A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 32
Pesar


Notas iniciais do capítulo

Alguns esclarecimentos, a fic está aproximando para o final da segunda parte que culmina na cerimônia de nomeação do Aiolos. Logo após a cerimônia a fic entra na terceira parte e aviso que será a mais tensa da fic. Se acham que já choraram e sofreram, não passou apenas de preparação para o que virá acontecer. Alguns relacionamentos ainda sem definição começarão a acontecer. Problemas que supostamente foram solucionados tendem a piorar e muito! Bom... aguardem...
Só para aliviar, dois casais vão para os finalmente rsrsrs



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Saori ainda estava sentada na varanda, com o olhar vago para a estátua de mármore logo a frente, adornada pelas estrelas. Sentia-se desnorteada e incapaz. Todo seu cosmo e sabedoria acumulada durante milênios, não tinham valido de nada para o caso de Saga. Foi por pouco que não perdeu seu cavaleiro.

Chorou, era frustrante ser uma deusa e não poder ajudar seu cavaleiro. Rodrigo entrou na varanda portando uma pequena bandeja, nela trazia uma xícara de chá, com alguns calmantes. Estava preocupado com o estado dela. Não tinha jantado e estava a horas sentada naquele local.

– Trouxe um chá. Vai te fazer sentir melhor.

– Eu não quero... - enxugou com as mãos o rosto.

– Beba Atena. - disse sério e notando as lágrimas prateadas. Sabia que quando elas ocorriam eram Atena e Saori chorando.

A deusa o fitou seriamente, mas concordou.

– Tome isso também. - deu um comprimido branco. - vai relaxar o corpo.

Tomou o chá com o comprimido branco, descansando o corpo na cadeira.

– Mesmo reencarnando num corpo mortal, eu não consigo entender as várias facetas da mente humana. - o olhou. - não consigo fazer nada pelo Saga tampouco usando meu lado Saori.

– Não se culpe.

– E se Saga não acordar? - os olhos marejaram diante dessa possibilidade.

Rodrigo ficou calado, se com o passar dos dias Saga não voltasse, as coisas mudariam drasticamente no santuário.

– Venha. - estendeu a mão.

Atena deixou-se levar. O baiano a levou até o banheiro, onde tinha preparado a banheira.

– Fique o tempo que achar que deve. Vou te esperar lá fora.

Atena sorriu.

– Obrigada por ficar ao meu lado.

– Sempre ficarei. - beijou-lhe na fronte.

o.O.o.O

Paula estava no quarto de Shion, vendo TV. O cavaleiro desde que voltara da enfermaria estava calado. Agora estava na antessala conversando com Giovanni.

– Nikolai foi sincero comigo, - o ariano andava de um lado para o outro. - Saga pode demorar a voltar.

– Saga é forte mestre. - MM ficou preocupado, mas tentou não transparecer. - ele vai se recuperar rápido.

– É mais sério Giovanni. - o fitou. - se Saga voltar pode apresentar sequelas e pior... - não sabia se era prudente falar.

– Pior...?

– Não sabemos qual personalidade poderá voltar. Pode ser Saga, como também pode ser...

MM ficou alarmado, se isso acontecesse...

– Por enquanto não diga a ninguém sobre isso, nem mesmo a Atena. Vamos rezar para que termine bem.

Os dois conversaram mais um pouco e depois Mask retirou-se. Shion foi para o quarto, dando um pequeno sorriso ao ver Paula olhando atentamente para a TV comendo um pedaço de bolo.

– O que está assistindo?

– Não faço ideia. É um filme grego, meio sem sentido. - desligou a TV. - e o Saga?

– Na mesma. - passou a mão pelas mexas verdes.

– Acha que ele vai acordar?

Shion balançou a cabeça negativamente.

– Coitado do Kanon...

– Saga tentou várias vezes se matar, essa foi a pior. O doutor Nikolai disse que ele ingeriu uma grande quantidade de remédio. É um milagre ele não ter morrido. - levantou, indo em direção ao banheiro, precisava de uma ducha. - a casa de Gêmeos perdeu seu guardião.

o.O.o.O

Julia lia quando escutou batidas a sua porta.

– A saudade era tanta assim? - indagou Mask encostado na soleira da porta.

– Convencido.

– Eu sei que sou baixinha. - brincou com os cabelos ruivos, entrando em seguida.

– Baixinha? - o olhou atravessado.

– Queria falar comigo? - sentou de forma despreocupada na cadeira.

– Como está o Saga?

– Na mesma. - endireitou-se. - tudo que temos que fazer agora é esperar.

– Entendi...

– E o Shura? Você o viu?

– Ele veio buscar a Cris.

– E?

– E nada. - cruzou os braços sobre o peito. - ontem abri o jogo com ele.

– Fez o que? - arregalou os olhos.

– Expus tudo a ele, mas não deu em nada. - pegou o livro que estava lendo. - até melhor, já cansei da indecisão dele.

Mask deu um sorriso. Levantou e lentamente foi até a paulista, parando bem próxima a ela.

– O que foi?? - ficou receosa pelo jeito que ele a olhava.

– Então não quer nada com ele. - disse baixinho.

– Não. - gaguejou.

– Certeza?

– Sim.

Ele começou a gargalhar.

– Qual a graça seu italiano idiota.

– É que está estampado na sua cara que ainda gosta dele.

– Não gosto!

– Então podemos ir para cama? - aproximou ainda mais quase colando seus rostos.

– Co-mo? - ficou vermelha.

Giovanni foi no intuito de beija-la, mas recuou.

– Conversaremos amanha, boa noite.

Saiu, deixando a paulista sem entender. No corredor a expressão dele ficou séria. Quando estava prestes a beijar Julia, a imagem do beijo que deu em Heluane veio na mente.

– Caspita... - murmurou.

o.O.o.O

O jantar foi feito em silêncio, Kamus não queria demonstrar, mas ficara bastante abalado com a tentativa de Saga.

– Saga vai se recuperar. – disse Isa, juntando os pratos usados no jantar.

– Sinceramente? – a fitou. –tenho minhas dúvidas.

– Por que? – pegou o prato do namorado.

– São anos nessa situação... Saga toma remédios fortíssimos... quero acreditar que não, mas acho que ele não volta...

– Se isso acontecer, Kanon vai ficar desesperado.

– Ele vai perder o norte e do jeito que as coisas estão é bem provável que ele entre em depressão. - disse com pesar.

– Será duro... - murmurou a paulista, pois sabia o quanto a depressão poderia atrapalhar a vida. - você quer um chá para dormir melhor?

– Não agora. Quero que venha comigo. – levantou.

– Para onde? – indagou surpresa. Sair aquela hora?

– Você verá.

Os dois desceram pelas doze casas, indo em direção a entrada principal do santuário, antes de chegar viraram e Isa percebeu que tomavam o rumo do templo de Hefesto. Quase prestes a chegar Kamus pediu que ela fechasse os olhos.

– Tinha planejado desde o almoço, mas como ocorreu aquilo com o Saga, não pude fazer do jeito que eu queria, espero que goste.

Kamus a conduziu pelas mãos até o interior do templo, a brasileira sentiu um ar frio, ficando intrigada.

– Espere aqui.

Isa concordou ficando com expectativa. Kamus voltou cerca de dois minutos depois.

– Venha.

O francês a levou até a porta.

– Pode abrir.

Isabel abriu os olhos ficando encantada. Pequenos flocos de neve caiam do teto.

– Uau...

– Não era bem isso que eu queria fazer, mas...

Kamus agachou tocando o chão. Este congelou. Isa olhava encantada, da ponta do dedo do cavaleiro viu algo prateado avançar por entre as pedras, pequenos cristais de gelo formavam nas beiradas.

– Sabe patinar?

– Não.

– Levante o pé.

Ela obedeceu. Kamus passou o dedo pela sola da sandália dela criando laminas de gelo. Fez o mesmo procedimento no outro pé e depois em si mesmo.

– Venha.

Um pouco receosa, Isa deixou-se levar. Os dois posicionaram-se bem ao centro, quando Isa foi surpreendida por uma música ao fundo.

– Nessun Dorma*?

– Um mimo. - Kamus sorriu. - para uma pessoa especial.

Ao som da opera, Kamus a conduzia num bailado. Os passos eram suaves. Isa sentia-se nas nuvens, nos braços de Kamus, com a música ao fundo e a neve caindo lentamente sobre eles.

– Se for um sonho não me acorde.

– Não é um sonho senhorita Isabel. - Kamus a rodopiou suavemente trazendo-a novamente para seus braços. - é real.

Os passos continuaram, até o fim da música.

– Gostou? - tocou suavemente o rosto dela, pena que não o via com tanta nitidez...

– Muito. A música, a neve, esse lugar... foi perfeito. Obrigada.

– No almoço perguntou se tínhamos uma relação. Eu disse que sim, mas talvez tenha faltado o pedido. - Sem que ela esperasse, Kamus ajoelhou na frente dela. - quer namorar comigo? Oficialmente?

– Está falando sério?

– Sim.

– Nem precisava perguntar. - sorriu.

– Isso é para você. - tirou algo do bolso. - desculpe por ter sido feito as pressas, mas...

Era um pequeno saquinho de veludo. Isa abriu-o despejando o conteúdo, na mão.

– Não quis imitar o Aioria, mas achei a ideia interessante.

– Fez para mim? - era uma correntinha de prata, com um pingente em formato de cisne com as asas abertas. Quando tocou sentiu a temperatura fria. - de gelo?

– Sim. Não vai derreter pois coloquei uma centelha do meu cosmo nele. Só não deixe o Dohko usar suas armas...o esquife de gelo deve te lembrar de algo. - sorriu.

Isa não tinha palavras, ganhar algo de Kamus e ainda testemunhar aqueles sorrisos?

– Obrigada Kamus. Usarei sempre.

– Pode ser clichê, - levantou. - mas o meu sentimento por você, é como esse gelo, o tempo não destrói.

– Sinto o mesmo. Obrigada. - tocou o rosto dele.

Kamus aos poucos foi aproximando, beijando-a de forma apaixonada.

o.O.o.O

Jules e Dohko fizeram uma refeição rápida. O libriano estava um pouco aéreo e por conta disso a paulista o convidou para sentarem na varanda.

– Está tudo bem mesmo Hian? - alisava o braço dele.

– Está. Só estava pensando... antes só tínhamos preocupação com batalhas, agora... estamos tendo problemas de pessoas normais. Quando diagnosticaram o problema de Saga, li algumas coisas a respeito.

– Ele vai sair dessa.

– Espero. - a abraçou. - vai ficar aqui hoje?

– Você quer? - sorriu de forma marota.

– Por mim já se mudava para cá.

– Deixa Atena saber... - sorriu. - posso fazer uma pergunta nada a ver?

– Pergunte. - a fitou.

– Como fez seu corpo ficar pequeno e roxo?

– É efeito do Misopetha Menos. Seu corpo diminui para que não gaste muita energia e a pele fica daquela cor para que ela não receba diretamente os raios solares. Como se fosse um casulo.

– Entendi...

Dohko levou as mãos a cabeça, ela começava a latejar.

– Vamos dormir? - pediu.

– Mas já? - o fitou. - o que foi? - notou a expressão dele.

– Minha cabeça...

– Vamos para o quarto.

Jules o conduziu até o quarto. Dohko deitou e a cabeça não parou de doer, ao contrario piorou.

o.O.o.O

Marcela ouvia seu ipod, mas os pensamentos estavam em Escorpião. Estava tão distraída que não viu Heluane voltar.

– Marcela! - gritou perto dela.

–Pô Helu! - deu um pulo da cama. - quer me matar de susto??!

– Não resistir, estava tão distraída pensando no Miro... - sorriu.

– Não estava! Estava pensando nos meus pais.

– Sei... acredita que isso funciona? - mostrou o anel.

– Como sabe? - sentou na cama, desligando o aparelho.

– Encontrei com ele na escada, agora a pouco. Parece que ele sente uma espécie de fraqueza.

– Menos mal, assim fica longe de você.

– Ele me agradeceu por ter ajudado Saga.

– Ainda é irônico...

– Até que não. - sentou na sua cama. - ele foi sincero. Não vi hora alguma aquele olhar cínico. Até me perguntou se eu estava bem.

– Máscara da Morte se preocupando com alguém, é difícil de acreditar.

– Talvez. - deitou.

– Já vai dormir?

– Estou cansada, tudo está doendo.

– Mas ainda é cedo...

– Vá procurar o senhor insônia e pedir desculpas.

– Por quê? Eu não fiz nada! - torceu o nariz.

– Certeza? - Helu jogou a colcha sobre si. - boa noite.

– Boa...

Não deu nem dois minutos e Heluane já estava dormindo. Marcela andava de um lado para o outro a procura de algo para ver ou fazer. Pensou em ir aos outros quartos, mas de certo cada menina deveria está com seu cavaleiro.

– Que droga.

Disse saindo.

Miro olhava atentamente para a tela da TV. Os dedos deslizavam ágeis pelo controle do vídeo game. Precisava desviar os pensamentos, pois a todo o momento a ideia de Saga morrer passava por sua mente. Foi a Aquário, mas encontrou a casa vazia, então só lhe sobrou jogar.

Estava tão entretido que só escutou toques na porta minutos depois. Levantou correndo, pois imaginou que poderia ser Kamus, o rosto endureceu ao ver a paulista.

– Oi.

– Oi. - disse seco, fechando um pouco a porta.

– Está ocupado?

– Muito.

– Será que podemos conversar? - tentou usar o tom mais simpático que tinha.

– Não podemos. Boa noite Marcela.

Foi para fechar a porta, mas a brasileira se colocou na frente.

– Ainda está com raiva por hoje cedo?

– Qualquer pessoa ficaria se fosse seguida. - disse com ironia.

– Que droga Miro! Eu achei que estivesse com outra mulher.

– Eu te diria na cara que sairia com outra.

Marcela fechou a cara. Ele sabia ser torrão.

– Me desculpe...

– Desculpas aceitas. Agora pode ir.

– Não vai nem me convidar para entrar?

– O que você quer Marcela? - a fitou friamente.

– Quero saber sobre sua vida. - deu um passo a frente, mas Miro bloqueou. - por que não me contou que vivia na rua?

– Porque não.

Aquelas respostas secas deixavam a brasileira ainda mais irritada, ao mesmo tempo em que a expressão séria, o deixava ainda mais bonito.

– É melhor eu ir, pelo jeito está querendo dormir.

– Eu não posso dormir, esqueceu? - a fitou com ironia.

– Vou dar uma pancada na sua cabeça, aí dorme.

– Já tentei, não funcionou.

Marcela arqueou a sobrancelha.

– Você fez o que?

– Nas primeiras vezes, ainda não tinha achado um remédio que funcionasse, então tentei de tudo, inclusive pancadas que apenas me deixaram de dor de cabeça. Até bom eu não dormir, assim não penso besteira... - esfregou a mão no rosto.

– Que besteira?

– Que Saga pode morrer. - soltou um suspiro desanimado. - eu não tenho bons pressentimentos...

– Ele está sendo bem cuidado, vai se recuperar. - ficou triste ao vê-lo daquele jeito.

– Não tenho certeza Marcela. Dessa vez foi forte... o cosmo dele oscilou muito... - balançou a cabeça. - não posso pensar nisso. Saga vai se recuperar.

– Tenha fé. - sorriu.

Miro a fitou.

– Quer beber alguma coisa? - a convidou.

– O que tem?

– Apenas refrigerante. A cachaçaria é mais embaixo.

– Tudo bem.

O cavaleiro a deixou entrar, deixando Marcela surpresa.

– Estava jogando?

– Mortal Kombat é o melhor jogo.

– Típico... - murmurou.

– Já volto.

Marcela aproveitou para sentar no tapete, olhando os vários Cd's de jogo que ele tinha.

– É um viciado.

– Está gelado. - apareceu trazendo uma garrafa com dois copos.

– Atena sabe disso? - mostrou um dos cd's. - alias Shion sabe disso?

– Ele não se importa, - sentou. - desde que as tarefas sejam feitas. - serviu aos dois.

– Ah...

– Está sem sono mesmo? Naquela vez você apagou no meu colo....

– Estou. Se tomasse remédio resolveria, mas fiquei meio com medo...

– Saga tomou altas doses.

– É...

– Me desculpe mesmo, não queria bisbilhotar, só achei que estava com... você sabe. - o fitou. - é muito bonito o trabalho que faz.

– Elsa e eu fazemos o possível para levar um pouco de carinho e atenção. Sabemos muito bem o que é crescer sem isso... - disse triste.

– Morou mesmo na rua?

– Sim. Eu sempre fui de aprontar, lá não tinha maus tratos, mas como eu era uma peste, vivia de castigo, ou na solitária, ou apanhava... e a coitada da Elsa morria de preocupação. Até que cansei daquela vida, alguns garotos mais velhos falavam sobre a vida nas ruas. Eu teria a liberdade que nunca tive, então fugi. Arrependimento... - murmurou.

– O que aconteceu?

– Realmente eu era livre, mas apanhei, passei fome, roubei comida, as vezes ganhava. Esse rostinho sempre foi irresistível com as mulheres. - sorriu convencido.

– 171 desde pequeno!

– Vi alguns garotos irem presos, virarem drogados, mortos... eu tive sorte de ter sido levado para Rodorio. Talvez meu fim seria o mesmo deles...

– Mas não foi, virou um cavaleiro de Atena. Forte. Metido, mas forte.

– Olhando por esse lado... eu tive sorte. Tenho uma casa só para mim, tenho amigos o que mais posso querer?

– Nada eu acho...

– Tem uma coisa que eu quero e ainda não tenho... - fitou-a fixamente.

– Não vai ter esse corpinho. - passou a mão sobre si. - Procure outra para transar.

– E quem disse que eu quero transar com você?

Marcela arqueou a sobrancelha.

– Se for só para transar, está cheio de mulheres no alojamento das servas e em Rodorio, ávidas por esse corpinho de Apolo.

– Seu ego uma hora vai estourar.

– Eu não quero apenas transar com você, mas infelizmente você me rejeita... - fingiu tristeza. - então preciso me consolar em outros braços. - deu um sorriso sacana.

– Pois que vá! - Marcela levantou. - seu idiota. Vá se ferrar!

Tudo que a brasileira sentiu foi o corpo tombar numa queda. Miro tinha puxado seu braço e quando percebeu estava praticamente deitada no colo dele.

– Esse seu veneno é a minha perdição.

Os lábios uniram-se. Marcela arregalou os olhos assustada e tentou se livrar, mas o filho da puta, sabia beijar... e como sabia! Os dedos alvos e finos entrelaçaram pelas mexas azuis. Aprofundando o contato...

– Você é um cafajeste... - o rosto estava vermelho.

– E todos os adjetivos que você quiser usar.

Voltou a beija-la dessa vez com mais calma.

– Eu quero você Marcela... - a voz saiu num sussurro bem ao pé do ouvido. - quero muito.

– Só diz... isso... por-que... - a voz saia entrecortada. - não vi-rei seu tro-feu...

– Mas você não será qualquer troféu.... - dava pequenos selinhos no pescoço dela. - será o Trofeu. Daqueles que só se tem a chance de ganhar uma única vez... o sortudo o terá para sempre.

– Está vendo? - afastou-se. - pensa em mim só como um objeto. - deu um empurrão nele. - vá se ferrar! - levantou.

– Pisa em quem quer te dar carinho. - ele ria.

– Vá tomar no %&! - gritou enfezada.

Fez o sinal, saindo pisando duro.

Miro ria.

– Doce veneno....

o.O.o.O

Juliana e Shaka ficaram por um bom tempo conversando sobre a situação de Saga e Kanon, até que o assunto vinho e a noite da bebedeira entraram no meio.

– Aproveitando a ocasião, gostaria de me desculpar pelas minhas atitudes.

– Não tem problema Shaka. Isso acontece.

– Não deveria.

– Mas por que bebeu?

Ele ficou calado, não poderia dizer que a causa era justamente ela.

– Eles não dizem que a bebida faz esquecer os problemas... - disse, para se arrepender pois a conversa poderia tomar um rumo perigoso. - deve ser tarde... - desconversou.

– Tem razão. - levantou. - eu te ajudo a levar isso embora.

– Não precisa, amanha eu arrumo. Obrigado mais uma vez Juliana. Foi um inicio de noite memorável.

– Obrigada. - sorriu sem jeito. - "E a Ester achando que aconteceria alguma coisa... leve engano..."

Ju não percebeu que a ponta do tatame estava virada, acabando por tropeçar, só não foi ao chão, pois Shaka a segurou.

– Obrigada...

– Tenha mais cuidado.

Os dois fitaram-se, os rostos estavam próximos, a ponto de sentirem a respiração um do outro. Ju perdia-se em meio ao céu azul que eram os olhos do cavaleiro, enquanto ele olhava para a boca rosada dela.

Novamente aqueles sintomas apareceram, mas dessa vez ainda mais fortes, a ponto de alterar a respiração do tão centrado cavaleiro.

– Sha...ka...

Tudo que Juliana sentiu foram os lábios macios do virginiano sobre si. O cavaleiro a envolveu por completo, colando seu corpo ao dela. Como das vezes anteriores um turbilhão de pensamentos passava por sua mente, bem como as palavras de Aldebaran. Aquilo tudo significava que gostava da oriental? Ju aproveitava cada segundo, está nos braços do indiano parecia está no paraíso. Ele parou, olhando-a fixamente.

– Você me confunde...

– Quer que eu vá embora...?

– Não... - tocou no rosto dela, passando a acariciar, nunca tinha tocado em uma mulher daquele jeito. - quero que fique....

Disse para beija-la novamente, mas desta vez sentiu a vontade aumentar, não queria apenas beijar, queria mais, só não sabia o que, até... o filme de Mask vir a cabeça. Parou de beija-la na hora, assustado. Que vontade era aquela de fazer igual ao filme? E só com ela. Só se imaginava fazendo aquilo se fosse com Juliana.

A brasileira fitava a expressão confusa do cavaleiro.

– Talvez seja melhor eu ir... - ela afastou, a procura de sua sandália.

Shaka levou as mãos a cabeça, o corpo parecia febril, o coração batia depressa e sentia seu membro duro, muito duro.

Sentada no tatame, Juliana calçava a sandália. Tentava fazer a tarefa rapidamente, mas também estava com os nervos a flor da pele. Estava tão fora de si, que não viu Shaka ajoelhar diante dela.

– Shaka?!

O cavaleiro tocou no rosto dela e novamente a beijou. Um beijo ainda mais quente que os anteriores. Lentamente o indiano a deitou no tatame.

– Sha-ka...

– Minha mente te deseja, por que eu não consigo parar de pensar em você? - estava praticamente em cima dela. - Eu quero toca-la... eu quero muito toca-la, mas...

– Mas...?

– Não sei se posso, não sei se é o correto...

– Pode me tocar.

Ouvindo a resposta, teve um pouco mais de coragem. Primeiro passou as pontas dos dedos sobre o rosto dela, depois segurou alguns fios negros entre os dedos. Analisava cada detalhe do rosto da oriental. Do rosto, o toque passou para o pescoço, Ju sentiu um arrepio ao ser tocada por ele. O cavaleiro voltou a tocar o rosto dela, iniciando outro beijo, seus corpos ficaram juntos, mas com Shaka evitando pressiona-la com seu peso, num dado momento sentiu seu membro roçar a parte intima da brasileira. Foi como se uma corrente elétrica percorresse seu corpo, o coração bateu ainda mais depressa e sua mente foi tomada por um embaraço prazeroso. Jamais tinha sentido aquilo.

– O que é isso que eu sinto? - a fitou confuso.

– Apenas sinta Shaka. - tomada de coragem o beijou.

O cavaleiro correspondeu ao beijo, aprofundando-o ainda mais.

Quando pararam, o cavaleiro ergueu um pouco seu corpo, suas íris azuis olhavam fixamente para o rosto rubro da oriental. O olhar desviou indo para os seios. Cedendo a sua vontade, Shaka desabotoou os três primeiros botões da blusa dela, revelando o soutian branco. Juliana não se mexia, apenas acompanhava atentamente as ações do cavaleiro. Um pouco receoso, tocou um dos seios, apertando-os levemente. As cenas do filme vieram na mente.

– Posso...?

Ju balançou a cabeça de forma afirmativa, queria ver até onde Shaka iria. De forma lenta o virginiano acabou de tirar a blusa da garota e depois desceu a alça do soutian. Já tinha visto seios de outras mulheres, mas não descobertos totalmente. O indiano tocou-os, provocando um leve gemido na brasileira.

– O que foi? - indagou preocupado.

– Nada...

– Me desculpe. - disse vermelho. - acho...

O cavaleiro nem terminou a frase, Juliana o puxou pelo sari beijando-o. O cavaleiro deixou-se levar, ao mesmo tempo que tocava os seios dela. Ainda sem descolar os lábios a brasileira desceu a alça do sari, revelando o dorso do indiano. Ju tocou-o do pescoço ate o fim da barriga. Shaka sentiu um arrepio ao ser tocado ali.

– O que... - murmurou indeciso, que sensação era aquela?

– Apenas sinta... - Ju segurou o rosto dele. - apenas sinta... seja apenas Shaka...

Shaka a olhou fixamente, apenas sentir... voltou a beija-la, surpreso com a volúpia que fazia aquilo. Enquanto isso tirou a blusa e soutian jogando-os de lado. Ju por sua vez encontrou uma maneira de tirar o sari, deixando-o apenas usando uma espécie de cueca na cor branca. Viu que o membro do indiano era grande e estava reto. Shaka ficou rubro, quando percebeu a paulista olhando para sua intimidade. Os dois se olharam por alguns segundos, o cavaleiro respirava ofegante, seu coração batia descompassado... as imagens do filme vieram novamente a mente. E se fizesse igual?

As mãos foram do ventre, até os botões da calça, Shaka abriu os e lentamente tirou a calça, deixando a apenas com a lingerie branca. Estava curioso, seus amigos dourados sempre contavam histórias e ele sequer conseguia imaginar. Deixando o surpreso, Juliana retirou sua calcinha e levou a mão do indiano ate a sua feminilidade. Ele tocou, fazendo Ju soltar um pequeno gemido e ele uma sensação de bem estar.

Descobria um mundo novo, que imaginava ser cercado por luxuria e devassidão, mas que com Juliana, não parecia ser tão indecoroso. Aumentou o contato e não conteve o sorriso quando ela sussurrou seu nome...

Mesmo com a completa falta de experiência do virginiano, ficou até surpresa pela forma como as coisas iam. Mesmo sem saber o que fazer, o toque dele era firme e era de certa forma gratificante saber que era a primeira na vida dele.

Shaka sentiu seu membro ainda mais duro e uma vontade louca de coloca-lo na intimidade dela, mas ainda tinha receio...

A brasileira o fitou longamente e por instantes aquele temor passou. De forma cuidadosa Shaka introduziu, fazendo movimentos de vai e vem...

Uma onda de prazer começou a ganhar força para os dois, que atingiram o clímax juntos... os corpos ficaram moles e o indiano teve que apoiar o braço no chão para não desabar sobre a oriental. Olhavam-se fixamente, enquanto a respiração tentava voltar ao normal.

Ficaram em silencio por um longo tempo, apenas com o vento fresco soprando.

o.O.o.O

Dite teve o cuidado de não deixar Fernando e Gabrielle cruzarem com Marin e Aioria. O sueco mandou o leonino ir para casa, dizendo que pediria a Gabe que fosse até lá. Assim que Aioria saiu, ele foi chamar Fernando, deixando a paulista no jardim e assim que a amazona se foi, a buscou.

Marin não quis voltar para o alojamento indo para sua casa, Fernando a acompanhou.

– Que dia... - Marin deixou o corpo cair no sofá.

– O que será do Saga agora? - Fernando sentou ao lado dela.

– Não sei... Só o tempo para dizer.

– Pensei que fosse apanhar.

– Aioria me surpreendeu. Em outras épocas xingaria, mas aceitou numa boa.

– Ele não tinha motivos para estourar, porque fez o mesmo.

– Você sabia? - o fitou.

– Sabia, me perdoe. Eu não tinha coragem de contar, pois não queria ser o pivô de uma briga.

– A Gabe também sabia de nós dois?

– Sim.

Marin levou as mãos ao pescoço, retirando a corrente.

– Fico aliviada por ter terminado bem, não queria perder a amizade de Aioria, eu tenho muito carinho por ele.

– Eu sei. Vocês passaram por muitos momentos juntos.

– Amanha contarei a Atena, espero que ela compreenda.

– Ela vai entender.

– Preciso de um banho e cama. -depositou a mão na perna dele. - Amanha o dia será pesado.

– Eu já vou indo. - o mineiro levantou.

– Não quer ficar aqui? - sorriu. - não temos nada a esconder.

– Posso mesmo?

– Claro. Eu preciso de colo....

O mineiro voltou a sentar e indicou para Marin depositar a cabeça no colo dele.

– Quer colo? - acariciava as madeixas ruivas.

– Sim... - sentiu o corpo relaxar ao toque do mineiro.

o.O.o.O

Aioria andou calmamente ate o quarto. Não estava triste, apenas surpreso pelo relacionamento ter terminado. Sempre achou que Marin era a mulher da sua vida, no entanto estava enganado.

– Aioria?

Ele virou-se, dando de cara com Gabe que parou na porta.

– Está tudo bem?

O cavaleiro caminhou até ela abraçando-a.

– Agora está.

– Não está chateado?

– Não. - continuou abraçado.

– Eu já sabia de tudo. Desculpe-me por não ter contado, mas não achei no direito...

Ele depositou o dedo nos lábios dela.

– Isso é passado, só me importa o presente.

– Estou tão aliviada... estava ficando agoniada de olhar para Marin e não dizer nada. Será que ela vai ficar com raiva de mim?

– Marin não é o tipo de pessoa que guarda rancor, ainda mais na forma como tudo terminou. Não se preocupe com isso. - acariciou o rosto dela. - só se preocupe em me aturar.

Os dois riram.

– Venha, tem algo que quero te mostrar.

Aioria a levou ate um pequeno criado mudo, onde estava uma moldura.

– O meu desenho?? - o fitou surpresa.

– Não te disse que colocaria? - sentaram na cama. - Você representou todo o esplendor de Aioria de Leão.

– Ainda bem que sei que os leoninos são bem convencidos... - observava seu desenho.

– Somos realistas é diferente.

– Sei...

Sorriram. O grego acariciou o rosto dela e no instante seguinte Gabe estava deitada na cama tendo Aioria por cima.

– Nunca se esqueça que eu amo você.

– Ama...? - escutar aquilo tão rapidamente parecia até pegadinha.

– Sim. Agora entendo o que Aiolos quis dizer que há diferença entre amor e paixão. O que eu sentia pela Marin era paixão. Por você é muito mais forte.

– Aioria...

– Mesmo quando passar pelo vértice, eu jamais vou te esquecer.

Gabe sentiu os olhos marejarem, pois aquela possibilidade poderia acontecer a qualquer momento. Não queria se separar de Aioria, não agora.

– Eu não quero ir embora... - deixou uma lágrima escapar.

– Eu não vou deixar você ir. - com os dedos enxugou. - não vou deixar.

O grego aproximou, beijando-a intensamente. Gabe deixou-se levar. Pensaria no vértice depois, tudo que queria naquele momento era ficar junto dele.

O clima mudou, o grego não apenas beijava os lábios da paulista, como também percorria o corpo dela com as mãos. Não se contentou em explorar, com a roupa atrapalhando, enfiando uma das mãos por debaixo da blusa dela tocando-lhe os seios. Gabe sentiu a face esquentar. Rapidinho o grego se livrou das peças incomodas deixando-a desnuda da cintura para cima. Inconscientemente Gabe tampou-se.

– O que foi?

– Não sou bem o tipo garota sarada... - não o fitou com vergonha.

– Como se eu me importasse com isso. - tocou o rosto dela. - eu gosto de você do jeito que é. Com todas as sua maluquices sobre o cosmo e os animais.

Gabe riu da observação.

– Ainda não viu nada da minha loucura.

– Pois eu quero ver. - aproximou seu rosto. - quero ver tudo.

Gabe fitou os olhos verdes. Anos atrás suspirava pelas cenas de ação de Aioria e agora estava diante dele, ouvindo aquelas palavras. Se era sonho, não queria acordar.

– Não imagina o quanto gosto de você. - disse num tom suave.

Ele sorriu, voltando a beija-la de forma apaixonada. Aioria livrou-se das roupas dela e das suas, deixando a brasileira sem ar, ao ver aquele corpo definido. Queria toca-lo e obedeceu a sua vontade, sentando na cama com as pernas abertas. O grego passou a estimular a área sensível dela, arrancando pequenos gemidos. Antes que Gabe chegasse ao clima, o grego interrompeu, voltando a beija-la.

– Posso...? - sussurrou no ouvido dela.

– Sim...

Aioria foi com calma, para não machuca-la, iniciando os movimentos de forma lenta. Observava atentamente cada reação dela a fim de saber o momento para aumentar os movimentos.

– Vai Aioria. - disse.

Encorajado pelo pedido, aumentou o ritmo.

– Ga-be... Ga... - já não conseguia terminar o nome, devido ao estado de excitação.

A brasileira sentiu uma onda de prazer invadir seu corpo, seguido pelo leonino.

– Ga... be... - murmurou ao chegar ao ápice.

Ela o envolveu num abraço, maneira para apoiar seu corpo tremulo.

– Gabe... - disse suavemente ao pé do ouvido.

A paulista o fitou, segurando o rosto dele entre suas mãos.

– Eu amo você.

Disse, beijando-o intensamente.

o.O.o.O

Paula dormia serenamente nos braços de Shion, que desperto acariciava o rosto da brasileira. Não conseguia pregar os olhos, um mal pressentimento assolava a sua mente.

Shion inclinou-se, dando um beijo na fronte de Paula. Levantou passando a mão numa camisa.

Um vento úmido soprava, indicando que não demoraria a chover. Shion do alto da montanha de Star Hill via as luzes da cidade e do santuário. Ali era o único local que poderia encontrar respostas.

O templo de Star Hill seguia aos moldes gregos. Alcançava dezenas de metros de altura, envolto por colunas grossas. O segundo pavimento era numa área menor e de formato circular, também ordenado por colunas.

Shion adentrou no recinto, que estava iluminado por tochas. Seu interior era magnífico repleto de afrescos e estátuas que louvam a deusa Atena. O grande mestre tomou o rumo da direita, abrindo uma grande porta dourada. Subiu apressado, as escadas de mármore branco, que terminavam no segundo pavimento. A face que dava para o santuário, um semi circulo, era aberto e envolto por colunas e não tendo teto. A face voltada para os fundos era fechada por uma parede repleta de afrescos inclusive no teto . A autoridade de Atena na Terra, caminhou até o centro do recinto. Primeiro olhou para o chão, onde estava desenhado o emblema da deusa Niké. Shion elevou seu cosmo, que percorreu seu corpo até chegar ao chão. A luz dourada correu por todo o desenho e ao final brilhou intensamente.

Star Hill era o único lugar que ainda conserva conexão direta entre o mundo dos mortais, dos imortais e a leitura feita quando a conexão estava completa permitia melhores previsões. Contudo para que essa conexão fosse aberta, somente deuses, ou alguém que fosse nomead por eles eram capazes de abrir e Shion era o único que conseguia estabelecer a conexão completa, pois fora nomeado diretamente por Atena. Saga apesar de ter sido grande mestre, só conseguia interpretações de pouca precisão, pois não conseguia move o teto para ver a posição exata onde a linha entre os mundos não existia. A partir do dia seguinte, Aiolos também estaria habilitado para abrir a conexão.

O cosmo de Shion subiu por todas as colunas e ao chegar no topo, linhas douradas cruzaram o teto desnudo. O teto da parte traseira mexeu, provocando um barulho. O teto, semi circular, dobrou-se em si mesmo, até desaparecer por completo. Shion voltou a atenção para as estrelas e que eram poucas naquela noite devido a aproximação de uma tempestade. Os olhos experimentados do ariano ficaram tensos, ao perceber algumas estrelas brilhando de forma anormal. Seu cosmo brilhou novamente, o teto assumiu uma coloração dourada, para depois sumir. Era uma tentativa de tornar a visão mais nítida, mas não foi suficiente para que pudesse ter uma interpretação precisa. Seus olhos brilharam, indicando o ápice da visão: primeiro as constelações de Áries, Câncer e Gêmeos adquiriram uma coloração avermelhada para em seguida desaparecerem. Touro, Leão, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes perderam seu brilho até se extinguirem. Virgem ainda resistia com seu brilho, mas segundos depois se apagou como as outras.

Shion piscou algumas vezes, recuando um passo.

– O que significa isso.... - murmurou preocupado. - por que elas se apagaram...?

o.O.o.O

Logo após o jantar, Mabel voltou para o templo. Mesmo querendo ficar, com a confusão toda de Saga, Deba ficara bem abalado. Já era um pouco tarde e teve que apressar, pois o vento úmido soprava forte. As estrelas tinham sumido e o céu estava carregado de nuvens escuras. Não demoraria a chover. Foi a conta de entrar no templo, para os pingos começarem a cair.

Na enfermaria, Cris estava sentada ao lado da cama de Saga. Ajeitou-se na cadeira para passar a noite...

A chuva caiu de forma impiedosa no santuário e a única testemunha era Miro que olhava através da janela do quarto, os raios cortarem o céu...

... Quando o sol despontou no dia seguinte, nem parecia ter ocorrido uma chuva, devido o calor. Os moradores de Rodorio já estavam despertos, correndo de um lado para o outro para os preparativos da tão esperada cerimônia: a nomeação de Aiolos de Sagitário.

No último andar do templo...

Atena sentia as pálpebras pesadas, o corpo estava dolorido por causa da posição. Tanto ela quanto Rodrigo passaram a noite na varanda, deitados no divã.

Ela fitou o rosto adormecido do brasileiro, dando um leve sorriso.

– Rô. - cutucou. - Rô acorda.

– Só mais um pouco... - murmurou, virando do outro lado.

– Deite na minha cama.

Rodrigo levantou no automático, indo para o quarto, andando como um zumbi. Atena seguia atrás dele contendo o sorriso.

Depois de certificar que ele tinha apagado, Saori foi tratar de sua higiene.

No andar debaixo Paula ainda dormia já Shion estava reunido com Dohko as portas fechadas no escritório do primeiro. Devido ao incidente com Saga, algumas coisas precisavam ser feitas antes da nomeação de Aiolos e Dohko o ajudava. Shion achou melhor não contar a ninguém sobre o ocorrido em Star Hill.

o.O.o.O

Abriu os olhos lentamente, ainda estava com sono, mas já era a hora de acordar. Shaka tentou mexer o braço, mas ele estava preso. O indiano virou-se arregalando os olhos.

– Por Atena! - exclamou para logo em seguida tapar a boca.

A sorte que Juliana estava num sono profundo. O cavaleiro ficou por cinco minutos olhando sem entender, até que se lembrou da noite anterior. O rosto ficou vermelho na hora, como fizera aquilo?? Lembrou-se de cada detalhe ocorrido no jardim e depois quando foram para o quarto. Sorriu. Aquilo era muito bom.

Levantou levemente o lençol branco que cobria Juliana, vendo partes de seu corpo. Olhou para sim que também estava desnudo.

– "Agora dá para entender a pervice de Giovanni, isso é prazeroso." - ficou surpreso com próprio pensamento e com os impulsos da noite anterior. Mas logo as dúvidas surgiram. - " eles falaram que fazer amor e sexo é diferente... diferente como?" Por Atena! - tapou a boca. - " perdi minha castidade..."

Levantou, indo para a cozinha. Precisava de uma boa xícara de chá.

o.O.o.O

Enquanto isso no templo, os dois amigos continuavam os trabalhos.

– Será um grande dia Shion! - exclamou. - há séculos esse santuário não tem uma cerimônia como essa.

– As guerras não permitiram. - o ariano ajeitou os olhos. - terminou?

– Sim. - passou para ele vários papéis. - está tudo em ordem senhor ex grande mestre. - deu um sorriso. - agora poderá assumir a Paula sem receios. Se quiser transar com ela em qualquer lugar nem será mais escândalo.

– Hian!

– Brincadeira.

– Pare de falar e agiliza. Ainda quero ver Saga antes do término da manhã.

– Foi por pouco não ter acontecido algo pior. - carregava uma caixa. - Aldebaran foi extremamente perspicaz em nos avisar por cosmo.

– É... - Shion que assinava alguns documentos, parou o ato, erguendo o rosto. - o que foi que disse?

– A situação poderia....

– A outra coisa. - cortou-o.

– Aldebaran ter nos avisado por cosmo. - Dohko não entendeu, mas depois arregalou os olhos. - como Deba fez isso????

Shion levantou com a expressão séria. No calor do momento, não tinha se dado conta desse detalhe, importante detalhe.

– Ele nunca poderia ter feito isso. Não nas condições que apresenta.

– Será que o cosmo dele voltou? - o libriano estava tão surpreso quanto.

– Vou chamar o Shaka.

Shion elevou seu cosmo.

Em virgem o indiano estava sentado a mesa, saboreando uma xícara de chá com um sorriso nos lábios. Queria repetir o ato, mas não achava prudente dizer a Juliana, ela poderia interpretar mal. Estava tão alheio que praticamente pulou da cadeira, ao sentir o cosmo de Shion.

– "Shaka."

– Mes-tre?? - com as mãos tremulas colocava a xícara sobre a mesa.

– "Algum problema?" - estranhou a vibração do cosmo.

– Não! - ficou com medo de Shion perceber seus pensamentos nada edificantes. - não tem nada. Deseja alguma coisa?

– "Venha ao templo, agora."

– Estou subindo.

Shaka fez uma rápida higiene e subiu.

o.O.o.O

Marin sentiu as costas doerem. Tentou espreguiçar mas acabou batendo as mãos no encosto do sofá. Abriu os olhos mirando onde estava.

– Por Atena!

– O que foi? - Fernando acordou assustado. - ai...meu pescoço.

– Dormimos no sofá!

Passaram a noite toda conversando que acabaram pegando no sono ali mesmo.

– Por isso tudo dói... - disse o mineiro.

– Desculpe.... eu... - olhou para o relógio na parede. - por Atena!!!!

– O que foi?? - assustou ainda mais com grito.

– Estou atrasada. - deu um salto. - bom dia. - voltou para dar lhe um selinho.

– Bom dia.

– Enquanto a água ferve, vou tomar um banho. Preciso ir para a vila o quanto antes.

– Posso ir com você?

– Prepare-se para trabalhar. E muito! - sorriu.

o.O.o.O

Kamus já estava acordado há muito tempo. Na cozinha prepara o café. Aquele dia seria cansativo.

– Bonjour.

Isa o abraçou.

– Bonjour. - beijou de forma delicada as mãos dela. - Suco de laranja ou abacaxi?

– Qualquer um. - foi para a mesa. - não está um pouco cedo?

– A cerimônia é hoje. - disse levando a cesta de pães. - é preciso ficar olho em Aiolos.

– Por quê?

– Vai que ele resolve aproveitar o estado de Saga, para adiar mais uma vez sua nomeação.

– Ele não faria isso...

– Faria. - disse convicto.

o.O.o.O

Shaka subiu o mais depressa possível. Não estava num melhor estado, mas era melhor que chegar atrasado.

– Bom dia mestre.

– O que houve com você? - Shion o fitou de cima a baixo.

Shaka usava a calça de moleton que dormia, uma blusa branca amarrotada e os cabelos soltos, um pouco fora do lugar.

– Desculpe... é que eu estava dormindo. - inventou.

– Relaxa homem bicentenário. O garoto estava dormindo. - Hian não perdeu a chance de sacanear Shion, e não perderia para Shaka. - as vezes também passou a noite numa transa fantástica que acordou assim.

Tanto Shaka quanto Shion coraram com a frase.

– Tenha mais respeito Dohko! - Shion ralhou. - não o leve em consideração Shaka.

– Tudo bem. - sorriu. - " Se ele disse isso, é porque os homens acordam assim depois de uma transa..."

Hian que era esperto, ficou intrigado com o sorriso de Shaka.

– " Colocar a Jules para descobrir... aí tem!"

– Desculpe por tê-lo chamado tão cedo, mas era urgente. - foi para sua mesa. - sente-se.

Shaka acomodou-se.

– Aconteceu alguma coisa mestre? - ajeitou os cabelos.

– Sentiu o cosmo de Aldebaran chamando pelo Kanon, não sentiu?

– Sim. - respondeu simplesmente. - por quê?

Shion o fitou seriamente e então compreendeu.

– O cosmo dele voltou?

– Não sabemos Shaka. - disse Dohko. - me lembrando de ontem, a única hora que senti foi na hora do chamado, depois não senti nada.

– Pode ter sido um lampejo? - Shaka olhou de Dohko para Shion.

– Penso que sim. - o ariano apoiou-se nos cotovelos. - só não sabemos como e por que. Quero que fique de olho nele e tente descobrir o que aconteceu naquela hora, mas sem alarmes. Pode ter sido apenas um lampejo e isso poderia dar falsas esperanças ao Ricardo.

– Sim senhor.

– Pode ir, hoje temos um grande evento e precisamos nos preparar.

– Sim. - levantou. - e o Saga?

– Ainda não tive noticias, mas está na mesma.

– Ele vai acordar, não vai? - indagou esperançoso. Ouvir de Shion que ele ficaria bem, serenaria suas dúvidas.

Shion e Dohko ficaram surpresos com o tom empregado pelo indiano. As falas de Shaka sempre eram precisas, racionais e afirmativas, contudo parecia que ele estava bastante preocupado com o estado do geminiano.

– Vamos torcer que sim. - disse Shion.

O cavaleiro despediu, saindo.

– A situação do Saga mexeu com ele. - disse Dohko.

– Mexeu com todos Hian, com todos.

o.O.o.O

Estava na casa de Gêmeos, contudo o ambiente só estava a meia luz. Cristiane passou pela sala de estar e depois pela copa, indo direto para o quarto de Saga. Ao chegar a porta escutou um choro, logo percebendo que se tratava do cavaleiro, que estava agachado num canto.

– Saga? - correu até ele. - Saga o que foi?

O cavaleiro ergueu o rosto.

– Vá embora... - murmurou.

Ela foi pega de surpresa.

– Sai daqui... agora.

– Por quê? - sentiu os olhos marejarem.

– Eu vou matar você. - Saga derramou uma lágrima.

– Não vai. - tocou de forma afetuosa o rosto dele. - eu confio em você.

– Confia? - os lábios contorceram num sorriso maldoso. - não deveria.

Primeiro, Cristiane sentiu uma dor aguda na altura do peito, a boca foi tomada por um gosto metálico e um filete de liquido vermelho desceu pelos lábios. Ela inclinou o rosto para baixo, vendo um objeto dourado cravado em si. Era a adaga dourada.

– Saga...

A visão ficou turva, mas pode ver a face satânica de Saga...

– CRISTIANE!

A brasileira acordou assustada, o rosto estava banhado de suor e o coração acelerado.

– O que foi Cris? - Aiolos estava ao lado dela.

– Aiolos...? Atena...? - tentou se recompor.

– Está suando. - a deusa aproximou.

– Não foi nada. Só um sonho ruim. - sorriu sem graça.

– Com o que?

– Nada demais, passou. - levantou. - bom dia.

– Dormir nessa cadeira não foi nada cômodo. Por que não dormiu no sofá? - Aiolos percebeu que havia algo errado.

– Fiquei bem assim, Aiolos. Não se preocupe...

Cristiane voltou a atenção para o rosto de Saga, a expressão era serena, não lembrando nem um pouco o rosto perverso. Levou a mão na altura do peito. Tinha sido tão real... Atena notou que ela estava angustiada.

– Vá para o templo e descanse Cris. Vamos ficar aqui até o Giovanni chegar.

– E o Kanon?

– Ainda não o vimos. - disse Aiolos. - vá descansar.

– Está bem, qualquer coisa me avisem.


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Notas finais do capítulo

* Nessun Dorma, da ópera Turandot, usei a versão interpretada por Luciano Pavarotti



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