10 anos atrás...
Jack sempre teve que conviver com a solidão, o que o levou a pensar que se tinha que conviver com uma coisa, era melhor estar acostumado com ela. Por isso sempre foi tão isolado e inalcançável, ou talvez nem tanto. Havia uma coisa que o interessava profundamente. Aquele garoto de cabelos castanhos, desajeitado que sempre o perseguia e o observava de longe, Jack sempre sentiu a presença dele, e ela as vezes o irritava. Jack estava acostumado demais com o isolamento, com a solidão e Hiccup, diferente de Jack, não havia se acostumado com ela. Eles eram opostos como uma antítese, Enquanto Hiccup era calorso Jack era incrivelmente frio e disso ele sabia bem, mas Hiccup não, ou talvez até soubesse, mas a maior diferença entre eles era que isso não incomodava Hiccup nem um pouco.
Jack aprendeu a conviver com os olhares curiosos de Hiccup assim como aprendeu a conviver com a solidão. E viraram tão rotineiros quanto a própria solidão. A diferença entre Hiccup e a solidão que o perseguia era que dos olhares ele poderia sentir falta, mas da solidão não.
Jack era filho único de uma família de empresários, muito importante, treinado para ser o melhor em tudo. Mas a única coisa que Jack era o melhor era em ser o pior. O pior filho, o pior empresário... Jack também era o pior em ser o pior. Mas havia uma única coisa que o deixava motivado, para ser melhor, o melhor, e essa coisa era escrever. E nessa coisa o garoto magrelo moreno atrás da estante de livros de biologia o ajudara, quase tanto que nem imaginaria nunca. Enquanto Jack se acostumava com o seu olhar, que alias era outra coisa que ele fazia bem, se acostumar, ele gostava de escrever sobre ele, por mais que nada, absolutamente nada dele soubesse. Só o nome, o nome mais esquisito de que já tinha ouvido falar. E só sabia dele porque abaixo do dele nos livros que pegava da biblioteca sempre estava o do garoto magrelo, quando ele pegava os livros de novo. Estava tudo bem, porque Jack estava acostumado com toda aquela perseguição e como já falei a solidão. E voltou para casa com os pensamentos lá no alto, não havia ninguém o esperando. A verdade era que os pais de Jack já haviam perdido a fé nele, de que ele era capaz de administrar a empresa. Por isso Jack não tinha ninguém. Absolutamente ninguém, Além dos livros e do moreno que o olhava.
Estava com uma idéia montada na cabeça e a colocou no papel. Era uma boa história em sua opinião, mas não tinha idéia de como desenvolver ela, pois , como já disse essa também deveria ser uma coisa de que Jack era o pior, mais uma. Com esses pensamentos Jack adormeceu. E no dia seguinte acordou da mesma forma como dormiu rapidamente e sem emoção alguma. Arrumou-se para a escola e por algum motivo, não sentiu mais aquela perseguição o dia todo, e por algum outro motivo sentiu falta dela. Não foi para o canto isolado da biblioteca dessa vez, e viu o moreno procurava por ele atrás da estante de livros de Biologia, pela primeira vez riu. E o cutucou no ombro.
– Com licença... Em resposta ao toque, o mais novo deu um pulo, seu rosto ferveu e suas pernas ficaram bambas. O mais velho quis rir, mas apenas deu um sorriso, outra vez.
– Veterano... O mais velho não parava de o encarar, com aquele sorriso. - E-eu.... Te amo.
Por algum motivo, sua respiração por um minuto parou. Ele não estava surpreso, não mesmo, ele já sabia, sempre soube. Mas ouvir aquilo por algum motivo o deixou feliz...
– Hiccup, não é? Posso te chamar de Hic? O mais velho sorriu de orelha o orelha. Jack o deu um abraço forte, talvez porque agora não se sentia tão solitário assim e seus olhos ganharam um brilho inexplicável, estava bem mais bonito assim, na opinião de Hiccup.
A semana que seguiu da declaração foi bem diferente para ambos. Eles não sabiam ao certo que tipo de relação eles tinham, mas Hiccup se contentava em pensar que Jack havia deixado ele o amar e Jack se contentava em agora ter uma companhia que o fazia sorrir. Iam juntos para a escola e ficavam juntos durante o recreio e após as aulas na biblioteca. Hic, estava sempre tagarelando, estava feliz de poder estar perto dele, e Jack estava sempre sorrindo. Embora quando Hic não estava por perto, Jack continuava a ser o mesmo cara sem emoção. Começou a tentar compreender o que sentia pelo garoto, e entender por que de ele querer estar sempre perto dele. Hic o amava ele sabia, mas o que Jack sentia por Hic, também era amor? Ele não sabia responder, ele não sabia muito de amor além do que os livros o mostravam sobre ele. Jack escrevia muito sobre o amor e lia muito sobre ele, mas nunca havia o sentido na pele. Hic, não achou que um dia iria ser correspondido ele não tinha esperanças disso um dia acontecer.
Um dia depois da aula Jack o chamou para sua casa, ele estava nervoso, pois nunca havia estado lá. Era uma casa grande e bonita Hic não deixou de perceber e também não deixou de notar que não havia ninguém além dos dois dentro da casa o que o deixou ainda mais nervoso. Jack o levou até o seu quarto e os dois ficaram em silencio por algum tempo, um silencio constrangedor até Jack, pela primeira vez, se pronunciar.
– Hic... Eu te trouxe pra cá por que tenho algo para dizer. O moreno respirou fundo, não fazia idéia do que ele tinha para dizer. Eu tenho lido e escrito muito sobre o amor. O que é irônico por que eu achei que nunca tivesse sentido ele, mas eu senti. Vou ser direto. Eu sou homem e você também é. Pode ser difícil para os dois se isso continuar mas, eu te amo. Hiccup arregalou os olhos e Jack nada mas disse apenas ficou sobre o menor e lhe deu um beijo ardente e as caricias só aumentavam.
Depois daquele dia eles assumiram um relacionamento, que não durou muito pelo fato de que os pais e a noiva de Hiccup descobriram e o levaram para longe sem nem ter a chance de dar adeus. Hic foi obrigado a esquecer e Jack obrigado a se acostumar, mais uma vez. Mas Jack também era o pior em se acostumar a ficar longe, embora Hic, Fosse tão bom em esquecer.