Forbidden Love escrita por Miss Mikaelson


Capítulo 2
Capítulo 2 - Transgressão


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores! Bem, este capítulo ficou enorme, não sei se os outros ficarão assim, pois peço a opinião de vocês. Aprovam capítulos grandes ou tamanho normal? Vocês decidem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/456255/chapter/2

O vento suave e fresco da tarde assoprava contra o rosto dos rapazes. O mais velho, enroupado com uma couraça e capacete, guiava o mais novo pela campina. Os braços franzinos de Henrik tentavam por fim equilibrar a espada, enquanto seu irmão Niklaus o atacava.

A lâmina da espada de Henrik atingiu o punho da espada de Niklaus, arrancando-a de sua mão. Henrik o encarou glorioso. Niklaus limitou-se a soltar um breve sorriso, afinal era reconfortante saber que o irmão mais jovem aprendera algum de seus ensinamentos.

Niklaus era o encarregado, mesmo sem lhe ser ordenado, de ensinar algumas práticas e costumes para o irmão mais moço, que logo se tornaria um homem. Mikael ponderou sobre a ideia de ter o filho mais jovem sendo influenciado por Niklaus, porém, após determinada insistência da esposa acabou por ceder. Niklaus o ensinava a caçar, duelar e, muitas das vezes, o ensinava a fazer negócios no comercio da cidade. Entre outros costumes que não eram passados nas escolas palatinas.

Caçadas ou duelos eram atividades comuns entre os irmãos, principalmente após o alvoroço que se formara no lar da família Mikaelson, devido às implicâncias de Mikael para com a filha, pois segundo o mesmo já estava mais do que na hora de Rebekah casar-se. Ela, no entanto, rejeitara a todos os pretendentes que lhe foram designados.

Ao chegarem ao comércio, Niklaus deixara Henrik livre para negociar com comerciantes. Ele observava as trocas que o irmão sugeria e os protestos que o mesmo fazia devido ao preço ou qualidade do produto.

– Um colar de prata e duas moedas de ouro em troca da adaga – proferiu o menino para o comerciante.

O senhor não hesitou em fazer a troca. Agarrou o colar de prata com um enorme cristal entalhado no centro. Henrik sorriu ao receber a adaga, olhou em volta para o irmão que sorriu aprovando a oferta.

– Onde conseguiras o colar? – indagou Niklaus para o irmão, quando os dois já estavam em seus cavalos, seguindo pela cidade.

– O encontrei entre as joias de Rebekah. – Henrik sorriu.

– Roubastes da nossa irmã? – perguntou Niklaus, soando incrédulo. – Henrik...

– Não. – negou o rapaz. - Me ensinastes a pegar utensílios emprestados, mas sem avisar ao dono. Lembra-se?

Niklaus não conteve o sorriso, embora ainda não aprovasse o feito do garoto em ter roubado a própria irmã, o seu interior encontrava-se alegre, pois havia ensinado algo ao irmão mais jovem. Diferente dos outros, Henrik não o julgava ou observava a sua maneira de agir. Henrik o admirava.

Eles deixaram os cavalos na estalagem mais próxima e seguiram a pé o resto do caminho. À medida que o sol se punha no horizonte as veredas ficavam mais frias e escuras. Naquela tarde os dois não possuíam ansiedade alguma para retornar ao castelo. Seguiram caminhando sem rumo pela vasta campina esverdeada. Niklaus ainda mantinha-se ocupado pelos problemas que lhe surgiram na noite anterior, não imaginava o quão difícil era guardar um segredo do qual tinha absoluta certeza que resultaria em sua punição. Além disso, havia a atração que desenvolvera pela irmã ao vê-la nua na noite do baile. Desde aquele momento ele não conseguia encarar Rebekah sem lembrar-se daquelas imagens que não se esforçava para esquecê-las. Ele tentava por fim esconder a expressão alegre em seu rosto toda à vez que Rebekah rejeitava um de seus pretendentes. Ela jamais se sentiria atraída pelo irmão da mesma forma que ele sentia-se por ela.

Eles ultrapassaram os limites da campina. Há muitos anos Esther havia proibido qualquer um dos filhos de cruzar aquela fronteira, mas Niklaus e Henrik eram os únicos que não respeitavam as regras da mãe. Sempre que possível saíam para caminhar na campina, pois era um ambiente calmo onde se ouvia apenas o uivo dos ventos e o sol escondendo-se atrás das montanhas.

Quando finalmente retornaram ao castelo, o sol dera espaço a uma lua cheia no centro do céu iluminado por estrelas. A família já estava reunida no salão principal para o jantar. Os criados vagavam de um lado para o outro servindo as especiarias. Henrik e Niklaus sentaram em seus lugares demarcados por ordem de nascença. O pai sentava-se a esquerda, seguido pelo primogênito, Elijah. À frente do mais velho estava Finn, logo em seguida Niklaus e Kol. E por último, Rebekah e Henrik, sendo os mais novos eram os últimos da mesa. Só então Niklaus dera-se conta de que Lorde Marcellus estava à direita de Mikael. Com um sorriso exuberante e olhos fixos em Rebekah.

–... E este é nosso filho Niklaus – apresentou-lhes Mikael ao Lorde – e o nosso mais moço, Henrik.

Niklaus assentiu desconfortável para o Lorde. Não era de seu agrado tê-lo como visita para o jantar. Aquela estranha sensação em seu peito, que sentia toda a vez que o Lorde encarava a irmã, era algo que Niklaus jamais sentira antes. Ciúmes? Não, não podia ser ciúmes. Ele negava a si mesmo de que tal sentimento fosse ciúmes, mas no fundo, bem lá no fundo do seu eu havia a certeza. Niklaus desviou os olhos, buscando encarar qualquer outra parte do palácio. Tentou se preocupar com qualquer problema exceto com o fato de ser obrigado a dividir a mesa com um talvez futuro esposo de Rebekah.

– Três lotes de terra e um rebanho – concluiu o Lorde – pela jovem dama. Parece-me um preço justo a ser pago por tal beleza.

O Lorde desviou os olhos para encarar uma loura com o rosto inteiramente vermelho. Ele enviou um leve sorriso para a dama, que não hesitou em devolvê-lo. Logo ela abaixara os olhos para o prato, evitando encará-lo novamente. O estranho sentimento no interior de Niklaus aumentou. Ele fitou os outros irmãos, que pareciam mais interessados em seus pratos do que no diálogo entre o pai e o Lorde. Seus olhos se dirigiram para Mikael, que apenas sorriu em concordância com o dote feito por Lorde Marcellus.

– Então é este o valor que atribui a sua filha? – perguntou Niklaus, irritado. – Três lotes de terra e algumas míseras ovelhas.

O que antes eram sons emitidos por talheres tornou-se um silêncio perturbador. Todos os olhares se fixaram em Niklaus. Levantou-se da mesa ainda encarando Lorde Marcellus. Mikael lançou-lhe um olhar repreensivo e voltou a encarar o Lorde.

– Niklaus, sente-se, por favor – pediu Mikael, forçando tamanha gentileza. – Lorde Marcellus, perdoe meu filho por tamanha falta de modos. Eu acredito que para ele, assim como para todos nós, é difícil perder a nossa preciosa Rebekah. Afinal, ela é a nossa única filha e...

– Poderá ser perfeitamente substituída por um rebanho ou lotes de terra – disse Niklaus, irônico. – Com sua licença, senhor.

Niklaus deixara o cômodo com tamanha fúria. Enquanto subia a escadas em direção ao quarto não deixou de pensar em algo a dizer no dia seguinte, quando Mikael sem duvidas exigiria uma desculpa por tal reação. Ele trancou-se no quarto, pondo abaixo todos os livros que se encontravam nas prateleiras. Desmoronou na cama com a cabeça entre as mãos, sem acreditar ainda no que o havia levado a expressar tamanha fúria.

Seu quarto normalmente era um dos mais agradáveis da casa. Possuía uma enorme cama coberta por um véu vermelho devido aos insetos que predominavam a noite. Um carpete vermelho no centro do quarto cercado por móveis e uma lareira ao fundo, que era acesa todas as noites por causa das paredes úmidas do castelo. O quarto era iluminado por tochas à noite e durante o dia a luz do sol adentrava as janelas. As paredes eram de pedras, quadros e livros as preenchiam. No fim do cômodo, próximo à lareira, havia uma enorme escada rústica que dava acesso ao segundo andar do quarto, onde Niklaus guardava suas obras.

A criada destinada a recolher as roupas de Niklaus adentrou o aposento. Ele não ponderou em lhe arremessar um jarro de barro. Ele sentou-se na cama com a cabeça entre as mãos, tentando controlar a fúria. Era mais do que um ciúme. Aquele ódio predominando em seu peito era diferente de tudo o que já sentira. Não era algo normal.

Enquanto Niklaus controlava sua ira em seus aposentos, o jantar prosseguia no salão principal. Mikael inventara inúmeras desculpas para Lorde Marcellus, tentando explicar a razão da fúria do filho. Lorde Marcellus poderia ter se deixado levar pelas mentiras ditas por Mikael, mas Rebekah custara a aceitar isso.

– Perdoe-me, Lorde – concluiu Mikael. – Niklaus sempre fora repulsivo, indigesto e desagradável. Totalmente o oposto do seu irmão mais velho, Finn. Desde que coloquei Finn no comando das terras os lucros triplicaram.

Os outros irmãos se encolheram irritados, enquanto o pai engrandecia o filho favorito aos olhos do Lorde. Marcellus lançara outro olhar encantador a Rebekah, que corou novamente. Não era de fato muito agradável tê-lo encarando-a, afinal, os dois sequer conheciam-se e logo, logo teriam de se casar. Ela ainda encontrava-se em êxtase com a notícia, e ao mesmo tempo em conflito tentando decifrar a reação inesperada do irmão Niklaus.

Quando o jantar finalmente havia terminado, os irmãos se recolheram para seus aposentos, os criados recolheram a louça e desmontaram a mesa, dando espaço no salão principal onde os mesmos se reuniam para passar a noite. Mikael e Esther trancaram-se em seu gabinete e logo a discussão irrompera.

Quando criança, Kol apelidara o gabinete de sala de sangue, pois sempre que os servos que haviam cometido alguma negligência eram chamados naquela sala quase sempre saíam com algum ferimento no rosto. As crianças indagavam para a mãe o que ocorria com os servos e ela sempre criava uma versão diferente do que ocorrera.

Certa noite, quando todos já haviam se recolhido para seus aposentos, Niklaus e Rebekah, ainda pequenos, seguiram o pai no meio da noite até o escritório, quando se depararam com uma das servas entrando no gabinete do pai. Os dois se aproximaram e observaram através da cavidade da porta o que acontecia no cômodo. Rebekah ainda era jovem para entender o que acontecia, mas Niklaus compreendeu. Somente depois de alguns anos ela compreendeu o que ocorrera naquela noite e, assim como Niklaus, desenvolvera certo repúdio pelo gabinete.

Rebekah interrompera-se do devaneio. Caminhou até a as escadas a caminho do quarto do irmão Niklaus, mesmo no segundo andar do palácio a discussão entre Mikael e Esther ainda era visível. O som ecoava por todo o castelo e talvez até os soldados de plantão sobre as muralhas pudessem ouvi-los.

Klaus encontrava-se desmoronado sobre a cama quando Rebekah adentrara o cômodo. Sua mão tocara o ombro do irmão, que se esquivou ao receber o toque, imaginando ser mais uma de suas servas. Então ele ouviu a doce e suave voz da irmã, que o irritara algumas vezes, mas que também já lhe servira de consolo outras mais.

– Nik... – ela chamou, ainda entrelaçando os dedos nos cabelos do irmão mais velho. – Olhe para mim!

Niklaus acomodou-se na cama ao lado dela. Repousou as mãos em seu rosto e retirou uma mecha do seu cabelo louro colocando-o atrás da orelha. Ele adorava o modo como ela o chamava de Nik. Era algo somente entre eles. Um apelido íntimo que partilhavam desde a infância. Somente Kol às vezes costumava chamá-lo pelo apelido, mas era diferente ter o apelido sendo pronunciado pelos lábios delicados de Rebekah.

– Não gosto do modo como ele a trata – disse Niklaus, embora achasse que sua desculpa não fosse assim tão convincente.

– Não é pior do que o modo como ele o trata – ela revidou, forçado um sorriso. – Não deveria ter se portado daquela maneira, Niklaus. Papai jamais o perdoará por tal transgressão.

– Você tampouco – afirmou ele. – Achas que não percebi a maneira como encarava o Lorde?

– Não... Não ouse proferir esta calúnia, Niklaus – ela se irou. – Sabes que apenas cumpri ordens do nosso pai. Apenas fui amistosa.

– Desde quando se submete a ele, Rebekah? – ele levantou a voz. – Não ouse fingir-se de inocente donzela. Sabes muito bem que são do meu conhecimento tudo o que ocorria entre você e os guardas na torre de vigilância.

– O que fará quanto a isso, Niklaus? – ela questionou, o coração ainda acelerado. – Irá me difamar para a cidade inteira? Contará ao nosso pai?

Rebekah levantou-se da cama do irmão, irritada. Deu as costas para o mesmo, tentando conseguir forças para encará-lo. Não imaginava que seus atos fossem do conhecimento do irmão. Rebekah via-se completamente perdida caso Niklaus ousasse contar aquilo para mais alguém. Se Finn ou Elijah, que eram os mais responsáveis e moralistas, possuíssem conhecimento dos atos da irmã mais nova não demoraria muito para que a história chegasse até Mikael.

– Não. – Niklaus afirmou ríspido. – Tenha uma boa noite, irmã.

Ela sabia que aquilo não era uma simples boa noite, era apenas uma mensagem sublinear que lhe dizia para retirar-se do aposento. Mas ela não tinha vontade de fazer. Sempre que possuía algum medo quando criança ele estava lá para segurar a sua mão. Toda a vez que a escuridão da noite a assustava ele estava lá para tranquilizá-la. De todos os irmãos eles eram os mais próximos, Niklaus sempre a protegia independente de tudo que ocorrera.

– Nik... – ela acomodou-se na cama ao lado do irmão –... em nome dos velhos tempos. Lembra-se?

Niklaus possuía uma vasta lembrança da infância quando os dois costumavam dividir a cama, mas depois que cresceram Esther ordenou que todos os irmãos se afastassem da mais nova. Não era correto, segundo ela, que os irmãos dividissem a mesma cama. Mas Rebekah jamais obedecia às ordens de Esther.

Rebekah acomodara-se no peito do irmão, como sempre fazia na infância quando estava com medo, mas o mesmo se esquivara. Os braços do irmão Niklaus era o único lugar onde ela encontrava refúgio. Mesmo depois de brigas ou discussões. Era como na frase que Esther costuma citar quando os dois brigavam na infância e juravam que jamais se falariam: Mesmo quando você o odeia, você ainda o ama.

– Rebekah, não. – disse Niklaus, esquivando-se. – Vá para seus aposentos.

– Por favor, Nik – ela insistiu. – Me deixe ficar com você, somente esta noite.

Niklaus praguejou silenciosamente. Ele odiava este seu lado fraco que não resistia a qualquer pedido feito pela amada irmã. Ele concedeu o desejo de Rebekah, mas ainda sentindo-se desconfortável e ao mesmo tempo desejoso por ter aquele corpo colado ao seu.

Durante um longo período eles não falaram nada. Ficaram apenas aproveitando-se do calor do outro, até que Niklaus sentiu a respiração de Rebekah tornando-se mais fraca e moderada, logo ela adormecera em seu colo.

***

Rebekah odiara a penitencia a qual Esther a submetera. Ela passara anos de sua vida preparando-se para que se tornar uma esposa zelosa, mas jamais imaginara que esse dia chegaria tão cedo. Quanto mais se aproximavam os dias para o casamento, mais o entusiasmo de Esther aumentava. Ela passara a dedicar-se mais em ensinar a filha dos afazeres domésticos e todos os deveres da esposa para com o marido.

Desde a noite em que Niklaus demonstrara maus modos na frente do Lorde, Mikael decidira enviá-lo para o trabalho duro no escritório. Niklaus ficara encarregado, assim como Finn e Elijah, de controlar os lotes de terras, cobrando impostos ou travando novas relações de vassalagem. Era um trabalho que exigia muito tempo e atenção, por isso Rebekah quase não vira os irmãos.

Enquanto Esther tricotava algumas meias para o marido, Rebekah concentrava-se em temperar o cozido que estava sendo preparado para o almoço. De tudo que lhe fora ensinado na escola para donzelas, cozinhar não era algo que estava sobre os domínios da jovem. Portanto, Esther a obrigara a cozinhar o alimento que seria servido no almoço.

– Isto é plenamente desnecessário – murmurou Rebekah.

– Leve em consideração o seu trabalho, Rebekah – advertiu Esther. – Tu serás uma esposa e deverá cumprir com seus deveres.

O trabalho doméstico geralmente era realizado pelas servas, mas Esther aconselhara Rebekah a não deixar somente nas mãos das criadas, pois todo homem se agradava dos trabalhos feitos pela esposa.

O cozido não saíra como o desejado. Rebekah percebera isso assim que os irmãos assentaram-se a mesa, famintos e cansados do trabalho. Ela confundira-se com todos os temperos a sua volta e acabara pondo sal em exerço. O primeiro a protestar pelo cozido salgado fora Kol.

– Quem te dera o direito de por todo o sal do mar em um único cozido? – Kol questionou. Os irmãos emitiram sons de concordância.

– Silêncio, Kol – pediu Esther.

Logo as brincadeiras e provocações feitas pelos irmãos deram espaços a assuntos sérios, assim que Mikael entrara no salão. Os irmãos sugeriram novos métodos para o pai melhorar os negócios e aconselharam a melhor forma para cobrar impostos. O único que não estava tão interessado no assunto era Niklaus.

– Multiplique os impostos cobrados pelas terras – proferiu Rebekah para o pai. – A vida no campo torna-se cada vez mais comum, o artesanato não trás tantos benefícios para os cidadãos. O único meio para sobreviver é através do plantio. O arado torna-se cada vez mais comum. Os lucros tendem a aumentar.

Todos os olhares se voltaram para a dama, que não se importou pela atenção. Esther encarou Mikael confusa e logo se virou para a filha, lançando-lhe um olhar repreensivo. Os irmãos a encararam perplexos, exceto por Niklaus que lhe enviara um sorriso aprovativo. Até mesmo Henrik a encarava de modo estranho, como se não reconhecesse a própria irmã.

– Silêncio, querida – ordenou Esther. – Não são assuntos para uma dama. Afinal, temos assuntos mais importantes para tratarmos. O alfaiate virá esta tarde para escolhermos o tecido para o seu vestido.

***

Rebekah observava os irmãos esgueirando-se por cima das muralhas do castelo. Toda noite, quando os pais recolhiam-se para os aposentos, os quatro rapazes fugiam para a taberna do lado leste do vilarejo. Um local onde os homens se reuniam para festejar e se encontrar com algumas meretrizes. Nem uma moça de família arriscava-se a cruzar aquela fronteira, mas a reputação jamais fora a maior preocupação da filha de Mikael.

Após uma tarde inteira gasta na escolha de tecidos para o vestido do casamento, Rebekah imaginara que talvez essa fosse a única diversão que poderia desfrutar na noite. Mesmo com a voz da mãe em seu subconsciente advertindo-a de que não era um local para uma dama, Rebekah resolvera arriscar em seguir os irmãos.

Ela colocara um vestido verde simples e justo ao corpo, com mangas longas e decote redondo e uma capa longa. Saíra do quarto em silêncio, evitando emitir qualquer som que despertasse os pais. Quando se aproximara da porta do salão principal do palácio, ao ouvir uma voz aguda chamando pelo seu nome.

– Rebekah – chamara a voz -, o que acontecera?

Seus músculos aos poucos relaxaram e sua respiração lentamente fora se controlando. Um alívio tomara conta de si ao notar que a voz era de uma das servas.

– Rebekah, não é seguro para uma jovem sair à noite – disse a serva. – Venha. Irei vesti-la para dormir.

– Não. – disse a dama. – Por favor. Deixe-me ir.

– Senhora... Desculpe-me, mas eu não posso deixá-la fazer isso – implorou a serva. – Caso aconteça algo a ti, vosso pai mandará me enforcar.

– Caso aconteça algo aos meus irmãos, quatro varões, a responsabilidade que recairá a ti será maior. – insistiu Rebekah. – Por favor, não acorde os meus pais.

A serva assentiu relutante. Rebekah jamais hesitara em apelar à persuasão. Ela crescera desta maneira, aprendera a persuadir sempre que lhe fora favorável. Isso sempre lhe era oportuno para saciar mais um de seus caprichos.

Ela sentira-se aliviada após cruzar a cidade e finalmente chegar à taberna na qual os irmãos se encontravam, livrando-se da brisa gélida da noite que assoprava contra o seu rosto. Os quatro rapazes localizavam-se ao fim do ambiente.

A mulher de cabelos castanhos passara por Rebekah e assentara-se ao colo do irmão Niklaus. Os outros irmãos irromperam em risadas e incentivos, enquanto a moça de cabelos castanhos ajustava-se no colo de Niklaus, lhe servido vinho.

Rebekah lutara contra uma pequena ponta de ciúmes no peito. Ela jamais sentira ciúmes de irmão algum como sentira de Niklaus. O sentimento aumentara ainda mais desde a última vez que ela o vira. Desde o tempo em que ficara na escola ela não deixava de pensar nem por um momento em quantas meretrizes o irmão deitara-se, fazendo o sentimento de ciúme aumentar gradativamente.

Sendo a única irmã e, além disso, sendo a mais nova, Rebekah dedicara-se sempre que possível a atormentar a vida dos irmãos de tal maneira, que os quatro rapazes saltaram da mesa assim que a viram.

Finn e Elijah, ainda em êxtase devido ao susto de encontrar a caçula em um local hostil e vulgar, logo trataram de pensar em argumentos que indicavam os motivos pelo qual Rebekah não deveria comparecer a taberna, mas imediatamente mudaram de ideia, já que os dois estavam tão errados quanto ela. Finn, no entanto, decidira se arriscar em proferir seus argumentos, mesmo sabendo que estava errado.

– Rebekah! – ele esfregava os olhos ainda sem crer. – O que faz aqui? Não é um local apropriado para uma dama, minha irmã.

– Então como me explica a vossa desagradável presença neste ambiente? – ela sorriu irônica, chamando-o indiretamente de dama. – Irmão querido, não faça um alvoroço devido a minha presença neste... lugar. Contudo, não foras tu, Finn, quem recebera infinitos elogios do nosso pai conveniente a sua capacidade de comandar pequenos lotes de terra e aconselhá-lo? Agora que se encontra neste desprezível ambiente, não há razão para argumentar a respeito da minha conduta.

Finn abaixara os olhos, constrangido. Entretanto, Rebekah conhecia muito bem o irmão para fazê-lo desistir tão facilmente. Ela enviara um olhar desprezível para Niklaus e a jovem em seu colo, percebendo pela primeira vez que ele era o único que não fazia questão da sua presença, além de Kol, que estava muito ocupado com as donzelas e bebidas a sua volta para fazer caso pela presença da irmã.

Elijah ainda parecia desconfortável por permitir a presença da caçula em um ambiente hostil destinado unicamente aos homens. Nem mesmo os rapazes deveriam estar presentes, pois era um local frequentado somente pelos camponeses. Caso Mikael descobrisse a transgressão dos filhos, os quatro rapazes sem duvidas seriam privados da herança do pai.

Rebekah acomodara-se em uma cadeira próximo ao irmão Elijah. O mesmo notara os inúmeros olhares da irmã para Niklaus com uma jovem enroscada em seus braços servindo-lhe vinho.

– Beba conosco, irmã – ofereceu Kol.

Rebekah hesitara em pegar a taça de vinho e agarrara a taça de hidromel das mãos de Kol. O mesmo lançara um sorriso sagaz sem se importar com feito da irmã. Finn ponderou sobre a atitude da mesma, porém logo se calou quando ela lhe lançara um olhar repreensivo.

A expressão desconfortável de Elijah derreteu-se ao ver a jovem Katerina. Kol desaparecera em meio à multidão de moças da taberna enquanto Elijah mantinha-se distraído com a jovem. Não era segredo entre as pessoas da vila o proceder ordinário da jovem Katerina, mas mesmo assim o filho mais velho de Mikael possuía um grande afeto pela moça.

Finn murmurava vários argumentos para Rebekah, mas não conseguira impedi-la de entrega-se ao sabor da bebida. Após incontáveis taças de hidromel, as palavras que a dama proferia não possuíam significado algum. Os pensamentos embaralhavam-se em sua mente, e as palavras saíam sem significado, como se ela não obtivesse controle sobre a própria fala.

– O sal no cozido fora acintoso – revelara a garota. – Leve em consideração o seu trabalho, Rebekah, dissera-me a nossa mãe. Deverá cumprir com seus deveres.

Sua voz saíra embaçada. Ela gesticulava para o vazio enquanto Niklaus e Kol riam da situação da irmã. Ela jamais se embriagara antes e isso provocara alvoroço entre os irmãos mais velhos, Elijah e Finn, que deveriam cuidar dos mais novos. Além disso, Rebekah sendo a única irmã requeria a atenção redobrada. Se algo ocorresse a ela as consequências para com todos seriam irrefutáveis.

– Basta! – exclamou Finn. – Levem-na para casa. Não é um ambiente para uma jovem da nobreza. Não vedes, irmãos, que a nossa caçula encontra-se ébria em efeito do álcool?

Rebekah apoiara a cabeça sobre o braço do irmão Elijah, enquanto murmurava mais palavras sem sentido. Finn agarrou o braço de Rebekah, que se debateu desordenadamente, declamando insultos e chamando a atenção de todos os que estavam presentes.

– Solte-a – pediu Niklaus, levantando-se a caminho da irmã. – Eu a levo para o palácio.

Sem protestar Rebekah levantou-se da mesa, sentindo as pernas desequilibradas, como se o próprio chão estivesse afundando. Niklaus passara a mão da irmã por cima de seus ombros conduzindo-a até a saída. Até mesmo Niklaus caminhava com certa dificuldade, mas nada que se comparasse a agitação de Rebekah, que murmurara palavras sem sentido o caminho inteiro de volta ao palácio.

Quando finalmente chegaram ao castelo, Niklaus cruzara o salão principal com a caçula nos braços e muita cautela, temendo em acordar os pais ou o irmão mais moço, Henrik. Ele amparara Rebekah em seus braços, pois era a única forma que encontrara para impedir que a mesma causasse estragos a decoração do palácio, ocasionada por colisões com armaduras. Ele não podia negar o fato de que havia gostado de tê-la, mesmo que por alguns segundos, em seus braços.

Niklaus parara em meio às escadas com a voz aguda de uma das servas chamando pelo seu nome. Ele a ignorara a princípio, mas não pôde deixá-la sem explicações quando a mesma vira o estado em que Rebekah se encontrava.

– Oh, senhor Niklaus – ela disse perplexa –, o que acontecera a vossa irmã?

– Cale-se! – ele ordenou. – Jamais deve proferir tal ocorrido aos meus pais. Compreendestes?

– Sim, senhor – ela abaixara os olhos.

Niklaus dirigira-se ao quarto de Rebekah, ainda tolerando os delírios recitados pela mesma. Ele jamais a vira daquela maneira e chegava a ser algo engraçado, se suas vidas não corressem perigo caso os pais despertassem.

Ele a colocara com cautela na enorme cama cercada por travesseiros e lençóis aconchegantes. Mas como Rebekah estava descontrolada devido ao efeito de inúmeras taças de hidromel, as provocações e delírios continuaram de maneira mais intensa.

Niklaus dera as costas para a irmã, caminhando em direção à porta. Rebekah levantara-se com um sobressalto indo em direção a ele. Ela colocara-se em frente a ele bloqueando a sua passagem.

– Nik... – ela gemeu como sempre fazia para persuadi-lo.

Rebekah colocara as mãos no ombro do irmão, empurrando-o contra a parede. Ele sentira-se desejoso, ao mesmo tempo atordoado e confuso. Ele estava embriagado, sim, mas parte de si imaginara aquele momento erótico durante algumas noites, mesmo sendo errado desejar a irmã, havia noites em que sua mente se ocupava somente com aquele desejo promíscuo.

– Rebekah, não. – ele sibilou, ainda que desejasse que o ato se realizasse.

– Por favor, Nik – ela suplicou. – Logo estarei casada com o Lorde. Desfrutando somente do corpo pelo qual não pedi para possuí-lo.

Rebekah não estava em sua sã consciência, Niklaus tinha certeza disso. No entanto, ele também não estava certo de que sua mente estivesse no lugar correto desde o dia em que se sentira atraído por ela. Jamais ele se sentira tão desejoso e ao mesmo tempo tão culpado. Parte de sua mente o condenava por querer aquilo, mas a outra metade não se importava com a culpa.

Ele esquivou-se dos toques da irmã, mas ela encarava apenas como mais um desafio. Ela deixou a manga do vestido cair até o meio do ombro, tornando a acariciar o rosto do irmão. Ele lutava contra aquele desejo, mas era algo imprescindível. Mesmo embriagada, o jeito sensual de Rebekah era irresistível.

Niklaus sendo o mesmo cego desejoso apelara para a parte de sua mente que não se importava com a culpa. O seu ponto fraco sempre fora não obter controle sobre si quando a irmã lhe implorava por algo. Mas agora, mesmo sabendo que Rebekah não estava em seu estado mais lúcido, ele tentava resistir ao desejo. Porém, sabendo que era inútil da sua parte lutar contra o seu desejo interior, ele deixou se levar pela sede.

Rebekah entrelaçara as suas mãos sobre o ombro de Niklaus, inserindo seus lábios contra os lábios do irmão. Ela o beijara de maneira delicada, apenas sugando levemente os lábios do rapaz. Não era natural de Rebekah ser delicada. Ele tampouco.

Niklaus a empurrara contra a parede percorrendo um caminho de beijos do ombro a boca da irmã. Ela desabotoara vagarosamente os botões do vestido, provocando-o. Aos poucos ela se livrara de todas as peças de sua roupa, despindo-se por completo. Os lábios do irmão voltaram a percorrer o corpo da loura, desta ver trilhando beijos da sua boca até a cintura. Ele posicionara-se de joelhos deixando sua boca na altura das partes intimas da loura. Rebekah lhe lançara um olhar de malícia, que indicava consentimento para que o fizesse.

Ele inserira a sua boca nas partes intimas da irmã, que emitiu um gemido abafado. Sua língua dançara por entre as parte da garota, percorrendo seu clitóris. Rebekah emitiu um gemido mais eminente, posicionando sua perna sobre o ombro do irmão, em busca de facilitar o trabalho do mesmo. A língua de Niklaus continuava a percorrer a intimidade da irmã, fazendo-a arquejar de prazer, deleitando-se com a sensação fervilhante de ter a língua do irmão percorrendo sua intimidade. A loura lhe lançara um olhar presunçoso e logo em seguida fitara a cama, fazendo o irmão expor um meio sorriso ao entender o recado.

Niklaus agarrara a cintura de Rebekah lançando-a na cama. Ele retirara suas botas com os pés, ainda posicionado em frente à cama onde Rebekah encontrava-se sorrindo, logo em seguida retirara o seu casaco e seu Chemise; uma camisa produzida de lã que era utilizada como roupa de baixo. Por último resolvera livrar-se de suas calças, deixando-a caída sobre os calcanhares e em seguida retirando-as assim como fizera com as botas.

Ele lançou-se na cama sobre ela, mas a mesma resistiu, empurrando o seu corpo contra o irmão, fazendo-o ficar por baixo. Rebekah apoiara-se de joelhos sobre a cama, caminhando apoiada em suas mãos por cima do irmão. Ela sentara-se escancaradamente sobre o membro do mesmo, fazendo-o liberar um gemido agudo, moderado. Embora todos no castelo estivessem recolhidos em seus aposentos, os dois sabiam que as paredes possuíam ouvidos aguçados.

Os gemidos aumentaram a frequência enquanto ela remexia-se sobre o membro do mesmo. Ela encostara os seios contra o peito do irmão que se mantinha ocupado com os lábios da moça. Ao sentir os seios da irmã roçando contra o seu peito, Niklaus resolvera ocupar seus lábios com os mesmos, primeiro com leves beijos e em seguida com prazerosas sucções.

Niklaus agarrara a cintura de Rebekah, girando-a contra a cama assim como a mesma o fizera antes. Ele colocou-se de joelhos em frente à mesma, ainda mantendo suas mãos na cintura da loura, movimentando-se em suas nádegas. Ele a beijara alucinadamente, como se o tempo em que Rebekah ficara longe de casa fosse recompensado por aquele momento. Logo em seguida ele a penetrou, fazendo-a arquejar novamente, desta vez a loura soltara um gemido mais notável.

Ele mantinha seus movimentos contínuos dentro da loura, fazendo-a soltar um sequencia de gemidos elevados. Ele retirara o seu membro da irmã, ejaculando fora. A expressão de Rebekah enriqueceu-se, ela odiava o coito interrompido, mas decidiu não protestar com o irmão.

Quando ambos chegaram ao ápice, viraram-se de costas um para o outro, controlando as respirações ofegantes. Os lençóis da cama estavam sujos, normalmente, as moças em que Niklaus deitava-se sempre protestavam, pois jamais recuperavam a maciez do tecido quando o mesmo ejaculava.

Niklaus sentiu Rebekah remexer-se novamente na cama, mas não se virou para olhar, apenas sentiu a mão da jovem envolver a sua cintura e sua respiração assoprando contra suas costas. O último som que se lembrara de ouvir fora a voz da irmã emitindo um som abafado, pelo que traduziu em sua mente entendeu como: Nik.

Somente quando acordaram pela manhã, Niklaus e Rebekah perceberam a atrocidade que haviam cometido. Mesmo sendo criados em uma família errática e imodesta como a família Mikaelson, aquele erro seria imperdoável caso os pais descobrissem.

Niklaus movera cuidadosamente a mão da irmã de sua cintura, temendo a sua reação ao acordar. Mas a mesma despertara com um simples toque em sua pele. Os dois viraram para se encarar, ainda em êxtase. Rebekah o olhara de uma maneira incrédula, possivelmente ainda processando os acontecimentos da noite anterior.

Ela não possuía certeza de porque tinha feito aquilo. Afinal, não era ela que estava com ódio do irmão por manter outra moça em seu colo? E quanto a Niklaus? Não era o mesmo que se irara devido os olhares do Lorde Marcellus? Mais uma vez a frase proferida pela mãe na infância fez sentido para os dois. Mesmo odiando-se, ambos não deixavam de se amar. Entretanto, possuíam dúvidas a respeito do amor que possuíam um para com o outro. A noite passada, enquanto os mesmos encontravam-se embriagados, mudara o sentimento que possuíam antes?

O coração dos irmãos bateu ainda mais acelerado quando uma voz quebrara o silêncio da manhã.

– Niklaus? – a voz de Esther irrompera pelo corredor. – Rebekah?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é, Rebekah somos idênticas na cozinha. Comentem, por favor, pois conferi no contador de acessos e o numero de acesso foi BASTANTE considerável, no entanto, o numero de comentários foi algo vergonhoso em relação aos acessos. Podem ser sinceros nos reviews. Juro que não mordo.