Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 28
Tão longe




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As memórias aos poucos iam me acertando, deixando-me confusa, porém também esclarecendo muito que eu ainda não compreendia. Levantei-me vagarosamente dos braços de Caius, sua mão permaneceu pousada gentilmente em minhas costas, em um ato de carinho que a muito eu não presenciava. Olhei para os lados e notei que ele estava ali, me observando cuidadosamente, sem se aproximar. Senti meu peito ferver, estava ao meio de uma grande confusão, que precisava esclarecer antes que o ardor me consumisse.

– Está tudo bem agora... - Caius sussurrou aproximando seu rosto do meu. Anael por sua vez, estendeu-me sua mão. Corri a minha sobre a sua, puxou-me em sua direção até que eu me colocasse de pé... bem próxima a ele, sentindo seu calor penetrar-me intensamente.

– Está tudo bem agora... - Repetiu a sentença que Caius a pouco havia me dito. Abri um sorriso enquanto recebia seu beijo na testa e aos poucos me afastei.

– É ... estranho... - Disse, abraçando-me.

A lua já não mais estava coberta de sangue, porém, eu ainda podia sentir sua energia pairar ao nosso redor... aquilo me dava forças e me fazia permanecer de pé. Comecei a caminhar em direção a praça de Volterra, sabendo que os dois me seguiriam, o fizeram em silêncio, mas o fizeram. Eu não sabia o que deveria os dizer, não sabia para que lado de mim apelar, apenas sabia que haviam duas de mim, em um só corpo. Eu me lembrava com clareza de ser Emma, eu sou Emma, mas não posso renegar Makena, mesmo que tenha sido apenas um nome por uns dias.. eu havia visto, feito coisas que me mudaram, coisas que me tornaram... Makena. Era estranho ver tudo com uma tremenda nitidez, jamais soubera como eles viam, agora com os olhos de uma vampira, mesmo não mais sendo uma novata, é como se tudo tivesse voltado a ser muito novo.

Parei diante a atrocidade que via... Caius rapidamente se colocou ao meu lado, puxando-me para si pela cintura e mantendo meu corpo preso ao seu. Cobri a boca com a mão, não pude conter meu susto, era horrível. Haviam milhares de corpos despedaçados, corpos, cabeças, braços e pernas de diferentes vampiros, uns em chamas, outros apenas rachando feito mármore, gelo rompido. Outros acordavam confusos, como se despertassem de um sono profundo. Aro e Marcus não demonstravam nada, apenas permaneciam quietos, lado a lado, porém seus olhos rapidamente encontraram Caius e pude notar um certo temor. Pude ver claramente, uma belíssima mulher, trajada em vermelho como uma verdadeira rainha, cabelos castanhos, olhos profundamente vermelhos, ainda mais linda do que sua figura fantasmagórica e muito mais real.

– Linda...- Disse em um suspiro e como se ela pudesse me ouvir, abriu um sorriso em agradecimento.

– Quem ? - Perguntou Caius sussurrando em meu ouvido. Olhei confusa para Lilith, mas esta me fizera um sinal de silêncio sobre os lábios e não sei porque, me calei.

– A lua... - Virei minha cabeça para cima- Parece melhor do que olhar para isso...

– Tenho algo muito mais belo para observar...- Sorriu, segurando meu queixo de maneira que meus olhos encontrassem os seus.

– Aro - Disse depois de notar que ele nos observava cada vez mais intensamente. - O que houve ?

– O que podíamos esperar - Deu de ombros enquanto observava a catástrofe com um olhar de desgosto. - Limpem a bagunça - Gritou aos cantos sabendo que os certos o escutariam. - Voltemos para dentro que em breve será dia . - Tão frio quanto sempre.

– Foi uma grande perda ? - Perguntou Caius passando a andar ao lado de seus irmãos, deixando-me só com Anel.

– Ela sempre nos surpreende - Disse, também desgostoso.

– Quem é Samantha ? - Cruzei os braços o olhando nos olhos.

– Se eu a chamasse de Emma, não apenas você levaria um choque, como atrairia atenções indesejadas - Revirou os olhos enquanto abria um sorriso. - Fico feliz em saber que aqui... ainda há espaço para mim - Disse, pousando delicadamente sua mão em meu peito.

– Pouco antes de despertar, me lembrei da primeira vez que ficamos juntos - O lembrei.

– Foi lindo anjo - Disse, em seu tom galanteador.

– Sim, mas quando aquilo aconteceu, eu não sabia muito além do seu nome e ainda não sei muito mais do que isso. - Era estranho me lembrar que eu havia perdido minha virgindade com um desconhecido na primeira vez que eu o vi, porém, assim como nas vezes em que o beijei, fui dominada pela profunda e inexplicável ligação que possuímos... na época eu ainda não conhecia Caius.

– Nossas almas se conhecem a muito...

– Dormiu comigo e sumiu, apenas tornando a aparecer quando eu já havia me transformado. - O lembrei, agora levemente enfurecida. - Não sei se vinha facilitando o caminho para você, mas agora... considere-se com menos do que antes - Bati o dedo em seu peito e segui adiante.

Havia muito dele que eu precisava conhecer, algumas coisas eu tentaria arrancar aqui ou ali de seus olhos, mas o resto eu sentia que teria de ir um pouco mais afundo. Ele havia aparecido do nada, um guerreiro misterioso com o poder de me controlar em um estalar de dedos, sumido da mesma maneira e então retornado dizendo a todos que era meu noivo. Eu sabia quem era, sabia meu nome, sabia de muito, mas continuava sem muitas das respostas que precisava. Eu podia sentir o sorrir por minhas costas, pelo pouco que conhecia dele, ele havia se divertido com aquilo e ao menos sabe que sua postura de bom moço não cola mais.

– Makena! - Aro gritou-me quando pretendia passar por ele, fazendo-me pular de susto.

– Sim - Disse, voltando-me para ele. Eu estava nervosa, não sabia se ele notaria alguma diferença.

– Fez um bom trabalho esta noite... escolha interessante ao acrescentar sangue - Eu sabia que estava desconfiado, eu podia sentir em suas palavras, porém ele não podia afirmar nada, nem me culpar por nada.

– Eu agradeço - Curvei brevemente a cabeça e segui para dentro.

Olhei para Theo, lembrando-me rapidamente da dor consumidora que ele me causara. Caius tornou a aparecer como uma sombra, suas mãos novamente em mim puxando-me para mais perto. Enquanto andávamos rapidamente, quase flutuando, olhei uma ultima vez para aquele vampiro, havia algo nele... E então, fui levada até o meu quarto, onde eu sabia que não seria deixada sozinha.


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