Forbidden Love escrita por Miss Mikaelson


Capítulo 13
Capítulo 13 - O preço


Notas iniciais do capítulo

Hey, babies! Merry Christmas!
E, enquanto todos comem, bebem e comemoram até o dia amanhecer, a autora mais anti-social da face da terra vem aqui desejar um feliz natal para todas vocês, lindas.
Nada melhor do que um capítulo novo para alegrar a todos! Enfim, acho que estou com esse capítulo guardado desde a páscoa (ok, talvez nem tanto tempo assim), mas finalmente consegui postá-lo.
Boa leitura!
Antes que eu esqueça, capítulo apenas de complemento, pois o melhor ainda está por vir. Sim, farei de tudo para postá-lo amanhã. Ou hoje, nesse caso.



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Na floresta escura, os corvos dançavam na ramagem superior das árvores. As folhas caíam, o vento açoitava impetuosamente, varrendo a tapeçaria de folhas secas que se desabavam ao chão. Veio o frio, gelando a mata e obrigando as aves a repousarem nos galhos. No fim do bosque, veio uma voz a chamá-la. Ao caminhar ao longo da trilha, observou os corvos voarem ao seu redor, e vários aguerridos saltarem através das árvores e a cercarem.

Todos os guerreiros abriram caminho para um soldado. Não distinguiu o rosto do guerreiro ao longe, mas ao aproximar-se, vira a face rancorosa de Mikael. Deu um passo para trás e, no mesmo instante em que a neve caíra sobre o bosque, ele a golpeou no peito.

Chamas verdes eclodiram das árvores e toda a neve consumiu. O sonho se apagou. Levantou-se da cama, repousando os olhos nas estrelas acesas no céu escuro, e na brisa suave que abanava a cortina de renda branca. Até que o sono viesse, trazendo com ele um novo pesadelo. Mas dessa vez, fora curto. Do céu belo de entardecer, os sons suaves dos pássaros irradiavam vida, desenhando o céu com sua dança. Do alto, pétalas caíam e perfeita sincronia, até se chegarem ao chão, descansando sobre o corpo de uma criança estirada ao chão, desmanchando-se em poças de sangue.

Quando acordou, o sol já nascia atrás das montanhas. Saiu da cama às pressas, correndo até a janela e assistindo a vida surgir na cidade. Os comércios abriam, as pessoas de suas casas saíam, as crianças corriam atrás das carruagens nobres, empunhando suas espadas de madeira envelhecida. Indagou-se o porquê de, mesmo sem todo o luxo da vida palaciana, ainda assim pareciam tão felizes.

Os guardas a ponte do castelo abaixavam, dando passagem aos empregados e fidalgos que madrugavam até o castelo. Naquele dia, porém, a movimentação estava mais intensa. No corredor, passos largos e sons de prataria despencando tomavam o silêncio da manhã. Foi então que se recordou. Dezessete. Dezessete anos celebraria nesta noite.

Olhou para baixo. Uma queda livre de exatos doze metros até os espinhos das roseiras. E que talvez não doesse tanto como a dor que sentiria em algum tempo. Não suportaria mais um dia carregando aquele fardo, quanto mais os anos que viriam. Vestiu-se com um vestido largo na cintura, com um pequeno decote e ornamentos em cristal nas pontas.

Antes de sair dos aposentos, olhara a cama desordenada uma última vez, agradecendo por tudo aquilo não passar de um sonho. No final da escada, encontrara Elijah dialogando com um dos lordes que se chegavam a ele com intuito de pedir abrigo. Agradeceu mais uma vez por não encontrar o esposo. Afinal, há dias ele não aparecia. Com sorte, pensou ela, uma fera ou guerreiro inimigo haviam cuidado de acabar com a vida do imprestável.

Quando se assentou na mesa, percebeu que, tanto Esther quanto Henrik estavam desgostosos. Um longo intervalo de dias que se sucederam sem ataques. Mas que tão logo teriam seu fim. E várias vidas seriam novamente ceifadas. Foi então que se lembrou das crianças que vira da janela de seu quarto, e novamente veio a se questionar: como poderiam se reerguer assim, tão facilmente?

— Não está um belo dia? — disse Elijah, beijando-lhe a face e assentando-se na cadeira de Mikael. — Dezessete luas. Parece que foi ontem que a vimos nascer. Mandei que os camponeses colhessem rosas vermelhas para a festa. Soube que são suas favoritas.

Ela assentiu com a face enrijecida. Não estava feliz. E não se importava em disfarçar sua infelicidade. Mas tentou sorrir, por Elijah, pelo único irmão que merecia seu afeto.

— Celebramos uma festa nos intervalos de uma guerra — pronunciou calmamente. — Mas amanhã, quando um novo dia vier, trará consigo uma guerra e muitas vidas ceifadas.

— Isso não seria um desassossego para os camponeses? — Kol meditou enquanto descia as escadas e se assentava à mesa. — Nada passará pelos muros deste castelo, Rebekah.

Esther desviou-se de seu prato de cereais e bacon e olhou o filho de soslaio. Endureceu a postura e dialogou friamente:

— Ainda assim, Kol, nada impediu que eu perdesse meu filho Finn.

Kol abaixou os ombros e fitou as empregadas que passavam servindo a ceia. As palavras da mãe não obtiveram impacto sobre o Mikaelson. Virou-se para Henrik e murmurou algo imperceptível, o que fez o mais moço sorrir abertamente.

— Lorde Byron veio até mim esta manhã em busca de armas e soldados — Elijah comunicou.

— Certo — Kol soltou um ar desdenhoso enquanto engolia o pão e a cevada. — Daremos abrigos para toda a Europa. Afinal, quando fomos promovidos a criados compelidos a servir a todos? Mas se bem me lembro, Lorde Byron se recusara a oferecer parte de sua colheita há alguns anos, quando nosso pai mais precisara de sua ajuda.

— Ele se dispõe a oferecer algo em troca — Elijah advertiu-o. — Então, pelas circunstâncias em que nos encontramos, não vejo razão para não o ajudarmos.

— Magnífico — Kol rebateu. — E o que nos dará? Suas putas e cavalos? Acredito que devemos aceitar a primeira opção. Já estou farto de montar animais.

— Kol — Esther o repreendeu. — Seu irmão ainda é uma criança.

— Ele nos ofereceu a mão de sua filha mais moça — afirmou Elijah. — E compeliu-me a selar uma união entre Henrik e a menina, Bessie.

Esther levantou-se inesperadamente. Seu olhar estava furioso, seu corpo tremia e de modo abrupto lançou os talheres em cima da mesa.

— Nunca! — gritou para o filho. — Eu já perdi Finn. Henrik é meu último filho.

— Seu último filho favorito, não? — Kol questionou, lançando os lenços sobre a mesa, carregando suas armas e se retirando para o campo.

— Kol... — Esther ficou a chamá-lo. — Kol... — Vendo que ele não mais voltaria, virou-se para o filho mais novo e disse-lhe, suavemente, tocando-lhe a mão: — Vá, querido. Ordenei aos carpinteiros que lhe fizessem um novo conjunto de espadas de madeira.

Quando as empregadas trouxeram um prato recheado de carne e pães, Rebekah lutou contra a vontade de lançá-lo na face da cozinheira. O cheiro repugnante do assado de cordeiro a fizeram empurrar o prato e conformar-se com um pouco de cevada. Esther a estudou atenciosamente, fazendo-a desconhecer o gesto da mãe. Seu rosto ainda estava queimado devido ao ataque na capela, pequenas feridas espalhadas em sua face, braços e pernas, assim como os das demais senhoras, exceto Rebekah, que saíra ilesa.

— De todos os modos, fiquei tentado a aceitar a oferta — Elijah exprimiu. — Precisamos de armas e aliados. O rei Henrique V nos enviou um comunicado esta manhã. O intervalo de paz para o casamento do rei se aproxima do fim. Pelo que parece, a união entre a França e a Inglaterra não agradou a todos. O que nos deixa sem recursos, sendo que já vivíamos o auge da pacificação.

— Não casarei o meu último filho — Esther pronunciou, pela primeira vez retirando seu olhar de Rebekah e encarando Elijah. — Henrik não será trocado por armaduras ou guerreiros para vencer uma guerra estúpida.

Desta vez, foi Rebekah quem se levantou irosa. Arremessou o prato de assado no chão e virou a mesa sobre a mãe. Elijah ergueu-se para retirar o móvel de madeira de cima da mãe, com esforço, mas por fim retirou-a do chão.

— Eu era sua única filha! — disparou entre lágrimas. — Vendeu-me como um objeto sem valor e nada a fez mudar de ideia. E o fardo de infelicidade que eu tenho de carregar é culpa da senhora, maldita rameira!

E deixou-a amparada nos braços de Elijah, correndo de volta para o quarto e atirando-se na cama, de onde não deveria ter se retirado. No salão, os criados recolhiam a confusão de alimentos espalhadas no chão, enquanto observavam o olhar pasmado da senhora do castelo.

(***)

— Contaram-me do seu ataque de fúria hoje mais cedo — disse Elisa, assentando-se ao lado da cama e afagando os cabelos da cunhada. — Pensei em vê-la, já que todos temem em se aproximar da porta.

Rira pela primeira vez em dias. Somente então tirara a face debaixo dos lençóis e encarara Elisa. Ela havia amadurecido em dias o que Rebekah não conseguira em anos. Seus cabelos estavam mais longos, seus traços angelicais de menina de quinze anos haviam desaparecido, e uma feição mais séria e mais madura agora preenchiam seu rosto.

Vestia-se com mais elegância. Um traje em cores pastéis, com renda, decote e detalhes em verde malta. Por fim, a duquesa obtivera seu desejo; conduzir a filha aos costumes superficiais que sempre desejara.

— O que achou do vestido? — perguntou ela, de repente alterando o rumo da conversa. — Desde que Domenico fora convocado para a guarda pessoal do rei, mamãe tem me dado um pouco mais de atenção. Ela acredita que devo me casar com as cores de nosso estandarte. Ou um vestido vermelho límpido, que simbolize toda a minha pureza. Em menos de uma lua estarei casada. Consegue acreditar?

Rebekah sorriu em resposta. Um sorriso falso e amargo, mas que passara despercebido por Elisa. Era como se toda a sanidade se esvaísse a cada dia mais da rapariga que um dia conhecera e confiara. Quando Elisa deixou o aposento, as amas se achegaram até ela. Soltando-lhes as cascatas louras e adornando os cachos com arranjos e diademas.

Enroupou-se com um vestido de linho vermelho com uma sobreveste dourada. Ele era lindo, solto na cintura e volumoso nas pontas, em sintonia com as cores perfeitas que se destacavam lindamente em sua pele marfim. Mas naquele momento, nem mesmo a mais bela vestimenta seria capaz de livrá-la das dores que afligiam sua alma.

A porta do quarto estrondou, revelando Ayanna, caminhando ao seu encontro e pondo-lhe a mão nos ombros. Tão logo percebera seu semblante caído.

— Por que está triste? — Ayanna discursou. — Rebekah, não é sempre que faz dezessete anos. Nos tempos de escuridão, feliz era aquele conseguisse sair do ventre sem ser morto por um soldado — Ayanna desviou os olhos. — Ainda lembro-me das crianças arrancadas do leito das mães...

— Guerras e mais histórias de horror — suspirou pesadamente. — Entediante quando se leva em conta que uma bomba pode explodir o teto do castelo a qualquer momento.

Rebekah assentou-se na cama, pensativa, desviando sua atenção para um ponto distante no meio do quarto. Tomada pela dor de todos os medos e repreensões, lembrando-se dos pesadelos que a assombravam à noite.

— Rebekah — Ayanna chamou-a. — O que a incomoda?

As palavras de Ayanna lhe transmitiram certeza. Pela primeira vez, conseguira sentir que com ela poderia desabafar.

— Naquela manhã na capela — contou-lhe—, quando todas as mulheres fugiam do fogo, lembro-me de que ele não me queimou. Como se de alguma forma o meu terror alimentasse as chamas.

Ayanna virou-se para sair, porém, dera uma última olhada para a moça, antes de se retirar do aposento.

— Dezessete anos — murmurou. — Há mais de magia nesta idade do que se pode imaginar, Rebekah.

E deu as costas. Batendo a porta do cômodo de maneira violenta. Quando finalmente se decidiu a sair do quarto, trombara com a criada ruiva que tanto roubava a atenção de Kol. No entanto, desta vez, a vira saindo dos aposentos de Niklaus.

Seus olhos saltaram para fora das órbitas quando se fixaram em Rebekah, curvando a cabeça e cobrindo parte do rosto com os longos fios avermelhados. Seu rosto era lívido e franzino, assim como as suas mãos; finas e delicadas para uma serviçal.

— Perdoe-me, senhora — pediu, e tão logo Rebekah notara seu leve sotaque francês. E antes que a criada saísse de seu campo de visão, Rebekah a puxara pelo braço.

— Conheço-a — revelou. — Mas sim! A prostituta de belos cabelos vermelhos trazida ao castelo pelo meu irmão Kol, não? — Por um tempo, pôs-se a observar o semblante intrigado da mulher. — Ora, ainda questiono-me que, apesar do sangue nobre, o gosto de meus irmãos com relação a mulheres tem caído gradativamente.

— Não sei a que se refere, minha senhora — dissera a serva, tremendo os lábios em receio.

— Cuidado — alertou-a. — Eu, em seu caso, não falaria muito em um palácio tomado de inimigos. Tente disfarçar seu sotaque francês antes que perca a cabeça.

Sorriu levemente de maneira fria, enquanto olhava a criada movendo-se através do corredor. Logo mais à frente, um frio invadiu o ambiente. Uma voz insensível anunciou:

— O frio que consome toda a chama. O silêncio que engole todas as vozes. E uma vida inocente a ser cobrada em prol de outra.

Virou-se para trás, porém nada vira. O frio acabou-se. Voltou a caminhar até as escadas, e foi quando parou em frente ao quarto de Klaus, e notou que estava vazio. Ela não o via há dias. Nem mesmo imaginara onde ele poderia estar.

Desceu as escadas com os olhos baixos. Olhou de relance a decoração e viu que estava bela. No centro do salão, a grande mesa estava enfeitada com uma toalha em cores neutras e talheres vermelhos com arranjos de rosas brancas. Cortinas em tecido persa adornavam as janelas e o brasão da família se estendia pelos quatro cantos da sala. Em todos os lados, mágicos e cantores divertiam os convidados.

O grande lustre do centro do salão, no entanto, fora removido e em seu lugar, imensas portas se revelavam trancadas, presas por uma corda que se estendia do teto até as armaduras detrás das escadas. No fim da sala, Mikael e alguns lordes dialogavam calmamente.

— Pede-me metade de meus homens e armamento em troca da mão de sua filha? — perguntou Mikael. Naquele instante, parecia tão lúcido quanto qualquer senhor presente no salão. Olhou a filha de esguelha e posteriormente virou-se para lorde Byron.

— Sim — respondeu o lorde, enrolando a longa barba branca em seus dedos pontudos. — Afinal, para que servem as filhas em tempos de guerra?

Elijah veio até a irmã, cumprimentando-a com um beijo na face e repousando ao seu lado. Estava divinamente elegante em seu gibão acolchoado de mangas bufantes e gola alta. Desenrolou a corda presa atrás da armadura e deu-a nas mãos de Rebekah.

— Puxe-a quando estiver pronta — disse ele. — Pétalas de rosas caíram de lá.

O cheiro de vinho e assado invadiu o ambiente. Um odor repugnante, ainda pior do que sentira na ceia matinal. Encostara-se a uma armadura e inclinara o corpo para frente, erguendo as mãos até a boca e em seguida voltando-se para encarar Elijah.

— Não se cozinha nada mais decente neste castelo? — comentou rispidamente.

— Rebekah, está passando bem? — falou receoso, observando-a com toda cautela. — Seu rosto está pálido.

— Não é nada — disse-lhe trêmula. Suas pernas enfraqueceram por um momento e sua visão enturvou-se. Cambaleou para perto do irmão e mordiscou o lábio gélido, que a esta altura estava tão descorado quanto seu rosto. — Não se incomode com isso.

Quando os cantores terminaram a canção, Elijah fez um gesto para a irmã, indicando-lhe para repuxar a corda, de onde as pétalas cairiam após o fim da apresentação. Mas ao invés de um majestoso encerramento, no momento em que Rebekah puxara a corda, as portas do teto se abriram, e do alto, o corpo ensanguentado de Henrik caíra ao chão.

O grito desesperador de Esther rompeu o silêncio que por um tempo se dera. Somente então Rebekah relembrara-se de seu sonho. O corpo de uma criança reclinado sobre rosas e sangue. A voz que ouvira no corredor. Uma vida inocente a ser cobrada em prol de outra...

Antes que percebesse, sua vista escurecera novamente, mas desta vez, seu corpo viera ao chão. E braços fortes a ampararam da queda.


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Notas finais do capítulo

Hey, lindas, espero que tenham gostado do capítulo. Eu, particularmente, tinha perdido a esperança de publicá-lo, mas finalmente consegui fazê-lo.
Feliz natal, gente.
Beijos e até o próximo.