Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 25
Capítulo 24




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-Obrigada por comer em nosso estabelecimento. –Disse sorridente a uma cliente e seu filho. O pequeninho acenou para mim no colo da mãe. Caminhei para a próxima mesa para atender ao cliente.

Esta era minha nova vida, trabalhar como garçonete em uma lanchonete próxima de casa. As coisas mudaram radicalmente em minha vida após cinco meses da morte do meu pai.

Billy tentou dirigir os negócios, mas minha mãe temia que ele acabasse roubando nossa empresa, tolice a meu ver. Decidiu ela mesma tomar as decisões e o que isso gerou? Algo que eu previa sabendo a falta de conhecimento que minha mãe tinha: nossa falência. Agora estávamos endividadas até o pescoço devido a direitos trabalhistas, as fábricas de calçados estavam paradas e a imprensa não parada de dar ênfase a nossa decadência. Eram tempos difíceis, eu me sentia mal por ver o patrimônio que meu pai se esforçou para construir se esvair, mas por um lado estava feliz por ter uma vida simples, normal. Havia também outro motivo para estar feliz...

-Aqui está seu pagamento garota. –Meu chefe, o senhor Harry, disse. Peguei o envelope, feliz por ter conquistado aquele dinheiro.

-Obrigada senhor. Até mais. –Despedi-me e segui para a saída do lugar. Minha moto, que adquiri recentemente em um ferro velho, estava no conserto. Teria que ir de ônibus ou a pé para casa.

-Hei gatinha! –A voz masculina soou antes que eu pudesse ir para a parada de ônibus. Virei-me e sorri.

-Oi gatinho. –Corri para ele e o abracei. Beijamos-nos com vontade ignorando as pessoas que viam a cena.

-Vim buscar você. Soube que sua moto não pegou essa manhã e você veio de ônibus para o trabalho. –Jake dizia enquanto pegava um capacete para mim. Eu o coloquei e rapidamente subi na moto, abraçando-o.

-Você bem que poderia me ajudar com a moto, assim não precisaria pagar uma grande quantia pelo seu conserto. –Falei enquanto Jake ajeitava-se na moto colocando seu capacete.

-Eu vou fazer isso quando tiver folga do trabalho. –Ele disse e logo estávamos correndo pela avenida.

Jake trabalhava em uma empresa de transportes, trabalho que conseguiu com muito esforço. Agora era dele que sustentava seu pai Billy que estava desempregado. Ganhava bem e juntava grana para o nosso futuro. Após a morte de meu pai Jake me pediu em casamento e eu aceitei.

A princípio eu o fiz por carência, eu estava tão fragilizada e precisava de Jacob mais próximo de mim. Agora eu sabia que era o melhor para nós dois, mesmo eu sendo nova, tendo apenas dezenove. Claro que minha mãe não aprovou isso, tentava me dissuadir da decisão, mas eu não lhe dava ouvidos. Eu iria ser feliz, custe o que custar.

...

-Billy está procurando emprego. Disse que não precisa fazer isso, eu posso sustentá-lo, mas ele não quer. –Jake dizia. Estávamos em minha casa (o único bem que o banco ainda não havia levado para o pagamento de dividas), mais precisam ente deitados em minha cama no meu quarto, vestidos. Minha mãe, assim que o viu passar pela porta, trancou-se no quarto.

-Deixe seu pai Jake. Você sabe como ele é, não vai querer ser sustentado. Aconcheguei-me melhor nos seus braços sentindo o cansaço de um dia inteiro trabalhando me abater. Senti os lábios de Jacob na minha testa.

-Essa não é a única coisa que me aborrece. Eu não gosto de vê-la trabalhando, parando seus estudos. Quero que volte a estudar Bella. Eu acho que com o que ganho posso sustentar você.

-Eu agradeço a oferta meu amor, mas eu quero trabalhar. To procurando algo melhor pra mim. Deixo os estudos para depois. Eu não tenho dinheiro para pagar nada e não vou permitir que você pague.

Não sei se Jake disse mais alguma coisa por que durante a conversa eu adormeci.

E as peças foram se movendo debaixo de meus pés para o fim de minha felicidade.

Eu achei estranho minha mãe estar acordada e arrumada àquela hora, mas dei de ombros.

-Oi mãe. –Disse colocando minhas chaves no chaveiro e já me projetando para ir ao meu quarto. Eu estava tão cansada que se parasse iria dormir. Mamãe estava sentada em uma poltrona bebericando nossa ultima garrafa de champanhe, sorria de forma sutil.

-Bella, eu tenho boas notícias. É sobre nossa situação financeira.

-Ah é? E o que seria? –Parei olhando-a.

-Consegui um comprador para as empresas de seu pai. Ele ficará com tudo, mas irá arcar com as dividas e nos prometeu algumas ações para administrar.

-Isso é estranho mãe. Quem compraria nossas empresas? Não acho que seja algo lucrativo. –Disse indo até a cozinha, bebi um copo de água. Minha mãe me seguiu.

-Carlisle irá comprar tudo. Ele vai nos ajudar.

-Carlisle? Mas pó que ele está fazendo isso? Tudo bem que ele era amigo de Charlie, mas se comprometer dessa forma só para nos ajudar é...

-Eu sei, Carlisle está fazendo um jogo arriscado, mas ele também espera ganhar algo em troca. –Mamãe disse aproximando-se de mim. O sorriso que tinha no rosto era agourento.

-E o que o senhor Cullen quer em troca?

-Bem... Carlisle quer...

...

-HEI ESPERE SENHORITA! O SENHOR CULLEN ESTÁ...

Deixei o funcionário falando sozinho e rompi a porta da sala de reunião. Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para mim. Minha expressão demoníaca deve tê-los assustado.

-Senhores, eu creio que devemos interromper nossa reunião. –Carlisle disse e de imediato os três senhores que até então estava com ele saíram da sala. O funcionário fechou a porta atrás de nós.

Voltei meus olhos para Carlisle, ainda sentado, uma expressão serena em seu rosto.

-Imaginei que, após minha conversa com sua mãe ontem, você viria até aqui.

-Como se atreve a fazer tão proposta pra minha mãe, tratando-me como se eu fosse um objeto! –Disse entredentes segurando a vontade de esganá-lo. Eu costumava ter tanto apreço por ele, mas agora...

-Edward a ama desde pequeno. Ele se tornou um jovem deprimido após você se comprometer com Jacob e as coisas pioraram após ele saber que ficaram noivos.

-Por isso teve a brilhante idéia de lançar tal proposta? De dizer a minha mãe que pode salvar nossa situação financeira caso eu me case com Edward? Acha que está fazendo um bem para mim, para o seu filho, desse jeito? –Tentava me controlar para não gritar, mas estava sendo difícil.

-Foi o único modo que pensei para que meu filho fosse feliz. Mas não a estou obrigando a tal coisa, Bella. Vai por você aceitar ou não.

Como eu odiava aquele rosto sereno dizendo tais absurdos para mim! Eu me aproximei e o segurei pela gola da camisa, Carlisle me olhou surpreso.

-Escute bem, eu não serei a prostituta do seu filho! E que Deus não permita que Edward descubra o que você está tramando! –Sai rapidamente da sala para não fazer uma besteira maior. Pensei em contar para Jake, mas sabia que se contasse para Jake Edward acabaria sabendo. Decidi por fim guardar para mim, estava acabado de qualquer forma.

...

-O QUE?

-O que você ouviu. Pus o Carlisle no lugar dele. –Disse enquanto colocava algumas coisas em uma bolsa. Eu sabia o quão insuportável minha mãe iria ficar agora que contei à decisão que tomei, a decisão de recusar a proposta de Carlisle.

-NÃO PODE FAZER ISSO! TEM IDEIA DO QUE SIGNIFICARIA PRA NÓS DUAS O SEU CASAMENTO COM O FILHO DELE? –Ela gritava desesperada.

-Eu sei o que significaria pra você, mamãe querida: vida de dondoca. Mas escute o que eu vou dizer: acostume-se com a vida simples por que é isso que nós duas iremos ter, nada mais. –Falei com premência na voz. Renée sentiu que eu estava falando sério e que nada iria fazer com que eu mudasse de opinião. Sai de casa.

...

Estava cansada, mas docemente cansada nos braços do meu noivo. Jake me mantinha presa contra seu corpo, nua, sendo aquecida pelo seu corpo másculo. Mesmo após ter feito amor com ele três vezes seguidas, não foi o suficiente para esquecer tudo o que tinha acontecido até então comigo e Jacob percebeu.

-O que foi amor? Está estranha. –Jake disse acariciando meu rosto com uma das mãos. Suspirei.

-Nada. É só a minha mãe. Ela não está habituada a vida de pobreza e tudo está pirando ela. –Eu queria me abrir com Jake, mas não queria que Edward fosse lesado pela sandice do pai. Eu devia isso a ele.

-Eu já imaginava que as coisas seriam difíceis para a sua mãe. Mas quer saber? Acho algo meio injusto ela agir dessa forma sendo que conheceu o que é ter uma vida simples. Você por exemplo nasceu cercada do luxo e parece não se importar com sua condição.

-A única coisa que me abalou foi à morte de meu pai. A mudança de minha condição financeira não me afetou, muito pelo contrário. Eu gosto das coisas assim, simples. Gosto da sensação de ter conquistado o dinheiro que ganho atualmente. Acho que no fundo sempre quis essa vida simples. –Senti no rosto o roçar do polegar de Jake que subitamente puxou meu rosto para fita-lo.

-Sempre amei isso em você, essa simplicidade. Esse foi um dos motivos para eu ter escolhido você como aquela que eu queria ter ao meu lado pra sempre.  

Emocionada pelas palavras simples de Jake, me aconcheguei melhor em seus braços beijando-o no pescoço.

-Fico feliz que pense assim. Na época em que éramos apenas amigos eu temia que a diferença de classe social o impedisse de se aproximar de mim. –Confessei sabendo que Jacob ridicularizaria meus pensamentos.

-Que coisa ridícula! Até parece que eu não iria me aproximar de você só por que você era rica! –Jake bufou. Eu sorri. Disse exatamente o que imaginei. –Aliás, temos que marcar a data do nosso casamento. Eu não enfiei esse anel no seu dedo para ficar de enfeite.

Acabei olhando para meu dedo anular direito onde estava a aliança dada por Jacob. Uma súbita tristeza me atingiu.

-Não temos dinheiro para pagar algo como casamento Jake. É melhor deixarmos isso para depois. –Senti os braços de Jake se apertarem ao meu redor.

-Não quero deixar para depois. Economizei uma grana e podemos fazer algo modesto, mas bonito. Você disse que queria um casamento no jardim, não foi?

-Sim. –Imaginei a cena. Certa vez assisti um filme com Jake em que a estória de amor terminava com um singelo casamento no jardim. Imediatamente eu quis isso pra mim.

-Vamos nos casar o quanto antes, eu não quero mais esperar. Não há motivos para esperarmos. Você não tem idéia do quanto eu quero assumir o papel de seu esposo.

O olhar de Jake me queimava, assim como o seu toque despreocupado. Eu sabia que tinha muito com o que me preocupar, mas naquele momento eu não queria pensar nisso. Só queria planejar minha vida ao lado daquele homem e nada mais.

Mais algumas horas... Para o fim

-MÃE! Eu gritei vendo seu corpo inerte no chão no banheiro, os pulsos cortados. Eu a peguei nos braços e chamei pelo seu nome. Ela não reagia. –MÃE! MÃE! –A chamei. Nada.

-JAKE! –Gritei sabendo que ele não havia ido embora ainda. –JAKEEEEE! –Gritei mais alto, ele veio ao meu encontro. E ele me ajudou a não perder a única da minha família que ainda restava.

Nunca imaginei que seria assim, que minha mãe tentaria o suicídio após nossa conversa antes de eu sair para a casa de Jake. Minha mãe sempre foi melodramática, mas nunca chegou a extremos. Lá estava eu no hospital, a segunda vez em menos de um ano, com Jake ao meu lado.

Jake não estava entendendo muito do que aconteceu, não como eu. Eu estava certa de que a culpa era minha. Renée viu a chance de voltar à riqueza desaparecer quando me neguei a aceitar a proposta de Carlisle e por isso tentou se matar.

-A culpa é minha... –Balbuciei e de tão desorientada que estava eu esqueci que havia decidido não contar nada.

-Bella, amor, não diga besteira! –Jacob pediu mantendo-me em seus braços. Abaixei minha cabeça ditando o chão enquanto as lágrimas vinham.

-Ela me lançou uma proposta para deixarmos a pobreza e eu não quis. Eu não sabia que ela... Que ela iria reagir assim. Eu...

-Bella, do que você ta falando? –Jake puxou meu rosto para olhá-lo, mas eu não o fiz completamente.

-Carlisle se ofereceu para comprar as empresas, quitar nossas dividas, nos ajudar. Ele quer que eu case com Edward. Eu recusei. Minha mãe ficou desesperada com minha recusa. –Murmurei esperando pela explosão que tão logo veio.

-O QUE? QUE HISTORIA É ESSA? AQUELE FILHO DA P... –Tapei a boca de Jacob.

-Pare Jake. Aqui não! –Algumas pessoas já olhavam para nós com expressões de censura. Jacob tirou minha mão de sua boca.

-Desde quando isso aconteceu? Por que não me disse Bella?

-Foi ontem à noite. Minha mãe e eu discutimos e eu fui à empresa do Carlisle dizer poucas e boas. Depois disso voltei a discutir com ela, mas nunca poderia prever que ela... –Senti um nó na garganta.

-Por que não me contou ontem?

-Não queria confusão. Eu disse não a proposta, pronto, acabou.

-Não acabou não! Bella, você deveria ter me contado isso!

Eu sabia que Jake tinha todo o direito de ficar bravo, mas Edu estava me sentindo tão fragilizada que fiquei calada, incapaz de explicar, de balbuciar algo mais. Jacob pareceu perceber que aquele não era o momento para me encher de indagações. Suspirou, tão cansado quanto eu, e me deixou aninhada nos seus braços.

-Desculpe Bells. Vamos deixar esse assunto pra depois. Ou melhor, vamos deixar isso de lado. –Ele disse na tentativa de me acalmar, mas eu sabia que não iria deixar o assunto de lado. Por que se minha mãe havia tentado se matar pela minha recusa quanto à proposta de Carlisle, o que a impediria de tentar o suicídio novamente.

...

-Mãe, por quê? –Murmurei olhando para a sua figura deitada em uma maca, pálida. Os pulsos enfaixados. Ela olhava para um ponto qualquer do teto.

-Eu não posso Bella. Por mais fútil que seja o que vou dizer, é a mais pura verdade. Eu não consigo me imaginar em outra vida, na pobreza. Eu preciso disso Bella. Se eu tiver que viver essa vida miserável eu... Eu prefiro não ficar por aqui. –Renée falava com a voz sofrível e, enquanto via a histeria deformar sua voz, eu soube que ela não estava brincando.

-Não posso fazer isso mãe. Vou me casar com o Jake, eu o amo. Entende isso? –Falei com a voz embargada, minhas mãos tremiam.

-Jake não pode fazer nada por nós. E quando ele te deixar você se arrependerá de não ter aceitado a proposta.

-Eu prefiro me arrepender disso a casar obrigada. O que é isso? Por que está me colocando na parede desse jeito? O que é isso? –Eu perguntei histérica. Mamãe não disse mais nada, fitava o nada. Eu sabia que ela não iria me ouvir e que certamente tentaria de novo se eu me casasse com Jacob. 

O desespero me tomou. Engoliu-me. Eu fiquei perdida em algum lugar que não sei.

Uma decisão precisava ser tomada.

Eu sabia que ele iria me encontrar. Como um tubarão faminto farejando sangue, Jacob iria me encontrar. Estava sentada de qualquer jeito no escritório de meu pai, muito da mobília que embelezara o lugar fora vendida para pagamento de dividas. Nossa casa sem tanto glamour, tudo que era valioso não estava mais ali. Eu não me importei. Não me importei com o que via, ou com o que poderia ver. Eu em uma casa simples de poucos cômodos, ou em um barraco. Se Jake e minha mãe estivessem comigo então tudo estaria perfeito.

Mais do que um capricho, minha decisão afetaria demais. Não seria só o luxo que eu iria perder. Serpa que eu suportaria perder o único parente que eu tinha; logo a minha mãe?

-Bells? –Jacob me chamou. Nem notei quando se aproximou e se ajoelhou diante de mim.

-Bells, o que houve? Por que saiu do hospital? Por está com essa cara? –Ele perguntava enquanto suas mãos acariciavam meus braços. Eu o olhei, apática me, perguntando quanta dor minhas próximas palavras iriam infringir. Baixei meus olhos para o chão e minha decisão saiu num rompante. 

-Ela vai se matar se eu não ceder, a minha mãe. Ela não está blefando. Então eu pensei em satisfazer o seu desejo e o de Carlisle por algum tempo. Ele não poderá desfazer o negócio caso eu me separe de Edward depois de um tempo.

Silêncio. Jacob me soltou de imediato. Eu não ousei olhá-lo.

-Eu sei o que você acabou de dizer, mas prefiro acreditar que estou enganado. Isso é alguma piada? –Pela sua voz pude sentir o quando Jake estava desnorteado.

-Não seria definitivo como disse. Uns meses, no máximo um ano. Nós poderíamos nos ver. –Eu não precisei olhar para sentir Jacob sentando ao meu lado, espiei de esguelha e notei seu olhar perdido para o piso.

Mais silêncio. Eu odiava o silêncio. Era mau sinal.

-Eu pensei que sua mãe fosse egoísta, mas o que você está me pedindo, o que fará com Edward tomando essa decisão... Você é mesmo filha dela. –Jacob murmurou. Levantou-se e saiu. Eu me deitei no chão e chorei silenciosamente.

Inexoravelmente o fim chegava

Minha mãe iria receber alta, eu iria levá-la para casa, mas antes precisava concertar a burrada que havia feito. Seguindo pela avenida em minha moto até a casa de Jake, lembrei-me de nossa conversa de ontem. Como pude pedir a ele para aceitar minha proposta?

Idéia estúpida, mas tão logo eu me desculparia. Eu não iria fazer isso comigo, com Edward e com Jake, não valia a pena. Claro que isso não significava que estava mandando minha mãe a merda com sua frescura. Eu não iria aceitar suas atitudes insanas. Interná-la, era isso o que iria fazer. Acelerei um pouco mais querendo abraçar Jake, beijá-lo, fazer amor com ele e marcar nosso casamento para ontem. As coisas iriam se resolver.

Ah, como me senti bem ao estacionar minha moto em seu gramado (ou jogá-la pra ser mais sincera)! Jake estava de folga, eu sabia. Billy não estava em casa, perfeito! Precisávamos mesmo de privacidade.

Encontrei Jake na cama, não estava dormindo. Banho tomado, deitado, olhando o teto. Ele notou minha presença, claro, mas não me olhou. Sentei na sua cama e fiquei olhando-o. Ele continuou calado.

-Sinto muito pelo que disse ontem. Fui egoísta. Eu estava desesperada, mas agora pensei melhor. Eu darei um jeito com a minha mãe e as coisas continuarão como sempre foram antes dessa proposta do Carlisle.

Jacob continuou calado. Eu esperei. Eu o magoei ontem, culpa do meu desespero. Jake subitamente sentou, seu rosto a centímetros do meu.  

-Não vou fazer você escolher entre mim e sua mãe. Eu não sou egoísta como ela. Acabou. –Jake disse e levantou-se.

-Não entendi. –Disse olhando para ele confusa. Jacob se virou e me lançou um olhar estranho, doido.

-Mas antes do fim, eu quero te sentir novamente. –Murmurou com a voz embargada. Novamente me surpreendeu. Abraçou-me apertado e me deitou na cama.

E eu não notei, perdida que estava no frenesi de senti-lo, que Jacob parecia muito mais intenso na cama por que aquela seria nossa última vez

...

-Ah, filha! Por que demorou?

Ignorando o sorriso de minha mãe e sua condição ainda delicada de saúde, eu a peguei pela gola do casaco que usava. Minha atitude rude a calou, algo muito raro. Com a voz mostrando meu cansaço físico e mental e os olhos inchados e tanto chorar, eu disse:

-Você viu o caminho pra minha felicidade e para sua e escolheu a sua felicidade. Escolha perigosa. Com isso você perde a filha. –Disse soltando-a, mostrando com o olhar todo o ódio e desespero que sentia. Eu não olhei para Renée enquanto me afastava. Eu não queria isso pra mim, mas agora estava sendo compelida a fazer a escolha que não queria.

Minha mãe me magoou e eu poderia nunca perdoá-la por ter me obrigado a aceitar a proposta.

Carlisle me magoou pensando apenas no bem do seu filho.

Jacob me magoou me deixando, ainda que fosse para o que ele achava ser o meu bem. 

...

Entrei sem cerimônia na sala de Carlisle, ele já me aguardava. Motivada pela angustia que sentia por Jacob ter me deixado, pelo ódio, por todos os sentimentos negativos que nunca pensei que iria experimentar, eu disse:

-Vim aqui só para dizer que aceito a proposta. Faça os papeis para a compra. –Disse com a voz cansada.

-Sabia decisão senhorita Swan. –Carlisle disse simplesmente. Eu saí de sua sala, estava me sentindo... Morta.


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Notas finais do capítulo

Gente feliz natal e ano novo atrasados. Tudo de bom pra vocês. Já estou escrevendo o próximo capitulo. Obrigada por este ano maravilhoso em que ganhei leitores, reviews, popularidade e amigos. Beijos meu povo e quero muitos coments! o/