Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 3
Capítulo 2




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Edward alguma coisa Cullen ficou de pé olhando para mim com apreensão. Eu não sei o porquê disso, mas dei de ombros.

-Será que eu... Eu poderia me sentar próximo a você? –Pediu apontando para uma poltrona ao meu lado.

-Ah, claro! –Disse sorridente, por algum motivo Edward parecia espantado por eu sorrir. Ele veio com muita cautela e sentou-se na poltrona, a arrastou minimamente para ficar de frente para mim. E então foi isso. Por alguns minutos ficamos apenas olhando para o outro. Eu me senti compelida a puxar papo.

-Obrigada pelas flores. São suas, não são? –Disse e Edward assustou-se, devia estar absorvo em algo.

-Ah, sim. Fico feliz que tenha gostado. –Disse super simpático, mas notei que seu sorriso era falso. Talvez estivesse sendo difícil para ele estar diante de sua esposa e ter que tratá-la como uma desconhecida.

-É estranho, não é? Eu não me lembrar de você e tudo mais. Sinto muito, deve estar sendo difícil para você como está sendo para mim. –Disse sorrindo tristemente. Edward olhou minimamente para mim, fitava agora o chão.

-Talvez esteja sendo mais fácil agora. –Murmurou, mas foi tão baixo que não tive a certeza se realmente ele havia falado isso. Novamente alguns minutos sem comunicação.

-Você receberá alta logo, ficará convalescendo em casa. Sei que pode ser... Pode ser estranho para você estar dividindo um lar com alguém, por isso você deveria ir morar com a sua mãe e, caso queira, voltar para a nossa casa.

Pensei na proposta de Edward, eu deveria aceita-la, morar com minha mãe, mas havia algo nos semblante daquele estranho de atitudes gentis que me desmoronou. Uma profunda tristeza. Soube intuitivamente que se eu aceitasse sua proposta ele iria sofrer.

-Não. Eu não quero incomodar minha mãe.

-Não seria incomodo para ela recebê-la, Bella. –Algo ocorreu, seus olhos com algum brilho como se quisesse que eu desse uma justificativa para ficar ao seu lado.

-Mesmo assim o médico disse que devo voltar a minha antiga vida para poder me lembrar rapidamente. Eu concordo com ele. Acho que devo retomar a minha vida como era e... Bom... Eu vou precisar muito da sua ajuda, Edward. Você me ajuda? –O olhei intensamente. Edward olhou-me e um meio sorriso brotou em seus lábios. Olhar para seu rosto era algo perturbador, ele era tão lindo!

-Tudo bem. O medico me disse anteriormente que seu estado é bom, você receberá alta amanhã à tarde. Eu venho após o meu trabalho para buscar você. Muitas pessoas querem vê-la então eu dei o alvará para sua mãe preparar uma festa para você. Você concorda com isso?

-E-eu não sei! Quero dizer não sei se estou preparada para ver tantos rostos conhecidos de uma vez. Será que poderia, sei lá, adiar isso. –Falei nervosamente. Edward pareceu compreender.

-Claro. Pedirei a Renée que mude para o fim de semana. Então eu soube que você fará uma bateria nova de exames agora e, se permanecer bem, sairá amanhã.

-Quer dizer que se me acontecer algo até amanhã eu posso passar mais tempo aqui no hospital? –Perguntei tentando mostrar tristeza, mas no fundo eu sentia alivio. Eu não sabia como seria ficar em uma casa cheia de desconhecidos, não ia ser algo bom. Era preferível ficar no hospital com os poucos rostos conhecidos com quem convivi.

-Sim, mas não precisa se preocupar eu tenho certeza que nada acontecerá a você. –Aqueles olhos cor de ocre, tão belos e intensos, se fixaram em mim e me senti presa aquela olhar, como uma lebre olhando para uma serpente... Não que Edward fosse uma serpente, claro.

-Hum... Bella, não se lembra de nada mesmo? Não sente nada quando olha para mim? –Ele perguntou.

-Bem eu... Não fique triste, mas para mim você é só um desconhecido. –Murmurei sem graça. Eu não ousei olhá-lo mais, fitei minhas mãos cruzadas sobre meu colo.

-Bella? –Ele me chamou, movi meu olhar para a persiana do outro lado do quarto.

-O que foi? –Virei-me para vê-lo e vi que Edward se levantar da poltrona. Pensei que ele iria embora ou coisa parecida e verdadeiramente me surpreendi quando o vi sentar diante de mim na cama. Ele parecia ansioso e ao mesmo tempo temeroso por algo. Podia ver claramente em seus olhos que Edward desejava muito fazer algo, mas, embasbacada como estava, eu não soube o que era. Ele ergueu a mão direita e colocou uma mecha de meu cabelo que havia saído da trança que usava para trás do meu ombro, bem lentamente.

-Estou feliz por vê-la bem. Pensei que iria perdê-la. Eu não quero mais sentir o que senti quando a vi tão maltratada pelo acidente. Prometa-me que nunca mais fará alguma bobagem, tudo bem? –Ele pediu aflito. Eu apenas assenti incapaz de lhe perguntar algo, de formular um questionamento para mim mesma.

Algo dentro de mim sabia que Edward queria me beijar. Uma coisa estranha, eu sei, mas era isso que eu sentia. Uma parte de mim queria repeli-lo afinal ele era um estranho, mesmo sendo meu marido, mas outra queria muito saber qual era o sabor daqueles lábios de aparência suculenta. Edward decidiu por nós. Após me olhar tão fixamente ele se afastou com um meio sorriso nos lábios.

-Eu tenho que ir. Amanhã virei aqui. Espero que saia amanhã para irmos para casa. Você quer receber as visitas de seus amigos, sua mãe?

-Eu não sei. Sei lá não me leve a mal, não é como se eu não quisesse vê-los, eu só... –Murmurei perguntando-me se Edward conseguia entender algo que eu estava dizendo. Ele entendeu.

-Tudo bem. Pedirei a todos que a deixem em paz e só a vejam no jantar que faremos no fim de semana. Posso impedir boa parte de seus conhecidos, mas certamente eu não impedirei sua mãe. Ela virá aqui comigo para buscá-la.

-Se é assim então eu a verei amanhã. Ah, pode me trazer algumas roupas minhas? Eu só tenho pijamas hospitalares para vestir aqui. –Pedi um pouco sem graça. Eu não queria parecer abusada. Edward continuava sorrindo, minhas atitudes pareciam deixá-lo feliz. Era estranho.

-Eu trouxe alguns pertences seus. Estão na ante-sala. Quer que eu pegue?

-Ah, claro. –E num átimo Edward levantou-se da cama e foi para a ante-sala do meu quarto. Voltou rapidamente com uma pequena bolsa de couro que parecia cheia. A deixou em meu colo.

-Trouxe roupas, jóias, seu celular e alguns produtos de higiene pessoal.

-Nossa, obrigada Edward! –Abri a bolsa incapaz de conter minha curiosidade, pude notar que todos os objetos, em minha rápida avaliação, eram de boas marcas. Então eu devia ser rica, no mínimo. Olhei rapidamente para Edward e vi que o mesmo trajava roupas de boa marca. Um frelógio caro nos pulsos, algo que só notara agora e também...

A aliança.

Eu não a havia notado até então, a grossa aliança que Edward exibia no dedo. Parei de remexer na bolsa trazida por Edward e olhei para meu dedo anular.

-Edward?

-O que? –Perguntou, distraído. Estava sentado na poltrona olhando para a janela.

-Há quanto tempo estamos casados?

-Quer saber disto agora ou prefere deixar os detalhes para quando chegarmos em casa? –Edward ainda olhava distraído para a janela.

-Acho que não tem problema saber agora. Então? –Insisti e os olhos de Edward moveram-se rapidamente para os meus, voltaram a se fixar na janela.

-Estamos casados a um ano. –Disse.

-E quantos anos eu tenho? Nós temos filhos? –Perguntei apavorada com a idéia de que seria mãe sem nem saber como se procede. Edward deve ter visto meu desespero e sorriu.

-Não temos filhos e você, ou melhor, nós temos vinte e um anos.

-Nossa, somos tão novos! Devíamos nos amar muito para casarmos tão cedo! –Comentei. Edward fixou seus olhos em mim e senti que tentava me passar um recado, tão logo ele desviou o olhar.

-Sim. Nós nos amávamos. –Falou e por algum motivo me passou pela cabeça que Edward mentia. Bobagem a meu ver. Por que ele mentiria?

-Olha eu... Eu tenho certeza que com a convivência, sabe, eu vou me lembrar ai agente vai poder ter uma vida normal então... –Falei agoniada. Eu me sentia mal por vê-lo triste e saber que a razão era eu. Edward apressou-se em se levantar da poltrona e colocou uma de suas mãos em minha bochecha.

-Não se pressione demais. Eu não me importo que você passe muito tempo sem se lembrar de nada, fico feliz com o fato de estar viva. –Eu podia sentir algo em Edward, uma profunda tristeza quando mencionava sobre o acidente. Considerando que ele me ama deve ter sido difícil quase me perder. Senti-me mal por que, mesmo sendo tão bonito, eu não o amava. Ele ainda era um desconhecido. Edward afastou-se.

-Preciso ir. Amanhã venho buscá-la. Se precisar de algo basta discar para o número do meu celular. Está na memória do seu celular. –Aproximou-se de mim e beijou-me na testa. Fiquei rubra pelo seu ato.

-Obrigada Edward. –Murmurei sem saber se ele havia me ouvido. Tão logo ele saiu.

E agora que estava só poderia refletir sobre este primeiro encontro. Pude perceber que Edward me amava e que estranhamente parecia feliz pela minha condição de desmemoriada. Tudo bem talvez seja insanidade pensar assim. Que marido ficaria feliz em saber que sua esposa não se lembrava dele? O que posso fazer? Eu descobri algo sobre mim: eu era intuitiva. E na minha intuição foi isso o que Edward passou. Ele parecia ser paciente, carinhoso, educado e sabia se vestir maravilhosamente bem, na certa era vaidoso. E nestas pequenas observações eu fui montando um perfil do meu marido. “Meu marido”... Era tão estranho pensar assim! Apenas para não pensar nas sensações que me assaltaram enquanto tinha sua companhia, eu voltei a mexer na minha bolsa.

...

Manhã de quarta. Agora eu sabia que dia da semana era: quarta-feira. Após fazer uma bateria de exames e não ter sentido nada durante a noite, eu estava livre para ir para casa. Edward viria me buscar logo acompanhado pela minha mãe. Eu já havia tomado banho e vestia as roupas trazidas por Edward: um lingerie preto, calça jeans preta desbotada, botas de cano médio pretas de couro que cobriam minha calça, uma blusa branca colada ao corpo e uma jaqueta de couro preta colada por cima da blusa. Para completar coloquei um pouco de maquiagem, apenas um brilho labial transparente, e argolas prateadas. Eu estava bonita de acordo com as enfermeiras. Angela brincou comigo, disse que eu estava produzida demais para o seu gosto. Ela dizia que eu fazia isso só por que descobri estar casada com um homem milionário e bonito, mas eu não fazia isso para Edward! Pelo menos eu achava que não. Esperava por Edward em meu quarto, ao lado minha bolsa com meus outros pertences e o buque de rosas vermelhas que Edward me dera.

Uma coisa me chamou a atenção enquanto eu esperava pela chegada de Edward. Mexi em meu celular e notei que não havia nenhum número na agenda, apenas o de minha mãe, pelo menos eu achava que era minha mãe, e o de Edward. Nenhuma mensagem na caixa postal, nenhuma mensagem de texto, nada. Estranho. Na minha antiga vida eu era uma espécie de reclusa ou o que? Deixei a situação para ser discutido com Edward posteriormente, talvez o celular fosse novo ou algo assim.

Após minutos esperando, cerca de trinta minutos, Edward chega e uma senhora bonita, de cabelos castanhos curtos num penteado Chanel e roupas de boa marca, chega ao seu lado. Ela me olha emocionada. Deduzi que a mulher era minha mãe.

-Oi. –Murmurei e levantei-me da cama segurando a bolsa com uma das mãos. Minha mãe correu e abraçou-me.

-É tão bom vê-la de olhos abertos meu bem! Pensei que iria morrer! Como está se sentindo? O medico disse que está bem, mas eu não confio muito nesses caras. –Ela me olhava de um jeito engraçado, parecia ser uma pessoa divertida. Eu sorri.

-Eu to bem por isso to saindo hoje. Os resultados dos exames serão dados a mim na próxima semana. –Falei.

-Que bom. Então vamos, eu sei que você não se lembra de nada meu bem, mas eu vou fazê-la se lembrar. Nada como um evento para reunir você e todos os seus amigos. –Renée, quero dizer, minha mãe disse enquanto colocava a mão no meu ombro e guiava-me para a saída. Acenei para as enfermeiras conhecidas e para o medico. Eu já havia falado com todos eles e me despedido adequadamente. Seguimos para o estacionamento. Minha mãe tagarelava sobre algo, eu não conseguia manter atenção em sua conversa. Eu estava tensa por que iria conhecer uma vida desconhecida que era minha. E eu teria que ficar com ela querendo ou não. Temia o que poderia encontrar, muito embora tudo parecesse agradável.

Tentei ser simpática com minha mãe, ela parecia feliz por eu estar bem e parecia não se importar com minha amnésia acreditando que logo eu recuperaria minhas memórias. Ainda sim eu me sentia incomodada com o modo como agia, tão intimamente como se eu soubesse quem ela era. Edward pareceu notar que eu estava desconfortável, ele estava calado durante todo esse tempo e gentilmente carregou minha bolsa e o buque dado por ele. Chegamos até seu carro, o tipo de carro que tira o fôlego de qualquer um. Eu não sabia que marca era, mas devia ser caro. Era de cor prata. Renée se prontificou a ir à frente, o que eu agradeci, mas Edward a deteve enquanto colocava meus pertences na mala.

-Senhora Renée eu peço para que deixe Bella ir à frente. –Ele disse e Renée forçou um sorriso enquanto entrava no banco de trás. Edward abriu a porta para mim. Murmurei um “obrigado” e entrei pasma com o luxo do carro. Edward caminhou com graça em frente ao quarto, eu o olhei. Hoje vestia calça jeans azul escura, uma camisa de botões branca e uma jaqueta de couro cor bege colada ao corpo. Ele era lindo e fazia com que meu corpo tivesse reações estranhas.

Renée continuava a falar, mas eu estava atenta demais a Edward para dar atenção ao que dizia. Quando ela reivindicava minha atenção eu apenas dizia “isso mesmo” ou “ah” fingindo estar atenta a conversa, me perguntei se eu era assim quando tinha minhas memórias. Permiti-me ficar perdida em devaneios enquanto seguíamos de carro sem me preocupar em decorar a trajetória até minha casa. Felizmente minha mãe calou-se e pude apreciar apenas o barulho das moléculas de ar chocando-se contra a estrutura metálica do carro.

-Estamos chegando a sua casa, Renée. –Edward disse subitamente.

-Ué, eu pensei que eu iria para a casa de vocês para ajudar Bela com as lembranças! Afinal quero que ela se lembre de mim! –Falou Renée com um pouco de rudeza.

-Bela deve estar cansada. Deixemos os exercícios de memória para outro dia, após o jantar que você está organizando. –Ele falou com tal autoridade na voz que Renée calou-se. Agradeci a ele. Não que eu quisesse minha mãe longe, mas eu não queria receber todas as informações de minha vida no mesmo dia em que sai do hospital. Edward estacionou em frente a um prédio luxuoso, devia ser um apartamento por andar. Então minha mãe era rica.

-Bem hoje eu deixarei você livre minha filha, mas amanhã lhe farei uma visita. Ah, aquele tal de Jake está me atazanando querendo saber de você. Ele certamente fará uma visita. –Minha mãe falou parecendo irritada.

-Quem é Jake? –Perguntei. Ela pareceu se tocar que eu não me lembrava.

-Deixa pra lá, melhor que não se lembre dele mesmo. –Ela falou com desdém e percebi que Edward estava tenso com uma expressão um pouco aborrecida no rosto. Eu me perguntei por que ele ficou assim e tive a impressão que era pelo nome “Jake”.

-Até mais meu amor. Vejo você amanhã. –Renée se despediu e saiu do carro seguindo para o portão. Edward não perdeu a tensão enquanto voltávamos para a avenida. Eu não toquei no assunto.

Eu pretendia ficar durante todo o trajeto sem falar com ele por não saber o que dizer. Edward quebrou o silencio por nós.

-Conversei com o medico. Você virá periodicamente ao hospital fazer exames e terá acompanhamento medico para solucionar seus problemas de memória. 

-Sei. Que bom. –Disse distraída.

-Nós estamos chegando. –Ele anunciou e notei que íamos para uma parte afastada do centro urbano. Minhas mãos começaram a tremer de ansiedade ou nervosismo, eu não sei. Subitamente senti uma mão pegar a minha no banco. Olhei para o banco e vi a mão de Edward segurando a minha com firmeza.

-Vai ficar tudo bem. –Ele sorriu para mim e tão rápido que nem reagi aproximou minha mão de seus lábios e a beijou. Eu fiquei paralisada. Só voltei a si quando Edward falou:

-Finalmente chegamos a nossa casa. –Murmurou e o vi estacionar diante de um grande portão. Os portões se abriram e pude ver, enquanto ele entrava com o carro, a casa mais maravilhosa que já vi em minha vida!


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Notas finais do capítulo

Pronto 2 cap. Deixem comentários que posto rapidinho. Ah tem uma estória aqui chamada "Lembra de mim?" ou algo assim aqui que possui uma estória parecida, mas minha fic não é plagio ok? Até por que ela é antiga.