Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 26
Capítulo 25




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Uma semana se passou desde que oficializei meu tratado com o demônio, ou com Carlisle. Minha mãe estava radiante, mas ao mesmo tempo preocupada. Ela via como eu estava, um zumbi que vagava pela casa quando não estava no trabalho. Meu comportamento também foi notado pelos clientes e meu chefe da lanchonete, mas ele nada perguntou. Claro, agora eu não usava a aliança que Jake havia me dado. Ele deve ter percebido.

A música soava pelo meu quarto, era noite. Eu não tinha mais tempo, não agora que os papéis estavam prontos. Carlisle esperava de mim um telefonema para Edward e assim assinar os papéis. Entorpecida pela dor que me torturou durante uma semana a fio, peguei o telefone e disquei números que nunca pensei que discaria após meu afastamento de Edward. O telefone da residência tocou apenas duas vezes.

-Residência dos Cullen. –A voz feminina disse. Com a voz morta eu pedi:

-Sou Isabella Swan. Gostaria de falar com Edward Cullen. –Disse e, enquanto a empregada anunciava minha ligação, procurei disfarçar uma voz mais entusiasmada. EEle não demorou a atender.

-Alô? Bella é você? –Edward disse do outro lado da linha, ofegava. Deve ter corrido até o telefone.

-Oi Edward. Há quanto tempo não nos falamos. –Procurei parecer feliz, entusiasmada, mas não devo ter convencido meu interlocutor.

-É verdade e eu lamento por isso.

-Imagine. Não há o que lamentar. Eu... Eu liguei por que estou de folga do trabalho e... Bom... eu gostaria de saber se você quer sair hoje.

-Ah, eu adoraria! Você tem em mente um lugar onde você queira ir? –Edward estava sendo tão afável! Ele não merecia o que eu estava fazendo, conspirando com seu pai, mas eu já havia feito merda demais para voltar atrás.

-Não tenho nada em mente. Pensei apenas em fazermos algo simples. Eu não tenho muita verba para esbanjar então...

-Não se preocupe Bella, eu pensarei em algo. Passo as sete na sua casa?

-Sete da noite. Perfeito. Até mais Edward. Caso não possa ir, me avise.

-Claro que irei Bella. Sou eu que deveria dizer isso a você. –Edward disse com a voz levemente divertida.

-Até as sete então.

...

Eu não via Edward há algum tempo, desde o enterro de meu pai pra ser franca. Lá estava ele com sua nova aquisição automobilística: um lindo Volvo prateado último modelo.

-Oi Bella, espero não ter demorado. –Disse ele. Segurava um buquê de flores, rosas vermelhas. Eu sorri forçadamente rezando para que ele não notasse. Entregou o buquê em minhas mãos.

-Obrigada pelas flores, mas não precisava. –Disse. Edward sorria, parecia tão feliz!

-Imagina! Fico feliz que tenha gostado.

Eu o olhei atentamente, tão lindo com suas vestes caras e casuais! Calça jeans preta, sapatos italianos, camisa preta, casaco branco... Eu não via a beleza diante de mim. Meus olhos estavam mortos como todo o resto.

-Eu vou subir e dar a minha mãe para colocá-las num vaso. Quer subir? –Perguntei fazendo o caminho para o interior do nosso apartamento, o único luxo que conservamos por não ter para onde ir. Edward me seguiu. Eu sabia que teria de me esforçar, bolar um plano. Edward parecia não ter idéia do que seu pai fizera, devia estar confuso por eu ligar para ele. Iria me cobrar explicações e eu teria que dá-las. Primeiro ficamos sozinhos no interior do elevador.  

A princípio Edward respeitou meu silêncio e rezei para que ele o mantivesse. Eu já imaginava que ele iria se manifestar.

-Fiquei surpreso com sua ligação. Surpreso e feliz.

-Eu sei. Espero não ter atrapalhado nada. Se a sua namorada descobrir que está saindo comigo isso pode...

-Não tenho namorada. Já faz um pouco de tempo. –Edward parecia perdido em pensamentos. Foi nesse momento que o elevador chegou ao seu destino. Seguimos silenciosos até o apartamento. Toquei a campainha e minha mãe atendeu, um sorriso enorme no rosto. Claro, eu estava realizando seu desejo em troca da minha felicidade. Que mãe egoísta!

-Ah Edward! Faz tempo que não nos víamos! Como está? E Carlisle? Ó meu Deus como sou mal educada! Entre! –Renée disse super simpática. Impossível não comparar o modo que trata Edward e o modo que ela tratava Jake. Meu olhar sombrio deve ser notado por ela, mas ela ignorou inteligentemente.

-Olá senhora Swan. Agradeço o convite, mas acredito que Bella deseja partir agora, não é? –Ele me olhou. Assenti.

-Leve essas flores e coloque-as em um vaso. Vamos Edward. –Disse seguindo novamente para os elevadores. Edward deve ter notado o tratamento ríspido que dirigi para minha mãe, ele não tinha consciência do que ela me fez.

Meu relacionamento com Renée tem sido difícil. Parei de chamá-la de mãe, tenho a evitado o tanto quanto posso e sempre sou fria com ela. Claro que o modo como eu a estava tratando a magoava, mas ela não reclamava. Ela era culpada por isso afinal. Tentei reprimir a raiva, a frustração que sentia. Edward estava feliz e não seria eu a prejudicar sua felicidade.

-Então, eu planejei algo simples para nós dois como era seu desejo, mas não sei ao certo se irá gostar. –Edward dizia enquanto ajudava-me a entrar no carro. Quando entrou nele, eu respondi.

-Não se preocupe, o que você escolher está bom pra mim. –Sorri rezando para que não parecesse algo falso.

Edward ligou o som de seu carro e naquele momento eu estaquei. Oh merda, uma coisa era se manter serena, na quietude da noite, e aceitar o suplicio de fingir gostar de alguém; outra coisa bem diferente era fazer isso ouvindo uma de minhas muitas músicas em que lembrava-me momentos com Jake. Desliguei o som subitamente. Edward me olhou alarmado.

-Não quer ouvir música?

-Não. Estou com um pouco de dor no ouvido. Importa-se de ouvir apenas o silêncio? –Sorri desculpando-me. Edward sorriu também, um sorriso bonito que sempre me fascinou. Por que eu não conseguia ver a beleza naquele sorriso, nele todo?

A noite não foi desagradável. Edward bolou um programa bem simples, como desejei. Uma passada em uma lanchonete, um passeio no parque com um sorvete nas mãos. Conversamos sobre sua vida, seu progresso trabalhando na empresa do pai. Edward não perguntou nada sobre mim, ainda bem.

Eu pensei que nosso encontro transcorreria sem problemas, mas na hora do cinema, a última coisa que faríamos, sou novamente testada. Um filme romântico, Edward escolhera. No inicio procurei ignorar o filme, puxei papo com Edward para não dar muita atenção na estória. Eis que uma cena no filme chama minha atenção: um casal de jovens em um parque de diversões, o rapaz consegue um bicho de pelúcia para a namorada e partem de moto.

Uma dor esmagadora me oprimiu. Imagens do filme mescladas com minhas lembranças. Eu sabia que precisava sair dali ou iria desmoronar.

-Bella? Bella, você está bem? –Senti uma mão de Edward em minhas costas enquanto eu estava curvada com a cabeça entre as mãos. Levantei-me num átimo. Murmurei um “sinto muito” e sai correndo.

...

-Bella, o que faz aqui? E nesse estado? –Billy avaliava-me. Eu estava molhada, pega pelo sereno do fim de tarde, com uma cara não muito boa.

-O Jake... Eu preciso ver ele. –Disse arfante pela corrida. Billy hesitou na porta, perturbado com minha presença, mas me deu passagem. Eu entrei e fui logo vasculhando cada canto da casa, nada encontrei. Tive esperanças de encontrá-lo na garagem, o lugar que ele passava mais tempo na casa, mas nada encontrei. Cai de joelhos e rapidamente sentei em um canto da pequena garagem. Billy veio atrás de mim após uns poucos minutos. Ajoelhou-se em frente a mim.

-Bella, querida, o Jake saiu. Eu teria dito se você tivesse parado um minuto. Olhe, vá para a sua casa e quando ele chegar eu digo que você esteve aqui.

-Não. Eu espero. Preciso falar com ele. –Murmurei.

-Bella, querida... –Billy começou querendo me dissuadir de minha empreitada de esperar por Jacob. Sacudi a cabeça e não falei mais nada.

-Tudo bem. Eu vou trazer algo para você se cobrir, está frio. –Billy disse saindo da garagem. Pouco mais de dois minutos ele trouxe uma manta e me cobriu. Saiu. Eu fiquei ali determinada a vencer o cansaço, o frio, e o desespero. No final eu perdi e devo ter dormido lá na garagem mesmo.

Na manhã seguinte eu estava deitada na cama do Jake. Pensei que tinha sido ele a me carregar, mas descobri que Billy fez o serviço. Jake não havia dormido em casa. Sentindo-me ainda pior do que na noite passada, eu fui para casa. Claro que minha mãe sabia o que tinha acontecido, pela boca de Edward e pela boca de Billy que ligou para ela. Provavelmente estava com uma bronca na ponta da língua por eu ter abandonado Edward, mas sua bronca ficou presa na boca ao ver a minha cara.

Com as roupas úmidas, roupas do meu encontro com Edward, eu deitei na minha cama querendo nunca mais sair dali.

E as horas, dias foram passando. Meu desgosto e minha dor cresceram tanto ao ponto de eu não conseguir me mover. A frase “Jacob não liga mais pra mim” vinha na minha mente, atormentando-me.  

...

-Bella, meu amor, você precisa comer alguma coisa. –René implorou. Eu a ignorei, ou melhor, eu fiquei parada, encolhida em minha cama.

...

Eu podia ouvir as vozes no corredor. Minha mãe trouxe um médico como imaginei que faria. Eu nem notei a presença deles. Senti apenas a picada da agulha e então eu apaguei. Na manhã seguinte notei o soro preso ao meu braço. O retirei e voltei a ficar imóvel.

...

Terceiro dia em que não comia nada. Se não fosse pelo soro que minha mãe me obrigou a tomar, eu estaria pior. Ainda sim minha situação não era boa. A única coisa que me motivava a me levantar da cama era para fazer minhas necessidades fisiológicas, tomar banho e escovar os dentes. A força do meu corpo se esvaia e isso dificultava a locomoção.

Quarto dia

Muito provavelmente recebi visita do médico, novamente fui dopada e recebi soro. Eu não sabia. No entanto o soro não poderia fazer com que eu voltasse a ser a mesma Bella. Eu sabia que Renée estava desesperada sem saber o que fazer, mas eu não ligava. Eu só queria ficar ali parada, acordar daquele pesadelo que era a minha vida. Descobrir que meu pai estava vivo, olhando documentos da empresa em seu escritório; minha mãe preocupada apenas com o que iria vestir em um evento; Jake no meu quarto, fazendo amor comigo.

Isso não iria acontecer. E era por isso, sabendo dessa verdade monstruosa, que eu estava imóvel em minha cama.

Eu não esperava que Renée fosse ficar tão desesperada ponto de chamar ele. E verdadeiramente não queria vê-lo, a pior visita de todas. Ele entrou tímido, a princípio não me encarou. Nas mãos, claro, uma bandeja com comida.  Ele colocou a bandeja em cima de uma mesinha e veio até mim, hesitante. A Expressão demonstrando uma preocupação ainda maior do que a de minha mãe. Sentou-se na cama. Notou que eu não estava agasalhada e o frio deixava minha pele arrepiada. Pegou uma manta que estava dobrada, atrás de mim, e me embrulhou. Ficou ali, por quem sabe quantos minutos, sentado, fitando-me, a mão em meu braço coberto pela manta.

-Eu estive tentando falar desesperadamente com você após o nosso encontro, há quatro dias. Sua mãe não me deixou falar com você, disse que tinha viajado, inventou um monte de desculpas. Eu sabia que ela estava me escondendo algo, mas não imaginei que era algo tão grave.

Senti no rosto o toque frio de seus dedos, hesitantes. Um afago contínuo.

 -Assim que soube esta manhã por ela eu vim aqui. Trouxe comida de um restaurante para você, está naquela bandeja. Vamos comer um pouco? –Ele disse levemente divertido, mas ao perceber que duas palavras não surtiram efeito, Edward ficou novamente sério.

-Bella, você precisa comer. Se continuar assim você... –Ele parou, reprimindo o medo, quem sabe, de eu deixar este mundo. Talvez fosse o único que se importava.

-Quem liga. –Murmurei. –Eu estou cercada de pessoas egoístas. Sou a única que parece estar se sacrificando. Quem liga se eu morrer? –Minha voz estava cuidadosamente morta. Eu estava em pedaços, cada célula do meu corpo gritava essa afirmação.

-Eu ligo. Muito. Mais do que você imagina. –A voz de Edward dizia com uma emoção tão forte que me fez voltar meus olhos para ele. Não falei nada, apenas o olhei. Eu via tanta dor, mas do que qualquer um, Edward parecia sofrer muito. E era estranho, eu nunca dei o devido valor a ele e lá estava ele mostrando ser melhor, mais próximo do que qualquer um que me cercava, do que Jake...

-Bella, eu sei de boa parte das coisas que aconteceu a você: a morte de seu pai, sua situação financeira e... Como não estou vendo nenhuma aliança no seu dedo acredito que Jacob não está mais com você.

Enquanto dizia isso, as palavras que eu não queria ouvir, Edward afagava meus cabelos. Eu me encolhi na manta.

-Não sou bom com palavras. Ainda sim eu direi algo por que eu quero muito que você se recupere. Se você acha que as coisas estão difíceis pra você e não tem a quem recorrer, recorra a mim. Se você acha que não tem por quem lutar, então pense em mim. Eu sei, não temos nenhum vinculo forte, mas... Eu realmente quero que fique bem e se preciso for, em um tempo recorde, eu aprofundo os laços entre nós. –Eu podia sentir seu desespero, quase tangível.

Com dificuldade consegui sentar. Meus olhos nos olhos de Edward. Como não o vi antes? Parecia que Edward e eu éramos iguais e só agora eu o enxergava. Poderia parecer tolice, mas talvez valesse a pena, após ter sido abandonada por todos aqueles por quem eu lutei, lutar por este simpático estranho.

-Vai, me passa a bandeja antes que eu me arrependa. –Disse, a voz falha. Num salto Edward estava de pé, foi até a mesinha pegar a bandeja. Devia estar feliz... Quando ele voltou os olhos para mim, eu estava encolhida no canto da cama chorando copiosamente, mudando de Bella receptiva,como fui segundos atrás, para uma Bella literalmente na merda. Ele esqueceu a bandeja em cima da mesa e caminhou para mim. Sentou-se na cama e puxou-me para seus braços. Eu o abracei fortemente e ficamos ali, fortemente abraçados, durante um bom tempo. Ele não sabia que eu chorava por ele. Por que eu não merecia alguém como Edward quando tramei com seu pai ganhar dinheiro às custas de sua felicidade.  

Após alguns minutos (ou horas, não sei) eu relaxei em seus braços e quando ergui meu rosto que repousava em seu pescoço, para fita-lo melhor, Edward, sem aviso, inclinou-se para mim e me beijou.

Eu tinha um papel a cumprir, ele me pareceu menos penoso agora.

Dois meses se passaram, os dois meses mais confusos da minha vida. Fingir amar alguém e não saber se você está mentindo ou não é atordoador. Ainda sim eu continuei a farsa enquanto, por baixo dos panos, Carlisle formalizava a compra e o restabelecimento de nossa situação financeira.

Não vi mais Jacob pelo que me pareceu um bom tempo e sofri com isso.

...

“Vamos Bella, sorria!” –Ordenei a minha mente enquanto Billy guiava-me até o altar. Jacob não veio ao meu casamento, claro. Minha mãe estava radiante, chorona também. Apesar de chamá-la de mãe em pensamento, ou não verbalizava. Ela não merecia.

Edward estava de pé em seu lugar, tão lindo e feliz! Tentei sorrir, mas o sorriso pareceu forçado. Ver o meu próprio casamento lembrava-me de meus planos com Jake, o casamento simples no jardim. Procurei me segurar e confesso que estava boa em reprimir sentimentos que poderiam me prejudicar.

Caminhei lentamente até o altar, os flashes me cegavam. Havia tantas pessoas! Boa parte eu não conhecia. Localizei Jess acenando, a amiga mais falsa e divertida que alguém pode ter. Um punhado de ilustres políticos, empresários, tanta gente importante!

“Quero que acabe logo.” –Pensei seguindo mais apressadamente até o altar. Procurei me concentrar apenas em Edward e na pessoa maravilhosa que descobri nele nesses dois meses de namoro.

Para minha sorte, o padre não ficou enrolando com todo aquele blá blá blá de casamento e a cerimônia seguiu mais rápida do que o esperado. Mas no momento em que tive de dizer sim, não foi algo fácil. Eu vi o rosto do meu amado Jacob em Edward e isso doeu muito.

-Sim. –Eu murmurei com a voz embargada. Sorte minha estar com maquiagem a prova de água e sorte eu ser a noiva, uma noiva tem todo o direito de chorar no dia do seu casamento, não é?  

-Então eu os declaro marido e mulher. Agora pode beijar a noiva. –O padre disse risonho, feliz por ter cumprido seu papel. Eu estava cumprindo meu papel, mas não estava feliz, não como deveria.

Edward colocou as mãos gentilmente em meu rosto, os olhos cor de ocre brilhavam. Eu podia senti-lo adorando-me, os dedos afagando o rosto. Puxou-me gentilmente e me beijou. beijá-lo era bom, mas não maravilhoso como seria com Jacob. Cada comparação que minha mente fazia estilhaçava-me. Nossas línguas timidamente tocaram-se durante o beijo, meus braços em sua cintura. Aproximou seus lábios do meu ouvido e sussurrou:

-Eu amo você. Mais do que tudo. Eu irei fazê-la muito feliz. –Disse. Meus olhos se encheram de lágrimas.

-Eu também amo você. –Murmurei.

...

Não existia ser mais apático do que eu. Juro que tentei, no decorrer da festa, parecer uma noite animada, mas não obtive muito sucesso. Eu percebia cochichos dos convidados que pareciam indagar o porquê de eu estar desanimada. Mas Edward estava ali, ao meu lado, parecendo não perceber meu estado de espírito. Isso era bom, eu não queria que ele percebesse minha melancolia e sofresse junto comigo. Se apenas ele continuasse sorrindo, ficaria tudo bem.

Quase não comi, nem eu nem Edward. Estávamos o tempo todo posando para fotos e para os camera-man que filmavam o evento. Fiquei o tempo todo nos braços de Edward seja posando para fotos, dançando, cortando o bolo, fazendo o brinde... E a todo o momento ele dizia que me amava, me beijava, me abraçava, dizia que me amava... Eu dizia “eu também” e o beijava antes que ele percebesse a mentida por detrás de minhas palavras.

...

 O fim, o fim de tudo. Talvez estivesse sendo dramática demais, mas não encontrei melhor forma de definir o que estava prestes a acontecer. Uma coisa é beijar um homem que não se ama, outra é doar seu corpo a ele. Eu me sentia uma prostituta, de fato era isso o que eu era. Por dinheiro eu estava ali naquele banheiro usando um lingerie diminuto para me entregar a Edward.

“Respire Bella! Você precisa fazer isso!” –Pensei enquanto ofegava. Havia trazido uma taça com champanhe nas mãos quando disse a Edward que iria me vestir no banheiro. Virei a taça bebendo todo o seu conteúdo. Eu estava arrumada: lingerie branco, um hobby transparente cobrindo o restante, maquiagem leve.

Não seria algo fácil, mas eu iria fazer. Não pelo dinheiro, pela minha mãe, pela raiva que sentia de Jacob por me abandonar, mas por Edward. Ele tem sido amável, merecia qualquer sacrifício meu. Foi com esse pensamento, confiando na memória os bons momentos que Edward me proporcionou desse que éramos crianças, que eu saí do quarto deixando a taça no banheiro.

Edward estava tenso, exalava tensão por todo o seu corpo. Usava apenas uma calça de seda preta, o dorso nu. Estava de costas para mim, a mão tocando distraidamente o abajur. A meu pedido, não viajamos em nossa lua e mel. Iríamos passá-la em minha nova casa, a mansão dos Cullen, de Edward. Felizmente Carlisle mudou-se, dando a casa ao filho. Tinha planos de morar em Dubai, o que agradeci. Eu o evitava o tanto quanto podia e quando o encontrava o tratava com frieza.

Eu tremia e tentei sem sucesso me acalmar. Estendi a mão e segurei a mão de Edward, o abracei por trás. Notei que Edward parecia tão nervoso quanto eu. Ele virou-se e me manteve em seus braços, respirava o perfume pelo meu pescoço.

-Você está perfeita. –Murmurou. Seus lábios tocando a base do meu pescoço, roçando-o por toda a sua extensão. Suas mãos acariciavam minha cintura puxando-me mais para o seu peito. –Ansiei muito por esse momento. –Suas mãos subiram acariciando meus braços.

Eu fui empurrando Edward com meu corpo até cairmos na cama. Minhas mãos envolveram seu pescoço e Edward gentilmente rolou para cima de mim. Beijou-me, ávido, enquanto suas mãos acariciavam meu corpo todo. Era gostoso, eu não poderia negar, mas só estava conseguindo levar aquilo por que meus olhos estavam fechados e minha mente em Jake.

Separamo-nos ofegantes, os rostos a milímetros. Obriguei-me a olhá-lo.

-Meu amor, eu tenho que lhe dizer que...  –Edward parou, parecia relutante em dizer algo. Toquei seu rosto.

-O que foi? –Sussurrei. Ele estava vermelho, parecia encabulado com algo. Afastou-se e sentou ao meu lado na cama. Eu me senti de frente para ele.

-Edward, o que foi? –Perguntei colocando minha mão em seu joelho ainda coberto por sua calça de seda preta. Ele não olhava para mim, seus olhos fixados em um ponto no chão.

-Se eu dizer algo, promete não rir? –Ele murmurou, constrangido. Preocupei-me. O que poderia ser?

-Claro que não irei rir. O que é? Pode falar. –Incentivei olhando-o com ternura, ou pelo menos tentando olhá-lo assim. Edward ficou calado durante poucos minutos olhando para o mesmo ponto no chão. Então voltou seu olhar pra mim, ruborizado.

-Eu sou virgem.

Hã?

-O que disse? –Perguntei novamente.

-Eu disse que sou virgem.

Se Edward pudesse se enterrar, ele o faria. Não havia duvidas de que ele estava muito constrangido. Eu fiquei parada tentando segurar a vontade de rir. Lembrei-me de um dia em que Jacob teceu um comentário maldoso sobre Edward, na época em que estávamos juntos.

Não sei, eu olho para o Edward e ele me parece tão puro! De duas uma: gay ou virgem!

Não precisei reprimir a vontade de rir. Mesmo lembrar-se de Jacob com suas piadas era sentir dor. Enquanto estava, sem querer estar, mergulhada em lembranças com Jake que certamente me despedaçariam, Edward falou:

-Desculpe. Eu acho que estraguei o clima, não foi? –Ele voltou seu olhar para mim e deu um meio sorriso. Eu não esperei. Retirei lentamente meu hobby revelando o lingerie diminuto que usava vendo os olhos de Edward se fixarem em meu corpo.

Inclinei-me e o beijei. Edward ainda estava tenso, eu precisava fazê-lo relaxar e sabia o que dizer, o que fazer. Eu o puxei pelos tornozelos fazendo-o deitar na cama e deitei-me cobrindo todo seu corpo com o meu. Peguei suas mãos e as coloquei ao lado de sua cabeça, prendendo-o ali na cama. Edward me olhou alarmado. Eu o beijei novamente, calmamente. Aproximei meus lábios do seu ouvido.

-Não se preocupe. Eu terei o maior prazer de ser sua professora. –Sussurrei mordiscando sua orelha, minhas mãos passeando pelo seu tórax e abdômen definidos. Os braços de Edward me envolveram super hesitantes. Naquele momento lembrei como foi ser sua namorada. Eu era contida com nosso relacionamento, eu ainda não aceitava a situação em que estava metida. Nunca entendi por que Edward se continha, mas agora eu sabia. Ele era puro e eu seria sua primeira. Senti algo no peito, uma estranha satisfação por ele ter se guardado, ainda que tenha tido mulheres exuberantes como suas namoradas. Eu fui a escolhida.

Segurei a barra de sua calça e a retirei lentamente olhando atentamente o corpo de Edward. Sempre achei Edward bonito, desde pequeno e imaginava que seu corpo era bonito, mas não pensei que fosse tão bonito assim. Um corpo esculpido por Deus, tão bonito e detalhado que não poderia pertencer a um mero humano. Mas pertencia, pertencia a Edward.

Eu precisava dar a ele uma lua de mel de verdade. Reprimindo lembranças desagradáveis e deixando-me envolver pelo clima de luxuria e sedução daquele momento, me aproximei de Edward. Para meu espanto ele cobriu suas partes intimas com as mãos. Não pude segurar o riso.

-Edward, o que está fazendo? –Perguntei olhando para seus olhos que se desviavam. –Hei, sou sua esposa agora. Eu tenho o direito de ver você todo. Ou você quer que eu vista meu hobby e vá dormir? –Disse com sarcasmo. Edward pareceu apavorado ante a idéia de nossa lua de mel terminar assim. Afastou suas mãos do corpo e ficou me olhando.

-Já que eu estou nu em pêlo, chegou a sua vez de tirar a roupa. –Ele disse num tom provocante. Suas palavras fizeram meus ossos estremecerem. Bem lentamente retirei o sutiã observando seus olhos fixos em meus movimentos. Edward não esperou que eu tirasse a segunda peça, agarrou-me num poderoso abraço e me deitou na cama.

Pronto, não tinha mais volta! Edward iria me possuir e, de certa forma, eu seria dele. Sem querer pensei em Jake, como ele deveria estar se sentindo agora que eu estava casada com Edward? Estava doente nele, como eu mim, o fato de que eu pertencia a outro homem?

Suas mãos percorriam meu corpo com suavidade, demorando em meus seios. Arfei sentindo seus lábios naquele local, entregando-se ao momento e deixando de lado sua timidez. Fechei os olhos tentando me concentrar naquele momento, mas só consegui desligar minha mente e me entregar aquele momento quando ouvi Edward murmurar em meu ouvido:

-Eu amo você. Sempre amei. –Disse com emoção na voz. Eu o abracei apertado beijando-o de forma ávida, finalmente enclausurando todos os sentimentos negativos acerca do casamento.

Edward foi relaxando com meus beijos, meu toque, o atrito de nossos corpos.

Tudo tão rapidamente e tão lentamente... O prazer que proporcionei a ele foi como ácido em minhas veias. Fiquei satisfeita por saber que pelo menos Edward era embalado pelo prazer, pela magia do momento. E mesmo tendo sucesso em minha empreitada de esquecer tudo, quando Edward dormiu, exausto, em meus braços, eu o afastei de mim, sai da nossa cama e me tranquei no banheiro. Chorei baixinho sentindo-me suja. Edward não merecia uma esposa falsa como eu, Jake não merecia esse tipo de castigo por ele ter me abandonado.

Ninguém merecia o sacrifício que eu estava fazendo a não ser Edward.


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Notas finais do capítulo

não ficou muito bom o cap. estou doente e não consegui pensar num fim melhor. caso não tenha dito isso... feliz ano novo povo! o/