Marcas da Meia Noite escrita por LunaLótus


Capítulo 7
Sinto muito


Notas iniciais do capítulo

POV Mitchel

"Olho para ela. Incrivelmente linda e simples, com seus olhos verdes que parecem ver minha alma. E de uma forma meio louca, confio nela. Mesmo que essa garota diga coisas sem sentido, impossíveis. Porque é como se uma porta tivesse se aberto em mim. E essas "coisas sem sentido" são as que mais parecem reais agora."



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– Um o quê? - pergunto. De onde ela tirou aquilo?

– Um Conjurador.

– Eu nunca jurei nada!

Ela ri. Por um momento, penso que isso tudo é uma grande brincadeira, mas então Liz volta a ficar séria e olha para mim.

– Um Conjurador é alguém que tem magia no sangue, como a família do seu pai. Eu sou uma Conjuradora.

– Prove - digo.

– Olhe em volta, Mit - ela me pede e eu corro o olhar pelo espaço tranquilo. - Este lugar existe por minha causa.

Paro por um instante. Aquilo só pode ser uma pegadinha. Levanto-me.

– Eu vou embora - declaro e saio andando.

É muita loucura para mim. Isso não é real, não é real.

Liz é como as pessoas da família do meu pai. E foi por isso que nós nos afastamos. Por isso que meu pai não queria ter contato com eles. Porque são um bando de loucos!

– Mitchel - ouço a voz dela, suplicante. - Me ouça.

Eu não sabia que encontraria você, Mitchel, mas isso não é coincidência, não pode ser. Não há coincidência dentre os da nossa espécie.

– ISSO NÃO É REAL! - grito.

É real, Mitchel. Como eu estaria falando com você agora? Desculpe-me, mas não há uma forma melhor de dizer. Você precisa saber de tudo o quanto antes, porque...

– DEIXE-ME EM PAZ!

Mit. Por favor. Confie em mim. Eu sei que... Eu sei que eu posso ajudá-lo.

Essa última palavra dela desencadeia uma enxurrada de lembranças minhas, coisas que eu nem sabia que existia.

Eu tinha três anos. Uma mulher chegou na porta da minha casa e minha mãe começou a discutir com ela. A senhora queria que eu a seguisse, mas minha mãe disse que não. Então a mulher disse que minha mãe não poderia me proteger do destino.

Quatro anos. Um rapaz, de no máximo dezoito anos, esteva na minha casa. Ele tentava argumentar com a minha mãe, e ela chorava. O moço disse que, quando chegasse a hora, ela não poderia impedir o destino.

Cinco anos. Duas mulheres vestidas de preto estavam na nossa sala de estar. E elas começaram a gritar com a minha mãe. O ar ficou denso e escuro, a janela se estilhaçou sem que ninguém a tocasse e a lareira se acendeu sozinha, as chamas verdes.

E então eu e minha mãe fugimos.

Não percebo que estou ajoelhado no chão, enquanto as lágrimas escorrem por meu rosto. Meu olhar está fixo num ponto a frente, mas só agora eu o vejo. Estou confuso, sem saber direito o que aconteceu. É quando sinto a mão de Liz sobre o meu ombro.

– Mit. Deixe-me ajudá-lo. Eu posso ajudar você. Podemos descobrir tudo. Por favor.

Olho para ela. Incrivelmente linda e simples, com seus olhos verdes que parecem ver minha alma. E de uma forma meio louca, confio nela. Mesmo que essa garota diga coisas sem sentido, impossíveis. Porque é como se uma porta tivesse se aberto em mim. E essas "coisas sem sentido" são as que mais parecem reais agora.

Por isso assinto com a cabeça.

– Venha, precisamos conversar com uma pessoa.

************************************************************

Liz me conduz por uma estrada sinuosa e acabamos em uma espécie de pântano. Ela diz que devemos andar, por isso deixo o carro em uma sombra por perto. O sol fica cada vez mais forte, o que indica que é quase meio dia. Por incrível que pareça, ainda não estou com fome.

– Para onde estamos indo? - pergunto, enquanto atravessamos a lama.

– Conversar com uma pessoa.

É quando vejo uma placa no chão.

– Num cemitério? - indago, surpreso.

Liz vira-se para mim, séria.

– Estamos entrando num território sagrado, então é melhor ter respeito, se não quiser que sua cama amanheça cheia de baratas.

– Ok, estou calado - respondo, erguendo as mãos.

Volto a segui-la. Depois de um tempo, percebo que vai ficando muito escuro, como a noite. Seguro o braço de Liz para não me perder.

– O que aconteceu? - pergunto.

– Eles não irão falar conosco nessa claridade, não é?

Olho para o céu, boquiaberto.

Você fez isso?

Mas ela apenas dá de ombros. Em alguns segundos, ela pede para que eu pare.

– Aqui - diz.

– O que há...? - começo, mas ela tapa a minha boca com a mão.

– Silêncio! - sussurra, e então volta-se para frente.

Liz fecha os olhos e respira fundo algumas vezes. Um arrepio desce por minha coluna. Sei que ela não tentará nada contra mim, mas ainda assim, sinto medo. Liz parece sentir, pois segura a minha mão, o que me tranquiliza um pouco.

Então ouço um leve farfalhar nas folhas e passos inesperadamente leves. Espero para ver se é algum animal, mas não há nada. Começo a ficar inquieto. O que há aqui, afinal?

É quando Liz levanta a minha mão, apontando na direção de algo. E eu finalmente vejo.

– Mas o quê...?

– Shh...

O ser, ou seja lá como aquela coisa possa se definir, aproxima-se de nós devagar, quase como se estivesse flutuando.

– Amma - cumprimenta Liz.

– Liz! - diz a mulher em forma de espírito.

Sim, a mulher é um espirito.

– Você não me falou que pode invocar espíritos... - digo, baixinho, para Liz.

– Posso fazer muitas coisas - ela diz para mim, e então se vira para o fantasma. - Amma, este é Mitchel Wight.

Amma olha para mim e vejo pesar em seus olhos.

– Ah, sim... Sim... É uma pena.

– É ele?

– Sim, minha pequena, é ele.

– Ele o quê? - interrompo. - Gente, eu estou aqui ainda, viu? Por favor, podem me explicar o que está acontecendo.

– Sinto muito, Mit - diz Liz.

– Como assim, sinto muito?

– Eu descobri que você é um Conjurador por seu sobrenome, Mit. A sua família é famosa.

– Famosa?! Não, não, vocês devem ter se enganado.

– Não, menino, eu posso ver você. Você carrega.

– Carrego o quê? Por que minha família é famosa?!

– Sua família é famosa porque...

Liz para e olha para Amma, que acena com a cabeça. Então respira fundo e continua:

– Sua família carrega uma maldição, Mit. E você também. E não há nada que possa quebrá-la. Eu sinto muito.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Agradeço a todos que estão comentando! Não lembro do nome de todos, mas vocês sabem a quem me refiro!
Obrigada!
Quero reviews ♥
Beijoos



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