A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 19
Rosas


Notas iniciais do capítulo

Antes de lerem o capítulo aconselho verem esse vídeo. Prestem a atenção na voz do homem que canta e na sua interpretação.
Mais a frente vão entender o porquê do vídeo.
Segue o link:
http://www.youtube.com/watch?v=QWvwGs7Ypc4



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O Audi modelo do ano, estacionou na porta do prédio que abrigava o maior escritório da Mitsui fora do Japão. Saori, consultou as horas no seu Rolex, enquanto guardava seu óculos RayBan, dentro da bolsa Loui Vuitton. Respirou fundo entrando. Todos que estavam no hall de entrada davam-lhe um sorriso simpático, assim como a recepcionista que lhe entregou a correspondência do dia. Era uma coisa que prezava fazer, apesar dos olhares tortos dos funcionários. Como a herdeira Mitsui recolhia sua própria correspondência?

Enquanto o elevador subia, dava uma olhada rápida nos vários envelopes. A porta do elevador abriu revelando a rica sala decorada. Mas o que levou a jovem grega abrir o sorriso foi o enorme arranjo feito de Tulipas. Pegou o bilhete. Com carinho. Julian.

– Poseidon, não perde a chance.

Deu a volta, sentando no seu lugar por direito. Um dos envelopes era da universidade onde fizera o curso de marketing. Era uma carta parabenizando o trabalho entregue dias antes.

– Rodrigo realmente salvou a minha pele. - deu um sorriso, abrindo o computador. Realizou algumas pesquisas e minutos depois, tocou a campainha.

– Sim senhorita Mitsui?

– Compre um relógio para mim. Te enviei a foto do modelo. Quero o quanto antes.

Sim. Algo mais?

Saori pensou por alguns instantes.

– Compre a melhor garrafa de champanhe. Também tenho pressa.

Sim.

A deusa encostou-se no encosto aveludado da cadeira. Uma coisa que tanto seu lado mortal quando imortal tinham em comum era a pressa. Suas vontades e ordens tinham que ser realizadas imediatamente. Deu um respiro longo e pôs-se a trabalhar.

O.o.O.o.O

A sobremesa tinha sido servida. Shion num canto saboreava o doce típico da região de Rozan, como adorava aquele doce. Paula acompanhava, vendo a cara de satisfação que Shion fazia a cada colherada.

Levantou de onde estava sentando ao lado dele.

– Esse doce é muito bom. - disse para puxar assunto.

– Divino. - os olhos até brilharam. - é o meu favorito. Logo que Dohko mudou se para o santuário para conseguir a armadura de Libra, fez para mim. Me apaixonei desde então.

– Vou anotar a receita.

– Também gostou?

– Não é só por isso. - o fitou de forma expressiva.

O ariano entendeu na hora o significado daquela frase. Como seria se algum dia, tivesse sua própria casa e Paula fizesse aquela sobremesa?

– Acha que eu conseguiria fazer?

– Creio que sim Paula. Tudo que fizesse com essas mãos não teria como dar errado. - pegou na mão dela.

Ela não esperava aquela atitude dele, ainda mais em público. Dohko que já acompanhava o dialogo deu um grande sorriso.

– "Shion in love... isso será interessante."

Aioria olhava de canto para Gabe. Queria aproximar, mas o irmão não saia da cola dela. Esperou uma brecha e ela veio quando Suellen chamou o sagitariano, iniciando uma conversa entre eles, Deba, Ester e Sheila.

– Oi. - sentou ao lado dela.

– Oi...

– Fiquei surpreso pela barreira não abrir.

– Eu também. - Gabe não o fitava diretamente, prometera para si e para Sheila que ficaria longe dele.

– Sobre ontem...

– Esqueça isso Aioria. É passado. - tentou ser firme, pois por dentro...

– Por que resolveu fazer biologia? - indagou querendo puxar outros assuntos.

Enquanto isso Aiolos olhava de rabo de olho para Sheila. Ela por sua vez não o olhou.

– Quem diria que o vértice não fosse abrir. - tentou puxar assunto com ela.

– Também fiquei surpresa. Bom que podemos ficar mais.

– Também gostei. - deu um sorriso malicioso.

– Acho que todas gostaram.

– Acredito e... - parou de falar ao ver o irmão conversando com Gabe. - com licença Sheila.

A paulista estranhou o súbito levantar. E ficou ainda mais quando o viu sentar ao lado de Gabe, com um olhar glacial para o leonino, fazendo-o sair.

– "Será que Aiolos já sabe o que rolou?"

As conversas continuavam, MM, Kanon, Miro e Juliana jogavam um jogo de cartas e quem perdesse deveria pagar uma prenda. Claro que Shion fechou a cara, pois o santuário não era lugar de jogatina, mas o dono da casa o convencera a deixar. Shaka então? Além de detestar jogo, Juliana fazia par com o italiano.

– Truco! - Kanon deu um grito, chamando a atenção de todos.

– Put@%$! - gritou Mask. - Pô Ju! Sacanagem!

– Eu fiz sinal para você!

– Perderam e agora vão ter que pagar. - disse Miro já pensando no melhor castigo para os dois.

– Vai querer o que? - o italiano fechou a cara.

– Posso sugerir? - Kanon trazia um grande sorriso.

– Fique a vontade. - Miro sabia que Kanon tivera uma ótima ideia.

– Mask vai ter que cantar no karaokê.

– Nunca!!!!!!!!!!!!!! Prefiro ir para o inferno.

Dohko foi longo ligando o aparelho que tinha na sala, não perderia essa chance por nada.

– Perdeu o jogo Mask. - disse Aioria. - vai ter que cantar.

– Me recuso.

– Trato é trato Mask. - disse Kanon.

– Não sei para que essa frescura. - disse Deba. - sua voz é boa.

– Não canto!

– Ah canta sim! - Miro jogou o microfone nele, sendo quase acertado.

– MIRO!

As meninas acompanhavam a discussão em silêncio. Heluane o fitava.

– " A voz dele deve ser um horror!"

– Canta Giovanni. - pediu Mabel.

– Se não cantar vamos castigar você com coisas piores. - disse Aiolos querendo ver o circo pegar fogo. - posso te dar as tarefas mais difíceis e sabe que eu tenho autoridade para isso.

– Caspita! - berrou o italiano levantando. - eu canto! Mas eu escolho a música!

– Fique a vontade. - Dohko passou o controle para ele.

Foi logo na sessão de músicas italianas, escolhendo uma. A sala fez silêncio. Os dourados já sabiam da voz do canceriano e admitiam, mas apenas entre eles, que o cavaleiro cantava bem. As meninas, aguardavam. Juliana estava com medo, será que ela teria que cantar também?

A parte instrumental da música começou e a expectativa entre os brasileiros só aumentavam.

Luna tu
Quanti sono i canti che rissuonano
Desideri che attraverso i secoli
Han solcato il cielo per raggiungerti

As meninas arregalaram os olhos. A voz dele era perfeita. Heluane era a mais espantada.


Porto per poeti che non scrivono
E che il loro se non spesso perdono
Tu accogli i sospiri di chi spasima
E regali un sogno ad ogni anima
Luna che mi guardi adesso ascoltami


– Meu Deus... - murmurou Isabel perplexa. - ele é um tenor...

Mask olhava fixamente para a letra no monitor, depois de certo tempo, nem mais acompanhava, pois aquela música não era muito estranha.

Che l'amore può nascondere il dolore
Come un fuoco ti può brucciare l'anima*

Nesse trecho, o tom da voz aumentou, os olhos antes arregalados, ficaram esbugalhados.

No próximo verso, o tom abaixou e no próximo ficou mais forte. A voz dele saia encantadora. Mask tinha se soltado, ele não admitia, mas adorava cantar, trazia lhe boas recordações.

Ao final, os dourados bateram palmas.

– Por que você tem uma voz assim? - indagou Miro. - tinha que ser minha voz.

– Não tenho culpa. - disse de forma presunçosa.

Mask voltou a atenção para as meninas que continuavam caladas.

– Melhorem essas caras parecem que viram assombração! - jogou o microfone no libriano. - Minha voz é assim se não gostaram pouco me importa.

O efeito foi em cascata, primeiro Sheila, Paula, Suellen... bateram palmas. Deixando o canceriano surpreso.

– Sua voz é linda! - disse Julia. - linda.

– Obrigado. - disse encabulado.

– Deveria ser cantor. - disse Gabe. - seria um sucesso.

– Não exagera. - o rosto ficou ligeiramente ruborizado.

Ele desviou o olhar que acabou por parar em Heluane. A brasileira o fitava espantada. Ficaram alguns segundos, até Mask começou a ficar incomodado.

– Solta logo uma das suas pérolas. Sei que está doida para sacanear.

– Sua voz é linda. - disse, nem escutando a frase dele.

O cavaleiro arqueou a sobrancelha.

– Ta de brincadeira não é? - elogio vindo dela, só poderia ser de sacanagem.

– Não... é bonita mesmo...

Franziu o cenho surpreso.

– Obrigado. - agradeceu, ainda não acreditando muito no elogio.

– Sua voz é perfeita. - disse Isa. - é um tenor.

– Sou... - murmurou.

– Ele cantava no coral infantil da igreja. - disse Deba.

MM o fitou ferino.

– Sério? - indagou Julia.

– Não esconda o passado Mask.

– Fique calado Aiolos!

– Você cantava numa igreja? - Juliana o fitou curiosa.

– Sim... - ficou encabulado. - minha mãe frequentava uma paróquia perto de casa, eu fazia parte do coral infantil até ela morrer.

– Não sei porque ficar com vergonha, eu já fui coroinha. - disse Deba. - também cantava no coral infantil.

– Sério? - Mabel estava surpresa.

Helu ouvia aquilo sem entender. Se ele frequentava uma igreja, como foi capaz de matar crianças? Era incoerente!

– Atena tem um tenor... - Isa estava perplexa. - canta mais.

– Foi o suficiente. - disse frio.

– Bom... Mask já cumpriu, falta.... - Miro olhou para Juliana.

– Tudo menos cantar. Minha voz é péssima.

– Então... - Kanon ficou pensativo.

– Se ferrou Ju. - disse Helu em tom de brincadeira.

Shion estava prestes a manifestar, quando Dohko o calou com um olhar.

– Falem logo. - a paulista já estava ficando impaciente, se tinha que fazer algo ridículo que fosse de uma vez.

Kanon ainda pensava, quando viu o rosto fechado de Shaka. Por que não coloca-lo numa saia justa?

– Shaka vai escolher.

Todos os olhares foram para o virginiano.

– Eu? - abriu os olhos. - por que eu?

– Porque sim. Escolhe algo para a Ju fazer.

O indiano fitou a brasileira, que apenas deu um longo suspiro resignado. Na certa Shaka aproveitaria para cobrar o beijo. O cavaleiro franziu o cenho. Pensar num "castigo" para ela? Bem que merecia, mas não compartilhava esse tipo de brincadeira, até que... um fino sorriso mostrou na face clara.

– Quando ele sorrir assim... - disse Mu em tom baixo para Marcela ouvir.

– Vem bomba?

– Sim...

Juliana também não gostou do sorriso.

– Fala logo Shaka! - gritou Miro.

– Eu vou pensar em alguma coisa, depois falo. - disse sério.

– Mas tem que ser agora. - Kanon não gostou.

– Não mandaram eu escolher? Vou pensar em algo e depois falo. Simples assim.

– Já podem parar com isso. - Shion interveio. - Mask guarde essas cartas, jogo é proibido aqui.

– Sim senhor.

Ester que acompanhava tudo com um sorriso nos lábios sentiu um aroma diferente na sala. O cheiro era muito bom, de certo de algum perfume. Na mesma hora Mask começou a espirrar.

– Inferno! Lá vem esse maldito perfume!

Pouco a pouco as meninas também começaram a sentir o cheiro delicioso, que se tornava cada vez mais presente. Houve duas batidas na porta, para em seguida ela abrir.

– Imaginei que estariam almoçando juntos. Boa tarde, meus nobres colegas. - disse e notando as meninas... - então este é grupo que passou pela barreira... - o homem deu um passo a frente e fez uma leve reverencia. - Gustavv Kiergaarg, cavaleiro de ouro de peixes.

As meninas não pararam de olhar para o homem alto de pele alva, sem marca alguma no rosto exceto pela pinta no lado do olho esquerdo, a boca era bem feita e levemente rosada. Os olhos eram azuis esverdeados, os cabelos desciam loiros claros até os ombros num corte moderno. Estava vestido simples, mas totalmente elegante, com um sapatenis,calça jeans e blusa polo. Ele não era do tipo musculoso, mas seu corpo físico era digno de inveja. O Davi de Michelangelo ficava no chinelo diante dele. Para completar o cheiro que exalava dele era inebriante. Não era atoa que adotava o nome de Afrodite, pois era perfeição em pessoa.

– É um enorme prazer conhecê-las. - olhava para todas, mas suas íris pararam em uma delas. Não era o seu biótipo favorito, nem usava roupas chiques, como gostava, mas o sorriso que ela lhe dirigiu deixou-o fascinado.

Giovanni que conhecia bem o amigo, notou o olhar do sueco.

– "Não me diga que o Dite... - fitou o cavaleiro que estava do lado da menina e pelas trocas de olhares entre os dois durante o almoço, supôs que rolava algo. - vai dar merda!"

Dite saiu de sua posição e com um estralar de dedos, fez aparecer uma rosa branca para cada menina, que sequer piscavam.

– Estou vendo que tenho que me apresentar. - parou na frente de Ester. - Gustavv ao seu inteiro dispor. - pegou na mão dela dando lhe um beijo.

Ester o fitava com os olhos estáticos. Está certo que achava Mu lindo, mas Afrodite não ficava atrás. Mu, que estava do lado, fechou o cenho.

– Qual o seu nome?

Ester...– mal sabia como tinha conseguido digitar.

O sueco olhou do tablet para ela, entendendo o que se passava.

– Tem grande habilidade em fazer leitura labial.

A brasileira ficou ainda mais surpresa. Afrodite tinha elogiado-a?

Obrigada... achei que ficaria um pouco receoso comigo...

– Porque é surda? - sorriu. - o Afrodite de antes com certeza. Mas o que é a surdez diante de um rosto tão perfeito?! Você é minha versão feminina! Para ficar perfeito, qual o seu signo?

Câncer.

– Perfeição não existe... - fingiu lamentar. - tinha que ter esse defeito.

– Olha como fala do meu signo! - ralhou MM.

– Tirando o signo, - Dite o ignorou. - está próxima da perfeição. Seriamos o casal mais lindo que já existiu.

Agora sim o rosto de Mu contraiu totalmente e claro que Dite percebeu.

– Pense nisso querida.

Ester abriu a boca para fechar. Afrodite a achou bonita? No restante da sala os cavaleiros permaneciam em silêncio, não achando muita graça no excesso de gentileza do cavaleiro. Alias para muitos ali, era um concorrente, um terrível concorrente.

– E você minha cara?

– Suellen.

– Que nome delicado. - sorriu.

E Suellen sorriu junto, como não sorrir para aqueles dentes alvos. Kanon arqueou a sobrancelha.

– Por Atena, temos um bebê no santuário. - parou diante de Gabe, que estava prestes a revidar quando ouviu... - que rosto fofo!

– Obrigada. - disse vermelha de vergonha.

– Quantos anos têm?

– Dezenove.

– Está explicado.

Aioria trazia a expressão fria, assim como Shaka, quando viu o sueco pegar na mão de Juliana.

– E essa pequena sakura, quem é?

– Juliana.

– Prazer Juliana.

Observador do jeito que era notou os pés de Paula que usava uma rasteirinha.

– Temos uma bailarina no grupo.

– Olhou para o meu pé... - sorriu. - Ana Paula.

– Qual dança?

– Do ventre.

– Interessante... - Dite deu um sorriso. - quero vê-la dançar.

– "Nunca." - pensou Shion que assustou-se com o próprio pensamento.

Afrodite foi para a próxima e por segundos o olhar ficou parado em Julia.

– Você se parece tanto com a... - murmurou. Ele olhou dela para Giovanni que estava próximo. O canceriano apenas o fitou friamente.

– Como? - indagou a paulista percebendo a troca de olhares.

– Nada querida. Qual o seu nome?

– Julia.

O pisciano franziu o cenho.

– As moiras são sádicas. - pensou alto.

Julia não entendeu, alias nem queria entender, pois estava preocupada em olhar o máximo possível para aquele rosto perfeito. Shura num canto fuzilava o pisciano.

– E a senhorita, como se chama?

– Isabel.

– A menina da tese sobre Marselha.

– Como sabe? - estranhou já que quando chegaram o pisciano não estava no santuário.

– Nada fica escondido para Afrodite de Peixes. Mesmo estando longe dou noticia de tudo! Prazer em conhecê-la.

– Igualmente.

Kamus só observava atentamente...

Enquanto isso Sheila não conseguia desviar o olhar do pisciano. Ele era bonito, mas não era só por isso, o cheiro de rosa que exalava dele era divino.

– E você? - aproximou-se de Sheila e ela sentiu o odor ainda mais forte.

– Não é que você cheira a rosas? - sorriu.

– Anos de convívio. Qual o nome de vossa graça? - disse galante.

– Sheila.

– Prazer.

– O prazer é todo meu.

A frase de Sheila deixou o sagitariano com a pulga atrás da orelha. Primeiro chama Dohko de "tigrão diliça", depois fica derretida pelo Dite? Aí tem coisa.

– Então você é a menina que dormiu em Libra. - disse sem receio algum.

– Sim... - Jules ficou vermelha, enquanto Shion fitou o amigo imediatamente.

– Foi por causa da minha dor Afrodite. - disse Dohko de forma séria, primeiro, pois sabia que a mente do pisciano era pornografia pura, segundo pelo olhar gélido que Shion dirigia aos dois. - como sabe disso?

– Sou rádio patrulha. - deu uma piscadinha. - e você? - olhou para Cris.

– Cristiane.

– Prazer.

Afrodite deu um sorriso simpático, a mineira retribuiu. Saga ficou incomodado.

Em seguida o cavaleiro da última casa fitou Mabel. A brasileira o olhava de forma contemplativa, afinal o temível cavaleiro de peixes estava na sua frente. O cavaleiro estralou o dedo fazendo surgir mais uma rosa branca. Sem se importar com os olhares, depositou a rosa nos cabelos de Mabel.

– Uma flor para outra flor.

– Obrigada.

– Seu nome?

– Mabel.

– Mabel... - disse bem devagar. - ao seu inteiro dispor.

Se o rosto de Deba pudesse ficar vermelho, estaria. Subiu nele uma vontade louca de meter a mão na cara do cavaleiro, mas se segurou.

Dite desviou o olhar, dando um sorriso de canto.

– "As coisas serão divertidas." E você? - fitou Marcela.

– Marcela. Não é que você é bonito mesmo?

– São seus olhos. Sou apenas um homem agraciado pelos deuses.

– A modéstia passa longe. - riu.

– Definitivamente modéstia não é um virtude minha.

Miro olhou com ódio para Marcela.

– E você querida?

– Heluane.

– A menina que chamou os cavaleiros de ouro de fracassados.

Helu engoliu a seco. Ate ele? Shion, que nada sabia, olhou para a fluminense imediatamente.

– Reconheço que você é muito corajosa. Admiro isso, pessoas que não tem medo de falar ou agir. Estando no santuário de Atena, com os cavaleiros capazes de matar num piscar de olhos, você dizer isso é um ato de coragem.

– Devo interpretar como ironia?

– Do jeito que achar melhor. - sorriu.

MM deu um sorriso. Depois dessa rápida conversa, ou o pisciano tornaria a vida de Helu um inferno ou um paraíso. Torcia para ser um inferno, coisa que Dite sabia fazer muito bem.

– O bendito fruto entre as mulheres. O fã do Shaka.

– Nada passa despercebido. - brincou o baiano.

– Temos que ter ouvidos atentos. Seu nome?

– Rodrigo.

– Prazer. - apertaram as mãos. - não eram quinze pessoas?

– Fernando ficou no templo. - disse Sheila.

– Ah...

– Acabamos de almoçar Dite, ainda está no fogão.

– Agradeço Hian, mas já vim comido da rua. - deu um sorriso safado.

– Afrodite... - murmurou Shion.

– Brincadeira! - levantou as mãos em sinal de rendição. - já almocei Dohko. Obrigado. Se não se importarem vou subir, estou cansado.

– Subirei com você. - Shion levantou.

– Tudo bem. - Dite voltou a atenção para as brasileiras. - meninas e apenas as meninas. - frisou. - espero as quatro na minha casa para um chá.

– Será um prazer. - disse Julia.

– Fico no aguardo. - deu um sorriso simpático.

Dite e Shion despediram-se e foi só eles passarem pela porta...

– Puta @#$%! - soltou Marcela. - que homem é aquele! Gostoso!

– Marcela! - ralhou Miro visivelmente enciumado.

– É gostoso mesmo! Muito mais que você!

– Ele é bonito mesmo. - disse Isa.

Kamus a fitou na hora.

– Olha eu não gosto de loiros, mas esse eu pegava. Como diz uma amiga minha: "é pegavel." - disse Cris.

– E como é... - murmurou Suellen.

Saga e Kanon tiveram a mesma reação, olhares tortos.

– Ah lá em casa! - exclamou Sheila, para espanto de Aiolos.

– O que quer dizer com isso? - indagou. - ele vai à sua casa?

– É uma expressão Aiolos. - disse Rodrigo. - seria o mesmo que ele ter chances com ela.

O grego olhou para Sheila na hora.

Realmente ele é muito bonito.

Mu fechou a cara mais uma vez diante do comentário.

– Ele é lindo mesmo. - disse Juliana, fazendo a expressão do virginiano endurecer ainda mais.

– Já sabemos que ele bonito. - disse Rodrigo entediado. - podem parar de falar.

– Beleza tem quer dita! - exclamou Gabe, para desespero de Aioria.

Jules ouvia tudo calada, também achara o pisciano lindo, mas não poderia expressar seus pensamentos, pois Dohko estava do lado e não queria arriscar sua "amizade colorida".

– Agora eu quero provar. - disse Marcela com um sorrisinho nos lábios.

– Marcela! - berrou o escorpião.

O.o.O.o.O

Shion e Gustavv seguiram em silêncio até a saída de Libra.

– Como foi a missão? - indagou o antigo cavaleiro de Áries.

– Correu tudo bem. - a voz do pisciano saiu séria. - olhei todos os lugares, não há nada com que se preocupar mestre.

– Certeza?

– Absoluta. - o fitou. - sabe que a segurança do santuário é minha prioridade máxima.

– Não estou duvidando do seu julgamento Gustavv, apenas estou sendo precavido.

– Entendo. Foi um grupo grande dessa vez. - disse voltando o olhar para as escadas.

– Isso me preocupa.

– E a barreira?

– Ela deveria ter aberto hoje, o que não aconteceu. Atena está muito preocupada e eu também.

– Acha que pode causar algum problema?

– Espero que não. Saga e Aiolos estão tentando descobrir uma maneira de manda-los de volta.

– Conte comigo mestre.

– Pode começar a tentar descobrir se algum deles tem cosmo.

Afrodite parou de andar na hora, fitando o ariano.

– Como?? - quase engasgou com a pergunta.

– Temos que está preparados para tudo Afrodite, para qualquer hipótese, mesmo que seja absurda.Sei que eles são pessoas normais, mas quem me garante que não pode ser um inimigo disfarçado?

– Desculpe mestre... mas acho que está exagerando.

– Shun tinha a alma de Hades e por anos nem suspeitamos. Todo cuidado é pouco.

O pisciano ficou em silêncio, por mais absurdo que fosse a ideia do grupo ser algum inimigo, essa hipótese não poderia ser descartada, afinal a segurança do santuário e de Atena estavam em primeiro plano.

– Farei o que me pede mestre.

– Com discrição.

O.o.O.o.O

Enquanto isso, os elogios ao cavaleiro de Peixes continuavam, deixando os dourados ressabiados e Rodrigo entediado.

– Parecem que nunca viram homem... - murmurou.

– Como Afrodite não. - disse Helu. - só tem um exemplar.

– Vou subir. - disse por fim, a conversa agora era apenas em torno do pisciano.

– Vou com você. - Cris levantou. - Dohko você cozinha muito bem. Sinta-se a vontade em me convidar mais vezes.

– E eu? - indagaram ao mesmo tempo Deba e Aiolos.

– Vocês também.

– Obrigado Cris. Volte sempre. - o dono da casa deu um sorriso simpático.

– Eu também já estou indo. - Su levantou.

Os três despediram-se dos outros e partiram. Cris nem olhou para Saga e Kanon percebeu. Rapidamente ele agradeceu o almoço e saiu. Encontrou com os brasileiros na saída de libra.

– Cris!

– Sim?

– Não leve em consideração o que o Saga falou. Ele não está no seu juízo normal.

– Algum dia ele já esteve? - indagou Rodrigo. - foi muito estúpido a forma como ele se dirigiu a ela. Ele é um cavaleiro de ouro, mas posso quebrar um dente dele.

Kanon o fitou, não gostara nem um pouco da forma que o baiano se referiu ao irmão, contudo algo passou por sua mente, tanto que deu um fino sorriso. Suellen que o olhava logo notou algo no ar.

– "Ele vai aprontar alguma."

– Saga foi estúpido mesmo.

– Não se preocupe Kanon. - disse a mineira. - vamos? - olhou para Rodrigo e Suellen.

– Podem ir na frente. - Suellen falou.

Cris entendeu o recado, saiu puxando o baiano. Quando estavam a certa distância...

– Pode começar a falar.

– Falar o que Su?

– Que plano essa sua mente doentia está aprontando. - deu dois cutucões na testa do geminiano, claro na ponta dos pés.

– Nada...

– Fala Kanon.

– Eu não tenho plano nenhum. - balançou a cabeça.

– Quem que não te conheça que te compre dragão marinho. - passou o braço pelo braço dele. - vamos para Gêmeos agora. E vai me contar tudo.

– Mas...

Nem teve tempo, Suellen o arrastou.

De volta a sala da sétima casa, Saga despediu e saiu. Não foi para o templo, pois encontraria Rodrigo e Cris pelo caminho, deu meia volta indo para Gêmeos.

Shura também se despediu, lançou um rápido olhar para Julia, contudo ela nem olhou pois conversava com Mask. O italiano notou o clima entre os dois.

Miro olhou no relógio.

– Eu preciso ir. - caminhou até o dono da casa. - valeu pelo almoço. O casal quando quiser pode nos convidar de novo.

Jules ficou vermelha.

– De nada Miro. - Dohko sorriu.

Marcela só esperou cinco minutos.

– Vamos embora. - Marcela cutucou Helu.

– Vamos falar com Atena agora?

– Primeiro vou resolver outra coisa. - Marcela estava desconfiada do Escorpião, pois minutos antes ele não parava de olhar as horas.

Ela também acenou para Paula.

– Dohko e Jules, foi ótimo o almoço, mas preciso ir.

– Tudo bem Máh. - disse Jules.

A paulista arrastou as três para fora.

– Esperem aqui.

Marcela correu até a saída de Libra, olhou para as escadas sem sinal do escorpião. Voltou para junto das amigas.

Me esperem no templo.

– Aonde vai? - indagou Paula.

– Andar. Não demoro.

– Mas....

Heluane não obteve resposta. Marcela correu até o inicio das escadarias que levavam Libra a Virgem, viu logo abaixo o grego.

– "Vai aprontar não é? Seu safado!" - foi atrás tomando o cuidado de não ser vista.

Na sala...

– Isa. - Aiolos a chamou de forma discreta.

– Sim?

– Quer ver os livros agora?

– Claro.

– Gabe venha também. - fitou a jovem.

– Por quê? - estranhou.

– Se não for pedir muito eu gostaria de um desenho. Aioria me mostrou o dele e eu queria um semelhante. - deu um sorriso maroto.

– Tudo bem Aiolos.

– "Onde vão?" - indagou Aioria vendo os três levantarem.

– "No templo."

– "Vou junto."

– "Vai é procurar sua namorada. Agora!"

Os três agradeceram o almoço e saíram. Kamus estava sério, muito sério. Ele apenas esperou alguns minutos para ir atrás dos três.

A carranca de Shaka não tinha diminuído. Excesso de elogios para com o Dohko e depois para Afrodite? E o atrevimento do beijo tinha sido o que? Sem melhorar a expressão, ele despediu, indo para Virgem.

– O que deu no buda loiro? - indagou Sheila a Juliana.

– Não faço ideia. - respondeu sinceramente. - Shaka é uma caixa de surpresa.

– Ele falou alguma sobre o beijo?

– Eu nem perguntei. E se ele me jogar num dos seis mundos?

– Vamos subir, dá para conversar melhor.

– Está certo.

Julia olhou ao redor, praticamente tinha sobrado apenas os casais.

– "Estou sobrando aqui..." Dohko vou indo. - levantou. - obrigada.

– As ordens Ju.

– Vou com você. - disse Mask. - a comida estava boa.

Dohko apenas riu.

No salão do templo, Julia pensava no que faria, até a hora do chá.

– Vamos lá para casa. - o canceriano parou ao lado dela.

– Creio que não é uma boa ideia.

– É sim, pois vai me contar o que aconteceu entre você é o chifrudo.

– Como assim?

– Tem um clima esquisito entre vocês e eu quero saber. Não é um pedido é uma ordem.

– O que???

– Vamos senhorita Franco.

O canceriano praticamente a arrastou.

Mu aproveitou o ensejo, lembrando Ester sobre a conversa séria. A carioca ainda se prontificou em ajudar Jules e Hian com os pratos e panelas, mas a paulista praticamente a expulsou. Não perderia a chance de ficar sozinha com o libriano.

Deba e Mabel seguiram o exemplo, do casal anterior, tratando logo de ir embora.

– O almoço foi um sucesso. - Jules deixou o corpo cair no sofá.

– Graças a sua ajuda. - sentou ao lado dela. - sabe o que me passou pela cabeça?

– O que?

– Parecíamos recém-casados recebendo amigos em casa.

– Que isso Hian... - desconversou apesar de ter pensado a mesma coisa.

– Sério. Como seria se você mudasse para cá?

– É brincadeira não é?

– Não. - disse sério. - me ajuda com as vasilhas? - levantou do sofá.

– Ajudo.

Ficou pensando se realmente o libriano pensou na hipótese.

O.o.O.o.O

Saori entrou no elevador que ligava a base da montanha ao seu templo. Já tinha alguns anos que mandara construir aquele elevador para facilitar o transito entre seu templo e a cidade. O "atalho" ficava encravado nas rochas atrás do templo. Enquanto subia olhava a pequena caixa preta que trazia nas mãos. Deu um sorriso. Checou o celular, vendo que a garrafa de champanhe tinha sido entregue na residência Solo.

O.o.O.o.O

Rodrigo e Cristiane subiam conversando quando notaram o cavaleiro de Capricórnio atrás.

– Pode ir na frente? - indagou a mineira de forma baixa.

– Por quê?

– Vou trocar algumas palavras. - sorriu. - lembra do que a Julia falou?

– Estou começando a achar que esses cavaleiros são uns idiotas. - torceu a cara. - como ele pôde fazer aquilo com ela?

– Me pergunto o mesmo. Agora vai.

O baiano apertou o passo, enquanto ela diminuiu o dela. Foi questão de segundos para o espanhol alcança-la, mas ele não puxou conversa.

– Posso perguntar uma coisa? - precisava de uma desculpa.

– Diga.

– Como funciona isso de cortar? É pelo cosmo?

– Sim. Direciono minha força por uma linha reta.

– Ah...

– Por que tem um boneco do Saga? - ainda não tinha engolido a ideia de Julia ter apenas ganhado um boneco dele.

– Sou de Gêmeos.

– Só por isso?

– Não... - desviou a atenção. - Saga sempre foi meu cavaleiro favorito. Tenho muitas coisas dele, certa vez comprei um chaveiro e o usava para por as chaves da minha casa, quando eu perdi... lamentei mais pelo chaveiro do que pelas chaves. Nunca mais consegui achar um chaveiro como aquele...

Shura franziu o cenho. O nível de tietagem chegava a tanto? Não poderia ser só isso, era muita loucura.

– Você gosta dele?

– Gosto...

– Apenas por ser seu cavaleiro favorito?

– Vai além. - e aproveitando a deixa. - sei que parecemos um bando de fãs loucas, mas o que sentimos por vocês, vai além das armaduras.

O espanhol ficou em silêncio pensando nas palavras. Será que então Julia o via com os outros olhos? Mas e com Giovanni?

– Isso é em relação a todas?

– Sim Shura.

Esdras pensou em Julia e quase deu um sorriso, pois ele morreu segundos depois. Mesmo se isso fosse verdade, quando ela soubesse sobre seu passado o odiaria, sem contar que a barreira poderia abri a qualquer momento. Já imaginava a desilusão que Dohko, Mu, Ricardo e Saga passariam. Era visível os sentimentos que eles tinham para com algumas meninas.

– Você quer o bem do Saga, não quer?

– Sim.

– Afaste-se dele.

A frase pegou a mineira de surpresa.

– Por que...?

– Você vai embora e isso vai abalar o psicológico dele. - a fitou. - Saga é meu amigo e sei o quanto ele pode se machucar com isso e eu não quero. Ele já sofreu demais e seu puder evitar mais um sofrimento eu o farei.

– Acha isso mesmo?

– Sim. Não é nada contra você, só quero preserva-lo.

– Entendo.

O.o.O.o.O

Durante o caminho de Libra a Gêmeos, Kanon foi forçado a dizer qual era o plano. A medida que Suellen ouvia dava tapas no braço do cavaleiro.

– Para de me bater.

– Não paro pois merece! Ficou doido?

– Vai me dizer que não é um plano bom? - a fitou sorrindo.

– Vai ter é morte nesse santuário!

– Não exagera. - entraram em Gêmeos. - talvez assim o Saga reaja.

– Pode reagir tanto e acabar por arrebentar com o Rodrigo. Nem quero imaginar Saga tendo acesso de ciúmes.

– Pois eu quero. - deu um grande sorriso. - Saga saindo do sério é um espetáculo e tanto!

Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

– Um pouco de ciúmes apimenta a relação. - deu uma piscadinha.

Suellen soltou um suspiro desanimado. Kanon era uma criança!

– Senta aí enquanto faço algo para bebermos.

A pernambucana ajeitou-se no sofá, que por sinal era divino tamanha maciez. Fechou um pouco os olhos para abri-los minutos depois ao escutar a porta sendo fechada. Olhou para trás vendo Saga.

– Não sabia que estava aqui. - disse o geminiano.

– Incomodo?

– De maneira alguma. - sentou ao lado dela. - você mantém o Kanon no eixo. Até essa casa anda menos bagunçada.

– Imagino o quanto ele deve ser desleixado.

– Muito.

Saga deixou a cabeça tombar para trás. Suellen o observava discretamente, naquela posição e ainda com os olhos fechados não saberia diferenciar ele de Kanon.

– Você e a Cris são muito amigas? - indagou sem abandonar a posição.

– Sim.

– E ela é muito amiga daquele cara?

– Que cara?

– Rodrigo.

Suellen arqueou a sobrancelha. Saga estava com ciúmes mesmo? "Eu não falei?", a voz de Kanon soou na sua mente. Certamente ele diria aquilo.

– São... eles se conhecem há muito tempo. - disse com cuidado, ao contrário do dragão marinho ela não queria ver Saga saindo do sério. - por quê?

– Por nada.

– No principio até achávamos que eles tinham alguma coisa... - inventou resolvendo dar um voto de confiança ao plano de Kanon, não era de Gêmeos, mas seu lado "maldoso" resolveu aflorar.

E tinha dado certo, pois Saga a fitou na hora.

– Sério?

– Sim...

A expressão dele endureceu fazendo-a engolir a seco. Havia acendido o pavio do barril de pólvora.

– Eram apenas suposições. - tentava amenizar, dando um sorriso amarelo. - são só amigos mesmo. - deu uma risadinha.

Saga continuou em silêncio e a brasileira já se imaginava no meio de uma Explosão Galáctica.

– Ouvir falar que o santuário é muito antigo. - precisava desviar a atenção, se funcionava com Kanon deveria funcionar com ele. - sabe desde quando?

– Por volta de 400 antes de Cristo. - havia dado certo. - começou com a construção do Pathernon...

Saga começou a explicar para uma aliviada brasileira. Deixaria apenas por conta de Kanon atiçar o irmão.

O.o.O.o.O

Miro descia cantarolando, sem imaginar que Marcela o seguia. O escorpião atravessou a casa de Virgem, ganhando as escadarias que o conduziria a Leão.

– "Aposto que vai encontrar alguma sirigaita!" - Marcela bufava. - "vou castra-lo!"

O grego atravessou Leão, mas ao invés de continuar em linha reta, virou à direita. Marcela teve que apertar o pé, para não perdê-lo de vista. Miro pulou uma pequena mureta que separava o pátio de Leão, da montanha. A brasileira levou um susto ao vê-lo pular e correu até a beirada. Notou que a altura não era muita, para o padrão de um cavaleiro, mas que ele havia sumido.

– Filho d@#$%. Ainda vou descobrir o que anda fazendo! "Se for alguma mulher, os dois vão apanhar!"

Só restou a Marcela voltar para trás e embora não pudesse descontar sua raiva no grego, faria com o italiano.

O.o.O.o.O

Paula e Helu voltaram para o templo. Esperaria Marcela resolver seu assunto, para conversar com Atena.

O.o.O.o.O

Afrodite não parou em casa, como havia dito. Passou direto indo para o alojamento das servas. Foi recebido como um deus por elas e como ele adorava aquilo! Distribuiu sorrisos, rosas e beijos castos a todas, mas disse que infelizmente não poderia passar muito tempo com elas, pois assuntos do santuário tinham que ser resolvidos. E assim rumou para o quarto de Marin.

A amazona escrevia alguns relatórios.

– Imaginei que estaria aqui. - disse, depois de bater a prova.

– Entre Gustavv. Como foi a missão?

– Como todas as outras. - sentou no sofá. - chatas.

– E o que devo a honra?

– Dois motivos. Primeiro porque queria vê-la e depois para fazer um convite. Chamei as meninas para um chá na minha casa, as quatro. Espero contar com sua presença e vou avisando que não aceito um não.

– Dificilmente alguém lhe nega alguma coisa.

– Sei do meu poder.

– Só para as meninas?

– Sim. Vou querer um bando de homens na minha casa?

– Muito me estranha essa frase...

– Nenhum faz meu tipo. - passou as mãos pelo cabelo.

– Sei... como se eu não te conhecesse.

– E eu a você. - sorriu. - está com olheiras profundas, seu cabelo está feio e a pele sem brilho... o que aconteceu Marin? - a voz ficou séria.

– Aconteceu nada. - ajeitou na cadeira. - só estou um pouco cansada por causa da cerimônia.

– Querendo me enganar amazona? Fale.

A japonesa ainda relutou em dizer, mas sabia como o pisciano poderia ser bem persuasivo. Contou sobre Fernando, o beijo no dia anterior, sua relação com Aioria. Afrodite ouvia tudo sem fazer perguntas.

– Me sinto culpada...

– Realmente não é uma atitude que esperava de você.

Marin o fitou.

– Não estou te condenando. Só fazendo uma observação. Falo assim porque te conheço desde que era uma ruivinha de maria chiquinhas.

Ela sorriu ao se lembrar desse detalhe.

– O que sente por Aioria?

– Eu o amo.

– E por esse rapaz?

– Não sei ao certo... eu gosto da presença dele...

– Se a lei das amazonas ainda imperasse teríamos duas mortes.

– Não brinca... - fez bico.

– Desculpe querida. É uma situação complicada. - levantou, indo até a janela. - eu ainda não o conheço então não posso tecer comentários, mas acho que deve pesar na balança antes de tomar qualquer atitude. Por mais grosso e mal educado que o Aioria seja, ele ficará nesse santuário para "sempre", com o Fernando não podemos dizer o mesmo, uma hora a barreira vai abrir. - a fitou. - vale a pena trocar um certo por um duvidoso? Não digo que os sentimentos do brasileiro são duvidosos, ele demonstrou que realmente gosta de você, contudo ele pertence a outra realidade. - silenciou pensando em si próprio, será que nem teria tempo de conhecê-la melhor? - pense bastante antes de tomar qualquer decisão e quando tomar deixe bem claro para os dois. Não seria justo engana-los.

– Você tirou um peso do meu coração.

Afrodite caminhou até ela, depositando a mão sobre os fios ruivos. Abaixou o rosto para encara-la de frente.

– Agora... se quiser uma terceira opção, eu não teria problema em dividi-la. - sorriu.

– As vezes tenho duvida se é bi. - sorriu.

– Eu não resisto a um rosto bonito, masculino ou feminino. - segurou o queixo dela. - pense bem. - afastou, dando uma piscada. - te espero as quatro.

– Ok.

Alguns anos atrás como ela poderia imaginar que se tornaria tão amiga de Afrodite? Logo o cavaleiro mais pretensioso, egoísta e arrogante da elite dourada?

– Com certeza o mundo dá voltas...

O.o.O.o.O

Paula passou a mão no maço de cigarros, indo para trás do templo. Ainda não tinha dado uma tragada e precisava relaxar. Sentou num banco de mármore que ficava colado a parede do templo. Estava distraída que nem percebeu a aproximação de uma figura vestido de negro.

– Acho que pedi para não fumar aqui.

Ela assustou com a voz.

– Avise quando se aproximar. - levou a mão ao peito.

– Desculpe.

– Posso ao menos terminar? Prometo que não fumo mais.

– Vá em frente. - disse Shion.

Paula acabou logo com o cigarro, pois era constrangedor o olhar de Shion. Ele conseguia intimidar qualquer só com sua presença.

– "Coitado dos filhos dele, vão ter um pai autoritário." - ela o olhou discretamente, enquanto procurava por uma lixeira. - " Se ele casar com uma pessoa "normal" como seria os filhos? Eles teriam essas pintinhas?" Satisfeito? - voltou a sentar.

– Sim. - sentou ao lado dela. - deveria cuidar melhor da sua saúde. - o olhar estava voltado para a estátua.

– Minha mãe diz o mesmo.

– Deveria segui-la então.

– Vou tentar.

Ficaram em silêncio por um tempo.

– Atena ainda está brava por causa da barreira?

– Está. Vocês deveriam ter ido embora.

– Nossa presença é tão ruim assim? - o fitou.

– Não é a presença, é que não pertencem a esse lugar. - a olhou, demorando um pouco a visão nas feições dela.

– Se quiséssemos ficar, não poderíamos?

– Não.

– Injusto. Eu não teria problemas em morar aqui.

– Teria que abdicar da presença de seus familiares. Não poderia vê-los tão cedo. Nos primeiros dias, acharia tudo novo e encantador, mas com o arrastar dos dias sentiria falta deles. Dohko passou por isso. Sei o quanto pode ser difícil.

– Quando Aiolos assumir seu lugar o que vai fazer?

– Provavelmente voltarei para Jamiel. Mu ficará responsável por consertar as armaduras, não teria espaço para mim. Além do mais estou ficando velho, não tenho as mesmas forças de antigamente.

– Eu gostaria de conhecer Jamiel.

– É um lugar lindo.

– Há mais lemurianos?

– Kiki, Mu e eu somos os últimos. Nossa raça tende a acabar.

– Tenho certeza que Kiki terá filhos.

– Espero que sim, embora ache que seria difícil conduzir as responsabilidades de cavaleiro e uma família.

– Mu é um candidato. Embora a barreira seja um empecilho.

– Ele está encantando por aquela menina... - disse com pesar. - vai tornar a separação tão difícil.

– Você é muito pessimista.

– Sou realista. Tenho muitos anos nas costas, Paula, sei como as coisas funcionam.

– E se nós tivéssemos filhos? - o fitou diretamente. - eles herdariam seus genes?

Shion assustou-se com a pergunta. Sequer tinha imaginado isso. Mal acreditava na possibilidade de Paula ficar, ainda mais ter filhos com ela.

– Herdariam... certamente teriam as pintas e poderes telecineticos.

– Seria difícil manter a casa no lugar. - sorriu. - menino para de levitar isso!

Shion sorriu ao imaginar a cena. Se eles fossem como Kiki, dariam muito trabalho. O cavaleiro começou a pensar como seria ter uma família. Era um sonho, perdido em meio as suas responsabilidades de grande mestre, mas que as vezes pintava em sua mente. Como seria casado com Paula?

Respirou fundo, precisava banir esses pensamentos. Se desse margem a eles, quando Paula fosse embora...

– Vou torcer para que Kiki dê continuidade a raça.

– Não quer tentar comigo? - indagou para provocar.

O ariano ficou vermelho ao imaginar.

Sua estadia pode ter sido apenas o brilho de uma explosão de uma estrela... mas valeu muito a pena ver esse brilho...– levantou.

– Quem disse isso?

– Seu discípulo Shion. - parou na frente dele. - eu queria tentar, mas espero que não se torne tarde demais.

Saiu, deixando-o mergulhado em seus pensamentos.

O.o.O.o.O

Rodrigo tomava rumo do quarto, quando encontrou com Saori no corredor.

– Oi.

– Oi. Pode vir comigo?

Ele concordou. Os dois foram para o escritório dela.

– Lembra do trabalho que fez para mim?

– Sim.

– Tirei nota máxima.

– Parabéns Saori.

– Eu não teria conseguindo sem você e em prova da minha gratidão espero que goste disso.

Ela lhe entregou uma caixinha preta. O baiano a pegou com curiosidade e ao abri-la....

– Saori! - arregalou os olhos. - Ficou doida? - tirou da caixinha um relógio Rolex.

– Não gostou?

– Isso é muito caro!!! Eu não posso aceitar.

– Por quê? Não gostou do modelo?

– Adorei, mas deve ter custado o olho da cara! Não teria condições de comprar nunca.

– Estou te dando de coração. Aceita. - deu um sorriso tímido.

– Agradeço a gentileza, mas não posso aceitar. Se usar isso no Brasil vou virar alvo...

– Alvo? - não entendeu.

– Deixa para lá.

– Rodrigo. - pegou nas mãos deles. - comprei pensando em você, por favor, aceite. – sorriu.

Como dizer não para aquele rosto tão meigo?

– Aceito. Obrigado, mas não faça isso de novo.

– Se eu sentir vontade de presentea-lo eu o farei. - a voz saiu um pouco mais séria, mas não menos meiga. Ele sabia que era Atena quem falava.


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Notas finais do capítulo

*Música: Luna - Alessandro Safina



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