Forbidden Love escrita por Miss Mikaelson


Capítulo 7
Capítulo 7 - Rosas de inverno


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a tão aguardada atualização. Capítulo dedicado à Anne pela recomendação feita. Obrigada. Recomendação fantástica, anjo.



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A neve começara a encobrir as rochas, plantas e a copa das arvores. Logo a terra tornara-se alva, tão branca e pura preenchida pelos pequenos flocos de neve que caíam do céu neutro. As plantas desapareceram na campina enevoada. Rapidamente três rosas vermelhas cresceram no centro do campo. Eram de um vermelho vivo, numa bela tonalidade de sangue, com gotas de orvalho respingadas. Um guerreiro robusto trajando uma capa negra e longa aproximara-se das rosas, decepando-as com a lâmina aguçada. No mesmo local onde as belas e delicadas rosas estavam plantadas, uma mácula de sangue fluíra da neve.

Logo, uma barreira de belas e vigorosas rosas surgiu do sangue, vivas, enraizando seus ramos espinhosos na neve, com uma fina camada de cristais de gelo por sobre sua superfície. Uma a uma perderam a vida e despencaram da roseira. Uma, no entanto, tornou-se exceção. Permaneceu aclamada pelas pétalas ressequidas das demais que caíram ao chão, até que por fim se dissolveu em sangue, jorrando suas gotas na neve e no rosto do guerreiro.

Niklaus abria os olhos dificultosamente, com o corpo inativo debruçado sobre o chão frio e umedecido de vinho, típico do velho bordel a qual se hospedaram. Levantou-se lentamente e olhou para a cama em que duas rameiras encontravam-se ébrias. A cabeça aos poucos se recuperava e recordava os acontecimentos anteriores. Solevantou-se do chão ainda demasiado, recolhendo as roupas espalhadas e sujas de vinho. Assim que se vestiu correu até o quarto ao lado. Ignorando os gemidos arfantes vindos do ambiente, Niklaus abrira a porta de um único empurrão, deparando-se com o tio Aaron cavalgando sobre uma das putas que alugara apor uma noite.

— Creio que meu irmão o ensinara as regras de um puteiro, não? — questionou o tio saindo de cima da rapariga, sem indignação alguma que o fizesse cobrir o corpo ou mesmo limpar o membro ereto e besuntado.

— Perdoe-me, meu tio — pediu o rapaz desviando os olhos para um canto vazio no fim do quarto. — Pedistes que o acordasse ao raiar do dia.

— Sim, sim — disse ao sobrinho arremessando-lhe algumas moedas. — Pague pela estalagem e bebidas. Acorde os homens e prepare os cavalos, partiremos quando eu terminar de foder com esta rameira.

Assim que o sobrinho saíra para cumprir com as ordens do tio, Aaron dera continuidade ao ato interrompido. Deitou-se ao lado da rameira e, apontando para o membro sujo, disse-lhe:

— Limpe-o.

A moça de cabelos negros ondulados apoiou-se na entrada das pernas do barão, com uma mão de cada lado apertando-lhe as coxas e inserindo a boca no membro ereto. Pondo a língua para fora, limpou-o com movimentos leves e circulares em volta dos testículos.

Niklaus, já nos estábulos na companhia dos homens servos de seu tio, aguardava impacientemente o barão aparecer para que então pudessem dar continuidade à jornada longa dali por diante. O rapaz deslizou os olhos para as colinas esverdeadas que cercavam o bordel, vendo ao horizonte, no centro de um enorme fosso, cercado por vigilantes dia e noite, o lar que um dia habitara. Nada mais o faria falta. Não havia o que fosse de seu interesse naquele castelo. Saíra do lar cedo, antes que o sol raiasse detrás das montanhas, evitando que assim o pai o pusesse para fora de maneira rude. A mãe não deixara uma lágrima escorrer dos olhos. Mikael o fitava de cima das escadas com o açoite em mãos. Henrik sussurrara um adeus com os olhos marejados. Finn lançara um aceno de paz; Kol o abraçara por um segundo, mas ainda estava encarando-o de modo estranho, como se sempre se lembrasse do ocorrido com a irmã; Elijah, o irmão nobre, o abraçara apertadamente por longos instantes que, mesmo estando magoado com os delitos do transgressor, deixara a sua lealdade a família imperar.

— Quanta morosidade! — berrou um dos servos enquanto preparava o seu animal. — Quanto tempo achas que o barão custa para foder uma rameira?

— Deixe-o — o criado ao lado devolveu a fala para o companheiro. — Não será todo dia que encontrará uma puta disposta a lamber aquele pau molenga.

Os empregados se riram enquanto aguardavam a saída do patrão do bordel. Os dois jovens à esquerda bebericaram o resto de vinho que sobrara da noite anterior, terminando de carregar os pertences do barão e do sobrinho na carruagem.

— Como passara a noite, rapaz? — perguntou o mesmo servo para o sobrinho do barão. — Conheço as duas louras com quem dividira o leito, jovem. Não encontrará em lugar algum duas raparigas tão belas e bem dispostas durante a nossa jornada, e mesmo assim ainda andas cabisbaixo, rapaz. Que acontecera a ti, meu bom menino?

— Não é realmente de seu interesse, é? — disse Niklaus em seu tom amargo erguendo-se da cerca a qual estava escorado.

O empregado de cabelos encardidos tocou o companheiro ao lado com os cotovelos, discretamente.

— Aposto a virtude de minha irmã que isso está relacionado a mulheres — falou o mesmo empregado de cabelos curtos e encardidos.

— Nem ouse proferir a palavra irmã próximo a este rapaz — devolveu ele o sussurro para o amigo ao lado. — Está exilado de casa graças ao que fizera a irmã mais moça. O pai só faltara esfolá-los quando descobrira o feito.

Niklaus, que se preparava para subir na carruagem para então esperar pelo barão Aaron, ouvira o dito do criado e irou-se. Correu até ele com os punhos cerrados e atingiu no rosto, fazendo-o cair sobre a lama e palha dos estábulos. Quando servo tentava se reerguer novamente em busca de revidar a agressão, surge então o barão Aaron apaziguando os ânimos de todos.

— Que há de errado? — perguntou, mas não deu oportunidade para que se explicassem. — Meus olhos enganam-me? Vejo defronte a mim dois homens de barba crescida ou duas putinhas esbofeteando-se pelo freguês de membro maior?

Niklaus abaixou os olhos. O servo agredido soltara um sorriso e em seguida um comentário inoportuno quando o patrão dera as costas.

— De qualquer forma, ele não seria o motivo da luta entre putinhas — comentou para os companheiros que sorriram disfarçadamente. Ao ouvir tal calunia, Aaron parou a um passo da carruagem, virou-se para os servos e sobrinho.

— Niklaus — disse o barão apontando para este. — Suba na carroça. Conversaremos durante a viagem. Ensinar-te-ei o verdadeiro valor do sobrenome que carrega. Genaro, siga esta a viagem correndo atrás da carruagem.

— Patrão... perderei minhas pernas com esse esforço — defendeu-se o servo.

— Isso o ajudará a respeitar-me como seu superior — Aaron o confrontou. — Mas, caso prefira que lhe corte os testículos e o deixe impossibilitado de conceber herdeiros, assim o farei.

Aaron preparava-se para pegar o punhal preso no cinto quando o empregado apressou-se em obedecer. Com uma gargalhada estrondosa o barão subira na carruagem na companhia do sobrinho que daquele momento em diante residiria em sua residência.

{***}

— Sejas bem vinda, minha menina — disse a duquesa jogando os braços ao redor da nora que acabara de descer da carruagem. Pusera a mão sobre o seu ventre encoberto pelo vestido prateado e avisara: — Não me parece grávida. O que há de errado com essas moças, afinal? — perguntou a duquesa para si. — Apresse-se em conceber herdeiros antes que seu ventre morra. Minha prima Carlota perdera a sua honra após o apodrecimento de seu ventre. Pobre Carlota!

— Mamãe, não a apavore — interferiu Domenico. — Casamo-nos recentemente. Não há possibilidade de em tão pouco tempo um filho nos achegar.

A loura forçou um sorriso para a sogra e deixou se levar pela criada que a guiara até os aposentos. O castelo era aconchegante. Cercado por belos jardins verdes, com rosas vermelhas enfeitando os canteiros, azáleas brancas formavam um caminho a entrada do palácio, assim como os belos troncos das arvores encobertos de musgos, que caíam de uma forma torta sobre a ponte, projetando uma pequena coberta com seus galhos. Em cada lado da ponte dois anjos mantinham-se de guarda, cada qual com uma flecha de frente ao outro, com traços tão realistas que transmitiam a sensação de que de fato estavam vivos.

A criada a guiou para o aposento, passando pelos corredores longos, com aquele estilo barroco, uma fileira de armaduras em cada lado de qualquer sala, até chegar ao destino; um belo e espaçoso cômodo com janelas espalhadas nos cantos, onde a luz solar da tarde adentrava e moldava o aposento a uma tonalidade laranja. A enorme cama era coberta por um véu branco que evitava os insetos peçonhentos da noite. O chão era feito de uma madeira rústica e as paredes possuíam uma cor de areia com pétalas de rosas entalhadas na tintura. Ao fundo do quarto, uma lareira com dois leões de tamanho médio em cada lado, com dentes aguçados tão reais quanto os anjos do jardim, prateleiras de livros espalhadas ao redor, um majestoso lustre suspenso sobre a cama e um carpete de cor neve cobrindo grande parte do piso em volta do piano de cor clara. Detrás da lareira, entalhada na parede do aposento, havia ainda uma bela pintura realista na qual se retratava um jovem lavrador nos braços de uma dama de vestido ajustado na cor verde musgo. Rosas enevoadas cercavam-lhes aos montes, cobertas com finas películas de neve que lhe matavam a cor avermelhada.

Virou então para a parede que mais lhe chamou a atenção e viu o que realmente a fizera sentir um aperto no peito. As pincelas seguras dos quatros, os detalhes mínimos, a confiança com que a tinta era aplicada a fizeram lembrar-se dele. Estremeceu a cabeça na tentativa de afastar o devaneio. Era chegada a hora de recomeçar.

— Chame-nos se necessitar de algo, senhora — advertiu a criada recolhendo as roupas das bagagens descarregadas no quarto pelos empregados.

Rebekah assentiu para a criada sem olhá-la diretamente, desanimada, encaminhando-se até a janela e observando o jardim abaixo. Os ombros encontravam-se encurvados de desânimo, os olhos semicerrados e fixos nas plantas que formavam uma linha no horizonte do palácio.

— Algo a incomoda? — insistiu novamente a serva terminando de organizar as roupas dos recém-casados.

— Sim — disse por fim a loura. — Poderia ser bondosa e retirar tais quadros deste ambiente?

— O que há de errado com a pintura? — a serva ergueu as sobrancelhas em questionamento. — Domenico havia dito que valorizava artes, por isso ordenei aos empregados que o pusessem neste local.

— Meu marido não poderia estar mais enganado — suspirou enfadosa, guiando-se até o lado do piano e tocando algumas notas de leve. — Arte, música, nada mais é de meu agrado. Se não for pedir muito, peço-te que informe aos demais empregados que desejo este piano fora do aposento. Se possível for, que seja antes do sol cair no horizonte.

No fim da tarde, os empregados fizeram como o repassado — recolhendo as pinturas e o belo piano que ocupava o centro do cômodo. Momentos antes do jantar organizado em homenagem aos recém-casados ser posto a mesa, duquesa Brianda, esposa de duque Lewis, mulher de olhar forte, rosto longo e uma graciosidade contida no andar, chamara a nora num canto discreto da casa.

— Veja — verbalizou, entregando-a um pequeno recipiente de forma alongada portado de ervas secas e aromatizadas. — Dou-te de bom grado para que logo conceba herdeiros para enaltecer o nome de meu amado filho.

— Ainda é cedo para conceber um filho — justificou-se a loura.

— Não diga blasfêmias — alarmou-se a duquesa elevando o tom de voz. — Qual a finalidade do casamento se não for conceber filhos ao marido?

O jantar se estendeu a diálogos enfadonhos que a fizera lembrar-se das refeições feitas em casa. Domenico engrandecia-se aos olhos dos parentes ao apresentar-lhes a bela esposa que, todavia, forçava os lábios a se unirem num sorriso a cada olhada ou comentário feito pelo esposo desagradável.

No fim do jantar, os servos recolheram a prataria e os parentes desejaram conhecer a esposa do mais velho de duque Lewis. Esta, porém, usara-se de uma dor de cabeça para subir aos aposentos e livrar-se de mais ditos repugnantes do esposo pueril.

Viu então o cômodo da maneira que desejara estar; sem quadros nem mesmo o piano que ocupava parte do quarto. Embora quando se preparava para trocar as vestes longas e bem firmadas, caminhou até a grande janela e contemplou o céu noturno.

— Não parece bem satisfeita — ecoou uma voz melosa do fim do cômodo. Rebekah virou para olhá-la e viu uma bela jovem de olhar ardiloso. A moça tinha entre seus quinze anos. Não mais que isso. Seus cabelos eram uma bela queda de cachos louros que desciam até os ombros, rosto fino e alongado tão como o da duquesa de qual a voz ressoava do salão inferior. Uma jovem bela, graciosa e angelical.

— O faz aqui? — perguntou Rebekah tentando coagir-se a uma voz dura. — Diga-me seu nome.

— Chamo-me Elisa. Presumo que não fomos apresentadas ainda. Sou a irmã mais jovem de Domenico. — disse ela num tom condolente. — Rejeitada pelo pai que almejava mais um varão, e ainda desprezada pela mãe que a vê como uma desgraça que não atendera as suas expectativas.

— Bem, lamento pela tragédia a qual sua vida se resume. Não pensaria de tal forma caso conhecesse o que vivi... — ela interrompeu-se. —... mas não faremos um páreo a fim de desenredar qual vida é de fato a mais trágica.

— A quais tormentos tu foste submetida? — averiguou a jovem Elisa. Rebekah assentou-se a cama com os olhos baixos e em seguida remeteu um olhar retesado para a irmã do marido. — Casar-se com Domenico — adivinhou a moça sem pesar para com o irmão. — Receio que este não seria o seu plano.

— Meus desejos não mais são de relevância — amargurou-se a esposa de Domenico desviando o olhar para a pintura entalhada na parede do cômodo ao fundo da lareira. — Não me recordo desta paisagem antes, mas pressuponho que haja nela algum significado condoído.

— De certa forma. — respondeu a irmã de Domenico erguendo os olhos até a paisagem em questão. — Há uma lenda que encanta a todos os viajantes e habitantes dessas terras. Um romance proibido entre um mero lavrador e a filha do rei. Dizem que todas as noites o jovem rapaz a cortejava da janela de seus aposentos. Sempre a presenteando com a mais galante rosa encontrada nos altos da campina. A princesa, no entanto, foi compelida pelo pai a casar-se com o sobrinho do rei, mas ainda assim mantinha relações com o empregado que violava as leis de conduta religiosa. Ao ser informado do delito da princesa, o rei exilou o servo daquelas terras, sem saber que acabara de selar a sentença de morte da própria filha. A futura rainha jogou-se da janela dos aposentos quando o amado partiu, preferindo morrer com as lembranças dos lábios adocicados do amante a ser oprimida a viver uma vida pela qual não escolheu. Em vingança pela morte da herdeira, o rei ordenou que caçasse o lavrador até os lugares mais remotos da terra. No final, os dois amantes foram enterrados juntos, lado a lado, num mausoléu sutilmente esculpido em pedra branca. Ao derredor dos túmulos, rosas nasciam aos montes. Um símbolo do amor que em vida foi considerado violação.

— É uma triste história — comentou a loura de olhos azuis.

— Era uma história de amor proibido, Rebekah — assegurou com firmeza. — Por mais belo que fosse o romance, não haveria como ter um felizes para sempre.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Sei que muitas coisas ficaram confusas, mas tudo será explicado no decorrer da história. Estou sem tempo para escrever, porém tentarei ser breve nos hiatus e prometo que irei postar a história por pelo menos uma vez na semana, dependendo do meu tempo. Mas há sempre uma exceção caso haja a colaboração dos fantasmas que acompanham e quase nunca comentam.