A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 17
A barreira não abriu... e agora?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/462279/chapter/17

Um clarão tomou conta da visão de todos por alguns segundos, em seguida a luz foi perdendo brilho. A barreira foi perdendo brilho, até se tornar transparente.

Marcela abriu os olhos, olhando para o chão. Estava de volta ao Pathernon...

– Marcela...?

Ela arregalou os olhos, aquela voz... aquela voz... não tinha perdido a memória?

A surpresa estava estampada no rosto de todos. Atena ficou sem voz. O que eles ainda faziam ali?

Os dourados estavam em silêncio completamente em choque. E o grupo então?

– Não abriu? - indagou Helu, ainda vendo o templo, o bosque e Giovanni, que trazia uma expressão incrédula.

– NÃO ABRIU! - Mabel gritou feliz.

– Por que não abriu? - Atena olhou para o céu. - o que houve?

Shion era um dos mais espantados. O vértice abria daquela forma, o que tinha dado errado?

Aldebaran trazia um grande sorriso. Saiu de onde estava aproximando do grupo.

– Sou brasileiro e não desisto nunca. - riu. - acho que o mundo lá fora não quer vocês.

Eles sorriram. Mabel o fitou.

– Também acho. - disse sorrindo.

Mu também aproximou do grupo, mas parando na frente da Ester.

– Seja bem vinda...

Ela sorriu.

Dohko deu um sorriso. Jules ficaria.

Tanto Aioria como Marin não sabiam se sorriam ou não. Uma parte deles queria que Fernando e Gabe ficassem, a outra parte não.

Kanon sentiu um enorme alivio pela barreira não ter aberto. Olhou para o irmão, este lhe sorria.

– Estou surpresa. - disse a deusa. - era para o vértice abrir.

– Nós também estamos. - disse Isa fitando de maneira discreta o francês.

– Pode ter sido apenas algo de anormal, por isso peço que fiquem no templo, até segunda ordem. - a voz saiu mais séria. - Shion, Saga, Aiolos e Marin venham comigo.

O sagitariano que olhava para Sheila mexeu-se. Shion o seguiu. Saga levantou, dando uma olhada rápida para Cris, seguindo. Marin tentando conter um sorriso seguiu o grupo.

Com o rosto impassível, Shura tomou o rumo da saída, Julia soltou um suspiro desanimado. Outros que saíram em silêncio foram Aioria, Mask, Kamus e Shaka.

Miro fitou Marcela para em seguida sair. Conversaria com ela depois.

Kanon aproximou parando perto de Suellen.

– Agora você não sai mais daqui. – sorriu.

– O almoço na minha casa ainda está de pé. – sorriu Dohko.

Deba, Mu, Dohko e Kanon acompanharam o grupo até a sala de reunião, onde Atena ordenara que eles ficassem até resolver o impasse.

Escritório de Atena...

A deusa sentou de forma pesada. A barreira não poderia ficar tanto tempo sem abrir. Aquilo poderia trazer muitos danos não só ao santuário, como na vida do grupo.

– O que faremos Atena? – indagou Shion.

Ela ficou em silencio procurando uma solução. Os demais não ousaram interromper.

– A barreira nunca se comportou assim. Pode ter sido apenas um erro no tempo. Eles ficaram aqui. Saga vá a biblioteca e procure descobrir alguma coisa.

– Sim senhorita.

– Marin, entre em contato com o hotel e providencie a camuflagem. Providencie que as malas sejam levadas para os quartos e confisque os celulares e as câmeras.

– Sim.

– Shion e Aiolos, Star Hill.

O ariano concordou, assim como o grego.

– Temos que descobrir porque eles não foram levados.

O.o.O.o.O

Na sala de reunião, Dohko contava como a barreira que Kurumada passou abriu. Num canto Heluane e Marcela conversavam baixo. A fluminense contava a amiga o episodio no subsolo de Câncer.

– Por que não me disse isso antes?? - indagou Marcela.

– Não queria ficar lembrando...

– Como?? - faltou sacudi-la. - temos que contar para Atena já!

– Ele vai me matar por isso...

– C# dele! Isso não se faz! - Marcela ficou em silêncio por uns instantes. - não vamos contar agora. Com essa história do vértice, Saori deve está puta por ele não ter aberto. Vamos contar a tarde, se ele fizer mais alguma coisa, ponto a favor nosso. Pode deixar que eu falo. Nós vamos ferrar com esse cara.

– O que tanto cochicham? - Paula aproximou.

– Depois te contamos. - disse Marcela.

Enquanto isso Gabe enchia o libriano de perguntas.

– Então estamos presos aqui para sempre? - indagou Gabe com um sorriso bobo nos lábios.

– Atena vai encontrar uma maneira de manda-los de volta. - disse Kanon. - tenham a certeza disso.

A conversa foi interrompida pelo abrir da porta. Era a própria.

– Bom dia. - disse, num tom educado, mas sério.

Diante da seriedade da deusa apenas acenaram.

– O vértice deveria ter aberto hoje. - a voz saiu fria. - mas por algum motivo não abriu. Suas malas foram levadas novamente para os quartos. Fiquem aqui no templo, até que encontremos uma solução.

– Elas podem almoçar lá em casa? - indagou o chinês com todo o cuidado, pois sabia que quem lhe falava não era Saori e sim Atena, uma Atena muito irritada.

– Pode, mas fiquem de sobreaviso que o vértice pode abri a qualquer momento. Tenho que resolver algumas coisas, estarei no escritório. E vocês voltem para suas casas. – olhou para os outros dourados.

Saiu.

– Atena está irritada. - disse Deba. - muito.

– Ela fica assim quando a segurança do santuário está ameaçada. Vamos descer, é melhor. - Mu olhou para Ester, queria aproximar, mas por causa do clima achou melhor não. - nos encontramos em Libra.

– Também já vou indo. - disse Dohko olhando para Jules. - será que pode me ajudar? - era desculpa, para ter a brasileira perto.

– Claro.

Os quatro saíram sob os olhares dos demais.

– É impressão minha, mas o velho está gostando dela? - Kanon franziu o cenho, colocando as mãos atrás da cabeça.

– Acha isso? - indagou Juliana.

– Ele nunca deixou ninguém ajuda-lo na cozinha, nem mesmo o Shiryu... o dragão precisa saber disso. - deu um sorriso duvidoso.

– Nem pense em fazer nada. - Suellen o cutucou.

– Por quê? - a fitou com cara fechada.

– Porque não!

– Eu não ia fazer nada...

– Acredito. Já que não está fazendo nada, me ajude a carregar a minha mala.

– Eu tenho cara de carregador?

– Kanon!

– Parem de brigar e vamos. - Mabel empurrou os dois sob protestos.

– Esses dois... - murmurou Julia.

– Eu vou num lugar antes. - disse Cris baixinho. - qualquer coisa diga que fui ao banheiro.

O.o.O.o.O

A vista daquela montanha era simplesmente encantadora. Era um dos poucos privilegiados que podia contemplar tal vista. Dali podia-se ver a cidade de Athenas, a estátua da deusa, a fonte e o templo. Fora parte de Rodorio e da Arena Dourada.

Aiolos encheu os pulmões de ar soltando lentamente. Estava feliz pela barreira não ter aberto afinal Sheila ficaria, mas ao mesmo tempo preocupado. Nunca pessoas "normais" ficaram tanto tempo no santuário. Aquilo poderia acarretar problemas.

A montanha Star Hill era composta unicamente por um templo, aos moldes gregos. Shion estava em seu interior, meditando. Em séculos toda a vez que a barreira abriu trazendo estranhos, pouco tempo depois ela tornava a abrir para leva-los de volta, por que tinha sido diferente? Será que era indicio de alguma coisa? O patriarca abriu os olhos, passando a mão pelas pintas lemurianas. Precisava descobrir o quanto antes o que tinha acontecido.

O.o.O.o.O

O grupo dirigiu-se para o segundo andar.

– E os nossos celulares? - indagou Rodrigo.

– Atena já pegou. - disse Kanon.

Nem deu para ver quem nos ligou...

– Atena gosta de ter o controle de tudo Ester.

– Deusa tem que ser isso mesmo. - disse Fernando.

Viram da escada que as malas estavam dispostas em cada porta.

– Acho que misturaram... - Paula fitou a sua na porta do quarto "Aries/Touro"

– Parece que vamos ficar juntas. - Marcela viu a sua ao lado da Helu.

– Quarto das divas.- disse a fluminense. - aqui para vocês. - deu um beijinho ombro para as amigas em tom de brincadeira.

Kanon arqueou a sobrancelha, sem entender nada.

– Não queira entender Kanon. - disse Fernando. - essas mulheres são todas doidas.

– Já percebi...

– Kanon! - Suellen deu um tapinha no braço dele.

– Por gosta de me bater?

– Porque merece.

– Mudei de quarto. - disse Gabe desviando a atenção.

– Vai ficar conosco Gabe. - disse Sheila.

– Cunhadas tem que ficarem juntas. - Julia sorriu.

Novamente Kanon arqueou a sobrancelha sem entender.

– O meu mudou todinho. - disse Mabel, antes que o geminiano pensasse demais.

– Estamos juntas. - Ester sorriu.

– Eu também. - disse Juliana. - e pela mala a Jules também.

– Então o que restou... - Isa viu a mala dela florescente.

– A azul é minha. - disse Su. - a vermelha é da Cris.

– Deixe eu ver seu novo quarto.

Kanon foi entrando sem pedir licença.

– Seu indiscreto! - Su foi atrás.

– Esses dois... - Rodrigo deu meia volta. - parece que continuamos no mesmo. - disse a Fernando.

Os dois pegaram suas malas e entraram.

– Pensei seriamente que iríamos embora. - disse o baiano jogando a mala sobre a cama.

– Não sei se fico feliz ou não. - Fernando sentou. - com que cara vou olhar para a Marin depois de ontem? E se o Aioria descobre? Sou um homem morto!

– Não quero te desanimar, mas Aioria vai te massacrar.

Fernando soltou um suspiro desanimado.

– O que vai fazer? - Rodrigo sentou em outra cadeira.

– Vou me afastar dela. Não quero separa-los. Eles estão juntos há muito tempo.

– Pelo menos você compete com um vivo. E eu? Se não bastasse o Julian ainda tem o Sísifo! Como posso competir com um morto?

– Sou o último que pode te consolar. A minha situação não é das melhores.

– Não sei se quero que esse vértice não abra... seria muito melhor voltar para o Brasil...

Quarto Áries/Touro

– Atena deve está muito puta. - disse Paula jogando-se na cama.

– Quem deve está puto é Giovanni. E vou ferrar esse cara. - disse Marcela.

– Afinal de contas o que estavam cochichando?

Heluane contou a paraense o ocorrido.

– Ele fez isso????

– Fez Paula. - Marcela colocou sua mala num canto. - mas Atena vai ficar sabendo. De tudo!

– Ela não vai fazer nada. - disse Helu sentando numa poltrona. - ele vai negar até a morte.

– Peça para chamar o Shion. – Paula abria as janelas.

– Acha que resolve Paula?

– Do jeito que ele é vai ficar puto.

– Por falar nele... - Heluane deu um sorriso malicioso.

– Shion é muito tradicional. - sorriu. - e toca piano divinamente...

– Ele tocou para você?

– Sim Máh. Shion é um homem adorável, mas extremamente tradicional. Ele me disse que não queria começar algo utópico.

– Isso prova que ele é sério. - disse Máh. - grande chance de seu lance se torna algo concreto. Ao contrário de mim. Miro é infantil!

– Pensei que ele viria atrás de você.

– Ele pensa que vou atrás dele? Está muito enganado! Não me conhece.

– É tão irresponsável que nem na abertura do vértice, chegou no horário. - disse Helu.

– Dormiu de mais. - brincou Paula.

– Deve ter dormido mesmo... - murmurou Marcela com a cara fechada. - "prefere dormir que despedir de mim..." - meditou nas últimas palavras. - " ele tem problema de insônia... será que tomou remédio para dormir?"

Quarto Gêmeos/Câncer

– Os quartos não são tão diferentes. - disse Gabe vendo a decoração.

– Acho que são todos iguais. - disse Sheila.

– Por que será que o vértice não abriu? - Julia tirou as sandálias.

– Espero que não seja algo que traga problemas. - Gabe colocou sua mala num canto. -Sheila bem que poderia perguntar para o Aiolos, afinal ele será o grande mestre.

– Se a insegurança dele deixar.

– Como assim? - indagou Ju.

– Acredita que ele é inseguro? Tem duvidas se deve ou não assumir o cargo. Me poupe! Não tenho paciência para homens inseguros.

– Mas é um cargo muito importante. - disse Gabe. - eu ficaria assim no lugar dele.

– O homem enfrentou tudo e a todos para salvar a Atena e agora fica inseguro? Tem dó.

– Mas em relação a você?

– Do mesmo jeito! Primeiro me joga na cama e depois nem se aproxima. Estou achando que o Saga não é o único bipolar.

– Ainda bem que sei como Shura é...

– Outro idiota. - Sheila cruzou os braços. - me desculpe Julia, mas ele é um idiota.

– O que vai fazer? - Gabe a fitou.

– Vou me afastar. Já deu para perceber que ele não sente nada por mim. Só me beijou por beijar.

– É isso mesmo Ju. - disse Sheila. - dá uma gelada nele.

– Se servir de consolo meu caso é pior.... - Gabe soltou um suspiro. - Aioria me beijou ontem a noite.

– De novo?

– Sim... mas não quero me iludir. É da Marin que ele gosta.

– Vou arrancar a juba daquele leão. - Sheila ajeitou os óculos. - fique longe dele, alias as duas fiquem longe deles. Eles não te merecem!

– Mas é o que vou fazer. - Gabe abria a mala em busca de um chinelo. - quanto mais longe sofro menos.

Quarto Leão/Virgem

– Você o que?? - Mabel arregalou os olhos.

Ester estava igualmente pasma.

– Beijei... - Juliana estava com o rosto vermelho. - não sei o que deu em mim, foi puro impulso...

E como foi?

– Os lábios dele são macios... - sorriu. - mas saí de lá antes que ele dissesse algo, ou me matasse, afinal de contas é Shaka de Virgem.

– Nunca pensei que faria isso. - Mabel sentou-se na cama. - acho que não é só a casa de Libra que vai ficar falada.

As três riram.

Não sei se fico feliz por ter ficado.– Ester olhava para o céu. - principalmente depois de ontem. E se o vértice abrir daqui a pouco?

– Também sinto o mesmo. - disse Mabel. - o Deba tem sido tão maravilhoso...

– Vocês deveriam torcer para que ele não abra. Ricardo e o Mu tem cara de serem gentis. - disse Juliana.

– Não imagina o quanto. A Jules também deve se sentir assim.

– Ontem ela ficou arrasada. - disse Ju. - agora está na casa do Dohko e se o vértice abrir? Como vai ser?

– Não vamos pensar nisso. - Mabel deu um pulo. - estou indo para a segunda casa, alguém quer ir?

– Vou ver o Mu.

– Vou ficar por aqui mesmo... - disse Ju.

– Você vem com a gente.

Mabel e Ester arrastaram Juliana.

Quarto Libra/Escorpião

Kanon entrou no quarto.

– Quarto bonito. - andou até a sacada debruçando o corpo na grade.

– Como ele é? - indagou Isa em tom baixo.

– Pensei que ele fosse cafajeste. - Suellen sorriu. - brincadeira, ele é tudo que pensei. Tem uma dedicação tão linda com o Saga. Ontem, ele me levou na fonte de Atena.

– Vocês...

– Sim. - o sorriso aumentou. - foi tão bom... o beijo dele...

– Do que falaram?

– Ele desabafa comigo sobre a situação do Saga, até me disse que não era só o Saga que precisava de apoio... que ele também precisava.

– E precisa mesmo. - disse Isa voltando o olhar para ele. - quando alguém da família passa por uma doença grave ou alguma situação difícil é comum que os parentes "adoeçam" também.

– Como assim?

– Há anos Kanon tem levado sozinho o problema do Saga. É uma carga muito pesada para uma pessoa só. O assunto dele gira só ao redor do irmão não é?

– Sim.

– Pois então, a vida dele é para o Saga. Esqueceu-se de si mesmo e passou a viver em função do irmão.

– Tem certeza Isa? Kanon parece tão relax.

– Fachada. Ele é assim para não preocupar o Saga, mas no fundo... se continuar assim é bem capaz do Kanon desabar primeiro e desabafar feio.

Suellen fitou o geminiano preocupada, ele sofria calado?

– Já vivi um caso parecido. - disse Isa. - se não tivermos alguém apoiando, não damos conta. Kanon deve está no limite.

– Ele me disse isso. Que tem vontade de chutar o balde.

– Pois então. Kanon deve está perto de ter um colapso nervoso.

– O que eu faço Isa? - Suellen não queria que Kanon sofresse.

– Continue dando força para ele, mas quando estiverem sozinhos, procure conversar outras coisas. Deixe-o voltar a lembrar que existe um mundo lá fora. Que ele pode continuar apoiando o Saga e ter uma vida.

A pernambucana ficou em silêncio, não imaginava que o geminiano estava nesse ponto. Mas será que ele aproximou-se dela, por vê-la apenas como um ponto de apoio? Apenas como uma amiga?

– Ele não deve me ver de outra maneira... - murmurou para si, mas Isa acabou por escutar.

– Pode ser que sim pode ser que não, Su. Ele pode realmente te ver apenas como um apoio, ou como algo a mais. Só o tempo pode dizer.

– O que o tempo pode dizer?

Suellen voltou a atenção para o cavaleiro que parou a pouco delas.

– Nada Kanon. - sorriu, Kanon era maravilhoso em todos os sentidos.

– Tem certeza?

– Não é nada de mais Kanon. - disse Isa.

– Se a senhora Kamyu disse... - deu um grande sorriso. - você merece um premio. É a única pessoa que consegue fazer com que Kamus diga mais que duas palavras. Alias a segunda. Miro também tem esse poder, só que ao invés de palavras é xingamento.

– É impressão sua...

– Ele só fala em Marselha, na sua tese e de como você é inteligente. Está empolgado pois achou alguém que goste dos livros dele.

Isa ficou calada sem graça.

– Você gosta de meter as pessoas em saia justa. - Suellen fechou a cara.

– Não disse nada...

– Mabel me contou sobre um lago perto de Rodorio. Eu quero conhecer.

– Agora?

– Sim agora. - passou a mão pelo braço dele. - vamos.

Kanon não se importou em ser puxado, achou até graça.

O.o.O.o.O

Mu acabou por parar em Touro. Os dois cavaleiros conversavam na sala.

– Realmente isso me preocupa Mu. - disse Deba. - e se for indicio de alguma guerra?

– Não creio. - disse o ariano fitando o céu. - apesar de ser estranho o vértice não abrir. Pode ser apenas por uma causa banal.

– Assim espero. Não queria que fosse algo sério com a Bel aqui.

– Você está gostando dela?

– Nãooo. - arregalou os olhos. - ela só é uma amiga.

– Amiga... sei...

– É amiga mesmo. Você que está enxergando demais.

– Então não se importa se algum cavaleiro quiser ficar com ela? - indagou, pois sabia que o lado possessivo do amigo o trairia.

– Se alguém encostar nela morre. - disse sério.

– Admita, que o grande Aldebaran está apaixonado! - o ariano riu.

– Se eu estou e você? - resolveu pegar no pé dele. - Ester para lá, Ester para cá.

– Eu não preciso mentir sobre meus sentimentos, eu gosto dela. Ester é uma pessoa muito especial.

– Hum...- sorriu. - finalmente o tímido Mu mostrou as garrinhas. Vocês já...

– Já o que? - o fitou sem entender.

– Não se faça de bobo. - o sorriso cresceu. - vocês dois já... algo mais profundo.

Quando entendeu o ariano ficou rubro.

– Que isso Ricardo?!

– Não sei por que esse espanto. Então transaram ou não?

– Ricardo! - o rosto ficou escarlate.

O brasileiro começou a rir do embaraço do amigo.

– Não estou achando engraçado.

– Desculpa Mu... é porque o único virgem que eu sei é o Shaka. Pensava que você já tivesse experiência...

– Não muita.... sabe que não sou como Miro, MM, Kanon, Aiolos e outros por aí. E Ester merece respeito. Aposto que pensa do mesmo modo com a Mabel, do contrário já tinha feito.

– Ela é moça de família, tem que ter respeito. - disse resoluto.

– Então pare com pensamentos pervertidos.

O.o.O.o.O

Cris colocou a cabeça para dentro. Tinha certeza que viu Saga entrando ali, já que viu Aiolos, Shion e ele saírem do escritório da deusa.

Entrou, olhando ao redor.

– O que faz aqui?

– Ah! - deu um pulo. - que susto Saga! - colocou a mão no peito.

– Desculpe. - a expressão era séria e Cris percebeu.

– Está procurando uma resposta pela barreira não ter aberto...

– Sim. Ela deveria ter aberto. - disse convicto.

– Mas eu gostei de ficar... - olhou para baixo.

– Sua permanência aqui é imprudente. Não pertence a esse mundo.

Ela o fitou.

– Não gostou de termos ficado? - usou o termo no plural, mas na verdade queria dizer no singular.

– Não. - disse seco.

– Por que...? - sentiu o chão sumir.

– A cada dia nesse lugar, pode trazer consequências graves. Você não pertence a esse lugar.

Ouvir aquilo doeu. Era um claro sinal que a presença dela, não era assim bem vista por Saga. Talvez os beijos e conversa não tenham significado nada, fosse apenas um momento qualquer.

O geminiano trazia a expressão tão fria quanto Kamus. Era melhor cortar qualquer laço que poderia ter com ela. Se deixasse levar pela situação, quando ela fosse embora realmente, seria pior.

– Pode ter certeza que encontrarei uma forma de manda-la de volta.

– Espero que sim..... acho melhor eu ir... caso Atena precise de mim. Tchau.

Passou por ele sem fita-lo.

– "Adeus Cristiane." - pensou ao vê-la fechar a porta.

O.o.O.o.O

Jules estava sentada a mesa picando algumas verduras. Dohko na pia cortava as carnes. A brasileira o fitava de vez em quando. Queria saber o que o beijo de ontem tinha significado para ele. Mas como entrar no assunto?

– Tem família Dohko? - indagou.

– Tinha uma irmã mais nova. Meilin. - a fitou. - Ela era uma graça! Ficava sem entender por que eu tinha olhos claros. Olhos de gato como ela dizia. Antes de vir para o santuário morava com meus pais e meus avós paternos.

– Tem descendentes?

– Não sei... a última vez que tive noticias, ela estava idosa, tinha netos... mas depois não soube mais. Também não procurei... não queria ter essa lembrança.

– Por quê?

– Saber que eu viveria muitos anos, não era algo que eu aceitava. Foi muito difícil no começo...- disse tristemente.

– Só você tinha olhos claros? - perguntou para mudar o rumo da conversa.

– Minha avó materna. Ela me contava que o pai dela e tios tinham olhos claros.

– É muito raro de se ver oriental com olhos claros.

– Sim. A Juliana se parece com a Mei. Parece muito, principalmente no jeito.

– Então é por isso que gosta tanto da Ju?

– É como se eu tivesse minha irmã de volta. Gostei do vértice não ter aberto.

– E acha que ele vai abrir hoje?

– Não sei Jules... o fato dele não ter aberto hoje foi muito estranho. Só espero que não seja indicio de problemas.

O libriano calou-se. Já vivera anos suficiente para saber que quando algo não acontecia no santuário era sinal de problemas. Seu lado cavaleiro queria que o vértice tivesse aberto, assim a morada de Atena estaria segura, mas seu lado homem, achou ótimo a barreira ter continuado fechada. Poderia desfrutar mais da companhia de Jules e da presença de Juliana. Ele a fitou, ela estava com os olhos baixos, voltados para a vasilha onde picava os legumes. Será que ela tinha ficado com raiva do beijo?

Jules sentiu o olhar, mas não se atreveu a erguer o rosto. Queria muito saber se o beijo tivera algum significado para Dohko. E como se pergunta isso?

– Dohko... - chamou sem erguer o rosto.

– Sim?

– Teve dor de cabeça ontem?

– Não...

– Sobre... o que aconteceu... na fonte...

O libriano parou o que estava fazendo e sentou-se na frente dela. Jules ergueu o rosto deparando com o belo rosto do cavaleiro.

– Eu não me arrependo. Era algo que eu queria, mas não imaginava que queria.

Ela não entendeu.

– Quando vocês chegaram, confesso que não prestei atenção em você.

– Normalmente eu não chamo muito a atenção... - abaixou o rosto.

– Eu tinha mais "olhos" para Juliana devido ela me lembrar muito a minha irmã.

– Entendo...

– Só fui te "ver" quando me ajudou com minha crise. Foi extramente solicita comigo. Até passou a noite comigo. Jamais vou me esquecer disso.

– Não foi nada Dohko... - não o olhava.

– Foi sim. - pegou na mão dela, colocando a faca de lado. - Quando digo que não me arrependo é porque gostei de ter beijado você.

Ela ficou em silêncio surpresa com as palavras.

– Shura disse que vocês apenas nos veem como heróis, mergulhados em faz de contas e não como homens...

– Sabe que te vejo muito além da armadura. - o fitou.

– Agora eu sei... e é um pouco assustador...

– Assustador? - indagou surpresa.

– Nunca tive ninguém assim... tão próximo... - disse um pouco acanhado. -uma relação intima que envolvesse não apenas sexo...

– "Vou matar as sirigaitas que tocaram nele." - pensou. - nunca gostou de ninguém?

– Nossa vida nunca nos deu a chance disso... somos guerreiros.... entende? Até a batalha contra Hades, nossa vida era resumida a batalhas. Quando Atena nos trouxe, ficamos um pouco deslocados. Não tem como ter uma vida normal depois de tudo...

– Acho que entendo.

– Eu sei que o vértice pode abri a qualquer momento, mas... - a fitou. - será que podemos ter alguma coisa...? Como o Miro diz amizade colorida? Ainda se usa esse termo?

– Sim Dohko. - sorriu. - tem certeza disso?

– Tenho.

Jules sorriu pegando na mão dele.

– Podemos sim Hian.

O.o.O.o.O

Depois de despachar as malas, Marin foi tratar de resolver as coisas burocráticas sobre o grupo. A mente não estava muito ligada no dever que deveria cumprir e sim na permanência de Fernando. Como as coisas ficariam agora? Sentia-se mal, pois não podia negar que gostara do beijo. Mas tinha Aioria e ela o amava muito. Balançou a cabeça querendo dissipar tais pensamentos. Como queria que Shina estivesse ali. Apesar do jeito duro da amazona ela era uma boa amiga e podia confiar nela. Quando saia pela porta da cozinha acabou por encontrar Aioria.

O cavaleiro estava ali há muito tempo. Queria ver Gabe, mas pensou não ser prudente. Era melhor manter-se afastado. Não seria justo nem com ela nem com Marin.

– Aioria?

– Oi. - o cavaleiro deu lhe um beijo na testa.

– O que faz aqui?

– Vim ver se precisa de ajuda.

– Ah...- murmurou.

– O que foi? - notou o ar desanimado. - É algo sobre o vértice?

– Saga, Shion e seu irmão estão tentando descobrir o que aconteceu.

– Foi estranho mesmo.

– Atena está trancada no escritório. Bom... tenho que ir. Tem muito serviço a fazer.

– Quer ajuda?

– Não precisa. - em outros tempos acharia bom passar um tempo a mais com o cavaleiro, mas agora queria ficar sozinha, para pensar. - É melhor ir para Leão, Atena pode convoca-lo.

– Está bem. Vai almoçar em Libra?

– Se der eu vou. Tchau.

O cavaleiro foi para beija-la, sentia que precisava fazer isso. Marin queria recuar, mas pensou que Aioria poderia estranhar. Os dois deram um selinho, sentindo-se constrangidos. A japonesa o fitou, queria conta-lo o que tinha acontecido, não queria engana-lo, mas conhecendo o temperamento do namorado, certamente ele daria uma surra em Fernando.

– Tchau Aioria.

– Tchau...

O grego ficou olhando até Marin sumir da vista. Poderia ter lhe contato sobre os beijos. Precisa conversar com Aiolos, ele poderia lhe orientar o que fazer.

O.o.O.o.O

Cris andava pelo corredor de cabeça baixa, nem percebeu a aproximação de Suellen e Kanon.

– O que foi Cris? - indagou a brasileira.

– Ah... nada. - deu um meio sorriso.

– O que o meu irmão te falou ou fez. - a voz de Kanon saiu fria.

– Não o vi...

– Fale Cris. - disse enfático.

– Que vai encontrar uma maneira de me mandar de volta... que eu não pertenço a esse mundo.

Kanon soltou um longo suspiro. As vezes dava vontade de pegar o irmão e dar-lhe uma surra para ver se "acordava."

– Ele não quis dizer isso.

– Disse com todas as letras. Vou subir. Depois desço para o almoço. - passou por eles. - o quarto é o mesmo?

– Libra.

– Ok.

Os dois acompanharam até ela sumir no alto da escada.

– As vezes dá vontade de pegar o Saga e esfola-lo vivo!

– Talvez ele não goste dela Kanon. - disse Su. - isso pode acontecer.

– É claro que ele gosta. Só o estúpido que não vê isso!

Suellen o fitou.

– Kanon...

– Sim? - a olhou.

– O vértice. Não se esqueça dele. Talvez seja muito melhor que o Saga não goste dela.

O geminiano abriu a boca para depois fecha-la.

– Nós podemos ir embora a qualquer momento.

– Não vamos pensar nisso agora. Ainda quer ir ao lago? - sorriu.

– Sim.

O.o.O.o.O

Ester, Mabel e Juliana desciam as doze casas numa conversa animada. Ao chegar a Virgem, Juliana ficou apreensiva. E se Shaka estivesse lá? E se fosse castiga-la pelo beijo?

– O que foi Ju?

– E se o Shaka...

– Ele que não se atreva. - disse Mabel. - se ele encostar em você, chamamos a Atena.

Passaram a passos apressados pelo salão de Virgem, sem encontrar com o guardião. O restante do percurso foi tranquilo.

Mu e Deba conversavam quando o dono da casa escutou batidas a porta.

– Mabel... - deu um grande sorriso.

– Oi... - derretia toda vez que via aqueles dentes alvos.

Oi Deba.

Mu escutou a voz do tablet levantando.

– Ester.

– Oi Mu...

Juliana sentia-se deslocada. Era claro que estava no meio de casais.

– Oi Ju. - disse o brasileiro. - entrem.

Entraram acomodando-se no sofá.

– Estamos atrapalhando? - indagou Mabel.

– Sabe que nunca me atrapalha.

– Só estávamos conversando sobre o vértice Mabel. - disse Mu sem tirar o olhar de Ester.

– Sabe por que ele não abriu? - indagou Ju.

– Ainda é cedo para dizer Ju. - disse Aldebaran. - pode ter sido por vários motivos.

– Eu gostei dele não ter aberto. - Bel sorriu. - podemos ficar mais tempo.

Os cinco começaram uma animada conversação.

O.o.O.o.O

Kamus estava na sua biblioteca selecionando alguns livros. Miro deitado no sofá apenas observava. Desde a chegada de Isa, Kamus tem agido de forma diferente. Fala um pouco mais e em todos os assuntos o nome da brasileira é tocado pelo menos duas vezes. O escorpião abriu um grande sorriso, resolvendo alfinetar.

– Alguns cavaleiros gostaram da barreira não ter aberto. - disse.

– Pois não deveriam. - disse sem se virar. - não deixa de ser um indicio que algo está errado.

– Nisso tem razão, mas não deixa de ser uma oportunidade de Aiolos ficar com a Isa. - sorriu. - ela chamou a atenção dele. - era mentira, apenas queria colocar lenha na fogueira.

Kamus parou o que estava fazendo.

– Ele disse isso? - o fitou.

Miro queria sorrir, pois conseguira tocar na ferida do amigo. Se Kamus parou o que estava fazendo para escuta-lo era porque o assunto o interessa muito.

– Dizer não disse, mas pelo olhar... sabe como o Aiolos é...

O francês ficou em silêncio. Isa disse com todas as letras, na noite anterior, que via outras qualidades nele, além de ser o cavaleiro de aquário. Tinha observado bem a garota, ela não era do tipo saliente.

– Aceita um conselho desse seu velho amigo seu? - Miro sentou no sofá. - sou experiente com essas coisas.

– Imagino...

– Mas sou mesmo. Por que não a chama para tomar uns daqueles seus vinhos caros.

– Já fiz isso ontem a noite.

– Como? - o escorpião arregalou os olhos. - sério?

Kamus sorriu.

– Sou mais esperto que você imagina. Nós saboreamos um delicio vinho, conversamos e no final acabamos por nos beijar.

Agora sim Miro arregalou os olhos. Kamus não era de fazer isso.

– Não acredito que por uma noite jogou o bom senso fora! Até que em fim acabou o jejum e transou.

– Eu não transei com ela Miro. - disse frio. - e olha como fala dela.

– Não? Ficou só no beijo?!!

– Sim. Sabe que não sou como você.

– Meu caro Kamyu. - levantou passando o braço pelo pescoço do amigo. - as vezes na vida devemos mandar o bom senso para PQP, arriscar mais, sabe? - fez cara de filosofo. - você gosta dela. Arrisque-se, o máximo que pode levar é um tapa na cara.

– Coisa que você leva sempre. - o fitou.

– Faz parte. - sorriu.

– E a Marcela?

– Estamos falando de você. - desconversou.

– Notei que chegou atrasado, tomou remédio?

– Tomei... - afastou-se.

– Quantos?

– Quatro ou cinco não me lembro.

– Deveria pedir a Atena para marcar uma consulta. Talvez trocar a medicação.

– Não adianta Kamus. - o fitou. - sabe que nosso problema não tem solução. E para de mudar de assunto. Se você não tomar providencia, sinto muito, mas não vou me segurar. A Isa é interessante.

– Não está falando sério...

– Perco o amigo, mas não perco a mulher.

– Não faria isso. - o fitou incrédulo.

– Como diz o Deba: Sabe de nada inocente. - gargalhou. - fui!

Kamus fitou a porta.

– Ele não faria isso... ou faria?

O.o.O.o.O

Na sexta casa, Shaka estava recluso na sala das arvores gêmeas. Meditava para tentar descobrir o por que da barreira não ter aberto. Foi um comportamento totalmente anormal e teria que descobrir as consequências disso. Na primeira hora até conseguiu meditar, mas nas seguintes a imagem de Juliana vinha constantemente na sua mente.

– "Pelos deuses! Essa garota me atrapalha até nas meditações!"

O beijo veio-lhe na mente, o rosto corou.

– Por Atena! - levantou irritado. - não tenho um minuto de paz!

A passos duros saia do jardim. Meditaria no templo de Hefesto, talvez lá pudesse pensar em paz. Passou a mão no rosário, tomando o rumo da saída.

Não teve problema em passar por Leão já que o morador não estava. Passaria por Câncer direto se a atmosfera da casa permitisse. Shaka sentia a presença de todos os espíritos que habitavam naquele lugar. Lembrou-se da maneira assustada que Juliana o fitou depois da experiência e no abraço recebido. O rosto antes duro suavizou. Olhou para as mãos que a carregaram naquele dia. Ela era tão frágil...

– Que surpresa.

Shaka se virou deparando com Giovanni.

– O que devo a visita? - acendeu um cigarro.

– Só estava de passagem. Não pode fumar aqui.

– Estou na minha casa. Alias me responda uma coisa. O que fazia na minha casa ontem?

– Ontem?

– Senti sua presença.

– Estava de passagem quando me deparei com algo que pensava que não existia.

– O que?

– Pensei que sua casa estava purificada, no entanto a Juliana pode ver espíritos aqui.

– Quem? - franziu o cenho. - ah... - soltou fumaça. - a menina que Dohko gosta. A japa.

Shaka estreitou o olhar.

– Então você a "salvou". Coisa curiosa Shaka ajudando alguém. Dohko sabe disso?

– O que tem ele?

– Ele vai ficar com ciúmes. Está dando atenção para a mulher dele.

– Mulher dele?

– É... - sorriu maliciosamente. - esqueci que não entende esses termos. Não sei como consegue se manter-se "puro" por tanto tempo. Seu pênis nem deve funcionar.

– Giovanni... - a voz saiu fria.

– É uma pena que não pode curtir os prazeres da carne. Fazer um sexo gostoso. Falta de incentivo não foi. Miro, Aiolos e eu bem que tentamos te levar para a zona.

– Ao respeito.

– Brincadeira. Se você não se importa com isso, quem importa. Um conselho, não fica dando atenção para a Juliana, Dohko pode não gostar. - fingiu se importar, mas no fundo adoraria ver uma briga dos dois.

Shaka queria mandar o cavaleiro para um dos infernos, mas conteve-se, até porque queria saber uma coisa.

– Dohko e ela já...

– Transaram? Acho que sim. - disse simplesmente.

O indiano ficou calado, pensativo. Mask percebeu o súbito silencio do companheiro. Um pensamento passou por sua cabeça, mas logo procurou afastar, Shaka estava importando com a situação entre Juliana e Dohko apenas para manter a moral e bons costumes do santuário, nada além disso.

– Vem aqui um minuto. - girou o calcanhar, Shaka o seguiu.

Giovanni foi até o quarto, pegando algo dentro do guarda-roupa.

– Veja isso.

– O que é?

– Veja na sua casa. Depois me fale. - sorriu maliciosamente.

– O que é?

– Algo que vai te ajudar, um filme. - queria rir, mas não podia. - veja e depois me fale. Veja agora.

Shaka pegou o dvd de capa negra. Vindo de MM não poderia ser boa coisa, mas se ajudasse a esquecer por alguns minutos a brasileira assistiria.

O.o.O.o.O

Depois da barreira não ter aberto, Shura foi direto para casa. Num espaço aos fundos da casa, treinava. Tentava se concentrar, mas pensava em Julia. A barreira tinha que ter aberto, assim poderia seguir sua vida normalmente, mas agora o fantasma da brasileira o acompanharia. Não bastasse isso ainda tinha Mask. Conhecia o jeito do cavaleiro, ele não perderia a chance de leva-la para cama.

– Droga! - deu um soco num saco de areia, rasgando-o. - droga!

Foi até a área de serviço pegar uma vassoura e uma pá. Executava o serviço em silêncio.

Saga na biblioteca debruçou sobre os livros, a pesquisa fluía quando se lembrou que Shura tinha alguns livros sobre o santuário. Talvez em algum deles pudesse ter uma informação importante. Rapidamente dirigiu-se para a décima casa. Encontrou o morador varrendo o chão.

– Shura?

– Oi. - respondeu seco.

– Já rasgou? - referia-se ao saco. - Miro tinha comprado uns mais resistentes.

– Pois não são. - a voz saia fria.

– Algum problema Shura? - conhecia muito bem o amigo. Shura era bem introspectivo, mas depois de anos de convivência o conhecia muito bem.

– Nenhum Saga. O que quer?

– Aqueles livros da biblioteca...

– Vou pegar.

Os dois seguiram até a sala, Shura pegou três livros sobre uma mesinha.

– Aqui.

– Obrigado. Espero que sejam uteis, precisamos abri a barreira o quanto antes.

– É o que mais desejo. A permanência delas aqui é prejudicial.

– Sei o quanto é... - murmurou pensando na mineira.

Shura notou o tom melancólico. Com o tempo Shura aprendera a distinguir as muitas facetas da personalidade de Saga. Eram amigos, ainda mais porque o geminiano o ajudou a superar a atitude dele para com Aiolos. Era o único que sentia-se confortável para conversar sobre esse assunto.

– Está tudo sobre controle?

– Sim. - respondeu sabendo que Shura falava da sua outra face.

– Ainda mantém contato com ela? - nas suas observações notou que o cavaleiro olhava de um jeito diferente para Cristiane.

– Não... - abaixou o olhar. - tento me manter afastado.

– É o melhor que você faz Saga, sabe como elas nos veem. - Shura dizia mais para si do que para o geminiano. Julia só tinha olhos para Giovanni.

– Eu sei... por isso que quero encontrar uma forma de leva-las para o mundo real. Será melhor para todos.

– Será melhor para todos...

O.o.O.o.O

Shion e Aiolos ainda ficaram por um bom tempo em Star Hill. Quando voltaram Shion seguiu para o escritório da deusa, Aiolos para sua casa. Foi com surpresa que viu o irmão.

– Aioria?

– Será que podemos conversar? - estava aflito. - é sério.

Aiolos franziu o cenho sentando ao lado do irmão.

– E a barreira? - indagou, antes de iniciar o assunto.

– Nada ainda. - Aiolos esfregou as mãos no rosto. - sem pistas. Shion está tão perdido quanto Atena.

– E você? O que acha?

– Não sei Aioria... eu não tenho conhecimento suficiente para opinar. Nos momentos mais críticos do santuário eu estava morto. Não sei lidar com isso. O cabeça dura do Saga não aceita ser meu auxiliar.

– Saga tem os motivos dele.

– Motivos sem fundamentos! Ele está se tratando. Tendo ajuda dele seria muito mais fácil.

Aioria o fitava. Aiolos estava inseguro em assumir a função de grande mestre. Ele tinha mudado, ou a situação era outra. Quando pequeno admirava a segurança que o irmão lhe transmitia. Aiolos sempre tinha solução para tudo e se não tivesse corria atrás. Determinado. As vezes ficava pensando se o irmão não se sentia deslocado. Morreu com 14 anos, no inicio dos problemas do santuário. Quando voltou a vida, com a mesma idade, cresceu num santuário sem guerras, numa atmosfera de paz. Com certeza isso influenciou na sua formação. Realmente faltava lhe a experiência em batalha. Ainda era imaturo para assumir cargo tão importante.

– Ainda tem cinco anos até assumir. As vezes até lá Saga muda de ideia. - tentou anima-lo.

– Assim espero. O que queria conversar?

– Escute tudo primeiro depois briga.

– O que aprontou Aioria?

O leonino contou sobre a tarde com Gabe e o beijo no jardim. Aiolos ouvia tudo num profundo silêncio. Sua expressão era séria.

– Não sei o que faço Olos.

– Como teve coragem Aioria?

– Eu não sei... só senti vontade e beijei.

– Você traiu a Marin. - disse seco. - sabe o que eu penso sobre isso.

Se com assuntos do santuário, Aiolos era inseguro em outras...

– Tem que contar a ela. - disse enfático.

– E se ele terminar comigo?

– Pensasse nisso antes. Você agiu errado com as duas. A Gabrielle é jovem e está encantada pelo fato de te conhecer, está iludindo-a. Você não vai dar o que ela quer.

Aioria ficou calado.

– Ou vai? - Aiolos arregalou os olhos. - está gostando dela?

– Não sei... eu amo a Marin, mas... eu também gosto da Gabe... nós gostamos das mesmas coisas e...

– Aioria!

O leonino assustou.

– Se está pensando em ficar com as duas, direi pessoalmente a elas e a Shion. Não é uma atitude digna de um cavaleiro.

– Você vai para zona e eu não falo nada. - rebateu.

– Eu não estou compromissado com ninguém. Sabe o que eu penso sobre traição. Qualquer traição. Já passei isso com o Saga e com o Shura.

– Mas você os perdoou.

– Sim, perdoei. E a Marin pode fazer o mesmo se for sincero com ela.

– E se ela não me perdoar?

– É a consequência. Abra o jogo com ela. Diz a verdade. Vocês se gostam desde quando eram adolescentes não jogue uma relação como essa no ralo. Gabe pode ir embora a qualquer momento. Não troque algo sólido, a não ser que queira realmente ficar com a Gabe. Se a quer, abra o jogo com a Marin e termine.

– Mas...

– Aioria!

– Já entendi... eu vou pensar.

– Não tem que pensar e sim falar. Seja sincero com a Marin. Ela não merece ser traída dessa forma. E converse também com a Gabe, seja sincero com ela também.

– Está bem... vou falar com elas.

– Resolva o quanto antes.

O.o.O.o.O

Saori estava deitada no sofá do seu escritório. Os cabelos lilases estavam espalhados. Os olhos verdes fitavam o teto branco. E agora? A barreira não abriu como deveria ter aberto. Era um sinal claro que algo não andava bem. A permanência deles poderia custar caro ao santuário. Nem nas suas memórias como Atena encontrava solução para isso. O pensamento desviou para a noite anterior, por que confessara a Rodrigo que gostava de Sísifo? Aquilo era algo que deveria permanecer escondido. Levantou, saindo, precisava pensar. Seguiu para seu quarto, sentando na varanda que dava para os fundos do santuário. A sua frente a estátua imponente da deusa.

Olhou para o céu.

– " O que eu faço vovô?"

Os pensamentos voltaram-se para Rodrigo. Não esperava aquela confissão por parte dele, ainda mais o beijo. A grega levou as mãos a boca rosada.

Escutou passos.

– Atena. - Shion fez uma leve reverencia. - desculpe entrar sem permissão. Bati na porta, mas não tive resposta.

– Tudo bem Shion. Sente-se. - apontou uma cadeira.

– Obrigado.

– Shion, - o fitou. - o que faria se estivesse entre o dever e sua vontade?

– Não entendi.

– O que faria se tivesse que escolher entre seguir sua vontade ou sacrifica-la em prol de outros.

– Depende do seu grau de responsabilidade. Por quê? - estranhou a pergunta.

– Por nada. - sorriu. - descobriu alguma coisa? - o rosto ficou sério.

– Não. - voltou o olhar para a estátua. - não há nada registrado sobre isso. Em todas às vezes a barreira levou os "intrusos" para fora.

– Então teremos que encontrar alguma maneira para leva-los de volta.

– Creio que sim senhorita. Saga está cuidando disso.

– Ele ainda insiste em não ser o auxiliar de Aiolos?

– Insiste, mas tentarei ao longo dos próximos anos convence-lo.

– Faça isso.

Seguiu alguns minutos de silêncio.

– Posso lhe fazer uma pergunta pessoal? - Saori voltou o olhar para o ariano.

– Claro.

– Já se apaixonou?

Shion franziu o cenho diante de pergunta tão inesperada.

– Se não quiser responder tudo bem.

– Já. - disse, voltando o olhar para a paisagem. - Há muitos anos. Foi pouco tempo depois que me tornei grande mestre. Era uma serva. Ela também gostava de mim, mas nossas posições nos colocavam em uma situação complicada. O santuário do século dezoito era bem diferente do de agora. As normas eram mais rígidas. Ela então se afastou, pois não queria ser um empecilho para as minhas obrigações.

– Não cogitou ir com ela?

– Se cedesse a minha vontade, o santuário não teria se erguido.

– Se ressente por isso?

– Não seria ressentimento, apenas a dúvida de como seria minha vida se tivesse seguido com ela.

Saori pensou em Rodrigo.

– Sei que a senhorita me entende, pois passou por isso.

A grega sorriu.

– Nada passa despercebido aos olhos do grande mestre.... sempre soube?

– Comecei a desconfiar assim que me tornei o cavaleiro de Áries.

– Às vezes penso que exigi demais dele.

– Sísifo fez tudo por amor. Tenho certeza que ele não se arrependeu de nada.

– Tenho saudades daquele tempo... do jeito impulsivo do Kárdia, da introspecção de El Cid, do jeito brincalhão de Hasgard, da confiança do Tenma... de Sage e Hakurei que me acompanharam desde a minha vida anterior...enfim de todos.

– Foram bons tempos... - Shion sorriu ao se lembrar da sua juventude.

O celular de Atena quebrou a nostalgia.

– Tenho que ir ao escritório na cidade. - levantou olhando o visor. - devo voltar depois do almoço, peça a Saga que me procure. Chame Marin e Aiolos também, precisamos descobrir uma forma de manda-los de volta. Qualquer coisa me avise.

– Sim Atena.

O.o.O.o.O

Depois da conversa com Kamus, Miro resolveu procurar Marcela. Não foi até o templo, mandando um recado através de uma serva, para que ela fosse até o jardim ao lado dos alojamentos.

Marcela recebeu o recado sem saber quem a chamara, pois Miro foi tácito com a serva a não revelar quem chamava. A brasileira adentrou o jardim a procura da pessoa. Fechou a cara ao ver o escorpião.

– Oi. - o cavaleiro levantou assim que a viu.

– O que quer? - cruzou os braços sobre o peito de forma impaciente.

– Será que podemos conversar?

– Já dissemos tudo lembra?

– Não dissemos não.

– Vá se ferrar Miro! Veio cheio de cena e agora quer posar de bonzinho. Vá para o inferno!

– Só quero conversar. - disse sério.

– Então fala. - disse impaciente.

O escorpião indicou um banco.

– Estou bem de pé.

– Senta Marcela.

A brasileira o fitou ferina.

– Por favor.

A contra gosto sentou, mas a uma relativa distancia.

– Fala.

– Ontem não me despedi de voce, pois apaguei.

– Sei...

– Sabe que eu tenho problema de insônia. Tomei uns cinco comprimidos de uma vez, então...

– Por isso chegou atrasado.

– Sim... Mais cedo, no almoço... – encheu os pulmões. - Sei que fui idiota.

– Ainda bem que percebeu.

– Quer me deixar falar? - indagou irritado.

– Prossiga.

– Não deveria ter dito aquelas palavras.

– Agora vem todo arrependido...

– Máh...

– Não me chame assim! Para você é Marcela!

– Que saco! - levantou. - você não me deixa falar!

– Porque só sai merda quando abre a boca! - também levantou. - quer saber? Não precisa dizer mais nada. Já aceitei as suas desculpas.

– Desculpas? Que desculpas? Quem está pedindo desculpas. Só disse aquilo porque você me provocou. Não tinha nada que sair com o Kanon.

– Como é? - o fitou incrédula. - Agora vai ficar regulando com quem eu saio? Nem meus pais fazem isso o que dirá você! Eu saio com quem eu quiser!

– Então não se importa se eu sair com a Heluane.

Marcela deu um sorriso sinistro.

– Acontece que ela não vai sair com você. - disse a brasileira. - se quiser gandaiar vai procurar as servas.

– Pois é isso mesmo que vou fazer! É impossível manter um dialogo com você!

– Digo o mesmo! Seu escorpião metido! Convencido!

– Sou mesmo. - deu um sorriso debochado. - eu sei que posso ser metido!

Marcela o fitou ferina.

– " Pior que o filho da mãe é bonito."

– Pois bem senhorita Marcela, estava disposto a conversar, mas já que não quer...

A poucos metros dali, Gabe caminhava em direção ao jardim. Precisa pensar em como seria a estadia no santuário com Marin e Aioria. A consciência pesava e pensava seriamente em revelar tudo para a amazona. Sua atenção foi chamada por vozes alteradas. Chegou bem no momento em que Miro...

– ... mas já que não quer... - o escorpião viu Gabe. - te entreguei meu coração e mesmo assim... - fez cara de magoado.

– Marcela? Miro? - Gabe olhou para o escorpião. - o que foi Miro?

– Acabo de ser dispensado. - disse triste. - infelizmente Marcela não gosta de mim.

– O que? - Marcela gritou.

– Sério? - Gabe ficou penalizada pelo cavaleiro.

– Sim. Disse o quanto a amava e que queria ficar junto pelo tempo que fosse, mas ela não quer. Mas tudo bem. - fingiu limpar uma lágrima. - sei quando devo recuar.

Gabe o fitou compadecida, depois olhou para Marcela. A paulista franziu o cenho, além de estúpido era mentiroso!

– É mentira Gabe! Ele está dizendo mentiras!

– Deixe para lá Gabe. Eu não me importo. - a voz do grego saiu embarcada. - vou te deixar em paz. Sei que gosta do Kanon, vou deixar o caminho livre.

– Você gosta do Kanon? - Gabe a fitou incrédula.

– Claro que não! Você sabe muito bem que eu gosto desse metido! - levou a mão a boca. - "puta que pariu..."

O escorpião deu um grande sorriso, aproveitando que Gabe não estava olhando para ele.

– "Xeque-mate."

Marcela olhava com ódio para ele.

– É melhor eu ir Gabe. - voltou com a voz melosa. - pois sei o que ela disse é mentira. Ela é gosta do Kanon. Torço para que sejam felizes.

Saiu de cabeça baixa.

– Coitado... - murmurou Gabe.

– Seu filho da puta! - estava possessa. - idiota!!!!!

– Coitado Marcela, ele diz que gosta de você e é assim que o trata? E os sentimentos dele.

Marcela olhava incrédula para Gabe, como ela pôde cair na lábia dele?

– É mentira!!!!! Ele está inventando tudo isso!

– Eu querendo que o Aioria goste de mim e você tem o amor do seu cavaleiro favorito...

O ódio subiu em Marcela. Miro era um cretino! Mentiroso e manipulador!

– Isso não vai ficar assim! Mas não vai mesmo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Lenda dos Santos de Atena" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.