Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 2
Capítulo 1




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-Então, devido a este acidente ocorrido há dois meses, a senhora infelizmente... –A voz de meu médico soava longe enquanto ele dizia o que eu já havia deduzido por mim mesma.

Isso mesmo, eu sofri um acidente de carro gravíssimo. Fiquei em coma por dois meses e agora eu finalmente havia acordado, contrariando as expectativas pessimistas da equipe médica que cuidava de mim. Meu médico, um tiozinho chamado Stanley, veio me examinar durante todo o dia juntamente com um grupo expressivo de quatro enfermeiras. Para me acalmar enquanto tentava explicar com termos técnicos o que havia acontecido, Stanley aplicou um calmante forte o suficiente para que eu dormisse rapidamente. Meu primeiro dia havia sido assim e eu nem sabia qual era meu primeiro nome.

Pensei que, após o baque de saber que eu não sabia quem era, o outro dia seria melhor. Estava enganada. Assim que abri meus olhos para uma nova manhã sendo alguém que eu não sabia quem era, notei que havia um buque de rosas vermelhas em cima da cômoda direita de minha cama e, no meu dedo anular esquerdo, havia uma grossa aliança de ouro. Aquilo me deixou atordoada. Em algum lugar de minha mente havia informações preciosas e rapidamente percebi que aquela aliança significava compromisso. Não havia ninguém em meu quarto. Olhei o buquê com olhos clínicos fascinada com sua beleza. Peguei um cartão junto as flores e o li, seu conteúdo deixou-me nervosa.

“Para, quem sabe, um novo recomeço. Bem vinda de volta.

E. Cullen.”.

Cullen? O mesmo sobrenome pelo qual o medico se referiu a mim. Devia ser um parente ou algo assim. Acreditei que, lendo o cartão, olhando a caligrafia, eu poderia ter algum resquício de memória ativado, não ocorreu. Voltei a repousar na cama com o cartão em mãos. Uma leve batida na porta, uma enfermeira adentra.

-Bom dia senhora Cullen! Como se sente? –Perguntou enquanto vinha em minha direção e afofava os travesseiros.

-Confusa... E faminta.

-Ah, claro! Seu café da manhã está sendo providenciado, eu a ajudarei a se alimentar e a banhar-se. Como seu café da manhã ainda não está pronto nós iremos nos banhar primeiro. Tudo bem? –Perguntou. Sua simpatia amainou um pouco o mal estar que estava sentindo por não saber quem era. Sorri de volta e tão logo a enfermeira ajudou-me a seguir para o banheiro e a tomar um refrescante banho.

...

Limpa e alimentada, tive permissão para caminhar pelos jardins do hospital com a ajuda da mesma enfermeira que me auxiliou pela manhã. Soube então pela mesma que seu nome era Angela, recentemente formada em enfermagem. Uma moça simpática conversava comigo sobre futilidades. Devia imaginar que me sentia desconfortável em falar sobre mim sendo que nem sabia quem era. Foi bom sair de um ambiente hospitalar, admirar o lindo jardim que ficava ao lado do hospital. Não sentia muitas dores, constantemente recebia doses pequenas de morfina para não sentir dor. Tive vontade de perguntar a Angela quem havia mandado o buquê, se ela sabia algo sobre mim, mas me acovardei.

Metade do dia foi com visitas esporádicas do medico fazendo perguntas ao meu respeito, na esperança de que minha memória voltasse. Uma esperança vã. Após o almoço, tive de ficar em meu quarto por algum motivo.

Eu estava sem informação desde que acordei e isso me enervava. Por fim o medico veio, não sei ao certo se para saciar minha curiosidade ao meu respeito, mas eu o fiz assim que ele passou pela porta.

-Boa tarde senhora Cullen. Como está se...?

-Doutor, eu preciso saber de coisas ao meu respeito! Diga-me... Eu ficarei sem memória para sempre? Qual é o meu nome? Eu tenho amigos, familiares? Eu... –O medico caminhou para perto de mim, sentou-se em uma poltrona ao meu lado, a mesma poltrona em que vi uma enfermeira no primeiro dia que abri meus olhos.

-Senhora Cullen acalme-se. Se as informações são escassas é por que não quero pressioná-la. Eu já lhe disse ontem o porquê de estar aqui e sua condição física atual. Surpreendentemente seus ferimentos estão cicatrizando rapidamente. A maior lesão sofrida foi em sua cabeça e teve como conseqüência seu quadro de amnésia. Não sabemos ao certo se esta sua condição é permanente, mas saiba que em todos os pacientes que tratei com lesões similares e com quadros de amnésia, todos felizmente recobraram suas lembranças após alguns meses de convívio com amigos e familiares.

-E onde estão esses amigos e familiares? Eu tenho alguém? –Tentei suprimir a dor em minha voz com tal pergunta, mas foi inútil. O medico sorriu levemente.

-Claro que a senhora tem pessoas que a querem muito bem! Desde que foi internada neste hospital recebeu muitas visitas: sua mãe, alguns amigos e seu marido.

Estaquei.

-Meu o que? –Perguntei atordoada. O medico avaliou-me e pareceu relutante em repetir suas palavras.

-Bem... O seu marido. Ele tem vindo aqui todos os dias, chegou a pedir para que pudesse estar neste apartamento aguardando sua convalescença.

Eu estava simplesmente em choque. Uma coisa é você descobrir que possui familiares, amigos, com isso você pode conviver. Outra bem diferente é saber que você é casada e tem deveres para com o marido. Empalideci.

-Foi ele que lhe enviou este belo buquê e, quando a viu ontem à tarde, enquanto estava desacordada pelo calmante, colocou esta aliança em seu dedo. –Disse apontando para a grossa aliança em meu dedo anular.

-E ele, meus familiares e amigos... Eles sabem da minha condição? Sabem que eu...

-Sim. Eu não só comuniquei seu despertar após dois meses como disse que está com amnésia. Por esse motivo você não recebeu visitas até agora. Não podemos simplesmente introduzir uma vida a você, isso poderia ser altamente prejudicial. Primeiro iremos deixá-la ciente de sua condição, coisa que fiz ontem e estou fazendo agora. O próximo passo é receber visitas, uma a uma. Ver objetos seus pode ajudar também.

-Hmmm... Então me responda a uma pergunta: qual é o meu nome? Todos me chamam como senhora Cullen, mas ninguém disse meu primeiro nome.

-Bem seu nome é... –Nesse momento Angela, a enfermeira por quem eu tinha grande simpatia, adentrou o quarto.

-Doutor, há alguém que precisa vê-lo. –Falou e acenou para mim. Correspondi ao seu cumprimento. O medico levantou-se.

-Volto em alguns instantes. –Disse para mim e saiu sendo seguido por Angela. Ótimo, ele não havia respondido minha pergunta! Isso me deixou frustrada. Peguei novamente o bilhete que acompanhou o buquê de rosas. Quem seria “E. Cullen”? Antes que minha mente trabalhasse nessa incógnita, o bom doutor Stanley estava de volta, um sorriso nervoso nos lábios.

-Senhora Cullen? Tenho uma surpresa.

-Surpresa? O que seria?

-Há um familiar aqui que deseja vê-la. No entanto ele só poderá vê-la com sua autorização, claro.

Eu não sabia o que poderia me acontecer se estivesse diante de um rosto que eu deveria conhecer, mas achei mais prudente aceitar tal visita.

-Sim. Deixe essa pessoa entrar. –Disse com o olhar perdido na paisagem ofertada pela persiana de vidro de minha janela. O medico afastou-se seguindo para uma ante-sala, onde visitantes ficavam antes de adentrar o quarto do paciente.

-Com licença. –A voz masculina disse e senti a aproximação de alguém. Automaticamente virei meu rosto e me deparei com um jovem de pé. Era alto se comparado a mim, incrivelmente branco, olhos cor de âmbar e cabelos bagunçados de cor bronze. Trajava um elegante blazer preto, por baixo uma camisa de botões azul marinho. Fitava-me intensamente, mas eu não sabia dizer o que aquele olhar revelava. Era algo perturbado de ver, aquele olhar sobre mim com o poder de um buraco negro. Senti necessidade de desviar o olhar e fitar em qualquer direção, menos a que ele estava.

-Oi. –Murmurei sentindo-me pouco a vontade de repente desejando que o desconhecido não ficasse muito tempo em meu quarto.

-Oi. –Disse. –Sabe quem sou eu? –Perguntou. Não ousei olhá-lo. Mantive meus olhos na janela.

-Não. O medico deve ter dito a você que eu estou com amnésia sendo assim não me lembro de nada, nem sei meu próprio nome. –Ri sombriamente.  

-Sim, ele me comunicou, mas... Tinha esperanças que me reconhecesse quando me visse. –Falou com a voz tão baixa que não tive a certeza se realmente tinha dito essas palavras. –Seu nome é Isabella Marie Swan Cullen.

Ah, finalmente um nome! Acabei por olhá-lo querendo agradecê-lo por finalmente me ceder tal informação.

-Então... Quem é você? Pode me dizer? –Perguntei olhando-o com curiosidade. Talvez se mantivesse os olhos nele eu conseguisse me lembrar de algo. O rapaz fitou o chão e quando olhou para mim, tinha olhos tão intensos que me senti paralisar.

-Sou Edward Anthony Masen Cullen, seu marido.

Suas palavras me açoitaram!

O que? Por quê? Onde? Mais o que...? Marido? Ele? Esse cara?

Em meio à confusão que senti com a notícia algo me ocorreu tardiamente, algo que mais tarde iria refletir sobre...

Nossa! Ele é gostoso!


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