– Está quente o suficiente? - Rachel perguntou depois de a loira ter fechado a porta do carro.
– Está. Obrigada.
Quinn não sabia o que dizer ou fazer. E a morena percebeu. Dirigiu devagar até o hotel que sempre passava a noite quando precisava. Desceu do carro, deu a volta e abriu a porta para Quinn. As duas entraram, Rachel acenou cordial ao porteiro e subiram.
Quinn notou que o hotel era elegante e quando entrou no quarto ficou deslumbrada. Era muito mais bonito do que qualquer hotel que tenha se hospedado com os pais em suas viagens quando criança.
Perguntou-se o que levaria uma bela garota como a morena a pagar por uma noite com uma estranha. Ela parecia poder ter quem quisesse aos seus pés.
– Fique a vontade, por favor. Precisa de um banho quente para relaxar? Eu estou com fome. O que gostaria de comer?
A morena surpreendeu Quinn. O que quer que tenha imaginado sobre com seria sua noite, nada chegava perto do que tinha ali.
–Bacon. Ovos com bacon. Por favor - respondeu. - Certo - sorriu pegando o telefone - Serviço de quarto.
Rachel observava a garota à sua frente. Não sabia o porquê, mas queria saber tudo sobre ela. Principalmente o motivo de estar onde estava.
– Ainda não sei seu nome, princesa. - comentou ao desligar o telefone.
– Quinn - respondeu sem jeito.
– Então já é uma rainha - brincou - Me chamo Rachel.
– Hum... Prazer em conhecê-la.
– Enquanto esperamos, porque não me fala sobre você?
– Não há muito o que dizer...
– E se eu começar? Me faz uma pergunta. O que acha?
– Está bem... - concordou tímida - Quantos anos tem?
– Fiz 18 anos mês passado. E você?
– 17. Faço 18 mês que vem.
– Eu poderia ser presa. - sorriu - Mas não se preocupe com isso. Próxima pergunta.
– Você é linda - constatou sem jeito - Por que foi até aquele fim de mundo? Parece que poderia ter quem quisesse...
– Nem tudo é o que parece, loira. Não é tão fácil assim pra mim quanto parece. Eu sou... Diferente - respondeu desconcertada - Mas me diga, o que uma garota como você fazia lá?
O sorriso sumiu do rosto de Quinn. O assunto a perturbava muito mais do que deveria. Mas algo no sorriso da morena a fazia querer falar.
– Meus pais me deserdaram. Descobriram que sou gay. Estou sem dinheiro pra continuar a faculdade... Mas meu sonho vale a pena. Procurei emprego em todos os lugares possíveis... Nenhum pagaria o suficiente nem para a metade do curso... Uma colega sugeriu que fosse até aquele lugar. É minha primeira noite, para falar a verdade - respondeu em um fôlego só, cabisbaixa.
– Eu sou sua primeira? - perguntou e a loira concordou.
– Minha vez - tentou mudar de assunto logo - O que você faz da vida?
– Estudo. Segundo semestre. NYADA. Ainda vai me ver na Broadway, Quinn. - sorriu sonhadora. - E qual o seu sonho?
– Vou ser pediatra. Estou no primeiro semestre em Columbia.
– Columbia? Incrível - os olhos da pequena diva brilharam - Uma garota de Columbia não deveria passar pelo o que está passando, Quinn. Seus pais deveriam se orgulhar de você.
– Queria que eles pensassem como você - suspirou triste, sem saber mais o que dizer.
A campainha tocou na hora certa. Rachel levantou para atender, dando uma ultima olhada para a loira.
Não podia acreditar em tamanha coincidência. Quais eram as chances daquilo estar acontecendo? De repente o universo estivesse tentando lhe dar um sinal. Mas qual, exatamente?