A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 18
Ciumes...?




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Seguindo as orientações de Isa, Suellen conversava assuntos diversos com Kanon. Pelo menos por alguns segundos queria que ele se esquecesse da sua batalha com Saga. Passaram pelo atalho que ligava o templo a Rodorio. Depois tomaram o rumo do lago. Quando a brasileira deslumbrou a água límpida não se contentou em apenas olhar. Sentou na beirada colocando os pés na água.

– Que delicia...

– Esse lugar foi o local favorito dos aspirantes a cavaleiros. Deba era o que mais ficava aqui.

– Não tem como se sentir mal nesse lugar. É muito lindo!

Kanon olhou para Suellen sorrindo.

– Gostei da barreira não ter aberto.

– Eu também. - o fitou.

– Vou comer coisas gostosas todos dias.

– Interesseiro... - o fitou ferina. - vou cobrar pelo serviço.

– Justo. Quanto quer?

Suellen arqueou a sobrancelha.

– Está falando sério?

– Brincadeira Su. - gargalhou.

A brasileira sorriu, Kanon estava mais solto.

– Só sua presença me faz bem, sabe Saga e eu...

Kanon não terminou a frase, pois recebera uma rajada de água na cara. Quando percebeu Suellen tinha saído correndo.

– Pensa que eu não te pego?

Levantou, passando a correr atrás da brasileira. E Suellen se esforçava já que Kanon estava alcançando-a. Quando ela olhou para trás não o viu mais.

– Cadê? - parou. - Kanon?

O cavaleiro tinha sumido.

– Kanon? - olhava ao redor. - Kanon? Kanon aparece. Kanon? - ficou preocupada.

Caminhou até algumas árvores próximas.

– Kanon.

– Eu? - surgiu diante dela.

– Ah! - Suellen soltou um grito assustado, recuando. - quer me matar do coração?!

– Você que começou... - sorriu.

– Como veio para cá?

– Velocidade da Luz. Eu deveria joga-la no lago.

– Você não teria coragem...

– Quer apostar? - o geminiano a pegou no colo.

– Não Kanon! Me solta.

– Agora está com medo senhorita Suellen?

– Eu não sei nadar. Prometo que cozinho tudo que quiser. - precisava convencê-lo.

– Sério? - parou na beirada. - tudo mesmo?

– Tudo.

– A ideia é boa... - fingiu pensar. - mas prefiro te jogar.

– Kanon!

Ele começou a rir, descendo-a.

– Eu não faria isso com você. - a colocou no chão.

– Pois eu faria.

Tudo que Kanon sentiu foi a força do empurro, indo direto para água.

– Isso foi pelas vezes que meteu a Cris em saia justa e por ter ficado com a Helu.

– Sacanagem. - tirava o cabelo da face. - eu não fiz nada.

– Fez sim dragão marinho. - sorriu.

– Eu achando que fosse um poço de candura, - saia da água. - na verdade é um poço de maldade.

– Faço que posso. - sorriu vitoriosa.

O grego fechou a cara.

– Golpe baixo. - olhou para si. - estou todo molhado.

– Só deitar no sol que seca. - riu.

– Engraçadinha. - tirou a camisa, torcendo-a. - vai ter volta.

Suellen não respondeu, pois estava ocupada vendo os músculos do grego.

– "Um legitimo deus grego."

– Está me olhando assim por quê?

– Nada... não é nada. - sentou-se na relva, tinha que desviar a atenção.

Kanon estendeu a camisa no chão, sentando-se ao lado da brasileira.

– Desculpe a brincadeira.

– Eu deveria ficar com raiva, mas não vou.

– Não? - o fitou intrigada.

– Não.

– Por que? - ficou desconfiada.

Kanon a olhou. Suellen o fitava com a expressão de dúvida.

– Por nada. - resolveu não comentar. - esse tipo de brincadeira ocorria entre Saga e eu, mas depois que ele...

– Posso te perguntar uma coisa nada haver? - indagou cortando-o.

– Sim.

– Como é o templo de Poseidon? Como se respira debaixo d'água? - já estava curiosa a respeito disso, e acabou usando para desviar a atenção do cavaleiro para o problema Saga.

– O poder de Poseidon nos permite respirar debaixo d'água. O seu templo...

Kanon começou a contar sobre o templo e o assunto evoluiu para Julian Solo, as festas que ele promovia etc. Suellen sorria internamente, pois estava conseguindo fazê-lo desligar um pouco dos problemas.

O.o.O.o.O

Shaka subiu direto para sua casa. Ao chegar, trancou a porta, pois não queria que ninguém o interrompesse. Olhou para o DVD, tinha certeza que deveria ser algo que não gostaria, pois conhecia o gosto duvidoso do canceriano, mas se aquilo ajudasse a esquecer a brasileira assistiria.

Procurou pelo controle do DVD e da TV. Apesar de sua sala está equipada com eles, se tivesse ligado duas vezes foi muito. Detestava TV e a única vez que colocou um filme foi na companhia dos outros cavaleiros. Insistiram tanto para fazer esse tipo de reunião em virgem que teve que ceder. A reunião só não foi ruim pois o filme que assistiu era "Quem quer ser um milionário?" escolhido a dedo por Miro para agradar o indiano.

Depois de muito procurar, colocou o CD no aparelho. O menu apareceu mostrando cinco opções de filmes. Shaka sentou-se no tapete da sala na posição de meditação, apertando o play.

As primeiras cenas mostravam uma rua não muito movimentada, um rapaz vestido de entregador andava pela calçada quando reparou numa mulher bonita que vinha em sentido contrário. A mulher passou por ele piscando.

– Que droga é essa? - Shaka pegou o controle. - só o que me faltava...

Estava prestes a desligar, quando o cenário mudou, agora a mulher da cena anterior estava em casa, deitada no sofá usando roupas mínimas. Shaka arqueou as sobrancelhas.

No filme, a campainha tocou. A mulher foi atender e sorriu ao ver quem era. Era o entregador. Eles começaram a conversar em italiano.

– Ainda em italiano... - Shaka ia desligar, mas ficou curioso.

A conversa entre os dois fluía, a mulher o convidou para entrar e poucos minutos depois eles começaram a se pegar o que evoluiria para uma transa.

– Eu juro que tiro todos os sentidos dele...

Pensou em desligar, mas queria ver o desfecho da "ação" e assistiu até o fim. Ao final o indiano sentiu seu membro duro.

– Eu juro que mato! - estava possesso ao mesmo tempo curioso para ver mais. Ficou surpreso com a própria curiosidade. - não posso me deixar levar por tais desejos...

Mas se deixou levar, apertando o play para o próximo filme. E esse o deixou ainda mais em estado de alerta. O casal era composto por um jovem loiro e uma oriental. Imediatamente pensou em Juliana, o pior que começou a imaginar fazendo aquilo com a brasileira. O rosto ficou rubro e seu membro...

– Giovanni fil@$%&! - levantou. - você me paga! - desligou o aparelho e foi tomar um banho frio.

O.o.O.o.O

Marcela e Gabe tinham voltado para o quarto. Marcela queria matar alguém tamanha raiva que sentia do escorpião. Juliana, Ester e Mabel continuavam em Touro. Kanon e Suellen depois do lago seguiram para Gêmeos. O restante das meninas estavam em seus quartos.

Faltava poucos minutos para as onze meia quando Rodrigo olhou para o relógio.

– Está na hora de descer.

– Vou comer por aqui mesmo. - disse Fernando.

– Por quê?

– Não quero cruzar com a Marin e o Aioria. Não me sentiria bem.

– Tem certeza?

– Tenho. Vou ficar aqui.

– Está bem.

Na casa de libra, Dohko e Jules faziam os últimos preparativos quando escutaram batidas a porta.

– Já chegaram? - estranhou o libriano.

– Falou em comida de graça, o povo é pontual.

– Pode levar essas travessas?

– Claro.

Antes de abrir a porta Jules deu uma ajeitada na mesa. Tudo estava perfeito. Ela deu um sorriso. Sentia-se como se fosse a dona da casa oferecendo um almoço para amigos. Seria um sonho morar na casa de Libra, tendo Dohko como esposo.

– "Eu que jamais pensei em ter uma vida de dona de casa, estou tendo uma." - pensou. - "é muito bom." - abriu um sorriso.

– Tá quente! Tá quente! - Dohko trazia uma travessa.

– Coloca aqui. - Jules o ajudou.

– Essa é a última. - a fitou. - o que foi? - viu a cara sorridente dela.

– Nada... só estava pensando...

Ele aproximou passando o braço pela cintura dela.

– Em que...?

– Nada. - sorriu.

– Não vai me contar? - tocou os lábios dela, dando selinhos.

– Não foi nada de mais Hian.

– Se diz. - afastou. - pronta para o bando de gafanhotos que vão passar por aquela porta?

– Sim. - riu.

Os primeiros a chegarem foram Deba, Mu, Mabel, Ester, Juliana, Suellen e Kanon. Eles ajeitaram-se na sala do libriano, conversando enquanto esperava pelos outros. Não demorou para Shaka chegar.

– Desculpe o atraso.

– Chegou na hora Shaka. - disse Dohko dando passagem.

Mal pôs os pés na sala a primeira pessoa que Shaka viu foi Juliana. Imediatamente lembrou-se do beijo e do filme, o rosto ficou vermelho. Ela por sua vez nem se atreveu a olhar mais, por medo. Se soubesse que o vértice não abriria não tinha feito aquilo.

– Está tudo bem Shaka? - Dohko estranhou o rosto vermelho.

– Es-ta. Por que não esta-ria? Es-tou o-ti-mo.

– Então tá.... senta....

O indiano procurou sentar bem longe de Juliana. Mu aproximou do amigo.

– Junte-se a nós.

– Estou bem aqui. - disse seco.

– Algum problema Shaka? Seu rosto...

– Estou ótimo! Vá aproveitar a Ester.

– Shaka...?

– Está estampado na sua cara que sente algo por ela.

– Está tão visível assim? - indagou envergonhado.

– Está. Só não se esqueça que o vértice pode abrir a qualquer momento e quando isso acontecer vai ficar sofrendo. Como daquela vez que aquela serva foi embora. Não vou ficar ouvindo seus lamentos.

– Não precisa ficar me lembrando disso... - fitou Ester. - nem vai comparar a dor que vou sentir... o que eu sinto pela Ester... - deu um suspiro resignado.

– Gosta mesmo dela? - Shaka notou o tom de voz.

– Sim... - abaixou o rosto.

– Eu não entendo. Se já sabe que vai sofrer por que não se afasta? Essa dor pode ser evitada.

– Sentimentos não são tão fáceis assim Shaka. - o olhou. - já gostou de alguma mulher?

– Não.

– Nem uma única vez? - está certo que Shaka era o único virgem do santuário, mas as vezes ele poderia ter se apaixonado sem chegar a vias do fato.

– Não.

Mu não ficou tão surpreso com a resposta, afinal de contas Shaka foi criado num mundo em que o único sentimento era o de respeito a uma divindade. Ele não tinha qualquer noção de afeição para com os outros.

– Um dia vai entender o que eu sinto.

– Eu nunca vou passar por isso. - disse resoluto.

– Tudo tem a primeira vez Shaka. Até para Buda.

O indiano franziu o cenho. Mu estava errado.Ele jamais se apaixonaria por alguém. O som da voz de Juliana chamou-lhe a atenção. Era uma voz tão delicada...

– "De novo não..." - teve que se controlar para não pensar no beijo.

Jules fazia a sala para Mabel, Ester, Ju, Deba, Su e Kanon enquanto Dohko dava os últimos retoques nos pratos. Os próximos a chegarem foram Isabel, Rodrigo e Cris. Os três juntaram-se ao grupo maior passando a conversar. Pouco tempo depois chegaram Julia e Sheila. Foi a conta delas sentarem para Aioria e Aiolos aparecerem.

– Bom dia a todos. - disse o sagitariano.

– Pensei que nem viria. - disse Dohko. - Shion te liberou?

– Liberou.

Formaram um grande grupo, com apenas Shaka num canto.

Sheila ficou na dela. Aiolos era uma caixa de surpresa e não tinha noção do que passava na cabeça dele. Julia já sabendo da situação, trocou de lugar para puxar papo.

– Deve ser bem difícil ser grande mestre.

– Muito. Shion ainda pode governar por muito tempo, ainda não sei porque me escolheu..

– Mas você é uma boa escolha. Tenho certeza que sairá bem.

– A lindinha disse a mesma coisa. - disse com a atenção voltada para Sheila que conversava com Mabel e o Deba.

– Lindinha?

– A Sheila. - deu um sorriso amarelo. - é... é que... - ficou sem graça.

– A Sheila tem muitos apelidos mesmo. - Julia não fez alarme para não deixa-lo ainda mais sem graça. - como era o Aioria quando criança? - resolveu mudar de assunto.

– Uma peste! - riu. - ele deu trabalho. Nervosinho, impulsivo, tive muito trabalho... - fez cara de cansado.

Julia e ele começaram a rir.

Shaka de longe só observava o grupo, alias observa Juliana. Estava tão concentrado nela que não percebeu a aproximação de Ester. A carioca sentou ao lado dele. Shaka a fitou.

Ester "falou" um oi na linguagem de sinais.

– "Oi." - Shaka respondeu diretamente na mente dela.

– "Também pode conversar assim?"

– "Posso."

– "Por que não senta conosco? Sei que as vezes falamos algumas bobagens, mas a gente se diverte." - sorriu.

– "Estou bem aqui."

Ester franziu o cenho, Mu havia lhe dito que Shaka era uma pessoa sem traquejo social algum.

– "Tem certeza?"

O virginiano não disse nada por está com a mente absorvida em fatos passados. Via-se com pouco mais de seis anos, sentado na varanda do monastério, enquanto as outras crianças da sua idade sentadas no pátio brincando. Ele nunca participou de brincadeira alguma. Não lhe era permitido.

– "Tenho." - disse seco.

– "Está bem..."

Shaka a fitou. Talvez fosse a primeira vez que via a "mulher" de Mu de perto. Ela era bonita e pelo que o amigo soltara era inteligente.

– "Sua surdez foi acidente?"

– "Não. Já nasci assim, foi por isso que meus pais não me quiseram..."

– "Como assim?" - havia um pouco de interesse na voz.

– "Eu não era como as outras crianças... então fui adotada por uma família americana. Quando me contaram pensei que eles ficaram com dó..."

– "Se fosse assim era apenas mandar lhe dinheiro todo mês e não leva-la com eles."

– "Penso nisso também. Eles já fizeram e fazem tanto por mim!" - sorriu. - "sei que eles me amam."

– "Como... sabe? Como se identifica isso?"

Ester o fitou curiosa. Ele não era Buda? Deveria saber dessas coisas, sua família deve ter lhe ensinado.

– "Os gestos, as palavras, as preocupações, toda mãe ama seu filho, bom quase toda mãe..."

– "E o que sua mãe adotiva fazia com você?"

– "Bom... "- Ester pensava. - " eu adorava quando ela me pegava no colo, agora que eu estou maior do que ela..." - sorriu. - "deito com a cabeça em seu colo e ela brinca com os meus cabelos. É tão bom."

Shaka pensou em Kajra, a mulher que era responsável por cuidar dele. Ela fazia isso...

– "Uma pessoa pode gostar do filho de outra?"

– "Mu me disse o que liga as pessoas não são laços sanguíneos, mas do coração. Eles são mais fortes e são eternos."

– "Mu sempre sensato." - deu um fino sorriso.

Enquanto isso Mabel olhava curiosa para os dois.

– O que tanto eles olham?

Mu que estava com a atenção voltada para Suellen fitou os dois.

– Estão conversando telepaticamente. - disse simplesmente.

– Conversando o que? - indagou Sheila curiosa.

– Sei lá! - deu nos ombros. - é até milagre Shaka conversar mais que duas frases com os outros. Deixa os dois.

No bate papo sobre família...

– "Mu é muito sensível e gentil." - Ester deu um sorriso.

Shaka balançou a cabeça negativamente, parece que não apenas o ariano estava apaixonado. O indiano olhou para o grupo bem na hora que Dohko, que tinha se juntado, brincava com os cabelos de Juliana. O rosto dele endureceu. Ester que o olhou achou esquisito a cara amarrada do cavaleiro. Seu olhar voltou para o lugar onde ele olhava.

– "Será que.... " - parou de pensar por medo que o virginiano lesse seus pensamentos, mas pelo olhar frio que ele lançava para Dohko e Juliana era bem capaz dele nem se lembrar que ela estava perto. - " Shaka sente algo pela Ju?

A atenção de todos foi chamada pela chegada de Gabe e Marcela.

Aioria não olhou para Gabe, estava com vergonha do ocorrido da noite anterior, tanto que continuou sentado ao lado de Isabel. Ora alguma a fitou. Gabe por sua vez também ignorou, não querendo se iludir. Sentou afastada dele. Aiolos acompanhava tudo de rabo de olho. Aproveitou que Julia iniciara um bate papo com Dohko, indo se sentar perto de Gabe. Não deixaria o irmão chegar perto dela enquanto não resolvesse a situação.

Marcela sentou perto de Kanon.

– Oi.

– Oi. - disse o cavaleiro um pouco ressabiado.

– Algum problema? - ela notou uma tensão vinda dele.

– Nenhum... - o bem na verdade é que sentia tenso perto da Marcela. O problema não era ela e sim o fato de terem ficado dias atrás. Sentia-se mal perante Suellen. Em outras épocas pouco se importava se suas "ficantes" se conhecessem, mas sentia a situação diferente.

A pernambucana o fitava discretamente. Queria ver a sem vergonhisse do geminiano de perto.

– Su, conte a Marcela sobre o lago. - Kanon levantou e sentou do outro lado de Suellen. - agora vocês podem conversar melhor. - sorriu.

Marcela arqueou a sobrancelha, do mesmo modo que Suellen.

– Então foi no lago... - disse a paulista.

– Fui... - Suellen ainda não tinha entendido a atitude do grego. - e é lindo por sinal.

– Esse povo que não chega! - reclamou o libriano. - assim a comida esfria!

– Pode servir pois já cheguei. - Miro abriu a porta de uma vez.

– Seus bons modos me comovem. - disse o libriano.

– Sei que me ama. Olá garotas... - o olhar pousou em Marcela, que no mesmo instante virou. - e garotos...

O escorpião foi se sentar perto de Julia.

– Oi. - sorriu de maneira simpática.

– Oi. - Julia também sorriu.

Kamus cumprimentou a todos e foi se sentar perto de Isa. Cris e Rodrigo afastaram um pouco para não atrapalhar o casal.

– Acho que vou continuar te incomodando com a minha pesquisa.

– Fique a vontade. - Kamus deu um discreto sorriso. - está disposta a passar algumas horas na biblioteca?

– Quantas forem necessárias. - sorriu de volta.

Ester juntou-se ao grupo novamente.

– Acho que devo ir lá? - indagou Rodrigo olhando de forma discreta para o virginiano.

– Ele não é seu cavaleiro favorito?

– Saga também é, Cris.

– Mas o Shaka é mais. Aproveita que ele gostou de ter um fã.

– Verdade.

O baiano levantou, indo se sentar perto do indiano que não importou. Os dois começaram a conversar.

– Shaka deve está com ego inflado. - disse Miro.

– Ganhou um fã. - Julia fitou os dois.

– Eu sei como ele se sente, afinal todos gostam de mim. - deu um sorriso lavado.

– Seu convencimento me assusta.

– E sua beleza me conquista. - sorriu. - ainda bem que o Mask não está escutando.

– Por quê? - estranhou.

– Ora.. você... ele.... essas coisas.

– Nãooo. É só meu amigo.

– O mundo está cheio de amigos. Conta outra Ju.

– Mas é sério!

– E por que tem um boneco dele e não meu?

Julia ficou calada.

– Xeque mate. - deu um grande sorriso. - pode abri o jogo, quem sabe posso te dar uns conselhos.

– Infelizmente não pode me ajudar. - disse desanimada.

– Por quê? - estranhou.

– Não adianta conselhos quando a outra parte te trata como se você não fosse nada.

– Mas eu não vi o Mask te tratando assim.

– Não é ele...

Miro arqueou a sobrancelha. Se sua memória não estiver falhando, lembrava-se que ela mencionara que tinha bonecos do Mask e do...

– "Bingo!" - deu um sorriso do gato de botas. - sabe Julia, - fez cara de pensador. - as vezes precisamos que nosso lado vingativo aflore. Sabe que um escorpiano pode ser bem frio as vezes...

Julia piscou sem entender e nem teve tempo pois Mask com todo seu bom humor chegou, aproximando dela.

– Desencosta dela. - disse praticamente empurrando Miro, sentando ao lado de Julia. - ela não é para seu bico.

Tanto Miro quanto Julia o fitaram surpresos.

– Quem decide isso é ela, não você.

– Ela está na minha responsabilidade. - passou o braço pelo pescoço da paulista. - vaza.

– Nãoo. - Julia segurou o braço do grego. - Miro é meu amigo.

– Amigo o inferno está cheio Ju. - disse o italiano. - Não conhece essa peça.

Os três começaram a bater boca.

– Esses dois... - murmurou Aiolos. - ainda vai sair no tapa.

– É sempre assim? - indagou Mabel.

– Sim. - disse Deba desanimado.

– Isso quando não junta o Afrodite. - disse Mu.

– Deve ser a disputa pelo ego mais inflado. - Gabe ouvia a conversa.

Aioria estava com a cara amarrada, Sheila ao seu lado segurava-se para não pular nele, mas antes de destruir o inimigo precisava de informações valiosas. Munida do seu melhor sorriso voltou-se para o grego.

– Shion deve está se sentido seguro por ter escolhido seu irmão.

– Shion está, mas o Aiolos...

– Ele não está? - fingiu estar espantada e Aioria com os pensamentos em Gabe sequer percebeu a pergunta tendenciosa.

– Aiolos está inseguro. Alias a vida toda foi assim. Em certos aspectos. Na minha criação sempre foi firme e seguro de si, mas com relação a assumir as rédeas do santuário... ele é muito novo.

– Acha 26 novo?

– Quando não se tem experiência em guerra sim. - a fitou pela primeira vez.

– Hum... mas ele salvou Atena e a protegeu tantas vezes.

– É o que eu digo, mas aquele cabeça dura não me escuta.

– E com relação as mulheres? - custava nada perguntar.

– Aquilo é pior que o Miro. Pega a primeira que passar na frente.

– Ele é galinha? - Sheila o fitou surpresa.

– Galinha é pouco... - deu um sorriso duvidoso.

– Mas ele nunca teve um namoro assim mais sério...

– Deixe eu ver... - coçou o queixo. - teve a Elena... mas não conta...

– Por que?

– Ela prometeu mundos e fundos para ele e depois deu um pé na bunda dele.

– Como assim? - essa informação era valiosa.

– Bom aconteceu.... - Aioria parou de falar. O olhar estreitou ao ver Deba apertando de forma carinhosa as bochechas de Gabe.

– Aconteceu o que Aioria?

– Nada. - disse seco. - não aconteceu nada.

Sheila por pouco não o matou.

Isa e Kamus conversavam sobre a arte francesa. Miro que batia boca com Mask por causa de Julia, ao ver o amigo deu um sorriso de canto de boca, pediu licença a Julia e foi se sentar perto do amigo francês.

– Espero que eu não esteja atrapalhando. - sentou bem entre Isa e Kamus.

– Não está Miro. - disse Isa segurando o riso.

– O que você quer? - indagou Kamus.

– Nada... só quero conversar não posso? Ah Isa...- fitou a brasileira. - o Aiolos estava comentando comigo...

Só mencionar o nome do sagitariano fez com que Kamus arqueasse a sobrancelha.

– ... sobre sua pesquisa. Não sei se sabe, mas tem alguns livros que são de uso exclusivo de Atena e do grande mestre. Como Aiolos é aspirante ele tem acesso a eles e ele me disse que tem um que conta sobre os gregos em Marselha. Sabe aquelas coisas nunca contadas em livro? Ou livros raríssimos, tipo no Vaticano?

– Sei. - os olhos brilharam ao escutar sobre livros raros.

– Pois então. Aiolos achou algumas coisas sobre Marselha. - o que era meia verdade. Aiolos tinha comentado sobre isso, mas muito superficialmente...

– Eu preciso saber disso. - Isa estava quase levantando.

– Calma. - Miro a segurou. - deixe para falar quando estiverem mais sozinhos. Se alguém aqui descobre que teve acessos a esses livros proibidos Shion mata você e ele.

– Ah...

Miro não estava vendo, mas sentia o olhar gélido de Kamus sobre ele.

– Depois peça a ele.

Isa tentava se conter, livros raros? Sobre sua tese? Era demais para uma geminiana, a curiosidade era muita.

– Não vou aguentar Miro. - levantou e o escorpião não impediu, era o que ele queria.

Isa sentou ao lado de Aiolos e com quem não quer nada, puxou assunto. O rosto de Kamus estava uma pedra de gelo.

– O que foi Kamus? - indagou com a cara mais lavada possível.

– Suas mentiras.

– Não é mentira. - disse sério. - Eu não te falei que o Aiolos estava interessado? Então, arrumou algo que pudesse chamar a atenção dela. E pelo jeito da Isa... sabe como os geminianos são quando encontram alguém que goste das mesmas coisas...

Se a expressão do aquariano poderia endurecer mais, endureceu. Ainda mais quando viu Aiolos conversando de forma animada com ela.

– Deba sempre tem palavras certas em momentos como esses... perdeu playboy.

– Se não quer morrer sai daqui agora. - a voz saiu gélida.

– Fui.

Não demorou muito para Saga e Shura chegarem. O espanhol cumprimentou de forma polida, mas não deixou de notar que Julia simplesmente nem o fitou e pior conversava animadamente com Mask.

– "E eu com isso." - pensou indo se sentar perto de Shaka.

Saga correu os olhos pela sala, Cris fingiu que não tinha o visto continuando a conversar com Mabel e Deba. Ele ignorou sentando perto do indiano. Que por sua vez conversava com Rodrigo.

– Tudo pode ser sanado se levarem as quatro verdades a sério. - disse Shaka.

– Olhando por esse lado tem toda razão. - disse Rodrigo. - a Juliana ja tinha me falado sobre isso.

– Ela? - Shaka mostrou-se interessado.

– Sim. No avião. Ela, a Cris e eu viemos conversando sobre isso.

Saga que até então não prestava muita atenção, fitou o baiano.

– São muito amigos? - o indiano nem entendeu a própria pergunta.

– Sim. De todos, eu conheço a Cris a mais tempo. Foi até ela que me apresentou para os demais. Mais de cinco anos que somos amigos.

Saga não gostou disso.

Em outra roda...

– Cadê a Paula e a Helu? - Marcela olhou as horas.

– Devem está chegando... - Su ainda não entendia o afastamento de Kanon.

– Daqui a pouco elas chegam. - Jules ajeitava a toalha de mesa na sala de jantar.

Duas batidas na porta.

– Não falei. - Jules foi até a porta, abrindo-a. - falávamos de vocês agora.

– Espero que bem. - Paula entrou.

– Mas se for mal mão tem importância desde que falem. - Helu entrou logo em seguida.

O que se seguiu logo após a entrada de Helu, foi um silêncio total por parte dos cavaleiros. Todos ficaram em silêncio, encarando-a.

– O clima pesou. - disse Paula baixinho a Helu.

– O que eu fiz?

– Fracassado. - Jules respondeu ainda mais baixo.

– Ah...

– Senta aqui Helu. - gesticulou Marcela, diante do silencio.

Ela e Paula sentaram perto da paulista. O silencio continuou tanto por parte dos cavaleiros tanto pelas meninas que ficaram sem saber o que fazer. Dohko a encarava seriamente.

– Vou terminar de por a mesa. - disse saindo.

– Eu te ajudo. - Jules foi atrás.

Na cozinha...

– O que foi Hian? - indagou mas já sabendo o motivo.

– Diz o que diz depois vem com a cara lavada.

– Ela falou aquilo foi para o Mask. Sabe que os dois...

– Mas que serviu para todo mundo. Principalmente para o seu conterrâneo. Deba se sente assim por não ter mais cosmo.

–Ela vai pedir desculpa. - disse, mas sabia que Helu não pediria. - vou falar com ela.

– Está certo que nós vivemos as turras uns com os outros, mas pisou no calo de um mexeu com todo mundo.

Jules franziu a testa. Eles deviam está com muita raiva da amiga.

– Eu vou falar com ela...

– Bom mesmo. - o rosto estava sério.

– Agora melhora essa cara, prefiro você sorrindo.

Dohko sorriu.

– Só você mesmo. - acariciou o rosto dela. - vamos servir?

– E Shion?

– Está atrasado.

Na sala as conversas retomaram, bem quase todas, pois nenhum cavaleiro puxou assunto com Helu. Mask sequer a olhou continuando a prosa com Julia.

– O almoço está pronto. - disse Dohko.

– Até que enfim. - Miro levantou. - estou com fome.

– Mas antes... - o chinês cruzou os braços sobre o peito. - ou me falam sobre a "casa de libra" ou ninguém come.

– Como assim Dohko? - indagou Kanon. - surtou?

– Tem algum segredo relacionado a minha casa e eu quero saber.

As meninas olharam entre si. Jules o fitou de rabo de olho.

– E aí quem vai falar?

Pelo tom de voz do libriano perceberam que ele falava sério.

– Você nos jogou na fogueira, agora fala. - disse Helu a Cris.

– Eu?? - a mineira gaguejou.

– " O que aconteceu na casa de libra fica na casa de libra" Lembra que falou na hora do jantar?

Todos os olhares dirigiram para ela.

– Fale Cris. - Dohko deu um sorriso simpático, alias cínico.

– Bom... o Shiryu tirou o Hyoga do esquife de gelo. E o cisne estava entre a vida e a morte. Então Shun usou seu cosmo para aquecê-lo.

– E onde entra minha casa?

– Foi na casa de libra. - disse depressa.

As meninas e Rodrigo apenas trocaram olhares.

– Sinto que não é só isso. - disse Dohko. - continue.

– O Saga me disse que aconteceu o seguinte: Hyoga ficou deitado no chão e o Shun impôs as mãos sobre a cabeça do cisne, só que...

– Vamos continue.

– No anime... a cena não foi bem essa... - Dohko ficaria puto, assim como Kamus, já que seu discípulo ganhara uma fama duvidosa. - o Shun no anime digamos...tem um ar... mais afeminado...

– O Shun? - indagou Deba. - só se for no anime, porque na vida real consegue ser pior que certas pessoas. - apontou para Miro e Aiolos.

– Fizeram o Shun de gay?

– Sim Aioria.

Ele desatou a rir.

– Ele deve ter ficado muito puto! Shun gay...

– Ele não é? - Paula ficou surpresa.

– Não. - respondeu Aiolos. – tem toda aquela cara de paz e amor, que não deixa de ser verdade, mas ele pega as mulheres com esse discuro.

– Continue com a história Cristiane. - disse Dohko.

– Pois então... no anime não é declarado, mas o Shun tem certos trejeitos. E a cena que corresponde essa transferência de cosmo, foi ele deitando sobre Hyoga numa posição duvidosa...

Fez se silêncio, pois para bom entendedor meia palavra basta. Em seguida Deba, Miro, Dohko, Aioria, Aiolos, Mu, MM e Kanon começaram a rir.

– Achei que seu discípulo era macho. - disse MM tentando se conter. - Shun e Hyoga se pegando em Libra.

– Não vejo graça. - Kamus estava com a cara fechada.

– Dohko não sabia que sua casa era esse poço de promiscuidade! - Aiolos caiu na gargalhada. - é um motel!

– Respeito com a minha casa! - Dohko limpava as lágrimas. - vou ter uma conversinha com aqueles dois. Minha casa ficou manchada!

– É por isso quando dissemos aquela frase, significa que certas coisas é melhor nem comentar. - disse Marcela.

– O Seiya sabe disso? - indagou Kanon. - ele vai cair matando em cima dos dois! - voltou a rir.

– Kamus a dignidade do seu discípulo acaba de ir para o ralo. - Miro deu um tapinha nas costas dele. - Em qual episodio é isso? - o grego fitou a mineira. - eu preciso ver.

– Se não me engano no 59 e 60.

– Você é fã mesmo, sabe até o episodio. - disse Aiolos também querendo ver a tal cena.

– É obsessão. - disse Saga de maneira fria.

Kanon fitou o irmão com ódio. Cris abaixou o rosto.

– Depois vou acertar as contas com os dois. - disse Dohko, querendo aliviar o clima. - pela explicação pode servir primeiro Cris. - sorriu.

– Vai logo pois estou com fome. - Miro praticamente a empurrou.

– Já estou indo Miro!

Os demais acompanharam a mineira. Kanon levantou indo até o irmão. Apenas passou por ele dando lhe um belo pedala.

– Kanon... - murmurou ferino.

– Mereceu. - disse frio.

Começaram a servir quando, alguém bateu a porta.

– Atende para mim Paula? - Jules servia a bebida.

– Claro.

A brasileira foi até a porta, ficando surpresa ao abri-la.

– Shion...

– Paula... - o ariano esboçou um sorriso para em seguida suprimi-lo.

– Chegou em boa hora. - deu lhe passagem.

– Obrigado.

Os dois trocaram alguns olhares.

Depois de servidos, sentaram pela sala e pela sala de jantar. Mabel, Jules e Ricardo sentaram próximos.

– Está uma delicia. - disse Mabel.

– Dohko sempre cozinhou muito bem. - o prato de Aldebaran estava enorme.

– Me dei bem. - Jules sorriu. - Dohko é muito prendado.

– Será que é prendado em outras coisas? - Bel deu um sorriso malicioso. - Tigrão Diliça. Na hora Deba fechou a cara.

– O que quer dizer com isso? - a olhou friamente.

– Nada... - respondeu sem entender a face fechada dele.

Jules notou que Deba parecia levemente com ciúmes.

– Ele é tão maravilhoso, que até... - aproximou mais dos dois. - silêncio quanto a isso.

Deba e Mabel concordaram.

– Ele me propôs amizade colorida.

– Namoro você quer dizer. - disse o taurino.

– Ele não usou esses termos, mas...

– Parabéns Ju. A única que conseguiu laçar seu dourado.

– Obrigada Bel.

Enquanto a paulista dava detalhes sobre o pedido, Deba ficou pensativo. Jamais imaginou que Dohko fosse ter algo com uma das meninas, ainda mais sobre a ameaça delas irem embora a qualquer momento. Mas se o chinês não se importou com isso, ele também poderia ter "uma amizade colorida". Olhou para Mabel, claro que queria muito mais que uma amizade, contudo isso era impossível. A qualquer momento ela poderia voltar para o mundo "normal."

– "Preciso conversar com ela sobre isso."

Aioria conversava com Sheila, Kanon e Suellen.

– Sério que pintava o cabelo? - indagou Su surpresa.

– Pintava... foi a minha época negra. - disse sem graça.

– Bota negra nisso.... - murmurou Kanon. - já perdi as contas de quantas vezes brigou com o Miro por ele não achar a tinta que usava.

– Não precisa ficar me lembrando disso...

– Não sei por que pintava a cor do seu cabelo é linda. - disse Sheila.

– Mas na época... queria me distanciar ao máximo da figura de Aiolos.

O leonino desviou o olhar pousando em Gabe que conversava de forma animada com o sagitariano e Isabel.

– Atena tinha várias estátuas, mas doou parte para o museu de Athenas.

– Eu adoraria ter visto essas estátuas, Aiolos. - disse Isa.

– Agora só no museu.

– Mesmo estando uma parte no museu, é só dá uma olhadinha pelo templo e verá muitas. - disse Gabe.

– Atena fez questão de manter a versão antiga do templo. - Aiolos desviou o olhar para Sheila, ela simplesmente não conversou com ele hora alguma. A insegurança tinha voltado.

Enquanto isso nem notaram o olhar gélido de Kamus para o grego.

– Confessa que está se mordendo de ciúmes. - disse Miro.

– Não estou. - respondeu seco.

– Então por que tanto olha para eles?

– Por nada.

– Conta outra, Sauni. Está gostando da Isa.

– Está equivocado.

– Se eu estiver não vai se importar dela começar a sair com o Aiolos. É capaz dessa conversa terminar num encontro.

– Por que não come calado?

– Porque quero te aborrecer.

– Vai cuidar da Marcela e não enche.

Miro nem se importou com a frase, pois seu objetivo era provocar ciúmes em Kamus.

E por falar nela, estava com o Heluane e Paula.

– Vai falar para Atena agora a tarde? - indagou Paula.

– Sim. Hoje que ele vai ter o troco que merece. - disse Helu.

– Vamos ferrar com esse cara. - completou a paulista.

Shion assim como Shaka fazia a refeição em silêncio apenas escutando o assunto de Dohko e Juliana. De vez em quando lançava um olhar para a paraense.

O assunto entre os dois orientais era sobre a culinária daquela parte do planeta.

– Depois é só temperar. - disse a paulista.

– É fácil mesmo. - disse o libriano. - achei que era bem mais complicado.

– Não é nem um pouco. Você já cozinha muito bem, vai ficar melhor ainda.

– Vivendo sozinho por tanto tempo, aprendemos ao menos cozinhar. - riu.

Shaka comia em silêncio, com os olhos fixos em Juliana. Era claro que o libriano chamou a atenção dela e conhecendo-o, sabia que seria questão de tempo ele partir para uma investida. Ele sempre fazia isso com as servas. O rosto ficou carrancudo, não sabia exatamente o por que, mas não queria que Juliana chegasse perto do chinês.

Mu e Ester num canto palestravam.

– "Quero que me ensine mais."

– "Será que dará tempo? O portal..."

– "Não se preocupe Ester. - pegou na mão dela. - tudo ao seu tempo."

– "Sempre tão otimista."

– "As vezes. - deu um sorriso tímido. - será que pode ir na minha casa, agora a tarde?"

– "Vai me fazer flutuar?"

– "Não.... é que eu queria conversar... algo importante."

– "Não pode ser dito aqui?"

– "Não..." - ficou um pouco rubro.

– " Está bem Mu, irei hoje a tarde."

Mu sorriu, torcia para que ela aceitasse seu pedido. Seria por pouco tempo, mas faria de tudo para que valesse muito a pena.

Enquanto isso Rodrigo e Cris dialogavam.

– Do Sísifo? - Cris arregalou os olhos.

– É... estou competindo com um morto...

– Em Temporits deveria ter mudado o par então... - murmurou pensativa.

– Ei, quer me ajudar ou me deixar pior?

– Brincadeira. Mas o que vai fazer?

– Olha para mim. - apontou para si. - não sou nem cavaleiro e nem rico. Nem Atena nem Saori vão prestar atenção em mim.

– Não faça pouco caso de você. Talvez elas precisem de alguém que não seja nem cavaleiro nem rico.

– Será? - indagou não muito convicto.

– Não custa nada tentar.

– Só você mesmo para me animar. - deu um sorriso brincalhão. - esse sotaque gostoso. - apertou as bochechas dela.

– Olha o bullying.

Do outro lado da sala, Saga os fitava friamente. A medida que os minutos passavam, o olhar do geminiano se tornava mais frio. Kanon que por acaso fitou o irmão, notou o olhar dele. Aquele tipo de expressão...

– "Shura." - chamou por cosmo, o cavaleiro mais próximo ao irmão.

– "Sim?"

– "Desvia a atenção do Saga."

– "Por que?" - Shura fitou Saga percebendo o olhar dele, se dando conta do que Kanon referia-se. - vai continuar a pesquisa mais tarde? - indagou a primeira coisa que lembrou.

Saga não ouviu, o olhar continuava estático nos dois brasileiros.

– Saga. - tocou-o.

– Sim? - o fitou com a expressão normal.

– A pesquisa. Vai continuar?

– Sim. Vou continuar agora a tarde.

– Atena deve está muito preocupada.

– Muito. - o olhar voltou para a brasileira. - por que eles têm a mania de ficar tocando um no outro na hora da conversa? - o geminiano pegou justamente quando Cris tocou no braço do baiano.

– Como?

Shura olhou para onde Saga fitava.

– Brasileiros no geral tem a mania de se tocarem quando conversam. Aldebaran é assim, ainda não acostumou?

– Já... - murmurou ainda com o olhar em Cris.

Shura franziu o cenho, desconfiou que Saga estava interessado na brasileira. Desviou a atenção para outro casal que não parava de conversar. O rosto endureceu.

– Por que não usa seu cabelo na cor normal? - indagou Julia, tocando nos fios platinados.

– Para nascer branco? E eu ter que ficar procurando tinta. Assim é muito mais fácil de lidar.

– Achava que seu cabelo era duro por causa do gel... - passava a mão de forma carinhosa. - é macio...

MM ficou vermelho de encabulado, enquanto Shura ficou vermelho de raiva.

– Meu cabelo é bom.

– Estou vendo. Aposto que tem dedo do Afrodite.

– Ele me ajuda as vezes...

– Ele é gay?

– Diz que é bi, mas tenho minhas dúvidas... ele pega muita mulher.

– Sério?

– Sim. E só mulherão. De preferência loiras de olhos azuis.

– Xi... - franziu o cenho. - já vi que não tenho chance...

MM aproximou o rosto do dela.

– Acha que eu dividiria você com ele? Nunca.

Julia ficou calada. Ele estava brincando não estava?

Shion num canto só observava as caras e bocas dos dourados. Já tinha muita experiência de vida, para saber que alguns cavaleiros mostravam interesses nas meninas e aquilo era um problema. Não que fosse proibido se apaixonarem, mas sim pelo fato delas irem embora a qualquer momento. O grande mestre olhou para Paula, era uma pena que a vinda dela, não ter sido daqui alguns anos. Sem a responsabilidade de ser o grande mestre, talvez poderia tentar ter algo com ela.

O.o.O.o.O

Fernando ficou um bom tempo no quarto, pensando na vida. Não poderia ficar recluso dentro do templo o tempo todo, uma hora teria que encarar Marin. E como seria? Ela enfiaria a mão na cara dele? Iria ignora-lo? Ou pior, contaria para Aioria e o cavaleiro faria picadinho dele?

Tirando-o de seus devaneios, escutou a serva avisando que o almoço estava pronto. Desceu no intuito de almoçar rápido e voltar para o quarto, porem...

... ao passar pela porta da cozinha deparou-se com a amazona a mesa. Os dois se olharam, para em seguida desviar.

– Oi... - disse timidamente o mineiro.

– Oi... - respondeu sem graça.

– Pode se sentar senhor Fernando, vou mandar servir o almoço. - disse uma das cozinheiras. - o seu também será servido senhorita Marin.

Um silêncio constrangedor abateu sobre eles. Completamente sem jeito, o mineiro puxou uma cadeira sentando-se afastado da amazona.

– Pensei que estivesse ido para Libra. - disse Marin.

– Resolvi ficar. E você?

– Tinha muita coisa para fazer, não daria tempo...

– É o vértice.

– Sim... Tive que tomar algumas providencias.... - Marin não conseguia olha-lo.

O almoço foi servido para os dois e fizeram a refeição num profundo silêncio. Fernando já sabia que tinha perdido a guerra. Marin não trocaria o destemido cavaleiro de ouro de leão, por ele. Um simples turista brasileiro... Já estava acostumado a isso. Nada dava certo mesmo, o que diria ter alguma coisa com uma amazona tão forte como ela. Restava apenas torcer para que o vértice não demorasse a abrir.

Assim como Fernando, Marin estava mergulhada em seus pensamentos. Ficou feliz pelo vértice não ter aberto, ao mesmo tempo com a consciência pesada por causa disso. Aioria não merecia uma traição como aquela.

Os pratos foram recolhidos e a sobremesa servida.

– Marin... - Fernando olhava para a taça repleta de um doce típico do país. - sobre ontem...

– Sim... - não tinha coragem de encara-lo.

– Me desculpe... não tive a intenção... de desrespeita-la... eu sinto muito...

Ela não disse nada, afinal nem sabia o que dizer.

– Foi algo impulsivo... pensei que nunca mais fosse te ver...

– Me considera tanto assim? - o fitou pela primeira vez.

– Sim... - levantou o rosto, mas desviou o olhar quando notou que ela o olhava. - muito... eu gosto de você.

A amazona abaixou o rosto. Era bom ouvir isso, mas justamente esse era o problema. Não poderia dar falsas esperanças para ele. Não era o leonino que amava? Era.... respondeu para si não muito convicta.

– Eu não queria perder sua amizade por causa disso. - disse por fim.

– Não precisa se desculpar Marin.

– Mas não é desculpa. - o fitou. - gosto da sua amizade, de verdade. Gostaria que continuássemos amigos.

– Não contou a Aioria o que aconteceu?

– Não... não tive coragem.

– Se ele me bater, será merecido...

– Não será merecido. Seria injusto. Não contei a ele por que... - nem ela sabia o porquê.

Fernando levantou-se de onde estava, caminhando até a amazona. Marin prendeu a respiração diante da aproximação dele.

– Não se preocupe Marin, vou me manter afastado e assim não terá que conta-lo o que aconteceu. Prometo que da minha parte não chegarei mais perto de você.

– Fernando...

– Vou subir. Até logo.

Marin ficou sem palavras, estava muito confusa. O certo não seria ele se afastar? Mas por que não queria? Foi no impulso que foi atrás do mineiro encontrando-o na escada.

– Fernando espera.

O brasileiro parou no meio da escada.

– Sim?

A japonesa ficou em silêncio. Falar o quê? Se nem mesmo ela sabia o que se passava em seu ser.

– Sim Marin?

– Nada... nada não. – sorriu. – até mais.

A amazona partiu. O mineiro esperou ela sumir no corredor para voltar a subir. Daquele dia em diante, Marin voltaria a ser apenas a amazona de Atena.


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Notas finais do capítulo

No próximo o almoço continua...



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