Forbidden Love escrita por Miss Mikaelson


Capítulo 8
Capítulo 8 - A casa do sol nascente


Notas iniciais do capítulo

Hi, girls! Com estão? Tenho uma proposta a fazer nas notas finais e espero que aceitem.

Boa leitura :3



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"Minha alma sempre a te esperar num lindo alvorecer. Num vasto campo de flores regadas pelas lágrimas que caem de teus olhos, longe do ardor do sol de verão. E eis que um dia este sol irá aparecer. E teus olhos minha alma a iluminar."

Antes que o galo cantasse pela segunda vez no ápice da colina, os homens e mulheres submetidos aos trabalhos na fazenda de barão Aaron erguiam-se de suas camas de palha sobrepostas no celeiro, iniciando mais um dia incansável de trabalho pesado, que se estenderia até o escurecer. Os homens, de ombros largos e pele amorenada, carregavam água do riacho para dar de beber aos animais, aeravam a terra e transportavam madeira e palha para o cume da colina onde seria erguido mais uma extensão do que se presumia ser um estábulo. As mulheres, todavia, preparavam a refeição dos servos e tratavam da horta.

Os derredores da fazenda eram cercados por amplos muros de pedras que se estendiam de acordo com as elevações do terreno. De um lado da colina estavam os estábulos e celeiros. No centro do campo, porém, uma extensa casa construída com as mesmas pedras impostas no muro, de teto alargado, varandas aos redores, janelas largas que incrementavam seus três andares. Próximo ao córrego que lhe cortava a frente, três tílias estavam plantadas de cada lado.

Pela tarde o barão e o sobrinho cortavam a campina verde em seus cavalos magnificentes, comparecendo as terras somente a fim de supervisionar a labuta feita pelos servidores, que não podiam deixar de notar que tanto o barão quanto o filho de seu irmão possuíam os ombros baixos e olhar esmorecido pelas noites de comemorações na casa grande.

— Que me enunciam do trabalho que lhes ordenei nesta terra? — vociferou o barão para os empregados nauseabundos. — Aguardo o avanço nesta obra até o fim do mês.

— Não seria possível, meu tio — discursou o sobrinho pairando seu animal ao lado do tio. — Vejo que teremos um atraso notável nesta obra. Os incompetentes provavelmente não cumprirão com o prazo que lhes estipulamos.

Tio e sobrinho trocaram um olhar funesto antes de qualquer pronunciamento. Durante o tempo em que tivera na companhia do tio, Niklaus aprendera novas artimanhas de persuasão. Já vira aquele olhar danoso antes.

— Tire-lhes o alimento pelas semanas seguintes — falou o barão. — Deixe-os que sobrevivam de pão e alho. Dê-lhes algumas hortaliças vez ou outra para que não toleremos essas caras amarelas todos os dias.

No alto da colina três empregados puxavam atrás de si um homem maltrapilho que se negava a acompanhá-los. Este mesmo sujeito, de pele avermelhada do sol que tomara durante o dia, tinha cabelos engordurados e olhos claros como o nascer do dia.

— Meu senhor, este homem invadira as vossas terras — disse um dos servos arremessando-o aos pés do barão. — Um malfeitor, senhor.

— Perdoe-me, barão — clamou o indivíduo em busca de clemência. — Sou homem de bem, senhor.

— De que pai és filho? — conclamou o barão analisando a expressão do mesmo.

— Tenebrarh, meu senhor. — falou após um intervalo. — Da casa Temar.

— Vá até a campina e traga-me a mais bela rosa que puder encontrar.

Aaron havia ordenado para uma empregada que fitava a situação com um olhar morno. Quando esta por fim voltou do campo, sugando o sangue dos dedos ganhos com os espinhos da roseira, entregou ao patrão uma bela rosa vermelha. A mais galante que encontrara. O homem opulento enviou um olhar para o sobrinho, e este prontamente atendera ao pedido feito em silêncio, entregando-lhe uma espada.

Após segundos segurando à espada a altura do rosto, Aaron, descendo do cavalo, pôs a lamina da espada contra o pescoço do malfeitor, e o golpeou sem piedade. O sangue esguichou em todos os que se encontravam próximos. Pondo a cabeça num cesto de palha retirado das servas, e o corpo inativo sobre o animal, assim partiu o barão sem rumo pelos campos da propriedade, seguido pelo filho do irmão que o acompanhou até onde desejara. Deixando para trás uma trilha de sangue que escorria das aberturas do cesto.

Parando num montículo da herdade, puxaram as rédeas dos cavalos a admirarem o que, ao longe, aparentava ser apenas um amontoado de ruínas soterradas em meio a raízes das plantas que cresciam de maneira desigual.

Ao descer novamente do animal, porém dessa vez com o corpo do malfeitor em mãos, Aaron o arremessou colina abaixo. Posteriormente lançando a rosa trazida pela serva antes do assassinato.

— O que vê? — grunhiu o barão de modo enfático.

— Vejo terras destratadas — replicou Niklaus ao tio. — Ruínas de uma velha construção. E ao que parece, pelo odor vindo da terra, mais corpos encontram-se abaixo das areias.

— Neste mesmo campo, seu pai e eu, em nossa mocidade, soltávamos putas desnudas neste campo aberto e saíamos à caça. Chamávamos de caça as putas. Eram bons tempos. Dois jovens perdulários de pau ereto vagando pelo mundo e um pai insensível. Uma verdadeira novela de cavalaria. Logicamente, sem toda a moralidade dos cavaleiros castos que correm ao mundo para salvar a honra e recuperar uma donzela. Hoje, eu o faço de local de enterro para aqueles que me afrontam.

— Como o senhor o fez? — Niklaus fixou os olhos no tio em busca de resposta pela pergunta. — Como pôde notar que o homem não era quem dizia ser?

— Veja bem, menino — revidou ao sobrinho. — Um homem honrado jamais seria capaz de enganar a outro, por mais miserável que seja a sua vida. Caso um homem conserve a sua honra, este seria mais bem enriquecido do que qualquer rei ou lorde. E quanto a rosa, pelo que vejo a pergunta estampada em seu olhar abelhudo, saiba que esta é a minha marca. A nossa marca. O símbolo da família Mikaelson. Muitos chefes de família preferem encravar seus nomes no cadáver, ou simplesmente espalhar pedaços do corpo em frente à casa de qual pertencia, mas a rosa, em meu ver, é o melhor símbolo para se marcar um feito. É bela e ao mesmo tempo espinhosa.

O loiro desceu do animal no mesmo momento em que o tio o fez, acompanhando-o até o local mais baixo da terra, ao longe do cadáver rodeado de moscas, viu-se uma lápide na qual o barão se ajoelhou apoiando-se na espada, e ali deixou uma lágrima escorrer. Naquele lugar, vendo a cena inédita do tio, ajoelhou-se também ao seu lado e pôs-lhe a mão nos ombros.

— Ele se chamava Jônatas — comunicou o barão. — Jônatas Mikaelson. Meu pequeno Mikaelson. Viveríamos aqui nesta casa. Ordenei a construção quando a mãe dele me avisara da gravidez. Ele nascera seis anos antes que Esther desse a luz ao seu irmão Elijah. A casa, obviamente, não ficara pronta antes do nascimento de Jônatas. De tão bela que seria. No seu décimo sétimo ano, assim como fazíamos em todos os seus anos, saíamos para flanar pelas terras. E... no córrego que cortava os fundos da casa, ele se afogou. Fiz desse local meu cemitério de memórias deste então. A casa dos meus sonhos feita de ilusão. Preenchida com amor e solidão. Nos dias de verão o sol se erguia íngreme entre as duas torres centrais da casa. Produzia uma luz tão brilhante quando o brilho contido no olhar de Jônatas, que sempre me iluminava nos dias de escuridão.

— Eu não entendo — sussurrou o loiro. — Dissertes-me que este seria o local feito para enterrar todos os que o afrontasse. Então por que não enterrara o seu filho com dignidade?

— Ele me afrontara — amargurou-se controlando as lágrimas de angustia. Enquanto relatava a história ao sobrinho, não podia deixar de agarrar o punho da espada, apertando-a a cada palavra dita. — Eu o ordenei que não se afastasse de mim mas ele ainda assim o fez. Ele disse-me: papai, não se preocupe. Eu sou imortal. Ele prometeu que jamais me deixaria mas ainda assim falhou. E quando os viscondes tomavam-me a atenção por completo, presumindo que sua ama de leite o guardasse, desviei-me por um curto tempo... maldito tempo este que me tirara meu Jônatas! Submergir-me no riacho a procura de meu herdeiro e voltei com seu corpo sem vida nos braços. Provavelmente seja este o preço que me está destinado pelo que fiz a puta que engravidei na mocidade. Talvez a criança tenha morrido de fome junto à mãe. Ou crescido num bordel destinado ao uso de homens que quando o vinho lhes sobe a cabeça não rejeitam um pau mais jovem. Não me olhe torto, Niklaus. Presumo todos os questionamentos que se passam em sua cabeça. Apenas saiba que sangue Mikaelson corre em suas veias. Por baixo de toda aparentemente honra e exuberância, somos uma família asquerosa e desprezível. Meu pai enquadrava-se na classe dos que aproveitavam os prazeres da vida de todas as formas humanamente possíveis. Homens, rameiras, crianças, virgens. Tudo o que lhe desse prazer físico. Seu pai, por ser o mais jovem, portanto o último a sair de casa, sofrera nas mãos imundas de nosso pai, que descontava no pobre Mikael suas frustrações. Até que um dia, não contendo mais a fúria de ver os tormentos a qual meu pai o submetia, o matei. Com um tempo eu me tornei tão imundo quanto o meu pai. Mikael... este também tem a sua cota de pecados. E acredite... esses não são os piores pecados de nossa família.

Ali, parado fitando o chão, perdido nos pensamentos e nos próprios pecados, Niklaus distraiu-se olhando para o tio, vendo no profundo de seus olhos que mais havia a ser dito. Ambos solevantaram-se rapidamente e marcharam até seus animais no cume das pedras deslizantes de limo.

— Somos uma família de pecadores — afirmou Niklaus duramente. — Lobos enroupados em pele de cordeiros.

— Somos mais que isso, menino — discordou o barão. — Matamos por prazer. Trajamo-nos de nobres honrados, mas no fundo sempre nos desvairamos por tudo aquilo que nos torna fraco: amor, poder e os desejos mais profanos de nossa alma. Detrás de todo o nosso orgulho, Niklaus, há também uma alma desfragmentada que se esconde. Peço-te que reconsidere o pedido que te fiz noite passada, sobrinho. És filho do meu irmão, portanto tem o meu sangue em suas veias. Fique comigo e quando eu me for deste mundo, essas terras serão suas por direito legal e sanguíneo.

Os dias entraram e saíram com a mesma fugacidade. Aaron incumbiu-se de legalizar seu sobrinho Niklaus como o único herdeiro de suas terras que, com a sua morte, exerceria todo o poder que já lhe era antes concedido, porém com o título legítimo de senhor. Passado os dias, o sobrinho supervisionava os afazeres dos empregados na construção do novo estábulo e a aplicava a punição devida ordenada por seu tio.

À noite ambos se entregavam ao vinho e as putas que sempre os visitava na calada da noite. Ainda sem lhe consultar como o esperado que fizesse Aaron o prometeu o sobrinho em casamento para a filha da família O’connell. Uma família de renome, religiosa e influente em todo o clero europeu.

Numa tarde enquanto voltava do campo com as vestes sujas e as armas em mãos, assim como fazia na terra do pai, viu então uma moça loira com parte do rosto encoberta por um fino véu de renda, vestida de branco e com os cabelos presos no alto da cabeça. Ao lado da donzela, um rapaz loiro e de rosto semelhantemente aparentado, com traços finos e angelicais o fitava com decoro, assim como o padre ao lado esquerdo da moça.

— Kieran! — conclamou Aaron descendo as escadas com alacridade e apertando as mãos daquele que aparentava ser um amigo de muitos anos. — É sempre benigno para minha casa ter vossa santa presença. Este é meu sobrinho Niklaus, filho de meu irmão Mikael.

Quando caminhava para perto do padre para beijar-lhes as mãos, Niklaus foi interrompido indelicadamente pelo jovem loiro ao lado da donzela.

— Sam O’connell. — falou o moço de sorriso indigesto apertando a mão do futuro esposo de sua irmã.

— Niklaus Mikaelson.

— Apresento-lhe minha irmã Camille — disse ele desviando os olhos para a irmã corada no assento. — És um sortudo em tê-la como esposa.

Niklaus limpou a garganta e olhou para o tio que logo percebeu a indignação do sobrinho. Buscando escapar da situação, Aaron propôs que todos os convidados se guiassem para a sala de jantar ao lado. Assim fizeram os convidados, aproveitando-se de todo o manjar colhido na horta e produzido pelas mãos talentosas das criadas. Enquanto guiava-se para a sala de jantar, Aaron pôs a mão sobre o ombro do sobrinho, dizendo-lhe.

— Não me olhe de maneira tão fugaz. Vede que fiz isso visando seu futuro. O legalizei como o meu herdeiro legítimo, por isso sabes que é necessário apresentar uma esposa para a comunidade. Não imagino melhor do que a sobrinha do padre Kieran. Moça vinda de família renomada... ora essa! Quem eu estou a enganar? Sabes que é do meu conhecimento a sua preferência por loiras.

— Não são todas que me satisfazem — disse Niklaus rangendo os dentes. — Embora não seja justo de sua parte lançar-me na cova e somente agora avisar-me.

— Não diga asneiras — repreendeu-lhe o barão. — Se houvesse justiça nesse mundo não começaria com o matrimônio. Venha. Temos um jarro de ouro para entreter. Ou esposa, se preferir.

Durante o jantar Niklaus nada disse. Olhava a futura esposa vez ou outra e imaginava-se ao lado dela durante os anos. Via-se numa vida fútil ao lado daquela dama. Ele seguiria o conselho do tio: apresentar uma esposa a sociedade, mas vangloriar-se de tantas mulheres que lhe habitariam o leito. Pois bem que a única mulher que desejara para o resto de seus dias não poderia tê-la.

Veio a última criada da noite, recolhendo a porcelana uma a uma, e servindo um chá típico dos fins de refeição. Era uma senhora de idade avançada. De pele bronzeada, olhos vastos e escuros, lábios carnudos rosados e cabelos ondulados presos em cima da cabeça, envoltos num lenço vermelho.

Ao tocar a pele da mão de Niklaus, os olhos da senhora passaram a uma tonalidade branca. Dilataram-se completamente até que as pupilas castanhas desaparecessem na imensidão branca.

— A espada não o ferirá — revelou ao loiro quando a brisa forte adentrava pelas janelas. — O coração será a sua ruína.


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Notas finais do capítulo

Ufa, finalmente aqui! Vocês não sabem o que eu tive que passar para escrever esse capítulo. A minha vida tá um caos! Mas nada que venha ao caso agora. Os capítulos serão revezados até que por fim haja um reencontro. Farei isso para deixar claro o que está acontecendo com cada personagem. Ah, e o que eu havia prometido em fazer tentei cumprir, mas não obtive a colaboração de todos os leitores. Meu desejo era postar um capítulo dia sim e dia não, ou até mesmo em todo final de semana para agilizar essa parte da história. Mas preciso da colaboração de vocês, pois creio que todos estão ansiosos para vê-los juntos novamente, ou não?
Mas bem, estamos nos encaminhando para o oitavo capítulo e só há uma recomendação e os comentários são mínimos. Eu odeio estar nesta mesma tecla o tempo inteiro, mas eu preciso falar. Não tenho cinco nem dez leitores para somente esse tanto, e olhe lá quando, comentar. Sério, o número de visitas é bastante considerável, mas quase ninguém dá as caras. Gente, creio que a maioria de vocês como autores entendem o que quero dizer. Eu tenho a consideração e respeito para com vocês, tentando ao máximo postar os capítulos na dada prevista, pois eu odeio deixá-los sem capítulos novos, mas o pior da história é que nem todos os leitores tem a mínima consideração com o trabalho do autor. Eu agradeço a vocês que sempre comentam e às vezes até mesmo dão uma ideia do desenvolver da história. Próximo capítulo já está agendado para o dia 05/07.
Beijokas.



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