A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 33
Incidente




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Suellen acordou com alguns raios solares sobre a face. Ainda estava com muito sono, pois só depois de horas é que conseguira pegar no sono, mas tinha que levantar. Virou-se de lado.

– Kanon??

A brasileira sentou imediatamente na cama. Kanon tremia muito, apesar de está coberto. Suellen tocou na testa dele ficando receosa. Ele estava quente.

– Por Deus...

Levantou as pressas, indo até o guarda roupa onde pegou dois edredons. Assim que cobriu-o foi atrás de um termômetro e remédios. Vasculhou o quarto e a cozinha, não encontrando nada. Sem pensar duas vezes rumou para a casa acima em busca de ajuda.

Giovanni arrastou-se até a porta privativa, quem poderia ser àquela hora? Abriu a porta num rompante.

– Fale.

Suellen levou um susto. O canceriano só usava uma cueca box, os cabelos completamente bagunçados e a expressão nem um pouco amiga.

– Bom dia... - murmurou.

– O que faz aqui? - estranhou vê-la.

– Tem termômetro e remédios para febre?

– Hein? - arqueou a sobrancelha.

– O Kanon...

Ela contou sobre o ocorrido e prontamente Mask ajeitou tudo. Só pediu um prazo para vestir uma roupa e depois de pronto desceram rumo a Gêmeos.

– Desde quando ele está assim? - MM abriu a porta do quarto.

– Não sei, quando eu acordei já estava com febre.

O cavaleiro colocou o termômetro no geminiano, aguardando alguns segundos.

– A velha mania de adoecerem juntos.

– Como assim?

– Desde pequeno é isso. Quando o Saga ficava doente, Kanon ficava logo em seguida ou vice versa. - pegou o objeto ficando preocupado.

– Quanto está?

– Trinta e nove. Precisamos abaixar essa febre. Busca água. Vou chamar o Shion.

Enquanto Suellen foi buscar a água, Mask chamou Shion por cosmo, explicando o ocorrido. O grande mestre desceu prontamente, sem contar a Atena sobre o ocorrido. Ao seu lado Dohko e Helu, que tinha virado a enfermeira honorária do santuário. Mal ela pisou no quarto, o italiano sentiu dores.

– Já fiz a minha parte. Vou para a enfermaria. - disse saindo.

Quando passou por ela, a dor foi muito intensa, mas passou assim que se afastou.

Helu fez todos os procedimentos referentes para baixar a febre do geminiano.

– Tire a temperatura de hora em hora. - disse a Suellen.

– Está bem.

– Se não abaixar, me chame novamente.

– Sim. - Suellen estava um pouco mais aliviada por Helu tê-lo examinado.

– Sabe a causa? - indagou Dohko.

– Certamente psicológico. Ontem foi um dia tenso.

– E como foi.... -murmurou Shion.

– Estarei no templo se precisar.

o.O.o.O

Juliana espreguiçou na cama, não fazia ideia de quantas horas eram e ficou ainda mais perdida quando lembrou-se onde estava.

– Bom dia.

A brasileira levou um susto ao escutar a voz do indiano. Shaka estava sentado numa cadeira de frente a cama.

– Bom dia.... - o rosto ficou vermelho e instintivamente enrolou-se um pouco mais no lençol branco.

O cavaleiro levantou de onde estava, indo em direção a ela. Ju continuou estática. Shaka subiu na cama e sem que ela esperasse a beijou demoradamente.

– Sempre a primeira, não é senhorita Juliana? - acariciou o rosto dela.

– Não está bravo? - indagou, já que ela tirara a virgindade do homem mais próximo de Deus.

– Bravo não, só confuso... preciso entender o que está acontecendo comigo.

– Entendo... - abaixou o rosto.

– Juliana, - ergueu de forma delicada o queixo dela. - quero entender o que o meu coração sente, quando está perto de você.

– E o que ele sente nesse momento?

– Alegria, euforia, sensação de bem estar... tudo misturado. É muito confuso. Prometo que te direi com certeza tudo que sinto.

Ela deu um meio sorriso. Esperar uma declaração de amor de alguém que mal sabe o que é isso é pouco difícil, mas sentia que Shaka gostava dela. Só não sabia disso.

o.O.o.O

Gabe abriu os olhos, sentindo um peso e um calor sobre si. Aioria praticamente dormia em cima dela.

–Aioria. Aioria. - chamou. - Aioria acorda.

– Só mais um pouco...

– Então sai de cima de mim...

– Desculpe... - o cavaleiro sentou na cama. - bom dia. - sorriu.

– Bom dia. - Gabe pensava que estava sonhando. Quem diria que acordaria ao lado de Aioria? - dormiu bem?

– A companhia foi ótima. - inclinou o corpo, dando pequenos beijinhos no ombro dela.

– As meninas vão me encher de perguntas...

– Só diga que domou o leão. - piscou divertido.

– Domei mesmo?

– Domou. Completamente. - a beijou.

o.O.o.O

Aldebaran tomava seu café da manhã sossegado e com os pensamentos em Mabel. Se tudo corresse bem, ao final da cerimônia faria o pedido.

– Bom dia Deba. - Mu apareceu na porta da cozinha.

– Bom dia. - virou-se para ele. - que cara é essa?

O ariano trazia a expressão cansada e com grandes olheiras abaixo dos olhos.

– Não dormi muito bem, alias nem dormi.

– Por quê? - puxou uma cadeira. - senta.

– Primeiro... isso é para você. - passou para ele um saquinho. - espero que tenha ficado do seu agrado.

Deba pegou o pequeno saquinho ficando surpreso. Eram dois anéis dourados.

– Já fez??

– Estava sem sono... gostou?

– Muito, obrigado Mu. Você e a Ester serão os padrinhos.

A expressão do ariano entristeceu, o taurino percebeu.

– Vocês dois...

– Eu posso machuca-la Ricardo. - murmurou. - não me perdoaria se isso acontecesse.

– Tem certeza disso Mu? Pode ter uma vida com ela e pretende jogar isso fora?

– Mas ela corre risco...

– O que ela acha?

– Disse que não se importa, que não tem medo. - levantou da cadeira. - se não tem medo porque a mente dela me bloqueou? É claro que ela tem medo. Qualquer pessoa teria medo. Lembra-se do que aconteceu com Shion?

– Lembro.

– Ele tinha cosmo para se defender. E ela?

– Sei dos riscos, mas amar não é um risco? Hoje vou dar isso a Bel, - mostrou o anel. - quem me garante que o vértice não vai abrir até lá? A barreira pode abrir a qualquer momento e não quero que você se arrependa depois, por não ter aproveitado a chance.

Mu ficou em silêncio, Deba tinha razão, mas ao mesmo tempo não queria correr o risco de machucar Ester.

o.O.o.O

Na cozinha, Marcela, Paula, Julia, Sheila, Ester, Cristiane e Mabel tomavam o café da manhã, com Sheila contando sobre a atitude de Aiolos.

– Será que ele vai fazer alguma coisa? - indagou Julia.

– Espero que sim, - Sheila serviu-se de um pedaço de bolo. - ou Sorento será agarrado.

– Vá com calma que o santo é de barro Sheila. - disse Mabel. - um indeciso como ele, não muda de uma hora para outra. Já que ele tomou a decisão de virar mestre, deixe-o até o fim. Depois toma outras medidas.

– Como se a minha paciência fosse esperar...

– Bom dia. - Helu chegou ao recinto.

Como o Kanon está?– indagou Ester.

– Aconteceu alguma coisa ao Kanon? - Cris ficou preocupada.

– Febre. - Helu puxou uma cadeira. - mas já está sendo cuidado.

– Se o Saga acordar e ver o irmão assim... - disse pensativa. - vou para Gêmeos.

Levantou, saindo.

– Tenho dó dela. - disse Paula. - acho que o Saga não acorda tão cedo, já ouvi de comas que duram anos. Shion está muito cético.

Qual a sua opinião Helu?

– E uma situação complexa Ester. Saga pode acordar daqui um minuto ou anos. Tudo depende do organismo dele.

Escutaram a voz de Atena.

– Nem uma palavra sobre Kanon. - disse Helu. - a pedido de Shion.

Foi a conta de Atena entrar no recinto na companhia de Rodrigo. Era visivelmente percebível a expressão cansada da deusa.

– Bom dia meninas. - disseram o casal.

– Bom dia. - Mabel cumprimentou por todos.

– Espero que tenham dormido bem, o dia hoje será longo. - sentou a mesa.

– Se precisar de nossa ajuda é só pedir. - disse Julia.

– Na verdade queria ajuda sua Heluane.

A fluminense a fitou intrigada.

– No alojamento dos aspirantes temos alguns armários que contem medicamentos, gostaria que desse uma olhada para ver qual é útil e qual não é.

– Claro Atena. - levantou.

– Não precisa ser agora, tome seu café.

– Já terminei. - a verdade é que não queria estar por perto quando ela soubesse de Kanon. - não demoro.

– Obrigada.

o.O.o.O

Shura já estava desperto há muito tempo, sentado em frente a estátua de Atena que tinha dentro do seu templo. Olhava fixamente para o objeto em mármore, como se ele pudesse responder todas as indagações que passavam em sua mente. E em todas, Julia estava presente. Nos últimos dias estava difícil suprimir toda a atração que sentia pela brasileira e quando estava próximo a ceder, respondia esse impulso com frieza. Agora estava dominado pelo ciúme. Só de imaginar o que o canceriano poderia ter feito na noite anterior, fazia seu sangue ferver.

– Tem alguém em casa?? - a voz de Miro preencheu o ambiente.

O espanhol soltou um suspiro entediado.

– O que você quer? - indagou com frieza.

– Bom dia para você também Esdras.

– O que você quer? - a voz saiu mais amena.

– Saber se tem noticias do Saga. - sem cerimônias, o escorpião sentou ao lado dele. - Você levou a Cristiane ontem a noite...

– Infelizmente na mesma.

– Entendo... Queria ter perguntando ontem, mas não vi a hora que Mask passou...

– Ele desceu muito tarde? - o fitou curioso.

– Eu não sei... - Miro notou. - não o vi. De certo foi ver a Julia. - resolveu jogar verde.

– Os dois ficaram muito próximos. - o tom de voz saiu raivoso.

– Normal. - conteve o sorriso. - São solteiros. A não ser que alguém nutrisse algum sentimento por um deles. Então seria um triangulo amoroso, mas não é o caso.

– Relacionamentos só servem para trazer sofrimentos.

– Na verdade é um jogo na loteria. Você pode dar certo ou não, mas só vai saber se tentar. Não se ganha se não joga.

– Já tive experiências Miro. Sempre perdemos. Não seria diferente com ela... - disse sem perceber, mas tratou logo de assumir a expressão séria.

– Então quer dizer que existe alguém? - para Miro, um pingo é letra. - o coração de pedra de Esdras Martinez Shura foi flechado.

– Não diga bobagens. Eu não tenho tempo para isso.

– Não precisa de tempo e sim de uma única flechada. Quem é a contemplada? Ou melhor, a que tirou a pior sorte? Desculpe Esdras, mas você é o pior partido do santuário. Até o galinha do Aiolos é melhor. - Miro desconfiava que o espanhol gostava de Julia.

Shura lançou-lhe um olhar assassino.

– Sabe qual o seu problema? Medo.

Agora sim o olhar de Shura intensificou, mas Miro pouco ligou.

– Medo da menina te abandonar. Igual aconteceu das outras vezes, só não percebe que as vezes a chance que está jogando fora, era a única que daria certo. Nem tentou para saber.

– Tem a barreira Miro. - disse frio. - o vértice vai abrir e aí?

– E aí, você teve mais uma experiência. Não vai ser uma dor de cotovelo que vai te matar.

o.O.o.O

Os raios solares batiam intensamente na barreira que envolvia o santuário, quem não possuía cosmo, não conseguia enxergar as oscilações entre o translúcido e o brilho amarelado provocado pela luz solar.

Heluane parou debaixo de uma árvore para refrescar, até chegar ao alojamento. Ela ergueu o rosto vendo o céu azul.

Mais dez minutos de caminhada estava no referido cômodo que Atena dissera. Em um armário encontrou vários tipos de medicamentos.

– Ela tem uma farmácia aqui... - murmurou.

O andar superior era composto por várias salas, muitas delas repletas de papeis e documentos sobre o santuário. Atena queria tornar aquele arquivo digital, por isso tudo foi reunido naquele local. Com a falta de aspirantes, o primeiro andar, que era destinado a eles, estava fechado. Limpo, mais fechado. Quartos, banheiros e a cozinha estavam desativados.

A brasileira colocou duas caixas ao seu lado, uma para descartar a medicação vencida, e outra para o que ainda poderia ser aproveitado.

– Deveria ter trago um som, esse silencio.... - ela estava sozinha. - está me matando.

Escutou um "trek" o que a fez dar um pulo.

– O que foi isso???

Escutou novamente, percebendo que o barulho vinha do telhado. De todas as construções a única que conservava o teto coberto por telhas era aquele local, que por sinal telhas recentemente trocadas.

– Deve ser um gato... Helu com medo de um gato... - sorriu de si mesma.

Houve mais um "trek" e tudo que a brasileira sentiu foi o aumento brusco da temperatura...

No templo...

– Senhorita Atena! - uma serva entrou correndo pela porta da cozinha, com a expressão assustada.

– O que foi Samira?

– O alojamento dos aspirantes! Está pegando fogo!

Doze casas...

A sirene colocada no relógio de fogo começou a tocar, colocando todo o santuário em alerta. Em Gêmeos Shion e Dohko acompanhavam o quadro de Kanon, quando escutaram o som.

– Por que está tocando...? - indagou Dohko surpreso. - só toca em....

– Vamos.

Não demorou muito para alguns cavaleiros chegarem ao local. O segundo andar do alojamento estava em chamas. Shion foi acionar os bombeiros enquanto os demais cavaleiros usando mangueiras tentavam apagar o fogo. Kamus que tinha deixado Isa no templo, desceu na companhia de Atena e delas. Na enfermaria que ficava na arena dourada, MM escutou a sirene, pensou se era prudente deixar Saga sozinho, mas a situação poderia ser urgente.

Por causa da quantidade de papel e madeira o fogo alastrava-se rapidamente.

– Por Zeus! - exclamou a deusa ao ver o prédio.

– Afastem-se. - pediu o aquariano.

Kamus elevou seu cosmo e dispararia seu ar frio para deter as chamas contudo...

Cadê a Helu?– indagou Ester.

– Por Apolo! - Atena levou as mãos ao rosto, pois não tinha muito tempo que ela fez o pedido para a fluminense. - Ela está lá dentro!

– Tem pouco tempo que ela desceu... - murmurou Marcela.

Olharam uns para os outros.

– Tem certeza disso garota?? - Mask a pegou pelo ombro balançando-a.

– Tenho... - os olhos começaram a encher de água.

Kamus cessou na hora o "ataque", pois corria o risco de congela-la.

– Menina estúpida!

Mask saiu em direção ao alojamento.

– Giovanni!

– E o corpo de bombeiros?

– Já foi acionado Atena. - disse Shion. - estão chegando.

Do lado de dentro, Helu estava acuada num canto, a fumaça espalhava rapidamente assim como o fogo. Não vendo quase nada a frente, enfrentou algumas chamas até cair no extenso corredor. Estava presa, pois a saída ficava apenas do outro lado.

Ela agachou na tentativa de não respirar a fumaça, mas estava difícil. Escutou um estouro vindo de uma das salas.

– Socorro!!!!!

Enquanto isso...

Mask abriu a porta do primeiro andar a chute, felizmente o fogo ainda não tinha chegado aquela parte, mas não demoraria muito. Rapidamente subiu as escadas, mas teve que parar, já que parte da madeira do teto começou a cair.

– Caspita...

Elevou seu cosmo subindo na velocidade da luz. No inicio do corredor, viu o fogo e uma grande quantidade de fumaça. Seria questão de tempo tudo ir pelos ares. Andando por entre o fogo e protegendo o nariz começou a percorrer o corredor.

– Heluane! Heluane!

A brasileira estava quietinha num canto, quando escutou uma voz.

– Heluane!

– Giovanni... - começou a tossir. - Giovanni...

– Heluane! - engoliu fumaça passando a tossir. - Helu.

O canceriano avançou, desviando a todo instante de partes do telhado que caiam. O fogo aumentou, ao atingir um cômodo repleto de moveis de madeira. Mask teve que recuar para não ser atingido.

– Capita... Heluane! Heluane!

– Aqui... - no canto tossia muito.

Por conta da quantidade de fumaça eles não conseguiam se ver.

– Helu! Onde você está?

– Aqui... Giovanni... Aqui! - gritou na tentativa dele escutar.

O cavaleiro conseguiu escutar. Apertou o passo percebendo que ela estava no final do corredor.

– Helu. - a viu no cantinho.

– Giovanni...

– Eu vou tirar você daqui. - rasgou um pouco da camisa. Olhou para o teto para ver se ele aguentaria mais alguns minutos.

Deu um passo, mas não contava com uma coisa... sentiu um ligeiro desconforto. Pensou que era apenas pela fumaça, continuando a aproximar.

– Está machucada?

– Não...

– Vem. - esticou os braços.

Helu levantou, ainda com um pouco de medo, caminhou com cuidado desviando de objetos em chamas no chão. Quando tocou as mãos de Giovanni, na hora o cavaleiro foi ao chão, sentindo uma dor alucinante no corpo.

– Giovanni!

– Não foi nada... tome. - deu lhe o pedaço da camisa. - use como máscara.

– E você?

– Amarra logo! - berrou, mais pela dor do que pela ordem.

– Sim... - ela o fitou assustada.

– Vamos. - quando foi toca-la a onda de dor veio violenta. - ah...

– O que foi Giovanni?

Quando sentiu as mãos de Helu no seu braço teve a sensação que eles eram atingidos por brasas.

– Ah!! - berrou.

– Giovanni??!!! - exclamou assustada. - O que foi?

– Nada... - com muito custo levantou. - vamos sair daqui. Vem.

Sentiu uma dor terrível quando a tocou, mas tinha que tira-la daquele lugar. Deram alguns passos, mas que foram interrompidos por escombros caindo. Mask a abraçou para protegê-la, mas esse gesto foi como facas entrando em seu corpo. Não aguentou indo de joelhos ao chão.

– O que foi Mask? - a voz saia abafada.

– Nada... vamos.... falta pouco. - não fazia ideia porque está sentido aquilo.

Seguiram mais um pouco faltando apenas alguns metros para alcançarem a escada. Mask suportava a dor, até que não aguentou indo ao chão novamente.

– Mask.

– Vai na frente... - o rosto estava banhado de suor e sujo de cinzas. - vai logo. - praticamente a empurrou. Quando ela se afastou um pouco, então entendeu: era o efeito do anel que Atena lhe dera.

Uma onda de calor subiu, quando olharam para trás viram que as chamas aumentaram e seria questão de segundos o fogo consumir tudo. Chegaram a escada, mas ela estava parcialmente tomada por escombros.

– Vamos ter que pular.

– O que? - arregalou os olhos.

– Vem.

Ele a pegou no colo, suprimindo o grito de dor. Deu um impulso pulando para o fim do primeiro jogo de escadas. Por pouco não bateram contra o chão de forma violenta.

– Agora vai... - o italiano não conseguia levantar, as pernas doíam.

– Ta...

Helu deu um passo, mas parou por não vê-lo levantar.

– O que foi?

– Nada, vai logo!

– Vem logo! - Helu foi para puxa-lo, mas nesse momento, outra parte do telhado cedeu. Foi rápido, Mask teve apenas o prazo de puxa-la para perto de si e envolver o corpo dela no seu para que os estilhaços não a atingissem.

– Você... está... bem? - não imaginava que o anel de Atena tivesse tanto poder, pois sentia muita dor. Milhares de punhais com as pontas incandescentes perfuravam a pele.

– Estou... temos que sair daqui, o teto vai cair.

– Não consigo andar...

Os dois fitaram-se diretamente.

– Vai logo! - a empurrou.

– Seu italiano cretino!

Helu puxou-o com toda força que possuía.

– Não acredito que vou ter que tira-lo daqui! - passou o braço pelo braço dele. - vamos.

Desceram lentamente o restante das escadas, o fogo começava a alastrar por aquele andar e se atingisse a cozinha, os botijões de gás poderiam explodir.

Do lado de fora...

– Eu vou entrar! - gritou Miro.

– Espera Miro. - Mu o segurou.

– Se alguém não for, ele não vai conseguir tira-la de lá. - Dite trazia a expressão sombria.

– Por quê?

– Porque ela está usando o seu anel Atena.

A deusa sentiu um arrepio, então era isso o desconforto que sentia.

– Droga! - Miro foi atrás.

Do lado de dentro...

Puderam ver o brilho vindo da entrada. Praticamente arrastando-o Helu e Giovanni saíram.

– Mask! - gritou Miro ao vê-los.

Houve uma grande explosão. Rapidamente Mask agachou formando um casulo em torno de Helu, mas acabaram indo ao chão. Quem estava de fora se assustou com o estouro, Miro deu um salto para trás para não ser acertado pelos estilhaços.

– Giovanni! - o escorpião aproximou. - Helu!

A brasileira começou a tossir.

– Graças a Zeus! - Atena aproximou na companhia dos demais e dos bombeiros que tinham chegado.

– Helu! - Marcela pulou em cima da amiga. - que susto!

– Estou bem... - ela olhou para trás. - Mask?

O canceriano estava sentado, sendo amparado por Miro e Afrodite.

– Você está bem? - ela aproximou.

– Estou... - recuou, não queria sentir aquela dor novamente.

A brasileira deu um passo, mas parou quando ele recuou ainda mais. Então se deu conta, o anel de Atena.

– Vamos sair daqui, ainda é perigoso. - disse Deba puxando Marcela e Helu.

Todos se afastaram enquanto os bombeiros faziam o serviço. Shion acompanhava de perto.

Sentada debaixo de uma árvore, Helu respirava com a ajuda de um balão de oxigênio. Ficou por cinco minutos assim. Atena abraçava o corpo. Primeiro Saga, agora Helu e Mask feridos.

– Você está bem? - indagou Aiolos ajoelhando ao lado dela.

– Estou. Só engoli fumaça.

Ela olhou para o lado, o canceriano estava a certa distancia recebendo o mesmo tratamento. Os dois fitaram... o vento soprava quente por conta do fogo, mas aquilo parecia não afeta-los. Examinaram um ao outro a procura de algum ferimento mais grave. Giovanni respirava aliviado, Heluane estava bem. A fluminense também estava aliviada, mesmo com tudo que tinha passado nas mãos dele, em meio às chamas temeu que algo grave acontecesse a ele. Os olhos encheram de água, no calor do momento, não teve tempo para pensar no risco que corria, agora vendo o alojamento completamente destruído temeu por sua vida e a da dele. Ao ver as lágrimas da brasileira, Gio sentiu o coração apertar. Não se perdoaria se não a salvasse... Ficou surpreso com o desejo de levantar e abraça-la, mas não poderia, o anel e sua consciência não permitiriam. Sentiu os próprios olhos marejarem...

Os olhos continuaram um no outro. Afrodite que acompanhava a cena ficou surpreso, pela reação do canceriano. Seria possível que ele...

Voltou a atenção para Heluane.

– "Será que os dois..."

– Sei que está assustada, mas pode nos contar o que aconteceu? - indagou Kamus. - como o fogo começou?

A brasileira piscou algumas vezes, voltando a atenção para o aquariano e os outros que não tinham prestado muito atenção na cena, devido ao estado de alerta.

– Bem...

**** Flashback****

Depois do segundo "trek" Helu tinha voltado a sentar, entretanto sentindo a temperatura aumentar, levantou indo até o corredor. Não havia nada de diferente, contudo viu uma claridade anormal vinda do cômodo ao lado. Quando chegou a porta, recuou assustada.

– Fogo...

A sala estava tomada pelas chamas. Helu recuou, mas não teve tempo de dizer nada, as outras salas começaram a pegar fogo. Voltou correndo para o local onde estava, indo até a janela.

– Abre! - tentou abrir a janela de correr, mas estava emperrada. - abre!!!

Desesperada pegou uma cadeira, batendo no vidro, mas esse não arrebentou.

– Droga. Socorro!!!

Sentiu faíscas caírem do telhado, voltando a atenção. Foi só o tempo de ir para o corredor para que aquela sala ardesse em chamas. Agachou num cantinho para não inalar a fumaça.

**** Fim do flashback ****

– Foi tudo de repente. - disse.

Shion ficou sério. Aquele local tinha sido inspecionado, o telhado era novo e ela não mexia com algo inflamável.

– Precisa descansar. - disse, primeiro a saúde dos dois. - você também Giovanni. - o fitou. - Shura ficará no seu lugar.

– Estou bem mestre...

– Descanse. O restante em Áries, agora.

– Kanon, deve querer ficar com Saga, Shion. - disse Atena visivelmente perturbada.

Dohko e o ariano trocaram olhares.

– O que foi Shion? - percebeu os olhares.

– Kanon está com febre Atena. - disse Dohko recebendo um olhar reprovador de Shion.

– Febre?

– Nada grave. - Helu entrou no meio. - já tratei dele.

A deusa soltou um suspiro, até Kanon?

– Consegue andar? - Dite aproximou da brasileira.

– Sim. - levantou. - estou bem.

– Vamos...

Saori saiu desanimada com Rodrigo ao seu lado. Shion aproximou de Paula.

– Fique de olho nela por mim. - a voz saiu baixa.

– Pode deixar.

Julia, que não tinha aproximado do canceriano, para dá-lo chance de respirar, aproximou, agachando diante dele.

– Está bem mesmo? - a expressão era de preocupação.

– Estou... - sorriu. - não vai ser um foguinho assim que vai me matar.

– Não brinque. - a voz saiu chorosa.

– Não vá chorar!

– Eu me preocupo com você, seu insensível!

Shura que até o momento estava com o rosto sério, com ódio dos dois, abaixou o rosto. Era evidente que tinha sido substituído por Giovanni no coração de Julia.

Helu tentava entender como o canceriano poderia agir de um jeito com ela e de outro com Julia. Mas daquela vez, ele merecia um agradecimento.

– Obrigada. - disse.

– De nada. - esboçou um leve sorriso.

E aquele sorriso a incomodou, não que fosse cínico ou sarcástico e sim porque era sem intenções ocultas.

As meninas seguiram com Atena, enquanto os rapazes seguiram com Shion rumo a Áries.

o.O.o.O

Fernando e Marin logo após o café seguiram para a vila. Conversavam sobre a comemoração quando o mineiro começou a ouvir vozes mais alteradas. Ficou espantando ao virar a esquina e deparar com dezenas de pessoas indo e vindo. Os estandartes com o símbolo de Niké, colocado há alguns dias, estavam mais enfeitados. Flores decoravam as sacadas das casas. Crianças transportavam fitas coloridas que seriam colocadas nos postes de iluminação, as mulheres iam e vinham carregando cestos com doces típicos gregos enquanto os homens davam os últimos ajustes no palanque.

– Uau... – murmurou.

– Os habitantes estão tão animados! – exclamou Marin. – nunca vi Rodorio tão animada!

– Essa comemoração coroa a paz que estão vivendo.

– Preparado? – ela o fitou divertido.

– Ao seu lado estou sempre preparado. – sorriu.

Logo que Marin foi avistada, os responsáveis pelo evento cercaram-na.

– Senhorita Marin, tudo está pronto.

– Ótimo. Atena ficará muito satisfeita pelo esforço de todos.

– A felicidade de Atena é a nossa felicidade. Preparamos até uma surpresa para ela.

– Surpresa? – indagou curiosa.

– Sim. – sorriu. – é apenas uma pequena amostra da nossa gratidão.

Fernando ficou impressionado, os moradores tinham verdadeira veneração pela deusa. Sempre ao lado de Marin visitou todos os detalhes da festa, realmente seria um grande evento.

O clima foi quebrado pelo som da sirene. Todos ficaram em estado de alerta e Marin e Fernando seguiram para o templo.

o.O.o.O

Suellen preparava a medicação que Heluane tinha pedido. Despejava gotas do liquido amarelado quando escutou um grito.

Correu para o quarto.

– Kanon??

O marina ardia em febre e não parava de se mexer, dizendo, ora gritando.

– Para Saga...! - mexia com os braços numa posição de defesa. - não me machuque...

– Kanon. - Su parou ao lado dele. - acorda Kanon.

– Me solta Saga! Está doendo... - começou a chorar. - dói muito.... para...

– Por Atena. - ficou desesperada. - o que eu faço???

– Mamãe!!!!!!! Socorro!!!!!!!! O Saga... não me bate Saga...

A brasileira ficou temerosa, ele estava delirando por causa da febre.

– Saga... para... dói... - o choro aumentou. - Saga.... por que está me batendo...?

– Kanon... - Su sentiu os olhos marejarem. A julgar pela expressão do geminiano ele parecia está sofrendo. Provavelmente relembrando algum fato do passado. - Kanon... - derramou algumas lágrimas.

– Saga... - Kanon parou de se debater, soltando um longo suspiro, entrando num sono profundo.

– Suellen?

A brasileira olhou para trás, deparando com Cris na porta.

– O que foi Su? - indagou receosa.

– O Kanon... - tentou segurar as lágrimas. - ele... - não segurou, derramando grossas lágrimas.

A mineira apenas aproximou, abraçando a amiga.

– Calma... ele vai ficar bem.

o.O.o.O

Atena seguia na frente com Rodrigo. Helu estava sendo amparada pelas meninas.

– Está bem? - indagou Marcela.

– Estou. Não foi nada grave.

– Sorte a sirene ter sido tocada, se tivéssemos chegado um pouco mais tarde.... - disse Paula.

– Sirene?

– Fica instalada no relógio de fogo. - disse Atena continuando o trajeto e com a voz melancólica. - qualquer algo grave atingindo o santuário ela é acionada.

Shura seguia atrás em silêncio, olhando Julia. Se ela estivesse no alojamento nem sabia o que faria. O cavaleiro notou que uma das meninas estava mais afastada.

Ester caminhava com o rosto baixo. Durante o período que ficou junto aos demais, Mu não lhe dirigiu nenhum olhar. Será que ele não gostava mais dela? Sentiu alguém tocar seu ombro.

– Tudo bem? - indagou Shura.

Balançou a cabeça de forma positiva. Ligou o app. - só fiquei um pouco assustada.

– É só isso mesmo? - havia notado que o ariano não tinha chegado perto dela.

Quando Mu perdeu o controle da sua telecinese o que aconteceu ao Shion?

– Estavam no escritório do mestre, - Shura voltou a atenção para o caminho, a mente voltou para aquele dia. - Nós que estávamos no templo sentimos o aumento do cosmo de Mu, mas não pudemos fazer nada, pois a porta foi trancada pela telecinese dele. Os objetos começaram a desintegrar e quase Shion foi atingido. - a fitou. - foi por muito pouco.

Ester encolheu. Foi o mesmo que ocorreu com ela no jardim. Olhou para os pés, foi por muito pouco que não aconteceu algo mais grave.

Ele não quer que me aproxime...– disse com pesar.

– Ele tem medo Ester. Mu sofreria se algo te acontecesse. É notável que gosta de você. Por isso sou contra esses envolvimentos. É muito sofrimento. Veja a Cristiane...

Por isso se mantém distante? Por isso tem o coração cheio de amargura?

Shura a fitou surpreso.

Tem tanto medo de sofrer?

Ficou calado, a frase o fez reviver muitos momentos tristes.

– Meu pai morreu por causa disso. Só eu sei o quanto ele sofreu por amar aquela mulher.

Tem medo de sofrer por ela?– Ester não quis pronunciar o nome, apenas apontou para Julia.

– Eu já sofro, não quero que fique pior.

Quando Ester ia replicar, já estavam na Arena dourada e Shura seguiria para a enfermaria.

– Desculpe a frieza, mas acho que o Mu e você...

– Eu não vou desistir dele. Mesmo que no final acabemos machucados, vou tentar.

Esdras ficou surpreendido com as palavras da carioca. Ester gostava de verdade dele? Aponto de correr risco e sofrimento?

Acho que deveria tentar Shura. Talvez a cura para seu coração amargurado esteja a poucos passos. Não deixe o medo te levar a perder a chance de ser feliz. Se tem uma coisa que aprendi, é não ficar preso a limitações e ao medo. Se eu pensasse assim, não teria feito metade das coisas que já fiz.

Ele que ouvia em silêncio, desviou o olhar para Julia que já estava a uma relativa distancia.

– Faça algo antes que a barreira abra.

o.O.o.O

Reuniram se na entrada de Áries. Shion subiu no ultimo degrau, para que todos pudessem ouvi-lo.

– O assunto é sobre a cerimônia. Creio que sabem do passo a passo, mas achei melhor frisar. Primeiro Aiolos será levado a Star Hill, numa cerimônia onde apenas Atena e eu estaremos presentes. - pausou. - em seguida ele será consagrado aos pés da estátua e por ultimo levado ao pátio do templo onde será apresentado para os habitantes da vila. E por falar neles, vamos participar da festa que estão preparando.

– Todos nós? - indagou Deba.

– Sim. Ficaremos por um tempo, pois Atena também está preparando um coquetel.

– E as meninas? - indagou Aioria. - elas vão participar?

– Atena me dirá mais tarde.

– E quanto ao Saga mestre?

– Deixaremos alguém tomando conta dele, Shaka.

– E o Kanon? - Kamus estava preocupado com mais um desfalque na cerimônia.

– Participará ao lado de Poseidon. Ele e Sorento de Sirene.

– A senhorita Hilda também virá?

– Não Afrodite. Ela já tinha outros compromissos. Poseidon deve chegar cerca de uma hora antes do inicio da cerimônia. Lembrando que todos deverão usar suas armaduras. Alguma pergunta?

– Talvez não seja o momento e o incêndio mestre? - Aiolos tentava achar uma razão para o ocorrido.

– Conte sua versão Giovanni.

A atenção voltou-se para o canceriano.

– O fogo só estava no segundo andar. Por causa dos papeis e madeira alastrou-se rapidamente. Antes de sair senti cheiro de gás.

– Pode ter sido o gás. - disse Mu.

– Se fosse, o primeiro andar estaria em chamas. - observou o canceriano.

– Não nos preocupemos com isso agora. Amanhã cedo iremos investigar as causas. - olhou para todos. - Atena está muito abatida por tudo que aconteceu então peço a colaboração de todos para que tudo saia perfeito.

o.O.o.O

Shura abriu a porta, fitando longamente o geminiano. A passos lentos caminhou até ele puxando a cadeira. Sentou pesadamente, levando as mãos ao rosto.

– Queria que estivesse acordado. - disse fitando o amigo. - sempre tem um bom conselho a dar...

Fitou os aparelhos ligados a Saga, não indicavam problema algum.

As palavras de Miro e de Ester martelavam em sua mente. Ela foi feliz ao dizer que seu coração era amargurado, também depois da perda do pai, da morte de Aiolos provocado por ele e da participação nos planos de Saga, não era para ter o coração tranquilo. Sempre soube dos planos do geminiano, inclusive ajudou-o a esconder o corpo de Shion, como poderia ter paz?

– Nós erramos muito não foi? - o olhar negro foi do aparelho para a face do grego. - e qualquer felicidade seria injusta depois de tudo que fizemos. Nós não merecemos.... alias, eu não mereço. Você fez o que fez por causa da sua doença, eu fiz com plena consciência. - levantou, passando a andar de um lado para o outro. - a Julia diz que gosta de mim, mas eu a repudiei, agora está nos braços daquele italiano maldito. - dizia como se Saga pudesse ouvir e responder. - eu tenho medo. Quando a Julia souber de toda a verdade ela vai me abandonar.

Shura voltou a sentar, escondendo o rosto com as mãos.

– Shura?

Ele ergueu o rosto, deparando com Cristiane na porta.

– Pensei que encontraria o Giovanni.

– Ele está impossibilitado. E o Kanon?

– Está dormindo. - aproximou da cama, tocando levemente o rosto de Saga.

O espanhol observava cada gesto da brasileira e ficou surpreso quando o sinal do batimento, bateu mais forte, para depois voltar ao normal.

– "Saga... você sabe que é ela???" Posso perguntar algo?

– Sim. - o fitou.

– O que vai fazer se a barreira abrir e Saga estiver nesse estado?

– Eu não sei... não queria deixa-lo assim. Temo muito pelo que ele possa fazer.

– Você o ama? Mesmo com todos os problemas?

– Já te disse que o que nós sentimos por vocês vai muito além do que imagina.

Shura ficou em silêncio, relembrando da confissão de Julia. Ela também se sentia assim em relação a ele?

– Sempre fui o primeiro a ser contra o relacionamento entre vocês. Dohko e Jules, Isa e Kamus, você e o Saga... e os demais.

– Eu sei disso. E de certa forma agradeço a preocupação que tem pelo Saga. Sem o carinho de Kanon e de vocês, ele já teria ido.

– Só isso não bastou. - levantou. - agora vejo que Saga não fez algo pior antes, porque você estava aqui.

– Ele está em coma por minha culpa.

– Ele está em coma por culpa dele. Assim como Julia está com Mask por minha culpa.

– E por que não está com ela?

– Porque sou um grande covarde. - abaixou o rosto. - porque ela vai me abandonar.

– Julia não faria isso.

– Faria. - a fitou. - ela não sabe do que eu fui capaz de fazer para virar cavaleiro. - caminhou para a porta. - Vou indo, Saga está em boas mãos.

o.O.o.O

Os olhos abriram devagar, o corpo estava mole e sentiu o cabelo grudado no corpo. Ergueu um pouco o corpo, ainda meio se dar conta que estava em seu quarto. Kanon olhou pela janela, notando que o dia estava alto.

Jogou os edredons que cobria seu corpo no chão, pois sentia muito calor. Forçou a memória para se lembrar por que estava coberto assim, apenas se recordou que dormira ao lado de Suellen depois da última tentativa de Saga.

Soltou um sonoro suspiro, até quando isso aconteceria? O irmão já tentara se matar umas dez vezes, quando isso ia acabar? Saga teria solução? Acabaria numa camisa de força? Ou morto?

Fechou os olhos para abri-los quando sentiu alguém parado na porta. Kanon virou o rosto, deparando com Suellen. Reparou que ela ainda usava as roupas do dia anterior e que os olhos estavam vermelhos.

– Bom dia.

A brasileira caminhou até ele, sentando na cama.

– Bom dia. Como se sente?

– Cansado. E o Saga?

– Está na mesma.

– Entendo... - abaixou o rosto. Existia a quarta opção: coma indefinido.

– Kanon.

Ele a fitou. Ficaram assim por longos minutos.

– Você teve febre e delirou.

– O que eu disse? - já não temia as possíveis frases ditas.

– Pediu para Saga parar de te bater, chamou por sua mãe, gritando socorro.

Suspirou desanimado.

– Quando tínhamos quatro anos, Saga teve seu primeiro surto. - os olhos miravam o lençol branco. - Brincávamos no nosso quarto e de repente Saga pegou um carrinho e começou a me bater... e bateu e bateu... - a fitou. - eu ainda tentei me defender, mas ele foi mais forte. Meus pais chegaram e o trancaram no quarto deles. Saga gritava para solta-lo. Como gritava... enquanto minha mãe fazia os curativos ela tentava conter as lágrimas, meu pai foi atrás de algum curandeiro. Jamais esqueci essa cena.

– Bateu muito?

– Sim, fiquei com a roupa ensanguentada e um ferimento feio na cabeça. Os médicos disseram que eu tive sorte de não ter morrido. - levantou. - depois de horas, Saga voltou ao normal. Perguntei a minha mãe o que tinha acontecido e ela disse que foi um monstro que estava controlando. - a fitou. - acho que foi a melhor desculpa que a minha mãe inventou. Nem ela entendia o que tinha acontecido. - voltou a sentar perto dela. - se com eles já era difícil, eu sozinho...

– Não está sozinho. - Suellen pegou nas mãos dele. - não estou aqui com você? Vou te ajudar com o Saga.

Kanon sorriu, dando um beijo na fronte dela.

– Obrigado.

o.O.o.O

Atena cercou Heluane de cuidados, pois era o mínimo que podia fazer depois do incêndio. A expressão já abalada, ficou ainda mais diante do episodio. Com o inicio da cerimônia se aproximando, Saori, não poderia ficar pensando nas coisas que tinham acontecido. Reunido com as meninas, passou algumas diretrizes e solicitou que todas almoçassem no templo mesmo e mais cedo, pois elas seriam levadas para arrumarem a partir da uma da tarde. Os ânimos se exaltaram ao constatarem que estariam presentes num momento tão solene quanto aquele.

Enquanto isso em Áries, Shion dava os últimos recados e acabou com todos almoçando por ali mesmo. Ao final, cada dourado tomou rumo de sua casa para se preparar.

Shaka esperou que todos saíssem.

– Podemos conversar? - indagou o indiano quando se certificou que todos tinham saído.

– Claro.

Mu levou o amigo para a varanda de Áries.

– Aconteceu alguma coisa? - Mu notou certa tensão no rosto dele.

– Aconteceu.... e nem sei como te contar...

– É algo sobre a Ester??

– Não. É sobre a Juliana e eu. - o rosto corou.

– Fale de uma vez Shaka.

– Ontem a noite, ela fez uma cerimônia do chá para mim e...

– Só vocês dois? - estranhou.

– Sim. Eu tinha curiosidade para saber sobre isso e... - levantou. - no final nos transamos. - disse de uma vez.

Mu arregalou os olhos ao ouvir.

– Você o que?

– Transamos, fizemos amor, sei lá o nome que se dá para isso. - andava de um lado para o outro nervoso. Shaka contou como tudo aconteceu.

– E o que achou? - indagou no automático, pois ainda não acreditava.

– Eu gostei... gostei muito... - murmurou. - estou confuso Mu. - voltou a sentar. - eu não entendo as minhas reações físicas, muito menos as psicológicas. Tudo é tão estranho e assustador.

Mu franziu o cenho, Shaka fazer aquele tipo de confissão?

– O que sentia pela Juliana antes ainda continua?

– Sim e até maior um pouco... isso é normal?

– Tem vontade de transar com ela de novo? - indagou sem responder a pergunta anterior.

– Sim...

– Tem vontade de ficar ao lado dela? O tempo todo?

– Sim...

– Pensa nela?

– Eu nem consigo mais meditar... - a voz saiu num fiapo.

– Só confirma o que eu suspeitava. - Mu levantou, trazendo um sorriso nos lábios. - você está apaixonado pela Juliana. Você gosta dela.

Shaka ficou em silêncio, aquilo era o "famoso" gostar?

– Eu acho que sim... - murmurou mais para si do que para o ariano. - mas... e aí? O que eu faço?

– Primeiro diga a ela sobre seus sentimentos.

– Dizer?? - arregalou os olhos azuis. - Tenho que fazer isso mesmo?

– Tem Shaka. - voltou a sentar pacientemente. - fale de tudo que sente quando está perto dela. Ela precisa saber o que se passa no seu coração. Ela também vai dizer o que sente por você.

– E depois?

Mu sorriu. Shaka foi o único que conseguiu alcançar o oitavo sentido, no entanto era completamente leigo nos assuntos do coração. De certa forma, era até bonito, pois ele aprendera a amar de uma forma pura.

– Tem acompanhado a história do Deba, do Kamus, do Dohko é só fazer igual. Aos poucos você vai aprender a lidar com isso. Tenho certeza que a Juliana vai te ajudar.

– Um casal?

– Sim.

– E o que vocês fazem? - ser um casal era algo difícil de entender.

– Conversamos sobre os mais diversos assuntos, beijamos, no caso deles rola sexo, ficam íntimos, num relacionamento pautado na confiança. Você jamais vai querer magoa-la e espera o mesmo dela.

– Acho que entendi... - abaixou o olhar pensando.

– Vai saber se é amor de verdade, quando olhar para os defeitos dela e acha-los toleráveis diante das grandes qualidades que ela tem. O lado bom sempre pesará mais do que o ruim. Sempre.

– Por que então, não está com a Ester? - indagou pensando de forma lógica.

– Se soubesse que sua presença ameaçaria a vida da Juliana continuaria perto dela?

– Claro que não.

– Por isso. Ainda vai entender o que eu sinto.

– Espero que sim. Obrigado Mu.

o.O.o.O

Ao chegar a Leão, Aioria pediu ao irmão que ficasse. E por falar em Aiolos, o cavaleiro subiu num profundo silêncio, deixando todos apreensivos.

– Quer almoçar aqui? - indagou Aioria.

– Sim, depois eu subo. - disse evasivamente.

– Algum problema? - o leonino achou estranho.

– Nenhum. O que queria conversar?

– Senta.

Os dois acomodaram no sofá.

– Ontem a noite, Dite me chamou para ir a Peixes e Marin estava lá.

O sagitariano que até então estava aéreo, começou a prestar atenção.

– Ele jogou a Marin e eu contra a parede. E o que eu já suspeitava aconteceu...

– O que?

– Marin se apaixonou pelo Fernando. - disse sem demonstrar tristeza na voz, alias disse como se aquilo fosse algo normal. - assim como eu confessei que gostava da Gabrielle.

– Sério? - estava surpreso. Jamais tinha passado por sua mente, Marin e Fernando juntos.

– Sim. Eu ouvi tudo e por incrível que pareça, não senti raiva, senti alivio... - levantou. - era como tirassem um peso das minhas costas.

– E a Marin?

– Acho que sentiu o mesmo. - o fitou. - esse casamento estava fadado ao fracasso. Mesmo se Gabe e Fernando não estivessem aqui, com o tempo, estaríamos presos um ao outro apenas por obrigação.

– Eu gostava muito de vocês juntos, mas fico feliz que tenha terminado bem, sem magoas. Não seria justo estragar a história de vocês com rancores e ódio.

– Me sinto aliviado. Posso mostrar a todos o que eu sinto pela Gabe sem culpa. - voltou a sentar perto de Aiolos. - espero contar com as bênçãos do meu irmão e futuro grande mestre. - sorriu.

– Quero que seja muito feliz. - tocou no ombro dele. - você merece.

– E você? - notou que desde a reunião o irmão trazia a expressão séria. - preparado?

– Não. - sorriu. - mas sei que é o meu destino e não posso falhar com todos.

– Está se sentindo obrigado a fazer isso?

– Um pouco, todavia sei que devo fazer. Pelo bem do santuário. Ontem a noite... - foi a vez dele levantar. - estive pensando nessa situação. Atena fez tanto por nós... e também, - o fitou. - de certa forma vou poder ajudar Saga mais efetivamente.

– Tem sido um amigo leal a ele.

– Eu sei, mas quero além da amizade. Talvez com a minha pseudo autoridade, posso ajuda-lo, chamando-o para a responsabilidade de ser um cavaleiro de ouro. Eu não tenho tanta experiência como vocês, mas quero fazer o meu melhor.

– Pare de achar que vale menos que nós. Se o mundo está em paz agora, se deve a você que salvou Atena. Você foi e sempre será um grande cavaleiro. - levantou.

Aiolos sorriu.

– Não fique inseguro, você se sairá muito bem. - tocou os ombros dele. - Vou está sempre ao seu lado.

– Obrigado.

– Só me responda mais uma coisa...

– Fale.

– Sheila.

Aiolos arqueou as sobrancelhas ao ouvir o nome, não esperava aquele assunto vindo do irmão e Aioria percebeu a surpresa dele.

– O que tem? - desviou o olhar.

– Seja sincero, você gosta dela?

– Eu...

– Aiolos. - disse sério.

– Sim... - suspirou.

– Quanto? - a voz continuou firme.

– Muito. - o fitou. - eu gosto muito dela. Desde a primeira vez que a vi, na porta de Peixes. Gosto do seu jeito, da voz, do rosto, até do seu jeito estabanado. Eu adoro o jeito dela.

Aioria franziu o cenho. Jamais tinha ouvido Aiolos falar assim de uma mulher.

– E o que impede de ficar com ela?

– Serei o grande mestre. - Aiolos se afastou para não ter que encara-lo.

– Aiolos...diga a verdade. - sabia identificar quando ele estava mentindo.

– Olha para mim Aioria! Só tenho vinte e seis anos! Como posso competir com um homem de trinta e quatro.

– Que homem de trinta e quatro?

– Gustavv.... - murmurou. - tem também o Sorento... a Sheila enxerga em mim um garoto. Eu não tenho a menor chance...

– Já falou isso para ela?

– Não. Nem precisa também. Ela já me disse com todas as letras que prefere um homem de verdade.

Aioria franziu o cenho, precisava conversar com Gabe, talvez ela soubesse de algo.

– Já me conformei Olia. A partir de hoje minha mente voltará exclusivamente para o cargo de grande mestre.

o.O.o.O

Marin e Fernando chegaram ao templo, recebendo as informações sobre o alojamento e o estado de Heluane. Aproveitando a chegada da amazona, Atena convocou o cavaleiro de Peixes para uma reunião em seu escritório. Enquanto isso o grupo estava reunido na biblioteca.

Estavam cercados ao redor de Juliana que contava, vermelha, sobre a noite com o virginiano.

– E hoje cedo disse que descobriria o que ele sentia por mim... - a voz já saia num fiapo.

Houve assobios e palmas.

– Juju saiu do zero a zero marcando um golaço! - exclamou Juliane. - Shaka não é mais virgem!

– Parabéns Ju. - Marcela a cumprimentou. - foi persistente e teve o merecido premio.

– Obrigada...

– Que merda! - exclamou Sheila. - todo mundo se ajeitando de menos eu!

– Tenha paciência Sheila. - disse Helu. - quem sabe hoje... - deu um sorriso perve.

– Hoje mesmo! Com o Sorento! Não quero saber mais do Aiolos. - cruzou os braços contrariada.

– Outra que saiu do zero a zero foi a Gabe. - disse Julia olhando de forma divertida.

– É... - a paulista ficou com vergonha.

Quer dizer que domou o leão. Agora ele virou um gatinho. - Ester brincou.

– Aioria foi um amor. - as bochechas ficaram vermelhas. - ele disse que me amava...

– O amor está no ar nesse santuário. - Fernando folheava um livro. - Aioria desencantou e deixou o caminho aberto.

– Já traçou a amazona?

– Paula!

– Passou a noite com ela! - ralhou.

– Não fizemos nada.

– Deveria, vai que a barreira abre. - disse Rodrigo.

– E você? - Bel entrou no meio. - também passou a noite com Atena.

– Tenho que ir com calma Mabel. Não se esqueça de que é Atena...

– Ainda mais que a deusa Afrodite deu as caras... - Fernando riu.

– Nem me lembre disso. Atena ficou uma fera.

Isa num canto estava alheia a conversa, brincava com o cisne que ganhara de Kamus.

– Isabel!! - gritou Julia.

– Sim...? - fitou a todos. - desculpe o que diziam...

– Efeito Kamus. - brincou Bel.

– Ele me pediu em namoro. - sorriu. - e ainda me deu isso. - mostrou a todos o cisne. - não entendi o cisne, mas está valendo.

– Cisne te lembra de que? - Paula a fitou. - o pupilo querido dele. Deve está no mesmo patamar do Hyoga.

– Pode ser...

o.O.o.O

Marin e Afrodite estavam sentados de frente para a deusa. Ela estava no telefone, mas fez sinal que não demoraria.

– Desculpe. - desligou o aparelho. - chamei vocês, mais especificamente você Marin, para comunicar que na cerimônia de hoje, Afrodite fará a sua indicação para a armadura de Peixes.

– Já?? - a japonesa levou um susto. - mas Atena, nem...

– Seu treinamento vai começar agora Marin. - disse Dite. - com a indicação, será minha sucessora oficialmente.

– Seu cosmo tem fortalecido ao longo dos anos Marin. - Atena tomou a palavra. - tem toda condição de se tornar uma amazona de ouro, a primeira. – disse sorridente.

– Nem tenho palavras. Espero corresponder as suas expectativas.

– Temos a certeza que sim.

– Atena... - Marin desviou o olhar. - talvez não seja o momento, mas...

– Diga Marin.

– Aioria e eu terminamos o nosso noivado.

– Por quê???? - indagou assustada.

– Foi em comum acordo Atena. - disse Dite em defesa da pupila. - os dois não se amavam mais.

– Mas esses anos todos... o amor não acaba assim, acaba? - a voz estava séria, mostrando que se tratava da deusa Atena.

– Quando outra pessoa ocupa o coração acaba. - disse a amazona. - eu me apaixonei por outra pessoa.

– Que pessoa?

– Fernando. E Aioria se apaixonou pela Gabrielle.

A deusa franziu o cenho. Era notável o amor entre os dois, como poderia ter acabado tão rapidamente. Apaixonar-se por outra pessoa tinha esse poder? Subitamente lembrou-se de seu caso. Antes de Rodrigo, apenas Sísifo tinha lugar em seu coração, agora...

– Acho que compreendo... - a fitou. - mas sabe que a barreira...

– Tenho consciência disso Atena.

– Se foi de comum acordo sem magoas, só me resta desejar boa sorte.

A reunião durou mais um pouco. Depois Afrodite retirou-se, porque as duas tratariam de assuntos sobre a vila. Voltaria direto para sua casa, se não tivesse visto Mabel entrando na cozinha. Foi atrás.

A brasileira sentiu sede, indo até o cômodo.

– Oi Bel.

Virou-se deparando com um sorridente sueco.

– Oi Dite.

– Animada para a comemoração?

– Muito. Não pensei que fosse participar, por isso quero aproveitar ao máximo.

– Essa entrará para a memória. Vai ocorrer num momento de paz.

– Dará tudo certo.

– Teremos uma comemoração em Rodorio, se tiver música dança uma comigo?

Bel ficou em silencio, não queria ser indelicada com o pisciano, mas...

– Não acho prudente... nada contra você Dite, mas quero evitar confusão.

– Ricardo.

– Você é uma pessoa maravilhosa, mas é dele que eu gosto.

– Eu sei disso... está certa. Não seria uma boa ideia, Deba nos ver juntos.

– Não fique com raiva de mim.

– Raiva de você? - acariciou o rosto dela. - jamais.

Bel ficou sem graça.

– Eu preciso ir. - o cavaleiro deu um passo para trás, se ficasse perto... - nos encontramos mais tarde.

– Certo.

Antes de partir o pisciano, deu um beijo na fronte de Mabel. O pisciano seguiu pelo longo corredor, passando pela sala do trono, ganhando a entrada do templo. Ficou surpreso ao ver Heluane sentada nas escadarias.

– O que faz aqui? - parou ao lado dela.

– Ar puro. - voltou a atenção para ele. - ainda sinto os efeitos da fumaça.

– Posso? - apontou para o degrau.

– A vontade.

Passou alguns minutos em silêncio.

– Acho que não tive ainda a oportunidade de te agradecer pelo que fez a Saga.

– Faz parte do meu juramento.

– Mesmo assim. Não só pelo Saga, pelo Kanon também.

– Tudo bem Afrodite.

Mais alguns minutos. Heluane achava estranho, um dialogo com o sueco. Quando se conheceram ele parecia ser hostil à presença dela.

– Não tenho nada contra você. - disse. Imaginando que isso passava na mente dele.

– É amigo do Mask.

– Não significa que tenho que concordar com as ações dele.

– Pensei que estava do lado dele.

– O que ele fez foi errado. - Dite jogou a franja para trás. - ainda mais com o passado dele.

– A Julia me contou. Não tem como uma criança não surtar com tudo que aconteceu... - Helu ficou imaginando Mask criança, passando por aquilo. Ficou com dó, pois ela teve sorte, seus pais sempre foram maravilhosos. - tinha que crescer com um pino solto.

– Tem certeza que é só um pino?

Os dois riram.

– Eu o conheço melhor do que ninguém. - a fitou. - ele é capaz de fazer atrocidades, como também coisas belas. Giovanni se esconde debaixo da máscara de frio e cínico, mas lá no fundo, continua sendo o garotinho assustado, atormentados pelos fantasmas do passado.

– Por que está me dizendo isso? É para esquecer o que ele fez e sermos amigos? - disse com ironia.

– Não. Só estou dizendo por que acho que encontrei a pessoa certa para coloca-lo nos eixos. Assim como a Cris, Julia e Isa são as pessoas certas para Saga, Shura e Kamus. - levantou. - conheço Giovanni há pelo menos vinte e cinco anos e pela primeira vez eu vi os olhos deles marejarem por alguém e foi por você Heluane. Se tivesse acontecido algo a você, não tenho dúvidas que ele surtaria.

A brasileira ficou pasma.

– Aquilo foi remorso. - disse não querendo acreditar.

– E foi mesmo. Aposto que naquela hora pensou em tudo que tinha feito a você.

Heluane sentiu os músculos tencionarem. Afrodite queria o quê? Convencê-la que Mask não era ruim? Que tinha se arrependido e agora era santo?

– Ele pode até ser uma pessoa boa, mas não comigo Afrodite. - levantou. - ele me odeia. E como ele mesmo disse, vai chutar a minha bunda quando o vértice abrir.

O sueco ia retrucar, quando sentiu o cosmo do canceriano. Mask caminhava lentamente em direção ao templo, mas ao ver Heluane parou.

Os dois fitaram-se. A imagem dele garotinho veio na mente da fluminense. Mask ficou incomodado.

– O que está olhando? - indagou rusticamente.

– Seu grosso! - deu meia volta. - está vendo?

Olhou para Afrodite antes de entrar. O sueco apenas voltou à atenção para Mask que aproximou.

– Por que estava conversando com ela?

– Por nada. Já estou de saída. - saiu.

Mask deu nos ombros, votando a andar, entraria no templo, mas achou melhor dar a volta, poderia encontrar com a brasileira e tudo que menos queria era vê-la.


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Notas finais do capítulo

Os acontecimentos desse capitulo são importantes para o deslanche de alguns acontecimentos, inclusive o incêndio no alojamento. A cerimônia de Aiolos se aproxima e será um divisor de águas na fic. Obrigada a todos que acompanham.



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