Eles estavam me amedrontando, sinceramente.

Sr. Cullen me olhava enquanto escolhia quais palavras usar ou estava apenas pensando se me responderia ou não.

– Fácil, Bella. Aprendemos a sermos bons no que fazemos. Organização, preparo e insistência fez com que subíssemos na vida.

Não era isso que ele iria responder, vejo isso na forma com que ele olha para baixo e depois para mim como se estivesse mudando de ideia. Sou repórter, é óbvio que ele não revelaria seus segredos.

– Sr. Cullen, então está me dizendo que toda essa fortuna veio apenas do seu trabalho e da faculdade dos seus filhos?

Ele sorriu, sua sobrancelha se ergueu como se estivesse surpreso com o rumo da entrevista.

Continuei com mais uma pergunta, pressioná-lo seria ótimo.

– Acho que ninguém consegue ficar bilionário em cinco anos apenas com o salário ganho por seu trabalho. A não ser que ganhe na loteria. - citei. - Eu soube que foram acusados de corrupção e lavagem de dinheiro, mas isso não foi provado, então como explicaria a fortuna?

Emmett respondeu pelo pai, interrompendo-o quando ele iria falar.

– Eu tenho a academia mais frequentada do país, com várias franquias espalhadas por Seattle, Alice tem uma marca própria que é a mais famosa dos EUA, Rosalie trabalha para grandes empresas e marcas de automóveis, Jasper é o psicólogo mais procurado desta cidade, Carlisle é considerado o melhor médico que já conhecemos e Edward sabe administrar isso e investir parte de nossa fortuna em ações. Nossa família é antiga e a herança vem de anos e anos... Achei que soubesse disso, Srta. Bella, ganhamos o suficiente para o que fazemos e para o status que temos.

Fiquei quieta apenas ouvindo-o, ele deu um sorrisinho vencedor no final. Ainda não Emmett Cullen.

– Sem ajuda alguma? Vocês ajudam mais de 20 instituições de caridade, apoiam várias empresas, ajudam em campanhas políticas... Isso já vai muito dinheiro, não é?

Carlisle assentiu.

– Tudo o que ganhamos é investido nisso, mas recompensado depois. O que eu tinha que provar sobre minhas finanças já está em poder da justiça, não há mais por que se aprofundar nisto, Bella.

Ergui uma sobrancelha, ele sabia exatamente onde eu queria chegar, ele sabia que eu estava incomodada com o fato de ele ter se tornado bilionário sendo médico.

– Poderemos voltar nisso uma outra hora, mas vamos prosseguir. - peguei a folha e olhei para ele novamente. - Eu soube de uma recente visita de vocês a um orfanato e este seria o mesmo que adotou seus filhos, Sr. Cullen. Por que a súbita vontade de ajudar este orfanato agora?

Foi Esme que respondeu a pergunta.

– Eles que me mostraram meus futuros filhos por que eu não iria ajudá-los agora? Tenho recursos para isso.

Assenti.

Certamente. Pensam em adotar mais alguma criança? pergunto a ela. Esme cruza os tornozelos ponderando sua resposta.

– Claro, mas futuramente quem sabe. - responde sorrindo para Carlisle.

É constrangedor, parecia que eu estava presenciando um amor além de todas as expectativas, apenas o modo que ela olhava para ele já demonstrava um amor incondicional, acima de tudo.

– Quem eram os Cullen antes da fama? pergunto fazendo gestos com os braços, eu apertava a folha com força como se minha coragem dependesse daquele minusculo pedaço de papel.

– Os mesmos que somos hoje. Não mudamos o nosso jeito de pensar porque temos dinheiro, Bella. - ele sorriu. - Acho que de alguma forma pessoal você não gosta da minha família, mas te garanto não somos isso que imagina que seja.

Isso me pegou de surpresa, era difícil me manter neutra quando se referia a eles. Mesmo no trabalho eles me afetavam de um jeito muito negativo não sei como eu estava conseguindo fazer essa entrevista.

– Tenho meus motivos, Carlisle. - o chamei pelo nome como ele havia me pedido, dizendo seu nome era o modo informal de dizer que era pessoal o problema.

Eles ficaram me encarando de maneira que me faria corar até ficar na cor de um pimentão.

– E eu adoraria saber os seus motivos depois, Bella. - replicou.

Assenti.

– Por que voltaram a Seattle? Não gostaram de Forks? pergunto.

– Viver sempre na mesma cidade não é algo típico da nossa família, preferimos viajar e mudar de quintal sempre que podemos. Moramos muito tempo em Forks, era perfeito para nós, mas Seattle tinha o que precisávamos. - ele fez uma pausa. - Oportunidades.

– Então estão aqui apenas por trabalho? Pretende voltar a Forks futuramente?

Esme apertou a mão do marido.

– Forks foi nossa casa por muito tempo sempre há uma chance de voltarmos para lá, mas assim que terminarmos o que temos aqui.

Ela troca um olhar rápido com Edward, vi rapidamente as linhas de sua bela testa ondularem de preocupação.

Estavam escondendo algo bom.

– O que vocês tem aqui que fizeram vocês mudarem de cidade?

Jogo essa, jogar direto sempre surpreendia o entrevistado. Esme me olha, ela percebeu que eu notei quando olhou para Edward, não houve resposta alguma.

– Então acho que deva ser algo grande e sabem que eu vou descobrir.

As últimas perguntas eram sobre Edward... Meu corpo se aqueceu assim que pensei no nome dele, ele se mantinha calado durante todo o tempo, as vezes olhava para mim, as vezes se comunicava entre olhares com Alice.

– Edward. - minha voz saiu apenas um suspiro, percebi que eu não funcionava direito quando olhava para ele, eu tinha que evitar seu olhar ardente sobre mim enquanto organizava as palavras para sair de modo coerente.

– Edward eu sei muito pouco sobre você, já que é o que menos se destaca na família, mas eu soube que é o único que não tem um diploma de faculdade e nem é casado, por quê?

Minha voz é vacilante, cara como ele conseguia fazer isso comigo?

– Está interessada, Bella?

Meus olhos se arregalaram é como se ele tivesse me dado um tapa, a intensidade com que ele disse isso me acertou em cheio, vi um sorriso torto surgir em seus belos lábios... E que lábios.

Ele estava apenas querendo ser irritante, mas quem estava no comando da situação era eu, ele não podia me tomar isso. Não podia...

Abaixei meus olhos para o papel em meu colo, eu sabia que meu rosto estava ardendo, droga que constrangedor e todo mundo estava vendo isso.

Bochechas traidoras.

– Er... Ham... - pigarrei, oras para de ser idiota, Bella. - Desculpe, o que disse?

Edward se inclinou para frente.

– Se está interessada? - repetiu em uma voz aveludada. - Está surpresa pelo fato de eu não ter uma bela mulher ao meu lado como meus irmãos e nem por ter um pedaço de papel na parede?

Pigarrei novamente, como ele fazia isso? De repente ele tomou conta da situação toda em menos de 3 segundos.

Eu não podia deixar ele fazer isso.

– Estou surpresa por você ter uma grande fortuna não fazendo nada, todos eles ganham dinheiro tendo uma formação completa e um bom emprego, já você só administra tudo sem nenhum diploma e nem um emprego. E certamente estou surpresa por você sendo Edward Cullen não estar casado como o restante dos seus irmãos.

Edward sorriu intrigado.

– Tenho os meus próprios meios, Bella. Não preciso de um diploma e nem de uma mulher para isso.

Captei o que ele disse imediatamente, próprios meios? Hmm interessante. Me inclinei para frente assim como ele.

– Então está me dizendo que ganha seu dinheiro de um outro modo e que modo seria esse? É algo perigoso, Sr. Edward?

Seu olhar escureceu, eu tinha uma percepção incrível e captava nas palavras quando alguém me escondia alguma coisa ou me dizia algo que não pretendia que eu me aprofundasse. Geralmente as pessoas acham que eu sou um pouco lerda, mas quando minha curiosidade está em ação sou teimosa e persistente. Era mais ou menos como Jasper, eu conseguia lidar com as pessoas facilmente interpretando comportamentos, palavras e gestos.

– Acho que devemos parar por hoje, Bella. - Esme disse.

Sorri.

E a vitória vai para... Bella!

Me ergui estendendo a mão para ela.

– Muito obrigada pela entrevista, Sra. Cullen. - ela sorriu fraco. - Sr. Cullen, Emmett, Rosalie, Alice e Jasper.

Eles apenas acenaram com a cabeça, Sr. Cullen me estendeu a mão como Esme fez.

– Te levo até a porta. - ele disse.

Nesta hora, Edward se levantou arrumando a manga de sua blusa ele era alto nunca tinha notado quão alto ele era.

– Pode deixar comigo, pai.

Olhei surpresa para ele. Quando veio até mim não me olhou nos olhos nenhuma vez, seus olhos ainda estavam escuros, seu maxilar estava tenso como se estivesse bravo e seus lábios estavam pendendo em uma linha reta.

– Vamos? perguntou a mim sem ainda me olhar.

Peguei o gravador e a bolsa, com mais um agradecimento a família me dirigi á porta, Edward estava me seguindo, pois de alguma forma bem estranha eu estava sentindo ele atrás de mim como se houvesse um campo de energia a nossa volta que me puxasse para ele.

– Er... Obrigada pela entrevista, Sr. Cullen. - continuei andando até a ponta da escada. Mas senti os dedos frios dele sobre o meu pulso, me parando.

– Você tem noção do que está fazendo? pergunta sem rodeios.

Me virei assustada com a aproximação, ele não escondia mais a raiva apenas no olhar, mantinha a voz baixa e fria.

– Estou apenas fazendo o meu trabalho, Sr. Cullen. - respondi e fiquei contente por não ter gaguejado.

Edward abaixou o olhar, me examinando inteiramente.

Eu tremi.

Ele era um homem mau e era para eu ter medo dele e sinceramente eu estava tendo.

– Corta essa de Sr. Cullen. Só digo uma coisa, Bella... - a voz dele era fria assim como seus dedos e isso fez eu me paralisar como se ele estivesse me congelado por dentro. - Fique longe de nós. Não queira entrar nessa apenas deixe tudo como está, vai ser melhor para todo mundo inclusive pra você.

Meu coração se acelerou, ele estava falando sério, muito sério.

– Está me ameaçando, Edward?

Ele sorriu torto.

–Se quiser levar desta forma... - e então ele se afastou exibindo aquela fachada perfeita e sensual de antes. - Tenha um bom dia, Bella e dirija com cuidado.

Ele bateu os dedos na lateral da testa como um soldado antes de fechar a porta, eu corri para a caminhonete me trancando lá dentro, soltei todo o ar que prendia e levei as mãos a cabeça. Que diabos havia acabado de acontecer? Eu fui ameaçada por Edward Cullen!

Ele me deixa incapacitada, me faz tremer na base e realmente me assustou agora. Eu estava ferrada, provavelmente estava na lista negra dos Cullen.

Respirei fundo e liguei a caminhonete caindo fora dali rapidamente, eu nunca havia sido ameaçada em toda a minha vida e nem lidei com valentões e muito menos com garotos, geralmente eles não chegavam perto de mim.

Não voltei para BNW, eu estava um pouco temerosa a mostrar aquilo para Jane ou para o Eric...

Cheguei em casa em tempo recorde, minha caminhonete quase faleceu em meio ao meu desespero, não é atoa eu estava um pouco fora da base.

Assim que fechei a porta e a tranquei desmoronei no sofá, nada era melhor do que estar em casa e ainda mais sem testemunhas da minha ruína.

Eu precisava de um banho e de algo para ler, isso me acalmaria e eu poderia ignorar o que ele disse.

Enquanto subia eu me perguntava: Quem ele pensava que era para me dizer o que fazer ou não fazer?

Ele não era nada pra mim, assim como a família dele, bando de influenciadores!

Assim que eu fui para o banho eu decidi...

Eu saberia quem Edward era, nem que para isso eu fosse presa ou despedida esse homem estaria nas minhas mãos.

Acordei no meio da noite suando e ofegante... Eu tive um sonho com Edward Cullen. Parecia que aqueles olhos dourados escuros estavam ali agora e suas mãos ainda presas em meus pulsos firme e forte.

Segurei meus pulsos por reflexo, eu não conseguia tirá-lo da cabeça.

Você está interessada, Bella. Minha respiração falhou em um milésimo de segundo, sua voz aveludada quando disse isso fez tudo em mim se alterar, era como se ele soubesse exatamente o que me afetava e usasse isso. E olha que não trocamos mais do que provocações e ameaças... Mas eu não podia negar, tudo nele me afetava, ele era a incarnação da beleza.

Peguei o telefone e olhei a hora, ainda era 3 da manhã então voltei a cabeça no travesseiro passando a mão no cabelo para voltar a dormir.

– Droga. - murmurei. - Preciso dar um jeito nisso.
Corri os dedos pelo travesseiro o agarrando firme e tentei não pensar em mais nada até conseguir adormecer, desta vez sem o par de olhos dourados me ameaçando neles.

– Me diga como conseguiu isso?

Eric estava boquiaberto com a minha entrevista apesar de que mais irritei a família do que fiz eles responderem.

– Eles são muito perfeitos, parece que não se movem sem o outro é bem estranho isso sim. - respondo apertando a tampa da caneta entre os lábios, frustrada com o que ocorreu ontem.

Eric estava surpreso.

– Mostre isso para a Jane já, aposto que assim como você ela vai querer saber mais sobre o que os Cullen estão fazendo em Seattle e o que Edward Cullen guarda em segredo.

Eu não sabia se contava a Eric ou não sobre o que Edward disse quando o gravador não estava ligado.

Assenti e me levantei levando o gravador e as anotações da entrevista para Jane. Na porta da sua sala bati uma vez antes de ela gritar um “entre!”.

Jane estava digitando rapidamente no teclado e nem olhou para mim, olhava para a tela.

– Não tenho o dia todo, Bella. - diz azeda e enfim ergue o olhar para mim. - Me diga logo o que quer.

Me sentei na cadeira em frente a ela e coloquei o gravador e as folhas em cima da mesa com todo o cuidado. O olhar de Jane já mudou da tela do computador para o gravador em sua mesa e seu interesse em falar comigo também.

– Ora, ora... Entrevista com os Cullen imagino. - sua voz já tinha um tom diferente, ela estava maravilhada.

Sim, senhora. Está tudo aqui gravado.

Entreguei a ela os fones de ouvido e Jane começou a escutar. Nunca pensei que sentiria tanto frio na barriga como estava sentindo agora, eu ficava observando o rosto de Jane, mas era inexpressivo, pouco se podia saber do que ela estava achando. Uma hora e pouco depois ela tirou os fones e apoiou novamente o rosto nas mãos.

– Bem, Bella... - ela suspirou. - Acho que lhe dei um peixe grande, garota. Foram perguntas simples, você os cutucou e teve a resposta que procurávamos. Parabéns.

Sorri em satisfação, minha primeira aprovação da Srta. Carrancuda aqui.

– Mas Bella, ainda não acabou. - ela diz e afasta a cadeira para me encarar melhor. - Você conseguiu entrar no território da fera e cutucá-la, agora terá que domá-la para conseguir exatamente o que nós queremos. Quero esse segredo nas minhas mãos até o final do mês.

– Preciso que se aproxime de Edward Cullen, faça ele abrir mão desse segredo por você, faça o que for preciso, mas a BNW precisa dessa notícia. Sei que também está curiosa com isso.

Ela dá um sorriso cúmplice, antes de Jane dizer que queria o segredo a todo custo eu já estava com isso na cabeça, eu precisava saber o que esse homem era e o que escondia.

– Você quer esse segredo, Jane... - me levantei. - Então o terá.

Me virei e sai de sua sala.

Edward Cullen que me aguarde.

Eu estava almoçando no restaurante de sempre quando ele entrou despreocupado pela porta. Estava com um casaco de moletom preto e de touca, mas era inconfundivel aquele rosto. A atendente no balcão ficou boba e paralisada no instante que viu quem era, ele fez um gesto para ela se manter calada e ela obedeceu. Ele era persuasivo, só de você olhar naqueles olhos dourados você já caia nos pés dele.

Edward pagou a moça e pegou sua bebida no balcão assim que ele se virou seu olhar cruzou com o meu, primeiro eu vi surpresa nos olhos dele e depois vi perversidade e malícia.

Não venha para cá, não venha para cá...

Suspirei, ele já estava andando em minha direção.

– Nos encontramos novamente, Bella. - diz enquanto sorri.

O desgraçado está sorrindo como se não tivesse me ameaçado ontem.

– Infelizmente. - digo. - Está me seguindo para ver se me mantenho longe o suficiente de você?

Edward ri, era o som mais gostoso do universo.

– Não estou te seguindo, benzinho. Mas creio que vamos nos divertir bastante agora que estamos a sós.

Seu sorriso era sexy e sua voz aveludada. Meu corpo tremeu.

– Veio relembrar suas ameaças, Edward? pergunto.

Ele riu baixinho.

– Se for uma boa garota vai seguir o meu conselho. - ele aproximou seu rosto do meu. - Se for uma garota rebelde vou ter que dar um jeito na sua rebeldia, benzinho... - ele fez uma pausa dramática e excitante, ergueu o olhar calmamente para mim, seus olhos ardendo sobre os meus.

– Do pior jeito.