Aos poucos, Angie começou a abrir os olhos. Via tudo embaçado e se sentia tonta. Conforme os minutos foram passando suas vistas se adaptaram ao quarto e pode distinguir o teto. Angie estava em seu quarto, deitada na cama. Como tinha chegado ali? Não tinha a menor ideia. Sua mente estava em qualquer lugar até que se lembrou “Thiago!”, rapidamente se sentou na cama. Logo tudo ao seu redor começou a dar voltas.

– Cuidado. – disse German segurando-a pelos ombros e encostando-a novamente.

Quando se encontrou com seus olhos castanhos, algo dentro dela se moveu. Era alguma emoção? Raiva? Alegria? Não sabia. Ao vê-lo tanto tempo depois, algo lhe causava um choque de emoções que a confundia, mas, em primeiro lugar, o que ele fazia ali? Com certeza tinha alguma coisa melhor para fazer, como estar com sua esposa ou trabalhar. Em uma tentativa de fugir do seu olhar, ela girou seu rosto para a janela, lá fora, ainda estava escuro.

– É meia noite. – confirmou German, lendo a mente de Angie.

Ele estava sentando em um banco ao lado da cama, cuidando dela.

– E Thiago? – perguntou ela, sabendo que ele sabia o nome do pequeno.

– Dormindo. – respondeu ele. – e sua mãe está fazendo um chá.

Claro. Com certeza Angelica havia permitido que German ficasse para resolverem suas situações. De repente um calafrio percorreu as costas de Angie “German já sabe de toda a verdade?” se perguntou ela enquanto o medo crescia aos poucos ali dentro. Angie olhou nos olhos de German. Neles, haviam apenas tranquilidade e alegria, nada de raiva. “Com certeza não sabe nada.” Pensou aliviada..

Com a boca seca, Angie se virou e viu um copo de água na mesa. Devagar se levantou, vendo que German a observava. A mulher passou a seu lado, pegou o copo de agua e ficou olhando através da janela. Dando as costas a German.

Ele a observou sem acreditar. Sentia como se tudo fosse um sonho daqueles que jamais queria acordar. Parecia que a mulher era alguma coisa de sua imaginação que tomava vida agora a frente de seus olhos. Tinha sonhado com este momento milhões de vezes. Não sabia como reagir, a única coisa que sabia era que sua alegria tinha voltado.

Ficou observando-a como um bobo. Angie não tinha mudado nada. Seu rosto estava lindo como sempre, sem nenhuma ruga ou qualquer tipo de sinal de envelhecimento. Seus olhos tinham o mesmo brilho que alegrava a qualquer um e que lhe trazia curiosidade que só era saciada quando descobria como decifra-los. Seu cabelo estava um pouco grande mas... Era a mesma Angie que o deixava louco.

Cansada de sentir o olhar de German por cima dela, Angie se virou e perguntou:

– O que foi?

– Nada – respondeu ele com cara de bobo – é que minha memória não foi justa com você, está linda.

Angie sorriu automaticamente e pensou com raiva “Droga! Como é que ele ainda consegue me roubar um sorriso tão facilmente?”. German cansado de pensar no que iria dizer, tomou coragem e disse:

– Senti muito sua falta.

Angie não disse nada. Não sabia o que dizer ou fazer. Estava com raiva dele por ele ter mentido sobre Jeremias e por outro lado se sentia muito culpada por não dizer que tinha um filho. Logo German suspirou.

– Bom Angie, me diz algo? – suplicou German ao ver que a mulher o tratava friamente.

– Como o que? – perguntou ela escolhendo-se nos ombros.

– Não sei... Talvez como você está... O que tem feito...

Angie bufou e se sentou novamente na cama.

– Como se você se importasse. – comentou com rancor.

– Me importa, mais do que você imagina.

– Não mais nada de importante para fazer além de ficar cuidando de mim até a meia noite?

German se sentou no banco, estava tenso. Mesmo depois de tantos anos, continuava com raiva dele?

– Não, a verdade é que não tenho nada melhor para fazer. – respondeu ele também frio. – mas pelo visto você quer que eu vá, não é?

Angie conteve sua raiva o maixmo que pode. Era obvio que não queria o ver. A ultima vez que havia o visto, foi quando descobriu que ele era Jeremias. Angie não tinha vontade de saber as razões de sua mentira e muito menos as desculpas e eles estarem sobre a mesma cama a qual ela havia se entregado a ele de corpo e alma, só a deixava mais tensa e com raiva.

– Germa... eu...

– Angie, me escuta, por favor. – a interrompeu ele aproximando-se dela – sei que está com raiva de mim mas me deixa te explicar tudo. Você se foi sem me dizer a onde ia e ...

– German – suplicou ela desta vez se acalmando – preciso ficar sozinha. Minha cabeça dói e tudo isso está acontecendo rápido demais.

German suspirou e ficou de pé.

– Está tudo bem. Vou te deixar. – disse ele caminhando até a porta.

O homem abriu a porta e justo quando ia fecha-la, virou-se para olhar nos olhos de Angie mais uma vez. Em seus olhos havia cansaço, German estava mais cansado, quase deprimido. Angie sentiu um nó em sua garganta, sua ausência havia o deixado assim? Então fechou o olhos “E ele acha o que?” pensou “Que foi fácil descobrir que ele era Jeremias?”

German, ainda vendo-a disse?

– Fico feliz que você voltou. Mesmo que pareça que você não esteja feliz em me ver de novo.

Disse isso e seguiu seu caminho fechando a porta. Angie pegou uma almofada e afundou seu rosto nela.

– Acalma-se Angeles. – disse a si mesma tirando o rosto da almofada.

Precisava se tranquilizar e pensar nas coisas com calma... Mas havia voltado a vê-lo. Havia voltado a ver o homem que a deixava louca e mesmo que não quisesse admitir, ele lhe causava um mar de emoções e sensações quando se olhavam nos olhos. De repente sentiu uma alegria e pouco a pouco as perguntas começaram a surgir, estava casado? Tinha mais filhos? O que havia acontecido com ele?

– Mamãe? – A voz de Thiago veio da porta.

Angie olhou para ele.

– Esta tudo bem?

– Sim meu amor – ela mentiu – vem aqui.

O garoto se aproximou de sua mãe que o sentou colo e lhe deu um beijo no rosto.

– Você não parace bem mamãe. – disse o pequeno olhando o rosto de sua mãe.

– Não é nada meu amor.

– Aquele senhor fez alguma coisa com você? – perguntou ele pegando o rosto de sua mãe com as mãos e examinando-a.

– Não. O que? Te fez alguma coisa? O que ele te disse? O que você sabe?

– Nada mamãe. Nada. Porque ficou assim?

Angie respirou fundo e colocou Thiago no chão.

– Por nada meu amor, ele é um amigo.

– Como se chama? – Perguntou com curiosidade.

– German, se chama German Castilho.

O pequeno repetiu o nome em voz baixa e caminhou até a porta. Angie o observou parar e virar até ela de novo.

– Sabe mamãe. Acho que ele gosta de você.

Angie sentiu seu coração se acelerar.

– Ah, é? Porque?

– Porque quando te carregava até em casa, te olhava e ficava com cara de bobo.

Angie riu enquanto seu filho sai de seu quarto. Como diria a ele que ele é seu pai?