Marcas da Meia Noite escrita por LunaLótus
Notas iniciais do capítulo
POV Mitchel
"Olho para ela. Incrivelmente linda e simples, com seus olhos verdes que parecem ver minha alma. E de uma forma meio louca, confio nela. Mesmo que essa garota diga coisas sem sentido, impossíveis. Porque é como se uma porta tivesse se aberto em mim. E essas "coisas sem sentido" são as que mais parecem reais agora."
– Um o quê? - pergunto. De onde ela tirou aquilo?
– Um Conjurador.
– Eu nunca jurei nada!
Ela ri. Por um momento, penso que isso tudo é uma grande brincadeira, mas então Liz volta a ficar séria e olha para mim.
– Um Conjurador é alguém que tem magia no sangue, como a família do seu pai. Eu sou uma Conjuradora.
– Prove - digo.
– Olhe em volta, Mit - ela me pede e eu corro o olhar pelo espaço tranquilo. - Este lugar existe por minha causa.
Paro por um instante. Aquilo só pode ser uma pegadinha. Levanto-me.
– Eu vou embora - declaro e saio andando.
É muita loucura para mim. Isso não é real, não é real.
Liz é como as pessoas da família do meu pai. E foi por isso que nós nos afastamos. Por isso que meu pai não queria ter contato com eles. Porque são um bando de loucos!
– Mitchel - ouço a voz dela, suplicante. - Me ouça.
Eu não sabia que encontraria você, Mitchel, mas isso não é coincidência, não pode ser. Não há coincidência dentre os da nossa espécie.
– ISSO NÃO É REAL! - grito.
É real, Mitchel. Como eu estaria falando com você agora? Desculpe-me, mas não há uma forma melhor de dizer. Você precisa saber de tudo o quanto antes, porque...
– DEIXE-ME EM PAZ!
Mit. Por favor. Confie em mim. Eu sei que... Eu sei que eu posso ajudá-lo.
Essa última palavra dela desencadeia uma enxurrada de lembranças minhas, coisas que eu nem sabia que existia.
Eu tinha três anos. Uma mulher chegou na porta da minha casa e minha mãe começou a discutir com ela. A senhora queria que eu a seguisse, mas minha mãe disse que não. Então a mulher disse que minha mãe não poderia me proteger do destino.
Quatro anos. Um rapaz, de no máximo dezoito anos, esteva na minha casa. Ele tentava argumentar com a minha mãe, e ela chorava. O moço disse que, quando chegasse a hora, ela não poderia impedir o destino.
Cinco anos. Duas mulheres vestidas de preto estavam na nossa sala de estar. E elas começaram a gritar com a minha mãe. O ar ficou denso e escuro, a janela se estilhaçou sem que ninguém a tocasse e a lareira se acendeu sozinha, as chamas verdes.
E então eu e minha mãe fugimos.
Não percebo que estou ajoelhado no chão, enquanto as lágrimas escorrem por meu rosto. Meu olhar está fixo num ponto a frente, mas só agora eu o vejo. Estou confuso, sem saber direito o que aconteceu. É quando sinto a mão de Liz sobre o meu ombro.
– Mit. Deixe-me ajudá-lo. Eu posso ajudar você. Podemos descobrir tudo. Por favor.
Olho para ela. Incrivelmente linda e simples, com seus olhos verdes que parecem ver minha alma. E de uma forma meio louca, confio nela. Mesmo que essa garota diga coisas sem sentido, impossíveis. Porque é como se uma porta tivesse se aberto em mim. E essas "coisas sem sentido" são as que mais parecem reais agora.
Por isso assinto com a cabeça.
– Venha, precisamos conversar com uma pessoa.
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Liz me conduz por uma estrada sinuosa e acabamos em uma espécie de pântano. Ela diz que devemos andar, por isso deixo o carro em uma sombra por perto. O sol fica cada vez mais forte, o que indica que é quase meio dia. Por incrível que pareça, ainda não estou com fome.
– Para onde estamos indo? - pergunto, enquanto atravessamos a lama.
– Conversar com uma pessoa.
É quando vejo uma placa no chão.
– Num cemitério? - indago, surpreso.
Liz vira-se para mim, séria.
– Estamos entrando num território sagrado, então é melhor ter respeito, se não quiser que sua cama amanheça cheia de baratas.
– Ok, estou calado - respondo, erguendo as mãos.
Volto a segui-la. Depois de um tempo, percebo que vai ficando muito escuro, como a noite. Seguro o braço de Liz para não me perder.
– O que aconteceu? - pergunto.
– Eles não irão falar conosco nessa claridade, não é?
Olho para o céu, boquiaberto.
– Você fez isso?
Mas ela apenas dá de ombros. Em alguns segundos, ela pede para que eu pare.
– Aqui - diz.
– O que há...? - começo, mas ela tapa a minha boca com a mão.
– Silêncio! - sussurra, e então volta-se para frente.
Liz fecha os olhos e respira fundo algumas vezes. Um arrepio desce por minha coluna. Sei que ela não tentará nada contra mim, mas ainda assim, sinto medo. Liz parece sentir, pois segura a minha mão, o que me tranquiliza um pouco.
Então ouço um leve farfalhar nas folhas e passos inesperadamente leves. Espero para ver se é algum animal, mas não há nada. Começo a ficar inquieto. O que há aqui, afinal?
É quando Liz levanta a minha mão, apontando na direção de algo. E eu finalmente vejo.
– Mas o quê...?
– Shh...
O ser, ou seja lá como aquela coisa possa se definir, aproxima-se de nós devagar, quase como se estivesse flutuando.
– Amma - cumprimenta Liz.
– Liz! - diz a mulher em forma de espírito.
Sim, a mulher é um espirito.
– Você não me falou que pode invocar espíritos... - digo, baixinho, para Liz.
– Posso fazer muitas coisas - ela diz para mim, e então se vira para o fantasma. - Amma, este é Mitchel Wight.
Amma olha para mim e vejo pesar em seus olhos.
– Ah, sim... Sim... É uma pena.
– É ele?
– Sim, minha pequena, é ele.
– Ele o quê? - interrompo. - Gente, eu estou aqui ainda, viu? Por favor, podem me explicar o que está acontecendo.
– Sinto muito, Mit - diz Liz.
– Como assim, sinto muito?
– Eu descobri que você é um Conjurador por seu sobrenome, Mit. A sua família é famosa.
– Famosa?! Não, não, vocês devem ter se enganado.
– Não, menino, eu posso ver você. Você carrega.
– Carrego o quê? Por que minha família é famosa?!
– Sua família é famosa porque...
Liz para e olha para Amma, que acena com a cabeça. Então respira fundo e continua:
– Sua família carrega uma maldição, Mit. E você também. E não há nada que possa quebrá-la. Eu sinto muito.
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E então, o que acharam?
Agradeço a todos que estão comentando! Não lembro do nome de todos, mas vocês sabem a quem me refiro!
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