A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 31
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Capitulo com alguns palavões



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Em Touro, Mabel preparava o jantar, Ricardo estava sentado a mesa, mas fitava um ponto qualquer.

– Não fique assim Deba, Saga vai melhorar.

– Queria ser otimista assim Bel... mas... - lembrou-se da forma como o encontrou. - não quero nem imaginar. - balançou a cabeça. - seria um golpe muito forte se...

– Não pense assim.

– Tem razão. Importa-se de eu sair rapidinho? - levantou.

– Aonde vai? - ficou apreensiva, o acontecimento com Saga tinha abalado-o.

– Em Áries. Eu não demoro. - foi até ela, dando-lhe um beijo.

O ariano estava no cômodo anexo, onde consertava armaduras. A situação de Saga havia deixado-o sem rumo, preferindo ir trabalhar.

– Atrapalho? - Shaka bateu a porta.

– Não... estou acabando. Teve noticias do Saga?

– Está na mesma. - encostou-se à parede para apoiar.

– Como o Kanon está?

– Pensei em bater na porta de Gêmeos, mas não queria ser inoportuno. Suellen também está com ele.

– Ele só não desmontou de vez, porque tem a ela.

– É o amor?

– Sim Shaka. Kanon não admite, mas ele gosta dela.

– Acho que estou começando a entender esse sentimento.

Mu o fitou.

– Por que diz isso? - achou curioso.

– O estado que a Cristiane ficou, mesmo com todos os problemas, ela ficou do lado do Saga. Se fosse um parente próximo poderia achar que é pelos laços sanguíneos, mas não é isso... tem algo a mais. É por isso que está afastado da Ester? Por que tem medo de machuca-la?

– Sim. - voltou aos seus afazeres, sorrindo, parecia que Shaka começava a entender as coisas.

– Eu pedi a Ester um favor.

– Que favor?

– Queria comparar, o que eu sinto quando estou com a... - parou de falar.

– Com a Juliana. - o fitou divertido. - essas duvidas é por causa dela.

– Como sabe? - arregalou os olhos.

– Suspeitava. - riu. - mas queria comparar o que com a Ester?

– Pedi se poderia beija-la. - disse simplesmente. - a sensação foi diferente e...

Foi só o tempo da barreira envolver o indiano por completo a ponto de evitar um soco de Mu.

– VOCE FEZ O QUE? - berrou.

– Pedi um beijo... - murmurou Shaka assustado pela reação do amigo. - o que foi Mu?

– COMO O QUE FOI? VOCE BEIJOU A MINHA NAMORADA!

– Mas o que tem? - indagou inocentemente. - eu só queria ter parâmetros.

– PARAMETROS O CACETE!

Mu estava prestes a dar lhe outro soco, quando Deba entrou no meio.

– Ei! O que está havendo??

– Esse filho da mãe beijou a Ester!!!

– Como é que é? - Deba olhou para Shaka. - você fez o que?

– Beijei. - disse como se fosse a coisa mais normal do mundo. - como poderia ser qualquer uma que servisse de parâmetro.

– EU MATO!

– Chega Mu! - Deba o reteve. - explique-se Shaka!

– Tenho que falar...? - ficou vermelho, mais um, a saber, sobre a japonesa?

– Sim!

Shaka começou a contar as duvidas que surgiram durante a conversa com Ester, até chegar o momento do beijo. Ao final Deba gargalhava.

– Do que está rindo porra! - ralhou Mu. - queria ver se fosse com a Mabel.

– Desculpe... é porque é a situação mais inusitada que já vi, se bem que tratando-se de Shaka tudo é possível.

– O que tem eu?

– Shaka, o homem mais ingênuo do mundo, - Deba tocou nos ombros dele. - regra número um sobre homens: nunca pegue a mulher do próximo.

– Pegar? Por que eu pegaria a Ester? – ficou ainda mais confuso.

Deba franziu o cenho, com Shaka deveria ser ao pé da letra.

– Quando estamos relacionando com alguém, é normal que seja um relacionamento fiel, o que fez com a Ester, poderia ser considerado traição. Como se quisesse que Ester tivesse um relacionamento com você pelas costas do Mu.

Shaka fitou o ariano na hora.

– Não foi isso que quis fazer. Não foi a minha intenção.

– Quando via a Juliana com o Dohko. - disse Mu. - como se sentia?

– Com raiva... - murmurou.

– Pois é como eu me sinto. Raiva. - Mu estava até vermelho. - com uma vontade enorme de te transformar em pó de estrela!

– Calma Mu. Se fosse Miro, Aiolos ou outros deixaria acabar com eles, mas o Shaka... ele é virgem até hoje...

– Não estamos discutindo minha situação sexual. - o indiano queria enfiar a cara no chão.

– Shaka, a coisa é mais simples que você pensa. - Deba puxou banquinhos para os dois. - senta.

Sentou obediente.

– Tudo que me contou e suas preocupações só apontam para uma coisa.

– Que coisa? – finalmente teria respostas.

– Você gosta da Juliana.

– Gos-to? - engasgou.

– Sim.

Deba ficou em silencio esperando-o absorver as informações.

– Faça o seguinte. Nas suas meditações pense em tudo que te falei e que os outros falaram. Pense na relação do Dohko com a Jules, na de Aioria e Marin, na minha com Mabel, na do Mu e na do Saga. Vai chegar a uma resposta.

– Vou fazer isso... obrigado. - olhou para Mu, que ainda estava com a cara fechada. - desculpe Mu, nunca quis trair você.

– Nunca quis ser o pivô de uma traição. - Deba tratou de consertar. - sua frase não saiu muito adequada.

– Desculpe. Perdoe-me Mu.

– Vaza logo daqui antes que eu mude de ideia. - a expressão estava séria.

Shaka despediu-se dos dois e foi a conta dele sair, para Deba cair na gargalhada.

– Pensou se a moda pega?

– Sua mãe está bem? - o fitou torto.

– Brincadeira carneiro.

– Shaka é sem noção!

– Uma pessoa criada num mosteiro, não podia esperar grande coisa. Ele ainda é virgem!

– Só quero ver se a Ester vai me contar.

– Ela vai, não se preocupe, mas também se não contar, foi com o Shaka. - coçou a cabeça. - carneiro tem chifres?

– Vá para puta que pariu! - levantou irritado.

– É hilário vê-lo irritado. - o brasileiro começou a rir.

– Vaza você também.

– Posso pedir uma coisa antes?

– Fale.

– Pode fazer um par de alianças para mim?

– Como...? - a expressão de irritado passou a surpreso.

– Eu pedi a Bel em casamento. E ela aceitou. - sorria de orelha a orelha.

– Está falando sério?

– Sim. Estou decidido Mu, vou ficar com ela, mesmo que tenha que deixar o santuário.

Mu franziu o cenho surpreso. Shion enfartaria se ouvisse isso.

o.O.o.O

Afrodite andava de um lado para o outro, talvez não fosse a melhor hora, por conta dos acontecimentos com Saga, mas o caso Marin e Aioria tinha que ser resolvido o quanto antes. Por cosmo chamou o leonino e a amazona para que viessem a sua casa dentro de uma hora.

o.O.o.O

As meninas estavam em seus respectivos quartos. No quarto Áries, Helu estava deitada na cama. Estava cansada.

– Não imaginava que Saga fosse capaz disso. - disse Marcela.

– Eu também não, mas depois de hoje... - Helu sentou na cama. - ele precisa de tratamento. Tratamento sério.

– Já que é entendida do assunto quando ele acorda? - indagou Paula, acabando de se arrumar.

– Só Deus. Aonde vai?

– Jantar com o Shion.

– Jantar com ele, ou jantar ele? - Marcela deu um sorriso perve.

– As duas coisas. - sorriu abrindo a porta. - não me esperem para dormir. - saiu.

– Essa se deu muito bem. - a paulista prendeu os cabelos. - ao contrario de mim...

– Quem diria que Miro é voluntario num hospital... - Helu procurava por seu hidratante do corpo. - que surpresa.

– Também fiquei... ainda mais saber da história dele. Menino de rua?

– Coisas que o tio Kuru não contou. E agora?

– Agora que ele está com ódio de mim. - Marcela deitou-se.

– Não era o que você queria?

– Não me deixe mais para baixo que já estou. - a fitou. -

– Estou indo. - Helu passou a mão na toalha. - preciso de um bom banho.

No quarto de Leão...

Ester contava os fatos ocorridos em Virgem para Juliana e Jules, mas não mencionou a conversa sobre os sentimentos do indiano muito menos o beijo. Primeiro contaria a Mu depois para Juliana.

– Você fez o que?! - exclamou Juliana.

– Cerimônia de chá. É a oportunidade perfeita Ju.

– Eu não vou conseguir, vou tremer.

– Vai nada Ju. - disse Jules. - coloca umas ervas mais fortes e dopa ele. Quando ele estiver dormindo abusa dele!

– Jules!

– Presta atenção Ju,– Ester segurou nas mãos dela. – talvez seja sua oportunidade de conquistar o Shaka. Não tem nada a perder.

– Será?

– Sim.

– Vai logo e tire a virgindade do virgem. - Jules sorriu.

– Mas ele pode não querer mais, tudo que aconteceu com o Saga.... - Juliana não achava boa ideia.

– Não deixa de ser uma forma de relaxar. Vai com fé que hoje consegue.

No quarto de Gêmeos...

– Aioria disse isso? - indagou Sheila.

– Sim.

– Ele tem problema. - Sheila levantou. - da onde Aiolos tira essas ideias?

– Coitado Sheila. - disse Julia.

– Coitado é de mim! Eu juro que se até o final da festa ele não tomar uma atitude pulo no pescoço do Sorento, ou do Afrodite.

– Acha que vai ter festa? Depois de tudo? - Gabe não estava muito convicta.

– Atena pode mudar de ideia.

– Mudando de ideia ou não, eu pulo em cima do Afrodite!

No quarto Libra...

Cris separava o livro que levaria para a enfermaria.

– Tem certeza Cris? Não está cansada? - indagou Isa.

– Estou bem. Shura não deve demorar.

Isa ficou em silêncio, pois algo passou pela mente dela. Como seria, se o vértice abrisse amanha com Saga ainda em coma? Tratou logo de desvencilhar de tais pensamentos.

– Saga vai acordar. - tocou nos ombros dela.

– Eu sei. - sorriu.

Ouviram batidas na porta. Isa foi atender, era uma serva trazendo um bilhete.

– É do Kamus. - a paulista tratou logo de abrir. - é um convite para jantar.

– E claro que vai aceitar.

– Será que não fica chato, um jantar numa situação como essa?

– Claro que não Isa! O que está esperando para ir, atrás do seu príncipe francês.

– Vou esperar Shura chegar.

– Não precisa, não o deixe esperando. - sorriu. - e faça a noite valer a pena. - deu uma piscadinha.

– Mente pervertida. - abriu a porta. - se precisar de alguma coisa sabe onde estou.

– Ok.

Isa saiu, mas antes de seguir passou no quarto ao lado pedindo para que Julia ficasse com Cris, não era prudente deixa-la sozinha.

Dois andares acima, Saori estava na varanda, olhando o anoitecer. Rodrigo acabava de chegar.

– Deixaram seu jantar.

– Não estou com fome. Tem noticias da Cristiane?

– Passei lá antes de subir, está melhor. - sentou ao lado dela. - o que vai fazer quando Saga acordar?

– Leva-lo para uma clinica. Pensei que estando aqui pudesse ajudar com sua recuperação, mas não... - suspirou. - ele precisa ser internado.

– Ele poderá receber visitas?

– Só o médico pode determinar.

– A Cris...

Atena ficou ainda mais preocupada. Notara que os dois passavam muitas horas juntos e depois do ocorrido ficou evidente o sentimento que ambos nutriam, não apenas eles, percebeu que alguns dos seus santos haviam se "apegado" a algumas meninas. Aquilo seria um problema quando o vértice abrisse. Como Saga reagiria a ida da mineira? Ele tentaria novamente se matar. E ela própria? Como reagiria a ida de Rodrigo?

– Não quero pensar nisso... - encolheu.

– Então não pense. - Rodrigo a envolveu num abraço. - só descanse. Vou ficar aqui com você.

o.O.o.O

Isa chegou em Aquário estranhando o silêncio da casa. Passou pela sala e sala de jantar. Foi ao quarto do francês e nada, então foi para a biblioteca. Kamus estava deitado no pequeno sofá, com uma das mãos cobrindo parte do rosto.

– Kamus?

Ele a olhou na hora. Isa notou a expressão cansada.

– Está tudo bem? - sentou na beirada do sofá.

– Está... só estava pensando no Saga e em tudo que aconteceu. Já testemunhei tantas tentativas dele, deveria está acostumado... mas não... - sentou. - vê-lo daquele jeito... - balançou os cabelos ruivos. - que bom que está aqui. - segurou a mão dela.

– Quer que eu faça algo? Não estamos muito no clima...

– Na verdade, tinha outra coisa em mente... mas não sei se é prudente.

– Quer descansar? Jantamos outro dia.

– Quero que fique aqui comigo. - a abraçou. - não quero ficar sozinho.

– Eu fico.

o.O.o.O

Sheila tinha desistido de ficar no quarto. Julia estava fazendo companhia para Cris e Gabe tinha saído junto com Fernando. O clima animado para a comemoração do dia seguinte tinha ido pelo ralo. Andava aleatoriamente pelo pátio atrás do templo, quando notou Aiolos sentado de frente para a estátua. Seu olhar estava concentrado nela. A paulista pensou em dar meia volta, tudo que não queria é olhar para a cara dele depois de tudo, mas a curiosidade por saber o que ele fazia ali e no que estava pensando falou mais alto. Foi atrás.

Já tinha algum tempo que o grego estava sentado ali. Queria espairecer, pois a cena ocorrida com o Saga o deixara perturbado. Desde que o geminiano chegara ao santuário, foi testemunha ocular de todas as alterações de humor de Saga. E quando voltou a vida, parecia que Saga tinha piorado. Sempre tentou ajuda-lo, mas percebeu que não estava colhendo frutos com relação a isso. Além dos problemas com Saga, ainda tinha a situação de Atena. Jamais imaginou o quanto a deusa sofria por tê-los trago de volta e ele sempre negando em ser o grande mestre. Era injusto depois de tudo que a deusa fez.

– "Eu sou um idiota." - soltou um suspiro.

Sheila chegou bem a tempo de ouvir o suspiro.

– Está tudo bem Aiolos?

– Está lind... - estava prestes a pronunciar o apelido. - Sheila. Tudo bem.

– Posso sentar?

– A vontade.

Seguiu alguns minutos de silêncio, quebrados pela brasileira.

– Atena vai prosseguir com a cerimônia?

– Vai... a Cristiane tem razão em ter dito aquilo. Saga carregaria mais uma culpa e é tudo que ele não precisa nesse momento.

– Foi uma situação e tanto.

– Saga já fez mais vezes, mas não como hoje. Eu achei que fosse perder meu amigo. - a fitou.

– Seria um duro golpe para todos.

– Sim... - voltou a atenção para a estátua. - as vezes fico pensando, se eu fosse o grande mestre talvez pudesse ajuda-lo de forma mais efetiva.

– Como assim?

– Talvez o que Saga precise agora é de autoridade e não de um amigo. Se não consigo fazê-lo reerguer pelo lado homem, talvez consiga pelo lado cavaleiro. Confuso? - a olhou.

– Um pouco. Saga precisa de tratamento clinico. O que ele tem é uma doença. Não estou dizendo que durante esses anos não tentaram ajudar, mas há coisas que só o cosmo não basta.

– É disso que me refiro sobre o cargo de grande mestre. Eu poderei impor isso a ele, assim também poderei retribuir Atena. Uma das coisas que ela mais preza é o bem estar do santuário e é uma obrigação do grande mestre. Não estou dizendo que Shion não cumpra isso, apenas quero fazer que o fato de nos ter trago tenha valido a pena.

– Então decidiu assumir o cargo? - indagou surpresa.

– Sim.

– Está certo disso? - cutucou. - você tinha receios até pouco tempo...

– Nunca chegarei aos pés da administração de Shion, mas vou fazer o meu melhor. Todos nós estamos com deficiência em nossas habilidades ou condições físicas, por isso vou trabalhar para que o santuário volte a ser pelo menos o que era antes. E vou ajudar o Saga. Ele vai voltar a ser o cavaleiro de Gêmeos que conheci.

Sheila piscou várias vezes, que milagre tinha acontecido ali? Aiolos tendo surtos de segurança?

– Isso tudo é pelo que aconteceu?

– Eu entendi o meu papel aqui e não posso fugir das responsabilidades.

– Isso se aplica a todos os campos? - sentiu uma pontada de esperança.

– O que quer dizer?

– Tomará decisões em todos os campos da sua vida?

Aiolos deu um meio sorriso ao entender o sentido da pergunta.

– Para um garoto até que melhorei não é? - indagou com um pouco de ironia. - mas sinto desaponta-la por não está no seu padrão. - disse saindo.

– Não está mesmo! - disse enfezada. - espero que amanhã eu tenha sorte ao conhecer o Sorento.

Aiolos parou na hora, virando-se para ela.

– O que disse?

– Sorento está no meu padrão. Se usasse uma faixa na cabeça estaria perfeito.

Tudo que Sheila sentiu, foi ser arrastada para atrás da estatua, sendo pressionada contra o mármore branco. O corpo de Aiolos cobria por inteiro imobilizando-a.

– Quer testar o quanto Sorento é homem ? O quanto o beijo dele é melhor? - a voz saiu fria. - antes de experimenta-lo, lembre-se do meu, quem sabe o do garoto supere o do homem.

Tudo que Sheila sentiu foi os lábios de Aiolos contra o seus. O ato começou com desejo e volúpia. A brasileira estava com os olhos arregalados que aos poucos foi fechando, correspondendo ao beijo. Passou as mãos pelos fios claros trazendo-o mais para si. O que tinha começado com luxuria aos poucos foi se tornando terno...Aiolos a soltou, olhando-a por alguns instantes. Estava assustado.

– Passar bem Sheila. - disse tentando controlar seu estado.

Saiu dali o mais rápido possível. Tinha certeza do seu papel perante Atena e o santuário e agora, tinha certeza quanto aos seus sentimentos: era apaixonado por Sheila.

A brasileira sentia o rosto em brasas, a respiração estava entrecortada. Aiolos nunca a tinha beijado daquele jeito.

– Uau... - murmurou, dando um sorriso. Será que ele tomaria alguma atitude agora?

o.O.o.O

Para incentivar Juliana, Jules e Ester praticamente a colocaram para fora do quarto. Jules ficaria em Libra, mas Ester estava incumbida de escoltar a paulista e certificar que ela entraria em Virgem. Juliana não estava muito convicta do chá, ainda mais depois de tudo que tinha acontecido, mas as amigas praticamente a empurravam para cima de Shaka.

o.O.o.O

Julia tentava distrair Cristiane contando casos da sua faculdade. Duas batidas a porta interrompeu as risadas.

– Pode deixar que eu abro.

A paulista abriu a porta num rompante, pensando que era uma das meninas. A face ficou branca ao ver Shura. O cavaleiro também ficou surpreso pois não esperava vê-la.

– A... Cristiane está...?

– Sim. - recuperada da surpresa a expressão ficou indiferente.

– Estou pronta. - a mineira apareceu na porta. - pod... - calou-se diante do olhar do espanhol para a amiga. - se quiser eu desço sozinha...

– Não. - disse Julia. - ele vai com você. Só pede para o Gio passar aqui. - a fitou.

E não viu o olhar de Shura torna-se frio ao escutar o nome do canceriano.

– Eu falo... - murmurou a mineira. - vamos...?

O cavaleiro apenas deu meia volta, Cris o seguiu.

o.O.o.O

Novamente estava a beira do fogão e olha que mais cedo tinha jurado para si, que não pisaria mais na casa de Gêmeos, mas agora estava ali, com um Kanon completamente apático sentado a mesa. Tentou algumas vezes conversar algo leve, mas o marina respondia com monossílabos, quando respondia. Suellen preferiu fazer uma sopa, pois era leve e rápida. Serviu ao cavaleiro, pois ela não estava com fome.

– Sopre pois está quente.

Kanon sequer se mexeu.

– Precisa comer alguma coisa Kanon.

– Não estou com fome. - respondeu no automático.

– Pelo menos uma colher.

– Não.

– Kanon, por favor.

– Eu não quero!!! - gritou, para em seguida calar-se diante da expressão da brasileira. - me desculpe... eu não queria gritar... mas... mas... - levou às mãos a cabeça. - eu quero sumir daqui, não tenho mais forças e o que aconteceu hoje é culpa minha, eu fracassei com ele. - levantou, passando a andar de um lado para o outro, Suellen apenas acompanhava. - Eu não quero ver o meu irmão morrer... eu não quero... o que vou fazer sem ele? - a fitou. - o Saga não pode morrer, ele não pode morrer... se ele morrer eu vou junto. Eu me mato.

A brasileira soltou um suspiro, Kanon vinha enfrentando durante tanto tempo os problemas de Saga, praticamente sozinho, que era natural que uma hora começasse a apresentar um quadro depressivo.

Levantou de onde estava, parando bem na frente dele.

– Kanon.

O marina a fitou diretamente.

– Não foi culpa sua o que aconteceu, não fracassou e Saga não vai morrer. - segurou as mãos dele. - É só uma fase que vai passar. Nós vamos passar por essa fase, não precisa carregar tudo nos ombros sozinho. Eu vou te ajudar, a Cris vai te ajudar, nós três vamos ajudar o Saga.

– Mas... eu... não consigo mais... estou tão cansado...

– Eu sei que está, mas vai conseguir superar, como tem feito há tanto tempo. Não são os cavaleiros da esperança?

Esboçou um sorriso.

– Acho que sim....

– Eu tenho certeza.

Sem que ele esperasse, Suellen o beijou de forma intensa. No principio o geminiano ficou surpreso com o ato, mas depois deixou-se levar, aprofundando o contato. Tudo era tão mais fácil com ela por perto. O fardo se tornava tão leve... soltaram-se.

– Agora coma, nem que seja um pouco, depois vai dormir, precisa descansar.

Kanon obedeceu, tomando metade da sopa. Depois Suellen o conduziu até o quarto e tal como uma criança o colocou para dormir.

– Está bom assim? - indagou fechando um pouco a janela.

– Está...

– Tenho certeza que vai acordar muito melhor amanha. - aproximou dando-lhe um beijo na testa.

– Posso pedir algo?

– Diga.

– Pode ficar aqui?

– Posso, ficarei no quarto de Saga.

– Quero que fique aqui comigo. Prometo que não faço nada, só não queria dormir sozinho.

Não era uma boa ideia, mas Suellen acabou aceitando. Foi a cozinha para guardar a sobra da comida na geladeira e apagar as luzes da casa. Voltou para o quarto, tirando as sandálias. Kanon a seguia com o olhar e aquilo a deixou envergonhada. Não estava com sono, então ficaria só o tempo dele dormir.

– Obrigado.

– De nada. - sorriu sem graça, ao ficar cara a cara com ele. - eu costumo dormir de lado... - não conseguiria ficar quieta olhando para ele.

– Tudo bem.

Suellen virou-se de costas para Kanon, o cavaleiro aproximou-se um pouco mais, praticamente colocando seu corpo ao dela, a brasileira ficou tensa.

– Boa noite Su... - aconchegou o rosto em meio aos cabelos dela, sentindo o cheiro deles. Era tão suave, que o fazia se sentir aconchegado. A presença dela o fazia se sentir melhor.

– Boa noite. - o corpo ficou tenso. Quando diria algo, percebeu que o geminiano dormia profundamente. Virou-se lentamente para não acorda-lo. - amanhã será tudo diferente. - acariciou o rosto dele.

o.O.o.O

Juliana estava parada na porta privativa de Virgem, sem saber se entrava ou não. Quando Shaka concordou com o chá a situação era outra, agora com Saga em coma, não teria clima. Resolveu bater, para ao menos dar uma satisfação a Shaka e marcar o chá para outra data. Foi com a mão a madeira, mas a porta abriu sozinha.

– “Esqueço que as portas ficam abertas....”

Entrou, notando que a sala e a pequena copa estavam a meia luz.

– Shaka...?

Andou pela casa até chegar na sala de meditação. O indiano estava na posição de lótus. Usava um sari branco, os cabelos estavam presos num coque alto e os olhos fechados. Ela não podia ver, mas seu cosmo queimava ao redor.

Shaka estava naquela posição desde que voltara de Áries. As palavras de Aldebaran martelavam na sua mente. Será que realmente estava desenvolvendo sentimentos por Juliana? Era tudo tão confuso! Somado a isso, o caso de Saga. Ficara muito abalado por causa do amigo. Não conseguia sequer imaginar o que seria do santuário se Saga morresse.

– Shaka...? – Juliana teve que chamar, mas receosa pois ele poderia não gostar da interrupção de sua meditação. – Shaka.

O indiano abriu os olhos, voltando a atenção para a mulher a sua frente. No segundo que pousou seu olhar no dela, seu corpo respondeu na hora. O coração batia depressa, sentia um frio na barriga e teve que fazer um esforço sobre humano para que os lábios não contraíssem num sorriso.

– Desculpe por interrompê-lo... é que a Ester me falou sobre a cerimônia... não é melhor deixar para outro dia?

– Tem algum compromisso agora?

– Não. É que... pensei que com essa situação do Saga...

– Não há nada que posso fazer por ele. – levantou. – bem que queria ajuda-lo, mas no que estado que ele está a única coisa que posso fazer é rezar por sua recuperação.

– Se quer assim...

O cavaleiro desceu do pequeno palanque onde fazia sua meditação, aproximando-se de Juliana. A brasileira ficou estática, principalmente quando ele parou bem próximo a si.

– Venha. – o tom saiu seco.

Em silencio ela o seguiu até a sala do Buda deitado.

– Será no jardim? – indagou surpresa.

– Já está tudo preparado.

A estátua mexeu-se dando passagem a eles. Juliana prendeu a respiração quando viu o local que Shaka havia reservado. Era entre as árvores gêmeas, com uma espécie de tatame cobrindo a relva. Num canto uma sombrinha vermelha aos moldes orientais e abaixo dela um caixote. Quando Juliana aproximou-se mais, ficou espantada por ver todos os utensílios usados para a cerimônia.

– Isso é seu? – indagou surpresa.

– Ganhei a muito tempo de Atena, mas nunca tive oportunidade de usar. Marin e Saori são muito ocupadas para isso, então tenho mantido guardado desde então.

Juliana voltou a atenção para os utensílios. Havia o Cha-wan que era a tigela de chá, Chá-ire, o recipiente do chá, o Chá-sen uma espécie de vassourinha feita de bambu e o Cha-shaku, uma concha feita de bambu.

– Eu não tenho as ervas próprias para o típico chá japonês, espero que não se importe por ter que usar camomila.

– Não tem importância... – olhava toda a decoração. – quando preparou tudo isso?

– Logo após a saída de Ester. Está como manda a tradição?

– Sim. Está perfeito Shaka. – o fitou sorrindo.

O cavaleiro ficou um pouco rubro.

– Podemos começar? – indagou encabulado.

– Por favor.

Shaka tomou seu lugar, sentando com as pernas cruzadas. Juliana tirou as sandálias, depositando-as num canto. Estava nervosa, pois faria uma cerimônia ainda mais na presença de Shaka. Ele era tão intimidador. Procurou lembrar-se de todos os ensinamentos de sua avó Masae, para que tudo saísse perfeito. Shaka, de olhos abertos, analisava cada movimento da brasileira.

Juliana agachou-se assumindo a postura oriental. Parou na frente de Shaka fazendo uma reverencia, o cavaleiro retribuiu o gesto. A brasileira tomou assento próximo aos utensílios, colocando-os em seus devidos lugares.

– A cerimônia completa dura quatro horas. – o fitou. – importa-se se eu fizer apenas a Usucha?*

– Não.

– A cada passo quer uma explicação?

– Eu sei como funciona, só não tinha presenciado uma. Apenas quero observar.

Juliana mordeu os lábios, conversando poderia se acalmar, agora em silencio, sabendo que Shaka a olhava, era um passo para fazer algo errado. Respirou fundo, ainda bem que sua avó não estava vendo. A paulista pegou a toalhinha de seda vermelha de nome Fukusa, tendo todo o cuidado de dobra-la conforme as regras da cerimônia, para limpar a concha e o recipiente do chá. Ju olhou para o lado a procura do chá e não pode deixar de sorrir, ao ver uma pequena caixinha de chá Twinings.

– Algum problema? – Shaka estranhou o sorriso.

– Não, só achei curioso a marca.

– Apesar de nunca ter pisado na Inglaterra, o sangue inglês corre nas veias. – sorriu. – não há nada melhor que os chás dessa marca.

Ela sorriu. Os dois olharam-se por alguns segundos. Ficando um pouco desconcertada, Ju voltou ao ritual. Usando a pequena concha de chá, a Chashaku, despejou o pozinho do chá no recipiente, colocando-o depois de lado.

Tudo era feito de forma calma e precisa e era isso uma das coisas que Shaka gostava em Juliana. Ela era delicada, mas firme nas ações. O vento soprava suave, levando as pétalas de sais pelo jardim, as estrelas despontavam no céu, proporcionando um momento calmo, tranquilo... o indiano voltou o olhar para a paulista, dando um leve sorriso, como era bom tê-la por perto. Ju também sentia aquela paz, isolada do resto, nem parecia que o santuário passava por momentos tensos. Estava num mundo a parte, tendo o indiano ao seu lado.

Pegando a concha de água quente despejou na tigela para em seguida mergulhar a vassourinha, fazendo movimento circular com ela. Após isso, depositou a vassourinha ao lado do recipiente e de posse da tigela despejou a água numa vasilha reserva. Para limpar a tigela usou o chakin, um pedaço de tecido de linho.

A movimentos precisos, a oriental depositou a tigela frente aos joelhos e de posse do recipiente do chá, colocou três conchas do pó na tigela. Acrescentou meia concha de água. A camomila ao contato da água quente liberou o aroma característico invadindo as narinas da paulista provocando uma sensação de bem estar.

Usando a vassourinha, mexeu três vezes de maneira lenta para depois em movimentos mais rápidos. O chá estava pronto. De forma graciosa, Ju colocou a vassourinha no local apropriado e antes de entregar a Shaka girou a tigela duas vezes.

Shaka fez uma leve reverencia, antes de pegar a tigela. Como no protocolo, girou o objeto uma vez, tomando um gole. Ju o fitava com expectativa.

– Divino. – disse.

– Obrigada. – sorriu sem graça com o elogio.

Shaka ainda tomou mais dois goles, antes de colocar a tigela sobre o tatame.

– Obrigado por saciar a minha curiosidade. Só reafirmou a minha opinião sobre essa prática.

– Sei que deveria ter feito usando um kimono... mas me pegou desprevenida.

– Oportunidades não faltaram Juliana.

Os dois fitaram-se, e Ju não pode deixar de contemplar o homem a sua frente. A aura que emanava de Shaka era divina, quase intocável. Sorriu ao se lembrar que aqueles lábios etéreos a beijou.

– O que foi?

– Nada! Fico feliz que tenha gostado. – disse depressa.

– Queria que o Saga desfrutasse desse momento... sei que ele não deve ter um minuto de paz.

– Também sinto por ele e pelo Kanon que acompanha isso de perto.

– Kanon é muito forte. Passou por muitos momentos e ainda continua de pé. Apesar de achar que ele está cansado.

– Acha que ele pode entregar o jogo?

– Não sei ao certo, mas se continuar desse jeito, uma hora ele cai, e se ele cair, Saga vai junto. Os dois se tornaram-se muito dependentes um do outro. Não que seja errado, na qualidade de irmãos, é o correto, mas...

– Mas...

– Saga está caindo cada vez mais num mundo sombrio e está arrastando Kanon com ele e se a barreira não abrir rápido, vai levar a Cristiane também.

Juliana ficou preocupada com as palavras de Shaka.

o.O.o.O

O trajeto do templo ate a Arena dourada foi feita em silêncio, principalmente por parte de Shura que tinha os pensamentos voltados para Julia. Era notável que ela pegou aversão pela presença dele e com isso Giovanni se aproximaria ainda mais. Seria questão de tempo os dois se envolverem mais intimamente. Sentiu raiva do canceriano. Ao chegarem a enfermaria, não encontraram Mask no quarto.

– Nem para esperar. - disse Shura.

– Só fui ao banheiro. - a voz fria do canceriano soou atrás deles.

– Como ele está?

– Na mesma Cris. Tem certeza que quer ficar aqui?

– Tenho.

Ela aproximou-se da cama, tocando levemente o rosto de Saga.

– Eu preciso ficar aqui.

– Me responda uma coisa. - Shura tentava pensar de forma objetiva. - quer ficar aqui por gosta dele ou por que está com remorso?

Mask e ela o fitaram na hora.

– Saga pode ter feito o que fez por conta de suas palavras.

Cris ficou surpresa. Remorso? Olhou para Saga, seu rosto estava pálido. Sentia-se muito culpada por tudo que tinha dito. Se ele tivesse morrido, sentir-se-ia péssima.

– Saga precisava ouvir aquilo Shura. - disse Mask. - independente das palavras dela, Saga estava sujeito a tentar se matar.

– Mas Shura tem um pouco de razão. - disse. - eu não deveria ter dito aquilo. Ao invés de tentar ajudar eu só piorei e por minha culpa Saga pode demorar a acordar.

Mask olhou ferino para o espanhol.

– Nós já vamos Cris. - disse o canceriano. - se precisar, use isso. - a deu um radio transmissor. - Shion está com um. Estou levando o outro.

– Está certo. A Julia pediu que fosse até o templo vê-la.

– Irei. Vamos Shura.

Praticamente puxou o espanhol de dentro do quarto e só esperou chegar do lado de fora...

– Você é um filho da puta.

– Por quê? - o olhou de forma fria.

– Como pôde dizer aquilo a ela?!

– Só fiz uma observação. Que pode ser verdadeira. Por que não pode ser remorso?

– Por que não é apenas remorso. Pode até ter uma parcela, mas no fundo, ela está lá porque gosta do Saga.

– Isso é o que você acha.

– Isso é o que todo mundo vê. - apertou o passo. - Julia fez muito bem em te dá um pé na bunda. Você é um idiota.

O rosto de Shura contraiu todo, mas ele não retrucou.

o.O.o.O

Aioria via Gabrielle andar em meio ao jardim de Afrodite. A brasileira observava atentamente uma joaninha sobre uma folha, a procura de algo que indicasse uma mutação. Claro que os animais dali deveriam sofrer alguma interferência por receberem cosmo! Daria uma excelente tese de mestrado e até de doutorado.

– O que está fazendo? - Aioria agachou ao lado dela querendo entender porque ela olhava tão fixamente para uma rosa.

– Tentando descobrir se o cosmo influencia nos animais daqui. - disse com o olhar fixo na joaninha.

O grego arqueou as sobrancelhas.

– Hum.. não entendi.

– O único lugar da Terra que uma região é banhada por cosmo é aqui. Queria saber se os animais que crescem aqui ficam diferentes por receber o cosmo.

– Ah... - coçou o queixo. - acho que não...

– Deve acontecer algo Aioria. Pessoas terem cosmo não é muito normal.

– É isso que estuda na sua cidade?

– Sim. Pena que Atena não apoiaria um estudo nessa área. Meu mestrado estaria salvo.

– Atena não concordaria mesmo...

– Seria a melhor bióloga se pudesse estudar sobre isso. - disse com pesar.

– Independente de Atena permitir ou não, você será a melhor bióloga. - disse sorrindo.

– Acha mesmo?

– Claro!

Gabe sorriu e não pode deixar de reparar que Aioria não usava a corrente que tinha feito para selar sua união com Marin. Quando falaria sobre isso foi interrompida por Afrodite.

– Flor, me empresta seu homem um pouco?

– Isso é jeito de falar Dite? - Aioria levantou encabulado.

– Não vou fazer coisa pervertidas com você. - riu. - só quero que me acompanhe. - e olhando para Gabe. - prometo trazê-lo inteiro.

– Confio em você Dite. - sorriu.

Enquanto Afrodite levava Aioria para a casa de Peixes, Marin estava na sala e Fernando estava no quarto de visitas a espera dele.

Aioria seguia com o cavaleiro sem entender o chamado e por que Gabe que tinha sido convidada não estava com eles. Começou a entender quando viu Marin.

– Aioria? - a amazona assustou ao vê-lo.

– Oi. - era a última pessoa que o leonino esperava ver.

– Esperem aqui, já volto.

Gustavv foi até o quarto, onde chamou Fernando levando-o para o jardim. Gabe ficou surpresa ao vê-lo. Deixando os dois, o pisciano voltou para a sala. Nesse ínterim, Marin e o leonino trocaram poucas palavras.

– O motivo que os chamei... - Gustavv apareceu no corredor e puxando um puff sentou na frente deles que estavam acomodados no sofá. - é sobre o fim do casamento de vocês.

– O que??! - exclamaram os dois.

– Do que está falando Gustavv?? - indagou o grego.

– Marin já não ama você, assim como você não a ama. - disse seco.

Os dois se olharam surpresos.

– Eu não estou entendo Dite....

– Está sim Marin. - o tom foi firme. - eu pensei que vocês fossem resolver a situação, mas pelo visto terei que intervir.

– Resolver o que Afrodite? - Aioria ficou nervoso. Terminaria com Marin, mas queria esperar a hora certa de dizer, para não magoa-la.

– A união de vocês ia bem até poucos dias. Pensavam que estavam dando um passo certo nas suas vidas, mas descobriram que seria um erro se levassem esse projeto a sério. Não estou certo?

Os dois voltaram a se olhar.

– Você queria desmanchar o nosso noivado? - indagou Aioria.

– Sim... - não o fitou. - mas não queria te magoar...

– Assim como Aioria queria desmanchar, mas tinha medo de magoa-la Marin. - disse Dite.

Ficaram em silêncio, pois de certa forma ficaram aliviados pela decisão ser dos dois.

– Se é o que você quer Marin, tudo bem.

– Não se importa? - indagou até um pouco surpresa.

– Não. Assim como sei que você não se importa.

– Mas e Atena?

– Eu conversarei com ela. - disse Dite. - não se preocupem quanto a isso. Para a situação ficar completamente esclarecida é preciso que saibam porque chegaram a essa conclusão.

Foi então que os dois se deram conta. Qual era o motivo do termino?

– Não aconteceu porque quiseram e sim porque simplesmente aconteceu. Com os dois. Apenas perceberam que passaram a gostar de outras pessoas.

– Como assim? - Marin olhou de Dite para Aioria.

O leonino suspirou profundamente. Mesmo Marin não o amando mais ficaria magoada pela traição. Aquilo foi uma traição, mesmo Dite dizendo que não foi por querer.

– Enquanto ainda estávamos juntos eu fiquei com a Gabrielle. Naquele dia que estávamos jogando vídeo game. Aconteceu.

A japonesa arregalou os olhos.

– Vocês dois?

– Me desculpe por isso Marin. Não tive coragem de conta-la e tentei de todas as formas esquecer essa fato pois achei que era você que eu amava... no entanto... Eu gosto da Gabe. - a fitou.

Marin ficou pálida, jamais imaginaria isso. Abriu a boca para xingar, quando calou-se. Não podia falar de Aioria já que fizera o mesmo.

– Eu também. - abaixou o rosto. - eu e o Fernando...

Aioria já desconfiava, pelo jeito que ela o tratou na arena, na parte da manhã, mas ouvir aquilo não era fácil.

– Os dois estão quites. - disse Dite, antes que começassem a acusar um ao outro. - nenhum dos dois tem o direito de recriminar o outro e felizmente isso aconteceu antes que dessem aquele passo importante.

Um silêncio incomodo abateu sobre os dois. Não tinham raiva um do outro, mas era estranho. Eram "apaixonados" desde a adolescência e em questão de dias, isso caíra por terra.

– Estamos no mesmo barco então... - Aioria fitava um ponto qualquer do chão. - a barreira... quando ela abrir...

– Eu pensei muito sobre isso. - disse Marin. - nos tínhamos uma relação séria e trocar por algo duvidoso... mas não pense que deixei de gostar de você, apenas transformou-se em carinho.

– Eu também me sinto assim Marin. - a fitou. - desejo que seja feliz com ele.

– Assim como você e a Gabe.

Afrodite sorriu. Pensava que a conversa seria muito mais tensa, mas felizmente correu tudo bem. Seria muito injusto se a situação continuasse do jeito que estava. Injusto para os quatro.

o.O.o.O

Mabel acabava de por a mesa quando escutou as risadas de Ricardo.

– O que foi?

– Você não vai acreditar.

– Em que?

Deba contou toda história.

– Shaka fez isso??? Sério??? - indagou espantada.

– Fez. Precisava ver a cara do Mu. Ficou puto da vida.

– Qualquer um ficaria....

– Shaka é inofensivo. - puxou uma cadeira sentando.

– Não ficaria bravo se ele me beijasse?

– Nos primeiros minutos sim, mas depois... uma coisa é o Afrodite dar de cima de você, outra coisa é o Shaka. Shaka é virgem Bel! Aquela lá sequer beijou.

– Isso não é bem verdade.... - fez bico, para não sorrir.

– Como assim?

– Ele já deu dois beijos.... - deu meia volta indo para o fogão.

– Como é que é?? Que história é essa?

– Jura que não conta para ninguém?

– Juro.

– Ele é o cavaleiro favorito da Ju. No dia antes da barreira supostamente abrir ela roubou um beijo dele, e no dia seguinte foi o Shaka que a beijou.

– Monge safado! Isso ele não me contou!

– O Shaka disse algo? - Bel voltou para a mesa rapidinho, sentando em frente ao namorado.

– Ele está cheio de dúvidas. Shaka não conhece o amor, então... mas a Ju pode ficar feliz, o buda está gostando dela.

– Sério? - ficou feliz pela amiga.

– Sim. Por isso beijou a Ester, segundo ele queria comparar. Só que a Ju terá que ter paciência, Shaka não é do tipo emotivo, ele nem sabe o que é isso, então ate ele se soltar...

– Pois eu acredito que ele vai desabrochar rápido para o amor.

– Isso eu quero eu ver.

o.O.o.O

Mu estava deitado no sofá. A raiva de Shaka ainda não tinha passado, apesar de entender os motivos dele fazer aquilo. O virginiano era um completo alienado nos assuntos do coração e para que tomasse a iniciativa em experimentar, era que Juliana havia realmente mexido com ele. Ficou até com um pouco de dó, pois Shaka crescera sozinho.

Os pensamentos voltaram para Ester. Ficou imaginando o que ela estaria fazendo naquela hora. Queria muito que ela estivesse com ele, mas era melhor ficarem afastados. Sua telecinese poderia machuca-la gravemente. Soltou um longo suspiro, seria duro ficar longe dela. Tirando o dos seus devaneios escutou alguém batendo a porta.

– Se o Deba me zuar de novo... - levantou. - eu mato.

Abriu a porta no rompante ficando surpreso ao ver a carioca.

– Ester?!

– Posso entrar?– indagou fria.

– Ester... talvez....

Ela não esperou ele terminar entrou.

– Ester, por favor... é melhor você ir.. eu posso te machucar.

Não vai me machucar. – disse incisava.– sei que quer me proteger Mu, mas não desse jeito. Eu não quero ficar longe de você.

– Mas é o correto. Perdemos até nossa comunicação mental.

– O amor também se perdeu? Deixou de gostar de mim?

– Não... eu jamais vou deixar de te amar... - disse tristemente. - eu amo você Ester, por isso quero que fique longe de mim. Não sei o que faria se te machucasse.

Ester aproximou do ariano ele por sua vez afastou.

– O Shaka me beijou hoje. - disse. – ele queria comparar o meu beijo com o da Juliana.

– Eu sei.

– Sabe?

– Shaka me contou.

– Mu, não pense que...

– Eu não pensei. - sorriu. - sei que jamais faria algo assim.

– Mu eu não me importo se corro perigo, eu só quero ficar ao seu lado.

– Mas pode se machucar gravemente, eu não me perdoaria se isso acontecesse.

– Eu não quero desistir de você, por um motivo como esse. Veja a Cristiane e o Saga, o problema deles é muito mais sério. Eu nunca pensei que fosse me apaixonar por alguém e agora que encontro você... eu tenho que desistir...?

– Por favor Ester... não torne as coisas mais difíceis...

Ester aproximou com velocidade, abraçando-o. Mu ao contato quase cedeu a vontade de toca-la, mas não poderia. Pelo bem de Ester, tinha que se manter afastado.

– Ester... - afastou-se delicadamente. - por favor...

– Se for para ser assim, que a barreira abra logo. Vai ser melhor.

O ariano engoliu a seco, se ela passasse pela barreira, nunca mais a veria., mas...

– Talvez seja melhor...

Mal acabou de falar, Mu sentiu seus poderes surgirem. Os objetos sobre as mesas começaram a balançar.

– Vá Ester. - foi até a porta. - por favor.

A garota ainda relutou por alguns segundos, mas acabou indo. Se Mu continuasse a acreditar que faria mal a ela, nada o faria mudar de ideia.

o.O.o.O

Ao chegarem no pátio lateral do templo Shura e Mask tomaram rumos diferentes. Ele faria um relato a Shion sobre o estado de Saga e depois encontraria Julia.

Helu e Marcela conversavam no quarto. A fluminense sentiu sede, indo até a cozinha, depois voltaria para o quarto, pois estava muito cansada.

Mask tomou a direção do aposento do grande mestre, onde ele lhe aguardava. Estava prestes a subir as escadas quando viu Heluane. A brasileira também o viu, parando. Por alguns segundos os dois se encararam.

– Você está bem? – indagou um pouco ressabiado.

– Meus braços ainda doem, mas nada que uma boa noite de sono não resolva. – disse seca.

– Deve ser um procedimento cansativo...

– Muito.

– Sei que deve ter ouvido muito hoje, mas obrigado. Se você não estivesse aqui Saga teria morrido.

– Não tem o que agradecer, eu faria isso por todos, inclusive você. Nessas horas é mais importante salvar a vida do que as diferenças.

Giovanni ficou calado, aquela frase não foi atoa e era merecida.

– Compreendo. Sei que tivemos nossas diferenças, mas o meu agradecimento é sincero. Muito obrigado por ter salvado a vida do Saga.

Helu ficou surpresa, Mask sempre tinha um sorriso debochado no rosto, mas naquela hora parecia ser sincero.

– Não há de quê.

– Estava descendo?

– Sim.

Ele não disse nada, afastando-se consideravelmente da escada. A principio a jovem não entendeu, mas depois percebeu que poderia se tratar do anel. Ela ainda o usava. Desceu as escadarias normalmente, virando a esquerda, contudo parou.

– Esse anel funciona mesmo? - indagou.

– Sim.

Querendo realmente ver se aquilo não era conversa, Heluane deu meia volta indo na direção de Mask. O cavaleiro ficou apreensivo, pois não sabia que tipo de reação teria quando ela chegasse na distancia mínima. Os dois estavam separados por mais ou menos quatro metros e quando essa distancia caiu para dois, MM começou a sentir os efeitos do anel. A perna bambeou e um suor frio percorreu seu corpo. Instintivamente recuou. Helu percebeu pela expressão do rosto dele , que havia acontecido algo.

– Parece que funciona mesmo.

– E muito. – disse, recuando o máximo que pode para sair dos efeitos do anel.

– Bom saber.

Deu as costas saindo. MM respirou aliviado.


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Notas finais do capítulo

A cerimônia do chá regular consiste 1) da primeira sessão na qual uma refeição ligeira, denominada "kaiseki", é servida, 2) da "nakadachi"ou breve pausa, 3) da "gozairi", a parte principal da cerimônia, onde o "kaicha" ou chá de textura espessa, é servido e 4) da ingestão do "usucha" ou chá de textura fina. Toda a cerimônia consome cerca de quatro horas. Frequentemente, apenas o "usucha" é servido, o que requer cerca de uma hora.



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