Como já era tradição, o grupinho da Sonserina passava a última semana de férias na imponente Mansão Malfoy. Lucius e Narcisa se orgulhavam de receber os amigos dos “filhos” com tudo do bom e do melhor do mundo bruxo. Se orgulhavam, principalmente, dos filhos estarem se relacionando com as pessoas certas. Eram amigos de ex-comensais, sangues puros e ricos. Não tão ricos quanto os Malfoy, é verdade, mas o bastante para fazer parte de seu seleto grupinho.

Por conta da forma de pensar da família, Draco e Valerie decidiram que era melhor manter em segredo a amizade da morena com a Grifinória nascida trouxa.

Só que o segredo dos dois foi por água abaixo durante o primeiro jantar da turma na mansão. A morena já estava irritada por Pansy Parkinson ter sido convidada para ficar em sua casa por uma semana. A irritação só aumentou com que Pansy falou assim que a sobremesa foi servida pelos elfos domésticos.

– Valerie, a sua amiga Hermione Granger não vai se juntar a nós essa semana?

– Granger? – indagou Lucius largando ruidosamente seu garfo – Esse não é o nome da sangue ruim amiga do Potter?

– Essa mesma, Tio Lucius – respondeu Pansy com um sorriso provocativo – Pelo visto Valerie teve algum desvio de caráter para fazer amizade com essa gentinha inferior.

Todos os outros ficaram quietos. Tinham medo até de respirar um pouco mais forte e acabar sobrando para eles. Os Malfoy começaram um série de lamentações sobre onde haviam errado na criação da menina, o que a mãe dela ia pensar, se ela não tinha vergonha de manchar o nome da família e outras coisas do tipo.

Pansy ria de orelha a orelha. Valerie queria voar no pescoço dela, mas sabia que isso não ia adiantar de nada (apenas ficaria feliz de acabar com a vida da garota assim como Pansy tentava acabar com a sua).

O que precisava era um desculpa que a deixasse bem com seus tios.

– É um plano – ela disse rápido interrompendo o lamento dos Malfoy.

– O quê? – seu tio se surpreendeu.

– A minha amizade com a Granger é um plano, tio – todos os amigos olhavam para ela espantados, principalmente Lexi que também era amiga da Hermione. Draco encarou a prima e assentiu. De alguma forma sabia que ela não estava falando a verdade. Parkinson parecia ter murchado feito uma bola furada – O senhor não pediu ao Draco que ele ficasse amigo do Potter no primeiro?

– E nem isso ele conseguiu fazer – disse olhando feio para o filho que se encolheu na cadeira. Draco não gostou nada do assunto da conversa ter se virado para ele.

– Lucius! Não fale assim do Draco – Narcisa reclamou ao marido.

– Mas é verdade. – se virando para a sobrinha – Continue Valerie.

– Bom, me pareceu importante para o senhor que nossa família mantivesse algum tipo de proximidade com o Potter. Como ele poderia desconfiar se tentasse ser amiga dele, decidi me aproximar da Granger. Pretendia contar em um momento oportuno e útil de alguma forma. No entanto, a Parkinson não consegue entender esse tipo estratégia e achou melhor se adiantar.

– Ficar amiga da sangue ruim para ter acesso ao Potter? Isso é brilhante! – os olhos de Lucius brilharam de expectativa – Sabia que você não ia me decepcionar, Valerie. É uma verdadeira Sonserina. - foi a vez de a garota abrir um sorriso enorme e dar uma piscadinha provocativa para Pansy.

Mais tarde naquela mesma noite Valerie e Lexi estavam sozinhas na biblioteca da Mansão pegando alguns livros. A loira olhava o tempo inteiro de rabo de olho para a amiga e mordia o lábio com se quisesse falar alguma coisa, mas não tivesse coragem. Obvio que isso não passou despercebido à morena.

– Anda, Lexi. Desembucha – disse largando os livros e olhando firme para a amiga.

– Não é nada. – disse sem olhar para Valerie – Foi um jantar e tanto, não é?

– Você quer saber se eu estou realmente fingindo ser amiga da Hermione?

– Você está? – disse finalmente encarando a amiga.

– Claro que não né Lexi. O que pensa que eu sou? – a morena fingiu estar indignada – Aquela encenação toda no jantar foi só para mostrar para a Parkinson que ela não tem o direito de tentar me diminuir dentro da minha família. Eu tremi por dentro a cada sangue ruim que o meu Tio falou.

– Ufa – Lexi colocou a mão sobre o próprio peito de forma exagerada– Pensei que tinha perdido você para o lado negro da força. – as duas se acabaram de rir até que Nott apareceu.

– O que é tão engraçado? – perguntou o garoto parado na porta da biblioteca observando as meninas.

– Coisas de amigas – respondeu Lexi ainda tentando controlar sua crise de riso.

– O que quer, Nott? – perguntou Valerie.

– Estamos jogando verdade e desafio no quarto do Draco – disse sorrindo – Querem participar?

As meninas aceitaram o convite. Os três foram juntos até o quarto de Draco. No caminho Nott aproveitou para parabenizar Valerie pelo que estava fazendo com a Granger. Isso fez as garotas voltarem a dar muitas risadas. Nott ficou sem entender nada.

Ao chegarem ao quarto, o garoto abriu a porta e entrou sem bater. Lexi ia fazer o mesmo até que percebeu que Valerie havia estancando no lugar. Olhou para amiga e seus olhos estavam parados em uma expressão de surpresa. Se virou para ver o que tinha deixado a amiga naquele estado. Acabou ficando tão surpresa quanto.

À frente Draco e Pansy estavam aos beijos assim como Daphne e Blás. Valerie esperava que eu dia isso fosse acontecer, mesmo que não gostasse nada da ideia. Era normal que acontecesse por conta do tanto que Pansy se jogava encima do Draco. Claro que Valerie se sentiu traída, ainda mais que a poucas semanas atrás era para ela que ele estava se declarando.

A dor que Lexi sentiu foi um pouco maior. Daphne não era a garota com quem sempre implicara desde pequena como acontecia com a V e a Parkinson. Daphne era sua melhor amiga, sua confidente. Ela sabia que Lexi gostava do Zabini. Lexi se sentia traída pelos dois lados. Não conseguia ficar ali vendo aquilo. Não conseguia controlar as lagrimas. Saiu correndo empurrando Valerie ao passar.

Com o barulho que Lexi fez ao sair, os casais acabaram se separando. Draco e Blás olharam embaraçados para Valerie. Nott permaneceu calado no canto apenas observando. Já as meninas sorriam vitoriosas, orgulhosas pelo que tinham feito.

– Valerie...- tentou dizer Draco vindo na direção da prima.

– É melhor a gente conversar depois – respondeu a morena o encarando com os olhos marejados. Deu as costas para o primo encabulado e foi atrás da amiga que precisava de ajuda.