Forbidden Love escrita por Miss Mikaelson


Capítulo 14
Capítulo 14 - Donzela de ferro


Notas iniciais do capítulo

Então, meninas, saudades?
Gente, peço que me desculpem pela demora, mas eu formatei o pc e esqueci de salvar as pastas dessa fanfic e perdi todos os capítulos prontos. Então tenho que reescrever tudo o que havia planejado para a história...
Espero que compreendam, por favor.



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O vento se tornou mais intenso. Aos poucos as nuvens começavam a dançar no céu escuro e tempestuoso, embaladas pelas fortes rajadas de vento que assopravam do leste. Logo, uma forte chuva desabou sobre o feudo. Era início da manhã, mas o agitar voraz das árvores e a escuridão do céu ocultavam a luz ofuscante de começo do dia. Niklaus parou nos primeiros degraus da escada, observando a preparação do corpo de Henrik. Ninguém dormira no castelo desde o assassinato do menino. Mikael, louco e desentendido, partira para além dos campos com os filhos e o irmão, atrás do assassino que tirara a vida do filho mais novo. Enquanto os soldados que ficaram no castelo vasculhavam-no em toda a parte, sem sucesso.

Esther se aproximou do corpo do menino, triste e inconsolável, tocou-lhe a pequena e gélida mão, e em seguida foi amparada por Ayanna. Quando Klaus encontrou forças, desceu até o corpo do irmão e afagou-lhe os cabelos negros, inclinando-se para frente, deixou seus lábios tocarem o rosto do jovem rapaz e o beijou. Seu irmão mais novo era apenas um menino. Não merecia aquele destino.

— Vou encontrar quem fez isso — jurou, tocando-lhe os lábios e, apesar de magoado, não deixou cair as lágrimas. — E então matarei o infeliz. Sua morte será vingada, irmãozinho.

— Não — sussurrou Esther, fitando-o entre lágrimas e soluços. — Não fará nada. Vingança traz guerra; guerras trazem morte. Eu já perdi e Finn e Henrik. Seu pai e seus irmãos estão cegos de ódio e aos poucos eu perco cada um dos meus filhos.

— Dizer-me para não vingar meu irmão é o mesmo que deixar sua morte impune — concluiu. — Eu vingarei Henrik.

Virou-se para sair, mas antes que o fizesse, Esther o puxou pelo braço, encarando-o.

— Já disse que não! — insistiu alteradamente. — Peço-lhe, Niklaus, eu não quero perder mais um filho. — olhou novamente para o corpo de Henrik e desabou em lágrimas. — Meu menininho valente. Meu pequeno guerreiro. Ele era só uma criança e sofreu as consequências de uma guerra estúpida. Eu não quero enterrar mais um filho, Niklaus, prometa-me…

Ele a olhou duramente por longos minutos, mas então assentiu a fim de não contrariá-la. Seguiu de volta para os aposentos, porém, antes de entrar em seu quarto parou na porta do aposento de Rebekah, empurrando-a com delicadeza. Ordenou para as criadas que a serviam que se retirassem do quarto, deixando-os a sós. Sentou-se na cama ao lado dela e passou o braço em volta do seu.

O rosto de Rebekah estava pálido. Mais pálido que o normal. Suas mãos, gélidas e trêmulas, se empenhavam para segurar uma xícara de chá, enquanto seus olhos derramavam lágrimas incontroláveis. A xícara caiu no chão e partiu-se ao meio. Subitamente, atirou-se nos braços do irmão e deixou o calor do corpo dele envolvê-la, como se seus braços a livrassem da dor. E, naquele momento, deixou de lado todo ódio.

— Ele era só um menino — soluçou, afastando-se dele. — Quem mataria uma criança?

— Não sei — disse. — Mas nosso pai e o tio Aaron chegaram a um consenso. Eles acreditam que há alguém infiltrado no castelo. Henrik foi um aviso prévio. Por enquanto, não quero que saia daqui. O corpo dele está sendo preparado, provavelmente o enterraremos ainda hoje, no final da tarde. Não quero que veja-o nessas condições. Você desmaiou quando o viu ontem à noite.

Observou-a atentamente esquivar-se de seus toques e se encolher-se entre as almofadas. Elevou as mãos até os olhos da irmã, limpando as lágrimas. A face dela gora era dura e rancorosa, como se de alguma forma uma dor a consumisse de dentro para fora. E não era pela morte de Henrik, pensou ele. Seus cabelos loiros e emaranhados derramavam-se em ondas sobre os ombros e cobriam seus seios. Quando deu por si, já havia puxado-a novamente para seus braços, olhando fixamente para os seus olhos. De repente, nada mais parecia importar. Um fio de redenção brotou nos olhos da rapariga, e seus lábios aos poucos se aproximavam da boca do irmão. Ele quase sentiu; quase teve novamente seus lábios inseridos nos dela. Ouviu a voz de Camille, berrando seu nome aos quatro cantos do palácio, interrompendo o momento.

— Por que não vai cuidar da sua esposa? — questionou ela, sem disfarçar o tom ríspido e o olhar enciumado.

— Minha esposa — disse ele, desdenhosamente. — Irônico, não acha? Eu não a amo, você não ama o tolo imprestável do seu marido e, mesmo assim…

— Você não ama nem sua própria sombra! — interrompeu-o. — Agora saia daqui. Antes que a ignorante da sua esposa derrube o castelo em busca do marido.

Saiu do quarto e tão logo esbarrou-se em Camille. Seu semblante era calmo e ao mesmo tempo abatido. Sua voz, doce e suave, confortava-o com palavras de alento e seus braços, lentamente o envolveram num abraço solidário e caloroso. Ela era dócil e bem ajustada, em silêncio se expressava e respeitava toda e qualquer autoridade familiar. Como poderia não amá-la?, perguntou-se. A mesma pergunta que se fazia em silêncio todas as manhãs ao acordar e olhar para ela. Camille, com todos seus encantos, não preenchia a personalidade insubmissa, manipuladora e desajustada que sua irmã possuía. E ainda arriscava-se a crer que nenhuma outra mulher seria capaz de preencher. E, provavelmente, nenhuma outra teria sobre ele tanta influência.

Segurou fortemente as mãos da esposa, tirando-as de seu ombro e desviando-se do abraço. Por mais que tentasse, não conseguiria nem seria capaz de dar a ela o afeto e carinho que a esposa merecia. Camille abaixou os olhos, percebendo a frieza do marido. Niklaus praguejou em silêncio. Odiava tratá-la com tamanha indelicadeza. Obrigou-se a assentir para ela, envolvendo seu rosto numa carícia fria e desanimada.

— Sinto muito pelo seu irmão — murmurou.

— Todos sentimos — retrucou, direcionando-se para o seu quarto, seguido pela esposa.

Despiu-se das armas, lançando-as ao lado da cama. Caminhou até os quadros e pincéis, onde encontrou inspiração na dor. Aos poucos, dos riscos de cores fracas e pinceladas firmes, a paisagem de uma natureza mórbida começou a surgir. A tinta negra tomara um lado completo da tela, realçando os troncos de um carvalho caído cujos galhos enchafurdavam-se na água do rio. Do outro lado da tela, um risco de luz nascia em meio a escuridão da pintura, passando despercebida pela nascente de sangue que brotava da terra. Talvez houvesse se passado horas, mas o tempo correu com tamanha velocidade enquanto empunhava os pinceis que Niklaus acabara por esquecer da esposa, estática observando-o.

— Não sabia que você era dotado de um espírito artístico — afirmou ela. — Presumi que sua habilidade nas mãos fossem apenas para a guerra.

Niklaus olhou-a de soslaio.

— Ensinaram-me a arte da guerra — argumentou. — Mas esse talento nasceu comigo.

Camille assentou-se na cama, passando as mãos sobre a coberta dourada como suas vestes, sentindo a leveza e delicadeza do tecido. Comentou novamente, de repente interessada no assunto:

— Nessa família, você é o único que parece ser talentoso. Seus irmãos possuem, por acaso, algum talento, além de serem bons com a espada?

— Na verdade, sim — completou, de olhos fixos na pintura, terminando alguns detalhes. — Todos na família tem uma habilidade. Elijah é bom com as palavras. Kol se sobressai com as mulheres; especialista na arte de cortejar. E Rebekah… bem… ela é boa em várias coisas.

Ao concluir o trabalho, largou os pincéis sobre a mesa e pôs-se novamente a admirar a tela. Camille deslizou para perto do marido, fitando a riqueza dos detalhes contidos na obra.

— Dizem que todo artista tem uma áurea reprimida — ela estudou a expressão do esposo. — O que você pinta diz muito sobre quem realmente é.

Niklaus colocou-se mais perto da mulher, mirando-a ameaçadoramente, até que seu hálito quente assoprasse em sua face.

— Então me esclareça — sugeriu. — Diga-me o que a pintura diz sobre mim.

— Seu coração é cheio de confusão e angustia — esclareceu-lhe. — A predominância das cores escuras mostram que és uma pessoa perdida dentro da própria confusão, desorientado no meio do caos e da dor. Os raios de luz, no entanto, demonstram sua crença de que, mesmo nessa distopia, ainda há esperança. — Niklaus tentou disfarçar a expressão que surgira em sua face. Camille, em poucas palavras, descrevera tudo o que o guerreiro passara para a obra.

[***}

Esther não teve forças para assistir o funeral do filho mais novo. Foi Mikael, entretanto, que pôs as espadas de madeira do menino sobre a sepultura. Niklaus observou o pai durante toda a cerimonia, e por mais inacreditável que parecesse, nenhuma lágrima escorreu dos olhos do senhor feudal. Ainda assim, a face de Mikael demonstrava ira e desolação. Ao término do cortejo, Mikael foi o primeiro a voltar ao castelo, eufórico e vingativo, cavalgava as pressas, sempre acompanhado do irmão.

Quando retornaram ao palácio, Elijah e Kol receberam as condolências de todos os lordes, em nome de toda a família. O salão do castelo, depois de um tempo, nada mais era do que um ambiente vazio. Todos pareciam ter se recolhido a fim de sofrer em silêncio. Rebekah desceu as escadas aflita e com precipitação. Atirou-se nos braços do irmão, chorando em seus ombros; e ele não hesitou em recebê-la.

— Eu amei Finn… — disse-lhe, desfazendo o abraço. — Amei Henrik. Mas quando percebi que já havia enterrado dois de nossos irmãos… não deixei de pensar que poderia ter sido você. E que dessa vez estaríamos separados para sempre.

Ele inclinou-se, beijando-lhe calorosamente, sem se importar de que estavam em casa.

— Ouça-me — jurou. — Eu sempre estarei ao seu lado. Eu nunca te deixarei novamente. Serei capaz de matar todos que ameaçam tirá-la de mim. — prendeu delicadamente o rosto dela em suas mãos, afagando-a. — Você nunca vai me perder.

Os dias se passaram depressa. Aaron e Mikael infiltraram espiões no exército de Caled, e ao décimo terceiro dia do segundo mês, os primeiros sinais de um novo ataque começaram a se manifestar. Com a hipótese de uma nova batalha sendo cogitada, a luta pela vida e escassez de suprimentos se tornou a principal preocupação de todo o feudo. No castelo Mikaelson, o luto pelo filho mais jovem não passava de uma mera lembrança.

Mikael convocou uma reunião em seu gabinete, reunindo os filhos, os lordes e principais soldados a fim de desenvolver uma nova estratégia. Niklaus se posicionou em frente ao pai, ouvindo suas ordens.

— Nossos espiões enviaram uma informação pela manhã — disse. — O exército está acampado detrás da colina, onde não se pode vê-los. Esperam atacar ao anoitecer. Com sorte, temos alguns dias de vantagem até o ataque. Cada um ficará na posição que designei. Elijah — o rapaz deu um passo a frente ao ouvir a ordem do pai. — Quero que comande a primeira tropa. Marchará na frente, na primeira linha, e ficará encarregado de treinar novos recrutas.

— Isso é tolice — Niklaus proferiu. — Que homem se tornaria um soldado do dia para noite? — apontou para fora do castelo, onde, através da janela, indicava os camponeses exercitando seu trabalho. — Eles sequer conseguem trabalhar no campo de tão denegridos pela fome. Como o senhor, meu pai, deseja vê-los empunhando uma espada da noite para o dia?

Os lordes emitiram sons de concordância.

— Silêncio! — Mikael bradou e todos obedeceram. — Não quero treiná-los em combate! Enviaremos esse imbecis antes da primeira tropa, apenas como uma distração. Quando os homens de Caled se cansarem, então atacaremos com toda nossa força. Kol, quero que lidere os ataques com flechas de fogo. E Niklaus… fique no castelo e auxilie os flecheiros, caso resolvam atacar a fortaleza. Os outros marcharão comigo. Lorde Lewis, indique um de seus homens de confiança e o coloque como comandante do castelo até que eu volte.

Niklaus cerrou os punhos enquanto a ira em seu peito aumentava.

— Isso é uma merda! — expressou-se furiosamente. — Diga-me como, meu pai, colocas um qualquer no comando da casa, ao mesmo tempo em que eu, seu filho, nascido do seu sangue, sou obrigado a auxiliar flecheiros bêbados e mentalmente desequilibrados?

— Cale-se! — Mikael apontou a espada para o rosto do filho. Com cautela, e ocultando o medo do que a mente fora de equilíbrio do pai pudesse fazer, Niklaus afastou a ponta da lâmina. — Faça o que lhe pedi. — lançou as armas sobre a mesa e gritou: — Saiam daqui! Saiam todos daqui! Estão dispensados.

Em menos de meio segundo a sala já havia sido esvaziada. Niklaus, Elijah e Kol foram os últimos a sair, em companhia do tio. Ouviram mais um pedido de Mikael, antes de se retirarem.

— Elijah, diga a Finn que quero que marche ao lado na batalha. Caled me invejará e tremerá ao ver meu sucessor.

Elijah lançou um olhar receoso aos irmãos, mas virou-se para o pai e assentiu desconfortável. Assim que a porta do gabinete se fechou, Kol comentou ressentido:

— Mesmo depois de morto Finn continua a ser o favorito.

Os três irmãos caminhavam lado a lado, segurando suas armas e seguindo o tio que, por sua vez, ia na frente.

— Já perdemos essa guerra — Niklaus disse incrédulo. — Liderados por um louco, a cada dia caminhamos para a ruína.

— Olhe pelo lado bom — Kol o lembrou. — Caso nosso pai morra, nossa herança seria dividida mais cedo.

Aaron parou no meio da escada, e olhou de relance para os sobrinhos.

— Louco ou não, ele continua a ser seu pai, rapaz. Demonstre respeito.

Kol o mirou de modo desprezável.

— E continuaríamos a obedecer ordens do Elijah — Niklaus acrescentou sorridente, analisando a expressão do irmão ao seu lado. — Ou seria o herdeiro Mikaelson substituído pelo fantasma do Finn?

— Poderiam, por favor, demonstrar respeito a memória do nosso falecido irmão? — Elijah pediu, pacientemente. E nenhum dos irmãos estava decidido a obedecer.

— Imagine nosso querido irmão chefe da família Mikaelson — Kol continuou, trocando um olhar com Niklaus. — Certamente nos obrigaria a casar com a primeira puritana que aparecesse. Cogitando-nos a gastar parte da nossa fortuna construindo um legado de família baseado no respeito e na confiança, repassando valores éticos e morais aos nossos rebentos de nariz sujo. Logicamente, com sua exceção, Nik. Já que, em vez de gastar energia fodendo com sua esposa, prefere deixar as coisas em família.

Assim que chegaram ao fim da escada, Niklaus lançou seu corpo sobre Kol, empurrando-o contra o corrimão, com uma adaga impulsionada contra o rosto do irmão. Seu olhar era feroz e rigoroso. Aaron e Elijah afastaram a contenda, puxando Niklaus de cima do mais novo.

— Cacete! — diz Kol duramente. — Você pode até negar, mas, no fundo, sabe que se parece com o nosso pai.

Ele deu as costas, sem se importar com o que Aaron ou Elijah diziam. O dito de Kol, no entanto, calou fundo. Klaus não admirava o pai e nem desejava se parecer com ele. Quando entrou em seu quarto, a figura loira em sua cama fez qualquer ameaça de guerra ou comparação com Mikael desaparecer. E não era Camille.

Arremessou as armas e as botas no chão, atirando-se na cama ao lado da irmã e deixou o cheiro dela e o calor de seu corpo desaparecer com todos os problemas. Ou quase todos. Rebekah o conhecia bem. E não demorou muito para notar a sua inquietação.

— Nik… — ela o chamou, mas Niklaus por um momento se perdeu em seus pensamentos. — Nik, o que aconteceu?

— O imbecil paranoico e fornicador do seu irmão Kol, acha mesmo que me pareço com o nosso pai. — respondeu. — O pai cruel, ambicioso e sem humanidade para com os próprios filhos. Mas isso não é tudo o que me preocupa. Já se perguntou, Rebekah, por onde anda o bastardo covarde do seu marido?

Rebekah se mexeu insatisfeita, enrijecendo a face e a postura.

— Foi convocado à guarda pessoal do rei — disse ela descontente. — Com sorte, talvez tropece nas próprias pernas e morra durante o combate.

— E quando, querida irmã, o rei convoca covardes mimados para a sua guarda? — Niklaus sorriu largamente. E foi o suficiente para que ela entendesse. Levantou-se de súbito e encarou-o por longos segundos, então perguntou:

— O que fez com ele?

— Nada, por enquanto — sua resposta foi calma e singela, atendo-se aos olhos da irmã. — Esperava que decidisse a punição para ele. E desejo avidamente que reserve para ele um castigo a altura. Afinal, não pense nem por um segundo que foi fácil trancar o tolo em uma cela e falsificar uma carta em nome do rei.

— Mate-o — concordou ela, sem culpa ou pesar. Os olhos de Niklaus brilharam de satisfação. —Antes disso, quero falar com ele.

[***]

Quando Niklaus abriu a porta da masmorra, a figura pálida e seminua estirada no chão umedecido o fez sorrir, leve e vingativamente. Abaixou-se ao lado do corpo de Domenico e murmurou ofensas para o rapaz. As costas do filho do Duque estavam surradas, o rosto ferido e o corpo mergulhado na umidade e impureza da cela. Não tinha forças para se reerguer, mas com o pouco de energia que sobrara, levantou os olhos até Rebekah, parada ao lado do irmão.

Era difícil decifrar a expressão que Rebekah possuía. Um misto de susto e satisfação. Niklaus pediu para que os guardas, parados na porta, prendessem o rapaz numa grande caixa de madeira esculpida em forma de mulher, com o interior tomado de pregos e alguns espaços redondos nas laterais.

— O que é isso? — Rebekah perguntou.

— Donzela de ferro — explicou. — Ou virgem de ferro. Uma das punições mais satisfatórias adotadas pelos generais a fim de fazer um condenado confessar algum crime. Vê aquelas aberturas nas laterais? São fendas feitas para encaixar estacas. Quando o acusado confessa o crime, são fincadas grandes lanças de ferros. E este sangra até a morte.

O pavor nos olhos da irmã logo desapareceu ao aproximar-se do marido. Com a pouca energia que ainda tinha, Domenico conseguiu balbuciar seu nome. Niklaus pegou as lanças de ferro e caminhou até ele. Com uma mão segurou o braço de Rebekah, passando-o em volta do seu corpo.

— Rebekah — Domenico pronunciou fracamente. — Vadia… então é por causa dele que você nunca foi capaz de me amar? Meretriz… ordinária…

Klaus enfiou uma estaca através da fenda, que perfurou a pele do filho do duque, fazendo-o urrar alteradamente.

— Estúpida! Imunda! — gritou, quase sem forças. — Por que não manda esse bastardo me matar logo?

Rebekah o olhou triunfante, aproximou-se de seu rosto, até que os lábios estivessem próximos, para então declarar:

— Sempre acreditei que nosso filho merecia a oportunidade de conhecer o pai — apertou o ventre e, por um momento, os olhos de Domenico pareceram se render.

Ao ouvir a notícia, Niklaus quase deixou cair a estaca, mas então se enfureceu, e enfiou a lâmina no marido da irmã e segurou firme, apertando mais fundo de acordo com o crescer de sua raiva. Até que a vida se esvaísse dos olhos do rapaz.

Rebekah desabou por alguns minutos. Via o sangue escorrer da donzela de ferro e olhava o irmão ainda descrente.

— Nik, nós matamos o filho do duque. O que faremos?

Niklaus retirou um saco de moedas do bolso e lançou nas mãos dos guardas.

— Isso paga pelo silêncio — disse secamente, e os soldados assentiram. — E também paga para que cavem uma cova bem funda e distante do castelo. E enterrem esse bastardo.

E talvez no fundo, bem no fundo, Niklaus se parecesse mesmo com Mikael.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?