Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 29
Emma's Lullaby




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Eu me lembrava da primeira vez que tinha o visto, eu estava pronta para ser seu alimento, oferecida pelo meu povo como uma oferta de paz para os frios. Era um vampiro de verdade diante de mim, assim como nas histórias de terror que meu povo costuma contar, porém, muito mais belo. A lua estava cheia e parecia nos observar curiosamente, futuros amantes que mal sabiam o futuro que os aguardavam. Ele estava iluminado pela luz da lua prateada, seus cabelos dourados contra o vento, compridos e esvoaçantes, sua pele incrivelmente pálida brilhando intensamente com a luz natural que nos cobria, seus olhos vermelhos cheios de desejo, famintos, em uma ardência extremamente atraente. Seu olhar me penetrou, observando-me a distância, me senti nua diante a ele e imediatamente, fiquei feliz por ter colocado o meu mais belo vestido. Caminhei vagarosamente em sua direção vislumbrada, observando um sorriso misterioso e sombrio, surgir em seus lábios.

Ele se aproximou, tão rapidamente que meus olhos não puderam nem o acompanhar, colocou-se a uma mínima distância de mim, seu perfume era tão forte e atraente quanto o de uma rosa da qual não se pode tocar. Deitou-me delicadamente em seus braços, mantive meus olhos presos aos seus, a morte mais bela ... Esperei por seu beijo que silenciaria a minha vida, seus lábios se aproximaram de meu pescoço, pude sentir sua respiração doce e quente tocar minha pele, fechei meus olhos e então senti seus dentes roçando a fina pele de meu pesço. Ele amordiscou gentilmente e em seguida depositou um demorado beijo sobre o local, seus lábios frios, porém muito macios e quando notei, ele havia deixado-me sozinha, deitada a grama, o corpo ainda protestando por não mais sentir o dele, porém, viva... muito viva.

Passei a procurar incansávelmente por meu vampiro, passei a vagar pela floresta, meu povo quando viu que eu estava viva, não me aceitou mais, alegaram que eu havia quebrado um acordo milenar ao me " recusar " a ser morta e que havia os colocado em perigo, minha mão chorou, meus irmãos também, mas ninguém me defendeu. Eu passei noites a planície que havia o encontrado pela primeira vez, porém com o tempo, perdi as esperanças, passando apenas a desejar que qualquer animal selvagem viesse me tirar a vida. Dançava durante o dia, a noite ficava em uma cabana abandonada, me banhava no lago e sobrevivia com o que encontrava para comer. Sozinha. Eu sempre havia sido uma boa garota, minha vó sendo uma das melhores curandeiras do nosso povoado, me ensinou tudo que eu precisava saber para curar desde uma infecção a uma séria hemorragia, estudei até onde pude, como qualquer garota como eu e de vez em quando aprendia uma coisa ou outra da medicina da cidade grande, eu era esperta.

Passei a trabalhar no hospital de Volterra, o lugar era pequeno e precisava de ajuda, de qualquer uma que encontrassem. Eu era inexperiente, não havia convivido com outras pessoas do mundo a fora, porém com o tempo, mesmo tendo apenas dezessete anos, já havia como uma médica formada que conseguia tirar alguns trocados para comer. Eu não esperava vê-lo quando o vi. Tomava banho no lago, tendo apenas minhas longas mechas de cabelo para cobrir meus seios, deixei que meu corpo flutuasse sobre a água, o ignorando, sem me importar que me visse completamente nua, eu sabia que ele iria embora novamente. Quando saí, ele ainda me observava, com os olhos vidrados em mim, sem sequer desviar, passei por ele o reverenciando e segui com o meu caminho. Me vesti e então, ao sair de casa, ele me aguardava a porta de minha cabana.

– Não sabia que era independente de sua tribo - Era a primeira vez que ouvia sua voz e não pude deixar de ficar maravilhada, era como melodia, uma melodia que eu poderia escutar por séculos sem me cansar.

– Você me devolveu - O respondi, sem deixar transparecer o que eu sentia. - Não fui mais aceita ... sou carne ruim ... - Dei de ombros o vendo sorrir.

– Eu não sabia que seria dessa maneira... - Disse ainda com um sorriso nos lábios, sem se importar nem um pouco. Frio.

– Eu também não... - Disse abrindo um sorriso. - Eu não me importo, nunca gostei da vida que levava dentro dos muros, fez-me um favor senhor...- Curvei brevemente a minha cabeça sorrindo. Antes de ir embora , voltei-me para ele. - Por que me poupou ?

– Não estava com fome... - O olhei curiosa. Me aproximei, o observando ficar intrigado com o que eu faria em seguida. Ele não esperava, nem eu, mas por impulso, permiti que meus lábios tocassem os seus o puxando em seguida para um beijo muito mais envolvente, ele não recuou mas pude notar que seus lábios se recusavam a provar cada vez mais de mim. - Não - Disse empurrando-me delicadamente... suspirando profundamente, como se sentisse dor.

– Por que não ?

– O seu cheiro... o seu sabor ... - disse com os olhos hipnotizados enquanto acariciava meus lábios com o seu polegar. - É tentador demais...

– Então não diga que não tinha fome - Abri um sorriso provando minha teoria. - Por que me poupou ? - O olhou curioso, porém agora trazia um sorriso nos lábios, sabia que havia sido pego.

– Eu não consegui - Disse enfiando as mãos nos bolsos de sua calça - É muito mais humilante admitir isso...

– Pelo contrário... me deixa muito mais satisfeita ... Emma - Disse lhe atirando a mão.

– Me beija e este é o seu cumprimento ? - Abriu um sorriso divertido. - Caius - Disse apertando minha mão.

Naquela noite, havíamos passado horas conversando e quando a luz do sol surgiu, eu pude ver a coisa mais bela que já havia visto em toda a minha vida, porém ele teve de ir. Suas visitas se tornaram cada vez mais frequentes e ao passo que eu o conhecia cada vez mais, fui me tornando mais e mais atrevida, roubando um beijo aqui e ali, uma carícia, um carinho, até que essas coisas se tornaram naturais e nos tornamos amantes... tudo parecia completamente bem, eu era dele, ele era meu ... quando...

– Emma - Puxou-me de meus devaneios. Eu havia completamente esquecido que ele estava ao meu lado. - No que pensa ?

– É bom me recordar das coisas que antes eu não me lembrava - Disse sorrindo - E é muito estranho ser chamada de Emma.

– Sério ? - Perguntou arqueando uma sobrancelha. - Para mim é um nome tão doce ... Emma ... - Sussurrou próximo ao meu ouvido. Colou sua testa a minha, nossos lábios tão próximos...

– Makena - Sussurrei abrindo um sorriso - Chame-me de Makena - Ele parecia confuso. - Eu não sou mais a humana por quem se apaixonou, eu mal me recordo de como era ser ela... mas por outro lado, recordo-me do quanto machucou-me como vampira. - Ele estava completamente perdido em minhas palavras.

– Emma...

– Makena! - Disse me levantando.

– Eu não me apaixonei por Makena - Disse, rebatendo minhas palavras, provavelmente já enfurecido com a minha teimosia.

– Então infelizmente... não me apaixonarei por você - Disse, deixando o quarto dele.

Eu agora entendia completamente o sentimento ardente e consumidor em meu peito que sentia por ele, porém, eu não mais poderia ser aquela frágil agora. Eu havia aprendido coisas, eu havia mudado, renascido como vampira, Emma está morta, restando apenas uma vampira confusa que agora sabe de onde veio.


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