a uma das figuras.

– O prazer é todo nosso Kanon.

– Por favor.

O grego escoltou as duas pessoas até o interior do templo, levando-os para a sala de estar.

Nos andares superiores...

Saori consultou o relógio, vendo que marcava as duas.

– Sempre pontual. - disse ao sentir dois cosmos. Olhou para as meninas, as únicas prontas eram Sheila e Suellen.

– Sheila, Su. - chamou-as.

– Sim Atena.

– Me fazem um favor?

– Claro.

– Vão até a sala de estar e vejam com Kanon se precisa de algo. Mandei duas servas servirem um lanche, se puderem ajuda-las.

– Tudo bem Atena. - disse Sheila, imaginando o porquê de Kanon está no templo.

Foram cumprir as ordens. No trajeto pararam duas vezes para se admirarem no espelho, pareciam as pitonisas de Apolo.

Sheila na frente abriu a porta, arregalando os olhos. Suellen atrás teve a mesma reação.

Kanon estava de costas para elas. A pernambucana ficou encantada ao ver o geminiano. Era a primeira vez que o via com armadura e ele parecia ainda mais formidável.

O olhar foi do grego para os dois homens de pé perto dele.

Um trajava uma armadura igualmente dourada. Era mais baixo que Kanon. Os cabelos loiros e repicados iam até os ombros, os olhos eram castanhos claros, quase amarelos.

O outro, tinha quase o mesmo tamanho. Os cabelos azuis numa tonalidade clara e curtos. Seus olhos eram uma mistura de azul com verde. Usava um terno branco e seu porte elegante indicava sua ascendência nobre.

Os dois homens notaram a presença feminina e não deixaram de fazer um raio x delas.

Kanon notando os olhares virou. Ficou deslumbrado.

Suellen usava uma túnica branca longa, presa a cintura por uma fita dourada, dando um ótimo caimento a saia. Nos pés uma rica sandália de tiras. A parte de cima era presa por dois broches dourados, um de cada lado, formando um decote canoa e com mangas soltas que tampavam superficialmente os braços. O cabelo estava todo ondulado, mas preso por um coque e adornado por duas tiaras finas também douradas, uma perto da testa e a outra no meio da cabeça. Brincos dourados, bracelete e uma maquiagem para completar.

– Oi Kanon. - aproximou, fitando-o de cima abaixo. Ele estava lindo.

– Você está linda... - disse ainda contemplativo.

– Obrigada. - por pouco a face não corou.

Saindo do estado de letargia, Kanon virou-se para os dois homens.

– Sorento, senhor Poseidon, essa é a Suellen. Faz parte do grupo que passou pela barreira.

– Poseidon????!!!! - berrou a pernambucana. - meu Deus!!!

Suellen não se conteve praticamente pulando em cima do deus. Sorento, Kanon e Sheila arregalaram os olhos.

– Suellen?? - Kanon ficou pálido.

– Desculpe. - soltou-se do deus. - eu sou sua fã.

O deus no primeiro momento ficou assustado, para depois sorrir pela espontaneidade dela. Ninguém jamais o abraçou assim.

– É um prazer conhece-la senhorita Suellen. Pode me chamar de Poseidon ou de Adrian.

– Seu nome não é Julian? - indagou surpresa.

– O nome foi inventado. Meu nome verdadeiro é Adrian Savalas. - pegou a mão dela dando um beijo.

Suellen corou na hora, enquanto Kanon fechou a cara.

– O prazer é todo meu...

– Essa é a Sheila. - praticamente empurrou a brasileira para cima do deus a fim de tirar Suellen de perto dele.

– Muito prazer senhor Poseidon. - estava encantada, ele era lindo.

– Igualmente.

– Esse é o Sorento. - a voz do geminiano saiu fria.

Suellen o cumprimentou formalmente, mas Sheila quase pulou no pescoço do marina. Sorento deu um leve sorriso.

– O que fazem aqui? - indagou visivelmente nervoso.

– Atena nos pediu... - Suellen sequer o olhou, sua atenção estava para o deus a frente. - para fazer companhia.

– Será um prazer. - Adrian sorriu. - sente-se. - indicou o sofá.

– Dá licença. - disse Kanon

Antes que ela sentasse, o geminiano a puxou pelo braço a levando para fora. Bateu a porta atrás de si.

Os três ficaram sem entender.

– Kanon está diferente. - disse Sorento.

– Nervosismo. - Sheila queria rir. - pode me contar como é o fundo do mar?

Os dois trocaram olhares. Adrian apenas sorriu e foi servir-se de uma taça de água.

– Claro. - o austríaco voltou a atenção toda para ela.

Enquanto isso do lado de fora...

– Ficou doido?? - Suellen segurava a barra da túnica.

– Pode voltar para perto de Atena. Agora! - o rosto estava vermelho.

– Por quê? Eu não vou sair de perto do Adrian.

– Vai sim! - gritou. - não chega perto dele.

– Não estou entendendo Kanon.

– Sobe Suellen.

– De jeito nenhum. - deu as costas, indo em direção a porta.

– Mandei você subir. - o grego segurou o braço dela.

– Me solta Kanon ou chamo seu chefe. Alias seus dois chefes.

Ele a soltou.

Suellen entrou, indo se sentar perto de Poseidon, que gostou. Kanon olhava friamente para os dois. Sorento que tinha um olhar em Sheila outro no deus notou a tensão de Kanon.

– "Será que ele gosta dessa garota?" - sorriu. - "interessante."

o.O.o.O

Aiolos estava de pé em frente a janela de Leão, fitando a paisagem. A hora estava chegando e uma pequena ansiedade perturbava seus pensamentos. Voltou a atenção para a túnica branca pendurada num cabide, demorando alguns segundos.

– Como sempre pontual. - disse Aioria, aparecendo na sala de posse de sua armadura, fitou o irmão que usava para a primeira cerimônia uma túnica branca, aos moldes gregos.

– Não posso me atrasar para o grande dia. - a voz saiu baixa.

O leonino percebeu isso, caminhando até ele.

– Aiolos. - depositou as mãos nos ombros do irmão. - vai dar tudo certo. Confie em você.

– Vou tentar.

– Sabe que se precisar de ajuda, nós todos estaremos aqui, até o Saga. Tenho certeza que quando ele acordar, vai ficar ao seu lado e mais certeza ainda que você será um excelente grande mestre.

– Obrigado Aioria. Vou precisar de apoio mesmo.

– Agora vamos, o grande mestre tem que dar o exemplo.

Aiolos abraçou o irmão.

– Obrigado. Me deseje sorte.

– Atena está te abençoando. - apertou os nos braços.

o.O.o.O

No templo Sheila e Sorento estavam numa conversa animada, enquanto Poseidon parecia gostar da presença de Suellen, para um desesperado geminiano que tentou de todas as formas tira-la de lá. Faltando vinte minutos para o inicio da cerimônia, uma serva os chamou dizendo que era para ir para o pátio da estátua. Seguindo o combinado com Atena, Kanon levou o deus e o marina para o lugar onde ficariam. As meninas ficaram ao pé da escada aguardando as amigas.

No quarto de Saori...

Todas estavam prontas e ansiosas para o momento.

– Vou participar de uma cerimônia grega. - Gabe não parava de se olhar no espelho.

– Me sinto uma sacerdotisa. - disse Mabel. - meus cabelos têm cachinhos.

– É a moda Bel. - disse Isa, - todas as mulheres usavam os cabelos ondulados ou cacheados.

Bel fitou as amigas. Todas traziam os cabelos dessa forma. Tudo a base de babyliss e laquê.

– Meninas, vamos? - Marin saiu do quarto privativo de Atena. - devemos esperar lá embaixo. Atena descerá daqui a pouco.

Das mulheres, Marin era a única que não usava túnica e sim sua armadura.

A japonesa as conduziu, acabando por encontrar com Sheila e Suellen.

– Nunca vi tanta mulher bonita assim. - brincou a paulista.

– São seus olhos. - riu Juliana. - o que faziam aqui?

– Encontramos com Poseidon e Sorento. - disse Su.

– Sério??? - exclamaram todas.

– Sério e acreditem são lindos! Hoje eu agarro o Sorento!

Marin riu da observação.

– Vamos.

Saíram por uma porta lateral, indo em direção a escada que levava ao pátio da estátua. Os cavaleiros de ouro já estavam dispostos ao longo das escadas, cada um num degrau e por ordem de signo. Áries, Touro, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Capricórnio, Aquário e Peixes.

– Cada uma fica num degrau, formando uma espécie de corredor. - disse a amazona. - eu ficarei ao lado dos cavaleiros.

– Tudo bem Marin.

Fizeram uma fila. Ester foi a primeira a apontar, surgindo bem na frente dos cavaleiros. Mu deu um grande sorriso ao vê-la, Ester estava divina. A túnica da carioca era longa, presa na cintura por uma espécie de corda dourada. A parte de cima parecia uma blusa de alcinha. Nos ombros dois broches prendiam as alças. Os cabelos encaracolados estavam parcialmente soltos, adornados por uma tiara fina dourada. Um bracelete e brincos dourados completavam o conjunto.

Ester também ficou encantada ao ver o ariano vestindo a armadura. Com certeza depois da cerimônia tocaria nela. Atentando para a orientação de Marin, Ester parou no primeiro degrau de frente para Mu.

Ricardo mexia com o pescoço a procura da futura esposa. Quando viu Mabel sorriu. Estava até de branco! Pronta para o casamento. A piauiense trazia um modelo semelhante a Ester, contudo a saia batia na altura dos joelhos e as tiras eram mais grossas. Os cabelos encaracolados, conforme a moda grega, estavam presos por um coque. Suas sandálias subiam em tiras até o meio da batata da perna. De joias, usava uma pulseira dourada de cada lado.

Mabel mal continha o sorriso por ver Aldebaran de armadura.

A contragosto, Heluane tomou o terceiro degrau, já que Kanon não era o próximo da fila. Com os braços cruzados, ignorou Giovanni ao perceber que ele a fitava de cima a baixo. O canceriano a achou muito bonita com a túnica longa, o decote era no formato canoa com manga mais solta até os cotovelos. Usava uma pulseira dourada e os cabelos presos também num coque. A diferença ficava por conta do Ampyx, que não passava de uma placa de metal dourado preso na testa. Objeto muito tradicional na antiguidade entre as mulheres das classes abastadas.

Ainda incomodada com o olhar, dignou-se a fita-lo. Ele era um idiota, mas estava muito bonito na armadura. Ficou com curiosidade em toca-la para ver se era realmente feita de metal.

Gabe queria pular no pescoço de Aioria. Ele estava simplesmente foda naquela armadura. O leonino não poupou elogios mentais a namorada. Gabe estava uma graça!

Sua roupa era semelhante a de Heluane, tendo como diferença o chamado Himation, um pedaço de pano branco que passava sobre o ombro esquerdo, depois pelo braço direito atravessando o corpo, sendo carregado finalmente pelo braço esquerdo. Os cabelos presos estavam adornados por uma fita branca. Um par de brincos dourados compunha a roupagem.

Os traços orientais ficaram ainda mais evidentes, pois a franja que Juliana usava estava para trás. Sua túnica era longa e de um ombro só, lado direito, preso por um broche. O ombro 'desnudo’ estava escondido pelo mesmo Himation de Gabe. A cintura estava levemente marcada por um cinto fino dourado. Um bracelete estava no ombro direito. Os cabelos estavam presos por duas presilhas douradas.

Seu rosto corou um pouco, ao ser observava atentamente por Shaka, que não deixou de sorrir. Juliana fitava-o com a armadura, encantada com a aura divina que emanava dele.

Para Juliane foi um martírio ver aquele mar de vestidos. Detestava vestidos. Foi com muito custo que Atena a convenceu usar o modelito. E ao ver a cara de surpresa de Dohko de certa forma foi compensador. O chinês a comia com os olhos. E realmente esse era o pensamento dele. Até aquele momento nunca tinha visto a paulista de saia ou short e ela estava simplesmente deslumbrante. Sua túnica longa era de alças como a de Ester, contudo estava escondido por conta do Exômus, um manto retangular, que estava atado aos dois ombros por broches, mas solto nas laterais formando franjas. Um colar dourado era o único acessório que usava. Os cabelos estavam presos por dois grampos.

A brasileira deu um sorriso, Dohko estava bonito.

Se Dohko comia Jules com o olhar, o olhar de Miro era quase palpável. E o mesmo poderia se dizer de Marcela. O escorpião ficava gostoso naquela armadura. Como seria tira-la?

A paulista trajava uma túnica longa, com o decote em canoa. Por cima da túnica o Peplo, uma espécie de manto sem mangas e curto, preso nos ombros por broches e na cintura por uma corda dourada. Parecia uma saia curta por cima de uma longa. Os longos cabelos desciam em cachos pelas costas, presos unicamente por uma fivela dourada.

Shura não desviou o olhar um minuto sequer de Julia. Já achava linda, achou ainda mais naquela roupa. A vestimenta da brasileira era longa e de alcinhas na parte cima. O detalhe ficava por conta de panos finos que caiam nas costas presos pelos mesmos broches que prendiam as alças. Seu cabelo por ser comprido estava semelhante ao de Marcela, mas ao invés de presos por fivelas estavam por uma tiara. Shura imaginou as mechas vermelhas em seu lençol.

Julia por sua vez tentava conter o sorriso que queria brotar em seu rosto. O espanhol estava lindo.

Kamus trazia um fino sorriso. Estava na dúvida se ela parecia a Afrodite ou Artemis. Pensando na sua personalidade preferiu o titulo de Artemis. Sua roupa era igual a de Juliana, apenas o lado do Himation era outro. Uma pulseira grossa adornava seu braço. Os cabelos presos no alto por uma tiara tinha algumas mexas soltas. Isabel também não tirou o olhar de Kamus. Se um homem lindo poderia ficar ainda mais a prova era ele.

Suellen posicionou-se ao lado da paulista de frente para Afrodite, Kanon acompanhava com os olhos de lince cada movimento dela e o olhar estreitou quando notou - a olhando para Poseidon.

Cristiane parou ao lado de Su, de frente para Marin. Apesar de admirada por ver os santos de Atena trajando suas armaduras, estava triste. Queria que Saga estivesse ali. Sua roupa era semelhante a de Marcela. O que diferenciava era o bonito colar dourado que usava, assim como o bracelete. Os cabelos estavam soltos e cacheados, mas puxados para trás por uma tiara.

Paula, procurava em vão Shion, estava ansiosa por vê-lo. Assim como Sheila, que queria ver Aiolos, mas sem deixar de olhar para Sorento.

Os próximos a chegarem foram Fernando e Rodrigo, completamente encabulados com os trajes. Suas túnicas não tinham marcações tão definidas na cintura como a das meninas e eram de manga três quartos. O comprimento era até os joelhos e usavam sandálias de tiras. O baiano usava a cor azul escuro, enquanto Fernando usava a cor verde musgo. Os dois subiram as escadas. Cristiane arredou para que o mineiro ficasse de frente para a amazona. Fernando não pode deixar de achar poderosa a mulher a sua frente em seu traje de batalha, assim como Marin que adorou vê-lo em roupas gregas. Rodrigo parou entre Cris e Paula.

O silencio foi quebrado por trombetas, o primeiro a aparecer aos pés da escada foi Shion. A paraense prendeu a respiração ao vê-lo. O ariano parecia um deus. Usava seu manto azul marinho, impecavelmente no corpo. A cabeça estava protegida pelo elmo dourado. Shion subia lentamente as escadas e a medida que passava os cavaleiros faziam uma leve reverencia. O ariano parou no alto da escada, o olhar desviou para Paula. Ele não sorriu, mas a brasileira podia perceber o ar contente dele. Shion examinou cada detalhe nela. Vestido semelhante ao de Jules, o manto trazia uma fina faixa na borda na cor dourada. Os cabelos estavam como os de Cristiane, mas a tiara era mais trabalhada. Os braços continham varias pulseiras finas douradas. Uma verdadeira primeira dama, pensou.

A trombeta tocou novamente e as atenções voltaram para onde Shion tinha saído. Dessa vez Aiolos apareceu.

Sheila ficou surpresa, Aiolos não parecia aquele menino de rosto angelical e sim um homem saído de algum conto de Homero. A túnica branca caia lhe perfeitamente. Um manto vermelho atravessa seu tronco ao meio, saindo do ombro esquerdo. Por conta dos fios dourados, de longe não podia se ver a tiara que cercava o cabelo.

O sagitariano fitou os amigos um pouco constrangido. Queria estar na fila, não subindo no meio deles. Olhou cada um, ficando triste por Saga não está presente. Respirando fundo, subiu posicionando-se ao lado de Shion. Sheila e ele trocaram olhares. A brasileira trazia a túnica com o modelo semelhante ao de Heluane, mas por sobre o colo, um colar repleto de pedrarias. A saia batia até os joelhos. Os cabelos estavam presos num coque adornados por uma tiara igual a de Paula. Quando escolheu o objeto, pensou que só havia um, foi com surpresa que viu Paula usando um igual. As meninas brincaram dizendo que tinham o adorno igual, pois eram as "primeiras" damas do santuário.

Aiolos abaixou o rosto virando-o levemente. Viu Sorento e o deus dos mares pouco atrás. Quando voltou a atenção para Sheila, esta olhava para o marina.

A trombeta soou, reclamando a atenção de todos. O grego olhou para frente, procurando afastar qualquer pensamento sobre a brasileira. Tinha prometido para si mesmo que dormiria como Aiolos de Sagitário e acordaria como Aiolos, o Grande Mestre. Sua responsabilidade viria primeiro e deixaria o que sentia por Sheila, guardado no fundo do seu coração.

A passos lentos, mas precisos Atena avançou.

– Salve Palas Atenea! - disse Shion.

– Salve Palas Atenea! - repetiu os dourados, mais Marin, que ajoelharam um a um a começar por Mu.

Shion e Aiolos também ajoelharam. Para que a túnica alva do grego, não sujasse, um manto foi levado por um dos servos.

A deusa parou no começo do jogo de escadas, arrancando olhares surpresos do grupo de brasileiros. Veriam Atena trajando sua armadura sagrada.

Era o décimo primeiro dia em solo grego, sétimo estando no santuário.


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